Oscar 2022: os vencedores, polêmicas e homenagens

por: Cinevitor
Troy Kotsur recebe o Oscar de melhor ator coadjuvante por No Ritmo do Coração.

Foram anunciados neste domingo, 27/03, os vencedores da 94ª edição do Oscar. Depois de três anos sem um anfitrião, a cerimônia de premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas contou com a apresentação de Amy Schumer, Regina Hall e Wanda Sykes.

Dirigido por Denis Villeneuve, Duna foi o grande vencedor da noite com seis estatuetas, entre elas, melhor fotografia para Greig Fraser. Ataque dos Cães, de Jane Campion, que liderava a lista com doze indicações, recebeu o prêmio de melhor direção. Com isso, a cineasta neozelandesa torna-se a terceira mulher na história da premiação a vencer nesta categoria; as outras foram: Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror, em 2010; e Chloé Zhao, por Nomadland, no ano passado.

O principal prêmio da noite, o Oscar de melhor filme, foi entregue para No Ritmo do Coração, dirigido por Siân Heder, que recebeu outras duas estatuetas, entre elas, a de melhor ator coadjuvante para Troy Kotsur, tornando-se o primeiro ator surdo a vencer este prêmio. Vale lembrar que Marlee Matlin levou o Oscar de melhor atriz, em 1987, por Filhos do Silêncio, tornando-se a primeira atriz surda (e até agora única) a ganhar uma estatueta dourada; ela também está no elenco de No Ritmo do Coração, que consagrou Kotsur.

Ao receber o prêmio das mãos de Yuh-Jung Youn, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante no ano passado por Minari: Em Busca da Felicidade, Troy se emocionou: “Quero agradecer a todos os maravilhosos palcos de teatro para surdos, onde tive a oportunidade e a oportunidade de desenvolver meu ofício como ator. Siân Heder, você é a melhor comunicadora pela maneira que você uniu o mundo surdo e o mundo ouvinte. Você é nossa ponte”, disse.

Além disso, No Ritmo do Coração, que é uma adaptação do francês A Família Bélier, de Éric Lartigau, é o primeiro filme distribuído por um serviço de streaming (Apple TV+) a ganhar o prêmio principal. E mais: desde 1932, com a vitória de Grande Hotel, de Edmund Goulding, é o primeiro filme a ser consagrado sem ter sido indicado nas categorias de melhor direção e edição.

Um dos momentos mais bonitos da noite foi quando Ariana DeBose subiu ao palco para receber o Oscar de melhor atriz coadjuvante por Amor, Sublime Amor: “Para qualquer um que já tenha questionado a sua identidade ou que se encontra em um espaço cinzento, eu te prometo uma coisa: há um lugar para nós”, disse em seu discurso. Ariana é a primeira atriz assumidamente queer e afro-latina a ganhar a estatueta dourada. E mais: em 1962, Rita Moreno ganhou esse mesmo prêmio por esse mesmo papel.

Ariana DeBose no palco.

Vale lembrar que o cineasta brasileiro Pedro Kos, nascido no Rio de Janeiro e radicado em Los Angeles, estava indicado na categoria de melhor curta-metragem documental com Onde Eu Moro, no qual divide a direção com Jon Shenk. Porém, infelizmente, não foi premiado.

A edição deste ano contou com uma novidade: uma votação popular nas redes sociais. A corrida começou no Twitter em fevereiro com a hashtag #OscarsFanFavorite; os usuários votaram em seus filmes preferidos que foram lançados em 2021, independente se o título foi indicado ou não ao Oscar. O mais votado pelos fãs foi Army of the Dead: Invasão em Las Vegas, de Zack Snyder. E mais: além da escolha do melhor filme por voto popular, os usuários também votaram em uma cena favorita com a hashtag #OscarsCheerMoment. As cenas vencedoras foram de filmes como Matrix, Dreamgirls: Em Busca de um Sonho, Vingadores: Ultimato, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e Liga da Justiça de Zack Snyder.

A premiação contou também com convidados especiais, como Liza Minnelli, em comemoração aos 50 anos do filme Cabaret, de Bob Fosse, premiado em 1973 com oito estatuetas, entre elas, melhor atriz. Ao lado de Lady Gaga, Minnelli anunciou o vencedor do prêmio de melhor filme. A noite também se destacou com apresentações de Beyoncé e Billie Eilish, homenagens aos 60 anos da franquia 007, de James Bond, e aos 50 anos de O Poderoso Chefão (com a presença de Al Pacino, Francis Ford Coppola e Robert De Niro no palco), um novo formato no segmento in memoriam, a participação de Uma Thurman, Samuel L. Jackson e John Travolta, de Pulp Fiction: Tempo de Violência, no palco, entre outras atrações.

Porém, entre tantas novidades, a cerimônia foi marcada por um momento muito constrangedor e inesperado envolvendo os atores Chris Rock e Will Smith. Ao subir no palco para apresentar a categoria de melhor documentário, Rock fez uma piada com Jada Pinkett Smith, esposa de Will, sugerindo que ela fizesse uma continuação de Até o Limite da Honra, filme no qual Demi Moore aparece de cabelo raspado. Só que Jada tem uma doença autoimune chamada alopecia, que provoca queda de cabelo. Revoltado com o comentário, Smith levantou da cadeira, foi até o palco e estapeou o comediante.

O clima tenso no Dolby Theatre seguiu quando Will voltou para seu lugar e começou a gritar com Rock: “Mantenha o nome da minha esposa fora da sua boca”. Alguns minutos depois, Smith foi eleito o melhor ator por seu trabalho em King Richard: Criando Campeãs. Visivelmente tenso e nervoso, fez um discurso falando sobre defender a família, amor e se comparou ao personagem que interpretou, Richard Williams, pai das tenistas Venus e Serena: “Virei um pai maluco, um protetor feroz da família. O amor faz você fazer coisas loucas. Estou sendo chamado em minha vida para amar as pessoas e protegê-las”.

O momento mais tenso da cerimônia: o tapa de Will Smith em Chris Rock.

Ainda durante sua fala, citou o que Denzel Washington falou para ele nos bastidores depois do ocorrido: “No seu momento mais alto, tenha cuidado. É quando o diabo vem para você”. E finalizou, sorrindo: “Espero que a Academia me convide de novo”.

Por conta da polêmica, especialistas da indústria começaram a cogitar a possibilidade de Will Smith ter que devolver sua estatueta devido sua atitude no palco, já que a Academia possui diretrizes rígidas em seu código de conduta, entre elas, “promover ambientes de apoio e respeito pela dignidade humana”. Mas, pelo visto, isso não acontecerá.

Segundo informações divulgadas pela Variety, o Departamento de Polícia de Los Angeles confirmou que Chris Rock se recusou a registrar um boletim de ocorrência: “Entidades investigativas da LAPD estão cientes de um incidente entre dois indivíduos durante o programa do Oscar. O incidente envolveu um indivíduo batendo em outro. O indivíduo envolvido se recusou a registrar um boletim de ocorrência. Se a parte envolvida desejar um relatório policial em uma data posterior, a LAPD estará disponível para concluir um relatório investigativo”, disse o comunicado oficial.

Depois da confusão e do momento desconfortável causado ao vivo, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou um comunicado oficial: “A Academia não tolera violência de qualquer forma. Nesta noite temos o prazer de celebrar nossos vencedores do 94º Oscar, que merecem este momento de reconhecimento de seus colegas e amantes do cinema em todo o mundo”.

Outra polêmica marcou esta 94ª edição: os produtores da cerimônia anunciaram em fevereiro que oito categorias não seriam transmitidas ao vivo: montagem, maquiagem e penteado, trilha sonora original, curta documental, curta animado, curta de ficção, som e design de produção; o motivo seria deixar a transmissão mais dinâmica para segurar a audiência. Os prêmios foram gravados, apresentados por Jason Momoa e Josh Brolin e transmitidos ao longo da cerimônia.

Conheça os vencedores do Oscar 2022:

MELHOR FILME
No Ritmo do Coração

MELHOR DIREÇÃO
Jane Campion, por Ataque dos Cães

MELHOR ATRIZ
Jessica Chastain, por Os Olhos de Tammy Faye

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Ariana DeBose, por Amor, Sublime Amor

MELHOR ATOR
Will Smith, por King Richard: Criando Campeãs

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Troy Kotsur, por No Ritmo do Coração

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Belfast, escrito por Kenneth Branagh

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
No Ritmo do Coração, escrito por Siân Heder

MELHOR FILME INTERNACIONAL
Drive My Car, de Ryûsuke Hamaguchi (Japão)

MELHOR ANIMAÇÃO
Encanto, de Byron Howard e Jared Bush

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Summer of Soul (…ou, Quando a Revolução Não Pôde Ser Televisionada), de Ahmir “Questlove” Thompson

MELHOR FOTOGRAFIA
Duna, por Greig Fraser

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Duna, por Patrice Vermette e Zsuzsanna Sipos

MELHOR FIGURINO
Cruella, por Jenny Beavan

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO
Os Olhos de Tammy Faye, por Linda Dowds, Stephanie Ingram e Justin Raleigh

MELHOR EDIÇÃO
Duna, por Joe Walker

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
Duna, por Hans Zimmer

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
No Time to Die, por Billie Eilish e Finneas O’Connell (007 – Sem Tempo para Morrer)

MELHOR SOM
Duna, por Mac Ruth, Mark Mangini, Theo Green, Doug Hemphill e Ron Bartlett

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Duna, por Paul Lambert, Tristan Myles, Brian Connor e Gerd Nefzer

MELHOR CURTA-METRAGEM | FICÇÃO
The Long Goodbye, de Aneil Karia

MELHOR CURTA-METRAGEM | DOCUMENTÁRIO
The Queen of Basketball, de Ben Proudfoot

MELHOR CURTA-METRAGEM | ANIMAÇÃO
The Windshield Wiper, de Alberto Mielgo e Leo Sanchez

Fotos: Blaine Ohigashi/A.M.P.A.S. e Robyn Beck/Getty Images.

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