Ski
Direção: Manque La Banca
Elenco: Barbara Anguita, Matilde Apellaniz, Segundo Botti, José Alejandro Colin, Fernando Gabriel Eduard, Shaman Herrera, Manel Medina, Aixa Iara Snaidman, Antonio Snaidman, Axel Nahuel Villegas.
Ano: 2021
Sinopse: Miguel trabalha como operador de teleférico em Bariloche. Através de seus olhos, descobrimos a violência social velada por trás da maior estação de esqui da América Latina.
Crítica: Depois de realizar alguns curtas-metragens, o cineasta argentino Manque La Banca faz sua estreia na direção de um longa-metragem com Esqui, exibido na mostra Forum do Festival de Berlim. Nesta coprodução entre Brasil e Argentina, o diretor começa o filme enaltecendo as belas paisagens de Bariloche, cidade turística conhecida pela prática do esqui nas montanhas. Porém, não demora muito para perceber que o longa não é sobre isso. Aqui, La Banca vai além das belezas naturais e da aglomeração de turistas. O cartão-postal ganha outras imagens aos olhos do diretor e do elogiável trabalho de montagem (assinado por ele ao lado de Manuel Embalse). O ritmo da narrativa se desenrola entre depoimentos de moradores da região, folclore e críticas socioambientais. Há uma inquietação interessante entre o real, a ficção e o experimental, que traz um ar misterioso para a trama. Esqui também destaca lendas urbanas, coloca, literalmente, monstros em cena, e se aprofunda em registros que expõem um passado violento que assombra aquele lugar. Ao longo de seus 77 minutos, o filme passeia pela história da cidade, desde seu começo e fundadores, e chega aos dias de hoje; mas não deixa de apresentar temas como exploração, hierarquia social e conflitos territoriais. Ainda que não tenha a intenção explícita de realizar uma crítica sobre o massacre aos povos indígenas, que dominavam o local e ainda seguem na luta para manter sua cultura viva, o diretor faz muito bem ao não evitar que tais assuntos sejam narrados por quem realmente sabe o que aconteceu naquelas montanhas. Esqui poderia, sim, ser um documentário sobre Barilhoce, mas ganha ainda mais força pelas escolhas criativas da direção em retratar confissões e fatos históricos misturados com ficção. Manque La Banca realiza uma obra instigante e reflexiva ao embaralhar gêneros cinematográficos para ir além de um passeio turístico embelezado pela neve. (Vitor Búrigo)
*Filme visto no 10º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.
Nota do CINEVITOR: