Alcione no documentário O Samba é Primo do Jazz, de Angela Zoé.
A 11ª edição da Mostra Audiovisual de Petrópolis acontecerá entre os dias 19 e 28 de março em formato on-line e gratuito por conta da pandemia de Covid-19. A programação apresentará mais de 40 atividades, entre oficinas, masterclasses, exibições de filmes nacionais e internacionais, produções juvenis e rodas de debate.
O evento começará com o filme Atravessa a Vida, de João Jardim, que estará disponível a partir das 12h do dia 19, no site oficial (clique aqui). De 15h às 17h acontece a segunda edição do fórum de Educação e Cinema. Já às 19h30, o cineasta responsável pela produção que dá início ao evento, realiza uma roda de debate com alunos do EMI-AV.
Neste ano, a mostra se destaca por sua curadoria que busca refletir questões de identidade, gênero e território. O evento conta com a co-curadoria da atriz Bruna Linzmeyer, trazendo filmes sobre corpos LGBTQIA+, como Limiar, de Coraci Ruiz, realizadora que filma o processo de transição da própria filha; e o premiado Valentina, de Cássio Pereira dos Santos, protagonizado por Thiessa Woinbackk. Entre os destaques desta edição está a exibição do primeiro episódio da série espanhola inédita no Brasil, Veneno, sobre a ícone trans Cristina Ortiz, dirigida pela dupla Los Javis, formada por Javier Calvo e Javier Ambrossi.
Também como co-curador, o ator Fabrício Boliveira busca um diálogo entre realizadores negros e filmes que tem o corpo negro como protagonista, entre eles: Voltei!, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, uma distopia no Brasil de 2030, onde as protagonistas acompanham as mudanças de rumo do país num rádio de pilha; e O Samba é Primo do Jazz, documentário de Angela Zoé, que traça um retrato da grande intérprete brasileira Alcione.
Além disso, serão exibidos os documentários: Nũhũ yãg mũ yõg hãm: Essa Terra é Nossa!, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero; Para Onde Voam as Feiticeiras, de Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral; e o premiado Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou, de Bárbara Paz.
De acordo com a organização da MAP, o evento vai contar ainda com sessões de cinema que valorizam a educação e a cidade de Petrópolis: “Vamos ter a retrospectiva EMI, que é uma forma de destacar esses trabalhos que fizeram parte do curso ao longo dos últimos dez anos, uma mostra chamada Curta Petrópolis, com realizadores da cidade, além da sessão vídeo geração com filmes feitos por escolas e ONGs e a mostra itinerâncias jovens, que é para realizadores de até 29 anos. Nossa abertura vai contar ainda com a segunda edição do fórum de cinema e educação, cujas inscrições serão abertas em breve”, disse Elaine Mayworm, uma das coordenadoras da mostra.
O encerramento será com o premiado filme japonês Plano-Sequência dos Mortos, dirigido por Shin’ichirô Ueda e inédito on-line no Brasil, misturando gêneros para prestar uma grande homenagem ao cinema.
Thiessa Woinbackk em Valentina, de Cássio Pereira dos Santos.
Para os amantes do audiovisual, a 11ª MAP presenteia os participantes com a oportunidade de conversar e receber orientações de profissionais que se destacam no mercado em todo o país. Serão 10 oficinas realizadas completamente online.
Entre os temas que serão trabalhados nestes encontros estão animação, análise crítica de imagem e som, realidade virtual e vídeo 360º, a trajetória feminina no mundo dos games, direção de arte e fotografia, curadoria e produção de mostras, o uso da voz em cena e dublagem, além de figurino de época para cinema e captação de som em projetos independentes.
“Entendemos o audiovisual como ferramenta transformadora para a sociedade, potencializando qualquer segmento de atuação. Por este motivo, acreditamos que a capacitação é essencial para que tenhamos cada vez mais profissionais atualizados, com as devidas bases e conhecimentos, sabendo por onde ir e como aplicar seus conhecimentos na prática. Por isso, colocamos sempre os participantes da mostra, em contato com grandes nomes do mercado, para que esse intercâmbio flua”, explica Regina Bortolini, coordenadora geral da mostra.
O evento vai contar ainda com cinco masterclasses, que vão discutir temas atuais sob a luz de especialistas e profissionais que vão compartilhar suas atuações. Karine Teles, atriz petropolitana, dará sua primeira masterclass comemorando seus 22 anos de carreira, onde trará sua trajetória para debater o lugar da mulher criadora, como roteirista, atriz, diretora e também produtora.
Ailton Krenak e Walter Carvalho se encontram numa troca sobre a importância do olhar e criação de novas imagens. Mariana Jaspe, Mayara Aguiar e Fabrício Boliveira debatem as invisibilidades e potencialidades do corpo negro no audiovisual. A atriz Marina Mathey, o ator Daniel Veiga e a fotógrafa pernambucana Céu, debatem a representatividade transvestigênere e intersexo. Por fim, Guilherme Peters e Roberto Winter trilham a relação entre a obra cinematográfica e seu contexto de produção e na sociedade, trazendo como centro Proxy Reverso, filme que também faz parte da curadoria.
Neste ano, o evento estimula ainda a participação de estudantes que passaram pelo Ensino Médio Profissionalizante em Áudio e Vídeo do Colégio Estadual Dom Pedro II, em Petrópolis, para mediarem as rodas de debate dos filmes longas-metragens. As produções foram definidas com base nas áreas de atuação dos alunos, que já seguem as mais distintas profissões atualmente. O evento tem ainda, ex-estudantes como curadores, produtores e parte da equipe que realiza mais uma MAP. Ao todo, são cerca de 20 profissionais entre ex-alunos e estudantes atuais, envolvidos na produção do evento. Cerca de 2 mil jovens que já passaram pela instituição, são esperados na programação da Retrospectiva EMI, que será um dos destaques.
*O evento é patrocinado pela Lei Aldir Blanc, através da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro; e realizado pelo Ensino Médio Integrado em Audiovisual do Colégio Dom Pedro II, Biruta Educação Audiovisual e a Reprodutora.
Fotos: Divulgação.