Konferentsiya
Direção: Ivan I. Tverdovskiy
Elenco: Natalya Pavlenkova, Natalya Tsvetkova, Yan Tsapnik, Filipp Avdeev, Anna Slyu, Natalya Potapova, Aleksandr Golubkov, Kseniya Zueva, Olga Lapshina, Aleksandr Semchev, Julia Khamitova, Aleksandr Zlatopolskiy, Oleg Feoktistov, Marina Zubanova, Elena Nesterova, Roman Shmakov, Natalia Grinshpun, Sergey Petrov, Anna Galinova, Igor Vorobyov, Natalya Batrak, Viktoriya Verberg.
Ano: 2020
Sinopse: Anos depois de um ataque terrorista em um teatro de Moscou, a sobrevivente Natasha retorna ao local do crime para um evento memorial com outros participantes.
Crítica: Escrito e dirigido pelo cineasta russo Ivan I. Tverdovskiy e exibido na mostra Giornate degli Autori, em Veneza, Conferência é baseado em um ataque terrorista que aconteceu em Moscou, em 2002, quando sequestradores invadiram um teatro lotado e mantiveram os espectadores e artistas como reféns até uma intervenção militar que terminou com mais de cem mortos. Ao trazer à tona essa tragédia na ficção, o diretor opta por um caminho interessante: retratar os sobreviventes em um evento memorial no mesmo local, anos depois, com depoimentos doloridos sobre seguir em frente diante de uma situação tão traumática. A ideia do encontro surge através de Natasha, interpretada pela talentosa Natalya Pavlenkova, que reúne as pessoas. Ao mesmo tempo em que o espectador acompanha a missão da protagonista, sua vida pessoal também é colocada em evidência. Entre tantos conflitos internos e problemas familiares, Pavlenkova entrega uma atuação brilhante que carrega uma feição serena, porém prestes a entrar em ebulição; a insistência de sua personagem nada mais é do que enfrentar o medo, que ela trata como o grande pecado, e suas dores para, talvez, conseguir seguir mais aliviada. Já nas sequências dentro do teatro, com enquadramentos bem fotografados por Fedor Glazachev, o público mergulha em histórias perturbadoras e comoventes. Assim, Tverdovskiy, que conduz o longa com maestria, deixa fluir em detalhes os acontecimentos com a proposta de inserir o espectador, em um leque de imaginação, nessa história dramática repleta de sofrimentos. Há outros elementos que também chamam atenção ao desenrolar da trama e, que, obviamente, não foram inseridos por acaso: um aspirador na sequência inicial, a ficha preenchida para alugar o teatro (que revela o título do filme), uma réplica da escultura Pietà, de Michelangelo, entre outros. Com intensidade, o filme consegue conectar o lado pessoal de sua protagonista, assombrada por lembranças, com o coletivo em sua eterna busca por um respiro desafogado. Conferência fala de dor, mas também de afeto; fala de traumas do passado, mas também de esperança. (Vitor Búrigo)
*Filme visto no 10º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.
Nota do CINEVITOR: