North by Current
Direção: Angelo Madsen Minax
Ano: 2021
Sinopse: Após a morte de sua jovem sobrinha, o cineasta retorna à sua cidade natal na zona rural de Michigan para criar um retrato lírico de sua família.
Crítica: Exibido na mostra Panorama do Festival de Berlim e premiado no L.A. Outfest, Rumo ao Norte, dirigido por Angelo Madsen Minax, narra um resgate ao passado diante de uma tragédia. Depois da morte de sua sobrinha, o cineasta decide reencontrar seus familiares em sua cidade natal. Durante esse período, aos poucos o espectador é apresentado a cada integrante do clã enquanto Angelo reconstrói alguns laços rompidos. Com afeto e delicadeza, expõe corajosamente detalhes de sua vida pessoal e daqueles que o cercam. Ao mesmo tempo em que esmiúça as memórias de sua família, entre traumas e sofrimentos, procura de alguma forma uma tentativa de expressar seu amor e pedir desculpas por algo que talvez nem ele saiba o que é; provavelmente algo relacionado à sua ausência. Ainda assim, não deixa de colocar o dedo na ferida para conseguir nomear a dor que os persegue. Além dos registros atuais, o diretor também utiliza imagens de arquivo para enfrentar o passado, buscar respostas e contextualizar o desenrolar dos acontecimentos na narrativa apresentada. Há reflexões profundas sobre culpa, ressentimento, fuga e carinho. Há também uma sombra angustiante que o acompanha sobre ser e estar em um lugar que não lhe pertence mais; sobre ir e vir. Em certo momento do filme, Angelo questiona: “como você se tornou a pessoa que é?”. Não há formula perfeita, não há comparação e não há um único caminho a seguir. Há cumplicidade, admiração e identificação. Entre tantas perguntas, no fundo ele sabe que, ainda que se afaste fisicamente, é nesse berço familiar que encontrará o que procura. Como diz o velho ditado: você sai do lugar, mas o lugar não sai de você. Rumo ao Norte é uma declaração de amor e também um resgate do afeto. (Vitor Búrigo)
*Filme visto no 10º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.
Nota do CINEVITOR: