Nadia, Butterfly
Direção: Pascal Plante
Elenco: Katerine Savard, Ariane Mainville, Pierre-Yves Cardinal, Hilary Caldwell, Cailin McMurray, John Ralston, Amélie Marcil, Eli Jean Tahchi, Andrew Di Prata, Marie-José Turcotte, Andrew Simms, Kaoru Matsui, Pascal-Hugo Caron-Cantin, Rodney Ramsey, Albert Kwan, Leslie Baker, Simon Boisvert, Daniel Malenfant, Ainsley McMurray, Spencer Bougie, Marcello di Fruscia, Giorgio Picone, Delphine Vandal, Magalie Poudrier, Janelle Guay-Boisvert, Alexia Zevnik, Sarah-Lee Hevey, Adelle Yamashita Ball, Florence Lafontaine-Giguère, Zoé Quiviger, Laurianne Gingras-St-Aubin, Gary S. Mailloux, Jean-René Paulin, Carl Boulianne, Haruka Yoshida, Aida Harumitsu, Médrick Lacharité Côté, Vanessa Perez, David Houle, Zachary Courschene, Naboru Takenaka, Claire Caron, Yannick Lupien, Béatrice Côté-Leduc.
Ano: 2020
Sinopse: Ainda jovem e em seu auge, Nadia decide se aposentar da natação profissional após os Jogos Olímpicos. Ela quer escapar de uma vida rígida e de sacrifícios. Depois de sua última prova, Nadia mergulha em noites de excesso pontuadas por episódios de insegurança. Mas mesmo esse entorpecimento transicional não pode esconder sua verdadeira busca interior: definir sua identidade fora do mundo dos esportes de elite.
Crítica: Se não fosse a pandemia de Covid-19, Nadia, Borboleta, dirigido pelo canadense Pascal Plante, teria sido exibido no Festival de Cannes, em maio deste ano. Com o cancelamento do evento, o filme, que foi rodado em 2019, também chamou atenção por um fato curioso: a história se passa durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, marcado para julho de 2020, mas que também foi adiado. Coincidências à parte, Pascal se inspirou em suas próprias experiências como nadador para escrever a história de Nadia, aqui interpretada por Katerine Savard, também nadadora e medalhista olímpica em 2016, nas Olimpíadas do Rio; o elenco conta com outras atletas profissionais, como Ariane Mainville e Hilary Caldwell. Na ficção, logo no começo da projeção conhecemos a protagonista, já decidida em se aposentar no auge da carreira. Entre momentos de tensão nas cenas aquáticas de competição, o longa mantém o foco em sua trama principal: a angústia da personagem é visivelmente perceptível e o choro contido traz uma sensação de alívio, mas também de vazio. Aos poucos, Nadia imprime sua personalidade na narrativa: seja em uma conversa, rodeada de atletas, causando um certo desconforto ao afirmar o egoísmo e a individualidade deles; ou em uma festa para comemorar certa vitória. É interessante a construção do arco dramático de Nadia, Borboleta, que se sustenta nas consequências das escolhas da protagonista. Ao mesmo tempo em que ela parece ansiosa para encerrar sua carreira nas piscinas, nota-se também um certo resguardo em externalizar o que lhe incomoda. Talvez aqui uma atriz experiente conseguisse alcançar um tom mais dramático para tais ações, que elevaria, sem dúvida, cenas mais densas. Mas, ainda assim, Katerine Savard não deixa a desejar: seu olhar vagaroso e sua feição dispersa contribuem para a construção da personagem. Vale destacar o momento em que desabafa, aos gritos, sobre a busca por independência e, pela primeira vez, ter controle da sua vida e de suas escolhas. Mesmo com destaque para a verossimilhança ao retratar os bastidores olímpico, o longa fica devendo um ritmo mais potente para tantas emoções sugeridas; até mesmo na escolha dos enquadramentos mais clássicos para aproximar o espectador. Nadia, Borboleta mergulha com cautela na busca interior de sua protagonista, perdendo a chance de se arriscar mais, porém consegue despertar interesse no desfecho de tais aflições da personagem-título. (Vitor Búrigo)
*Filme visto na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Nota do CINEVITOR: