Emoção: trajetórias celebradas.
A abertura da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes aconteceu nesta sexta-feira, 24/01, no Cine-Tenda, com a apresentação da temática do evento: A imaginação como potência, pautada na valorização da cultura como setor estratégico da economia e da identidade de um país. A cerimônia contou com uma performance audiovisual com a presença da atriz Camila Morena e das cantoras Josi Lopes, Júlia Ribas e Lira Ribas.
Depois do discurso de Raquel Hallak, diretora da Universo Produção, que destacou a importância do evento, que, anualmente, contrata 250 empresas mineiras e gera mais de 2,5 mil empregos diretos e indiretos, além de injetar cerca de R$ 10 milhões na economia local e beneficiar mais de 35 mil pessoas, o público se emocionou com a entrega do Troféu Barroco aos homenageados deste ano: os atores Antonio e Camila Pitanga.
Pai e filha, homem e mulher, negro e negra, 80 e 42 anos. Ícones de seus próprios tempos, por motivos e trajetórias distintas, Antonio e Camila emulam em seus corpos e suas posturas a brasilidade mais original e singular, o talento e a presença de quem vivencia as contradições do país por dentro. Entre a centralidade de Antonio Pitanga na revolução do Cinema Novo, entre o final dos anos 1950 e meados dos anos 1970, e a constância de Camila Pitanga no imaginário da TV e do cinema nas últimas duas décadas, estão a diversidade e a força de duas formas de trabalhar e mapear uma história do audiovisual brasileiro que atravessa ambos.
No palco, os homenageados foram ovacionados pelo público e receberam os troféus das mãos de familiares, como Benedita da Silva, esposa de Antonio Pitanga. Em seu discurso, Camila disse: “Eu escrevi um texto, mas deixa o coração dizer aqui e agora. Esse coração que está transbordando de alegria. Quero agradecer minha família aqui presente: Benedita da Silva, mulher que eu amo; minhas filhas, minhas sobrinhas, minha namorada. Quero agradecer também à ela que não tá aqui, mas está muito aqui, Vera Manhães, minha mãe. Que honra, Tiradentes!”.
E continuou: “O mundo não está bonito, ele está escuro, mas cada um de nós é a luz e temos a urgência de olhar para a frente, de resistir como vem resistindo a ancestralidade preta há tantos séculos. Precisamos mirar no que queremos construir: um Brasil democrático, anti-racista e feminista”.
Emocionado, Antonio Pitanga frisou que o Brasil passa por tempos difíceis e falou: “A cultura é o instrumento de todas as civilizações”. Além disso, em seu discurso, o ator relembrou a geração do Cinema Novo com a qual trabalhou, citando nomes como Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman e Carlos Diegues: “Foram os fundadores da originalidade brasileira no audiovisual”.
A cerimônia se concluiu com a exibição do longa-metragem, em pré-estreia mundial, Os Escravos de Jó, do diretor cearense Rosemberg Cariry. Filmado na cidade de Ouro Preto, o filme tem Antonio Pitanga como um livreiro sobrevivente de campos de concentração da Alemanha nazista.
Aperte o play e assista aos melhores momentos da homenagem:
Foto: Netun Lima/Universo Produção.