Direção: Siamak Etemadi
Elenco: Melika Foroutan, Shahbaz Noshir, Sofia Kokkali, Argyris Pandazaras, Lena Kitsopoulou, Lefteris Tsatsis, Bijan Daneshmand, Dimitris Xanthopoulos, Aspasia Kokosi, Vassilis Koukalani, Kimonas Kouris, Romanna Lobach, Marianthi Pantelopoulou, Efthalia Papacosta, Konstatinos Siradakis, Nikos Flessas, Nafsika Tarazi, Aliki Alexandraki, Nikos Aktvpis, Romanos Argyropoulos, Mary Samari, Thanassis Tompoulis, Hooman Lotfinejad, Hamid Sharokhi, Duncan Skinner, Paria Nejad, Shirin Maahian, Solon Charitonidis, Andreas Massios, Xanthos Papaigannou, Aris Rammos, Giannis Voulgaris, Panos Papaioannou, Vassilis Tzepelis, Argyris Pandazaras, Giorgos Souksis, Niki Papamichael, May Sevastopoulou, Chrissostomos Nomikou, Melita Scabeau, Christos Argyrelis, Giorgos Valais, Pierre Levy, Fidel Talamboukas, Lefteris Tsatsis, Markos Papadokonstantanis, Hossain Amibi, Stephania Sanko.
Ano: 2020
Sinopse: Babak é um estudante iraniano que mora na Grécia. Quando seus pais vão visitá-lo, ele não aparece para recebê-los no aeroporto. Pari e o marido, um homem mais velho, ambos muçulmanos devotos, fazem sua primeira viagem para o exterior e não estão preparados para procurar pelo filho em um ambiente desconhecido e intimidador. Todas as tentativas dos dois para encontrar uma pista que pudesse guiá-los ao paradeiro do garoto não os leva a lugar algum e eles logo chegam a um beco sem saída. Mas Pari não desiste de procurar por Babak, mesmo quando retornar ao Irã parece ser a única opção. Seguindo os passos do filho rebelde nos cantos mais sombrios da cidade, ela usa sua força interior para realizar mais do que a busca de uma mãe pelo filho desaparecido.
Crítica: Exibido no Festival de Berlim e dirigido pelo cineasta iraniano Siamak Etemadi, Pari conta a história de um casal muçulmano que viaja para a Grécia para visitar o filho que mora por lá. Porém, logo na chegada, o encontro marcado no aeroporto não acontece. A partir daqui, começam a busca para encontrá-lo. A saga em um país desconhecido é retratada por meio de uma narrativa bem construída em cima da tensão. Além da dificuldade em se comunicar, há uma angústia sobre o paradeiro do filho. Ao desenrolar da história, o casal tenta juntar as peças do quebra-cabeça com a ajuda de pistas que possam decifrar o enigma do tal sumiço do ente querido. Não demora muito para que o filme se volte à sua protagonista, interpretada pela talentosa Melika Foroutan. No papel da personagem-título, ela acaba virando o centro das atenções dessa história. Ainda que a trama se desenvolva na busca pelo filho, é em Pari que passamos a compreender mais a relação desses familiares e o suposto motivo do sumiço. A construção da personagem é muito bem elaborada, tanto pela atuação quanto pelo seu lugar na narrativa, e as camadas desenvolvidas para criar tal personalidade são reveladas aos poucos e, ao longo do filme, fica ainda mais interessante observar a maneira como ela vai se transformando em uma outra mulher, diferente daquela vista no começo. Ou talvez esteja apenas se despindo de algo que já estava em si. Há os costumes culturais de seu país de origem e também as demandas religiosas que andam ao seu lado, mas, ainda assim, Pari não hesita em se desprender do passado para alcançar seu objetivo; ela se realoca e se encaixa com uma certa facilidade à novas situações culturais e locais. É possível que tal desprendimento esteja ligado a algo repressor que ficou para trás e, agora, mesmo em uma situação difícil, consegue se desapegar do medo como se tivesse sentindo a liberdade pela primeira vez. Com a situação caótica da Grécia como pano de fundo, Pari não é apenas um filme sobre a busca esperançosa de uma mãe pelo filho. É também sobre uma mulher que se reencontra, mesmo na angústia e em circunstâncias de dor, e que busca forças para seguir em frente no seu propósito, repensar sobre tudo que passou e, quem sabe, começar uma nova vida a partir daquilo que encontrar pela frente. Seja seu filho, um novo destino ou se reconectar com sua própria essência. (Vitor Búrigo)
*Filme visto na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Nota do CINEVITOR: