A atriz, em 2011, quando foi homenageada no Cine Ceará.
Morreu neste domingo, 20/12, aos 87 anos, a atriz Nicette Bruno. A informação foi divulgada pela Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, onde estava internada em estado grave. Segundo o boletim médico, ela estava sedada, com ventilação mecânica e faleceu por complicações decorrentes da Covid-19.
Nascida Nicete Xavier Miessa, em Niterói, começou a carreira artística muito cedo por influência de seus familiares, que se dedicavam à arte. Aos quatro anos, declamava e cantava em um programa infantil da Rádio Guanabara. Ainda criança, estudou piano no Conservatório Nacional e, logo depois, fez parte do balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Aos quatorze anos, já profissional do teatro depois de estudar em várias escolas, foi contratada pela Companhia Dulcina-Odilon, da atriz Dulcina de Morais.
Em 1952, conheceu o ator Paulo Goulart, durante a peça Senhorita Minha Mãe, de Louis Verneuil, com quem se casou em 1954. Eles tiveram três filhos: Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho, que seguiram a carreira dos pais. Com 56 anos de casamento, ficou viúva em 2014, quando Paulo faleceu em decorrência de um câncer.
Sua estreia oficial nos palcos aconteceu em 1947, na peça A Filha de Iório, de Gabriel D’Annunzio. O trabalho lhe rendeu uma medalha de ouro de atriz revelação pela ABCT, Associação Brasileira de Críticos Teatrais. Aos dezessete anos, fundou, em São Paulo, o Teatro de Alumínio, na Praça das Bandeiras, edifício sede do Teatro Íntimo Nicette Bruno, companhia criada em 1953.
Seu primeiro papel de destaque na TV foi no seriado Dona Jandira em Busca da Felicidade, na TV Continental, no qual interpretou a protagonista. Sua primeira telenovela foi Os Fantoches, de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior, em 1967. Nos anos 1960, nas extintas emissoras TV Excelsior e Rede Tupi, atuou em novelas de sucesso, como: A Muralha, O Meu Pé de Laranja Lima, Rosa dos Ventos, Papai Coração, Éramos Seis e Como Salvar Meu Casamento.
Dona Benta: nos bastidores das gravações de Sítio do Picapau Amarelo.
Na Rede Globo, estreou em 1981 no seriado Obrigado, Doutor. Depois disso, realizou diversos trabalhos marcantes na emissora ao longo dos anos, como: a Dona Benta, em Sítio do Picapau Amarelo; Tenda dos Milagres, Selva de Pedra, Bebê a Bordo, Rainha da Sucata, Perigosas Peruas, Mulheres de Areia, A Próxima Vítima, Alma Gêmea, Salve Jorge, Joia Rara, Órfãos da Terra, entre muitos outros. Seu último trabalho na emissora foi este ano em uma participação especial no remake de Éramos Seis como Madre Joana.
Considerada pioneira da televisão brasileira e uma das referências na história da teledramaturgia do país, Nicette Bruno também se destacou nas telonas. Seu primeiro trabalho no cinema foi na comédia romântica Querida Susana, de Alberto Pieralisi, em 1947. Depois disso, atuou em: O Canto da Saudade, de Humberto Mauro; Esquina da Ilusão, de Ruggero Jacobbi; A Marcha, de Oswaldo Sampaio; o curta Vila Isabel, de Isabel Diegues; Zoando na TV, de José Alvarenga Jr.; Seja o Que Deus Quiser!, de Murilo Salles; A Guerra dos Rocha, de Jorge Fernando; o curta A Casa das Horas, de Heraldo Cavalcanti; Doidas e Santas, de Paulo Thiago; e O Avental Rosa, de Jayme Monjardim.
Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios, entre eles: Prêmio Molière de melhor atriz pela peça O Efeito dos Raios Gama Sobre as Margaridas do Campo; três vezes o Troféu APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, como melhor atriz pela peça Somos Irmãs e pelas novelas Éramos Seis e Como Salvar Meu Casamento; Prêmio Shell ao lado da família Goulart e também pela peça Somos Irmãs; junto com seu esposo, recebeu a comenda da Ordem do Ipiranga pelo Governo do Estado de São Paulo; entre outros.
Também foi homenageada com o Troféu Eusélio Oliveira na 21ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema, em 2011. No Festival de Cinema da Lapa, recebeu o Troféu Tropeiro; em 2016, foi honrada no 19º Brazilian International Press Awards. No ano seguinte, foi agraciada no Prêmio Cesgranrio de Teatro por seus setenta anos de carreira. Em 2018, recebeu o Troféu Mário Lago pelo conjunto da obra.
Fotos: Rogerio Resende/Divulgação.