Morre, aos 83 anos, José Mojica Marins, o Zé do Caixão

por: Cinevitor

morrezedocaixaoPioneiro do cinema de horror no Brasil.

Morreu nesta quarta-feira, 19/02, aos 83 anos, o diretor, roteirista e ator José Mojica Marins, conhecido como Zé do Caixão. O mestre do terror brasileiro estava internado desde o final de janeiro e faleceu por conta de uma broncopneumonia, em São Paulo. A morte foi confirmada pela filha, a atriz Liz Marins.

Filho de artistas circenses, Mojica mostrou interesse pela sétima arte ainda na infância quando assistia aos filmes na sala de projeção de um cinema que seu pai trabalhava, na Vila Anastácio. Aos 12 anos, ganhou uma câmera e realizou diversos filmes caseiros. Além disso, montou uma escola de interpretação para os amigos e, aos 17 anos, fundou a Companhia Cinematográfica Atlas.

Em 1950, dirigiu, escreveu e atuou em seu primeiro filme, o curta-metragem Reino Sangrento. Oito anos depois, realizou seu primeiro longa-metragem, o faroeste A Sina do Aventureiro, no qual também atuou. Na sequência vieram: o curta Sentença de Deus, que passou por diversas dificuldades de produção, e o longa Meu Destino em Tuas Mãos, lançado em 1963.

Foi em 1964 que ganhou grande destaque ao lançar À Meia Noite Levarei Sua Alma, filme em que seu personagem mais famoso, o Zé do Caixão, apareceu pela primeira vez. Depois disso, o temido agente funerário apareceu em diversas produções, como: Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, Quando os Deuses Adormecem, Exorcismo Negro, A Estranha Hospedaria dos Prazeres, A Encarnação do Demônio, entre outros.

mojicafilmeEm cena do filme À Meia Noite Levarei Sua Alma, de 1964.

Em 2016, Mojica foi homenageado na 44ª edição do Festival de Cinema de Gramado com o Troféu Eduardo Abelin. Porém, por determinação médica, teve que cancelar sua ida à serra gaúcha e foi representado pela filha, a atriz e cineasta Liz Marins, também conhecida como Liz Vamp. A homenagem celebrou mais do que o inegável legado ao gênero do horror que Marins ajudou a construir e consolidar no Brasil com seu eterno personagem Zé do Caixão, mas também reverenciou seu talento como diretor, roteirista e produtor. Clique aqui e assista aos melhores momentos da homenagem.

Em 2015, na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, recebeu o Prêmio Leon Cakoff. Em 2000, foi homenageado pelo conjunto da obra no Fantasporto, Festival Internacional de Cinema Fantástico do Porto, em Portugal. No Festival Paulínia de Cinema, em 2008, seu longa Encarnação do Demônio foi premiado como melhor filme pelo júri e pela crítica. No Festival Sesc Melhores Filmes, em 2009, o terror foi escolhido pelo público como melhor filme e melhor direção. Também foi consagrado no Fant-Asia Film Festival, Catalonian International Film Festival, entre outros.

José Mojica também fez sucesso na TV: na década de 1960 apresentou o Cine Trash, na Rede Bandeirantes. Em 2008, o programa O Estranho Mundo de Zé do Caixão foi lançado no Canal Brasil e rendeu sete temporadas. Além disso, sua vida foi retratada na série Zé do Caixão, exibida no canal Space, na qual o ator Matheus Nachtergaele interpretou o cineasta. Em 2011, foi homenageado pela escola de samba Unidos da Tijuca, no carnaval carioca.

zecaixaogramado

Considerado o mestre do horror brasileiro, desbravou o gênero com muita sátira e provocação, como em À Meia Noite Levarei Sua Alma, que chocou a moral da época ao colocar seu icônico personagem comendo carne crua em plena sexta-feira santa. Sua obra também ganhou muito destaque na Europa e nos Estados Unidos.

O cineasta paulistano, que marcou a história do cinema brasileiro, deixa uma obra com mais de 40 filmes como diretor e mais de 60 produções como ator, entre curtas e longas de ficção, documentários e séries.

Fotos: Agilberto Lima/Patrícia Cecatti/Divulgação.

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