Damascus Dreams
Direção: Émilie Serri
Ano: 2021
Sinopse: O filme acompanha a jornada de uma cineasta, que desembarca na impérvia terra natal de seus familiares. Ao entrelaçar a memória de seu pai, histórias de refugiados e sua própria imaginação, a diretora compõe uma Síria que se encontra em algum lugar entre a realidade e o mito, o sonho e o pesadelo.
Crítica: Nascida no Canadá, a cineasta Émilie Serri resolveu se aprofundar mais na história de sua família na Síria. Para isso, revisitou imagens de arquivo, ouviu histórias de refugiados e se debruçou em um material tão pessoal para documentar tais memórias. Em Sonhos de Damasco, exibido no Festival de Roterdã, a diretora apresenta para o espectador suas raízes ao mesmo tempo em que cria uma conexão mais forte com o país até então pouco conhecido para si. Entre fotos, vídeos e depoimentos, destaca a presença do pai para construir a narrativa. Há também histórias de desconhecidos, que foram forçados a fugir de sua terra natal. Essa ligação entre seu incógnito passado com o presente resulta em uma mistura interessante de suas próprias memórias com as lembranças dos entrevistados. De um lado temos a curiosidade de uma filha/neta em saber como viveram seus entes queridos; do outro, uma cineasta com uma ideia instigante de relatar os resquícios e as consequências de uma guerra na vida de tantos cidadãos. Com isso, Émilie consegue realizar uma obra pessoal, mas também universal. Entre relatos carregados de lembranças, fala-se sobre o sentimento de tentar pertencer a algum lugar e até de forçar um certo esquecimento de algo que já não existe mais. Sonhos de Damasco reacende memórias ao colocar em destaque o expatriado e também o repatriado em uma narrativa baseada em recordações que se conectam com o futuro. (Vitor Búrigo)
*Filme visto no 10º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.
Nota do CINEVITOR: