O Festival Varilux de Cinema Francês, único evento audiovisual realizado nacionalmente e simultâneo em municípios de quase todos os estados brasileiros, realizará sua 13ª edição entre os dias 21 de junho e 6 de julho com 17 obras inéditas e recentes da filmografia francesa, além de dois filmes como homenagem a um clássico e em comemoração aos 400 anos do dramaturgo francês Molière.
Na seleção dos inéditos desta edição com temáticas variadas e gêneros como comédia, drama, suspense e romance estão produções de diretores aclamados internacionalmente. A curadoria procura sempre trazer o melhor da cinematografia francesa atual para o público brasileiro com filmes que exploram temas dos mais clássicos aos mais contemporâneos através de grandes elencos.
Presente na programação pelo oitavo ano, o diretor François Ozon estará representado com seu mais novo filme: Peter von Kant, que abriu o Festival de Berlim e disputou o Urso de Ouro. Baseado em As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, obra-prima do cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder, o longa troca a personagem Petra por Peter, interpretado por Denis Ménochet, que se envolve amorosamente com o jovem Amir, vivido por Khalil Ben Gharbia, e marca, assim, a volta de Ozon à temática LGBTQIA+.
O Acontecimento (L’événement), da diretora franco-libanesa Audrey Diwan, traz um assunto que está constantemente na ordem do dia: o aborto. Premiado com o Leão de Ouro de melhor filme no Festival de Veneza, em 2021, o longa é uma adaptação do romance homônimo de Annie Ernaux e conta a história de uma jovem que, em plena década de 1960, toma a difícil decisão de interromper sua gravidez.
Para os fãs de suspense, duas produções marcam a seleção: em Golias (Goliath), um thriller com denúncia ambiental dirigido por Frédéric Tellier, uma professora de esportes, um advogado ambiental e um lobista veem suas trajetórias se entrelaçarem após um trágico acontecimento; o elenco conta com Gilles Lellouche, Pierre Niney e Emmanuelle Bercot. Já em Kompromat, de Jérôme Salle, a trama narra a espetacular fuga de um diretor da Aliança Francesa da Sibéria, vítima de uma trama orquestrada pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia.
As comédias dramáticas, tão características do cinema francês, também marcam presença: em Esperando Bojangles (En attendant Bojangles), de Régis Roinsard, com Romain Duris e Virginie Efira, a relação de um casal apaixonado se completa com a chegada do filho; o filme é baseado no best-seller homônimo de Olivier Bourdeaut. Em Querida Léa (Chère Léa), de Jérôme Bonnell, o protagonista Jonas decide, após uma bebedeira, visitar sua ex-namorada, Léa, por quem ainda é apaixonado. Ao ser rejeitado, ele vai a um café para escrever-lhe uma última carta de amor, despertando a curiosidade do dono do estabelecimento.
Virginie Efira na comédia dramática Esperando Bojangles.
Outros destaques da seleção são as comédias, entre elas: Entre Rosas (La fine fleur), de Pierre Pinaud, e Um Pequeno Grande Plano (La croisade), de Louis Garrel. A primeira conta a história de Eve Vernet, interpretada por Catherine Frot, que, antes a maior criadora de rosas, hoje vive à beira da falência. A solução para salvar a fazenda: contratar três ex-presidiários que não têm nenhum conhecimento de jardinagem. Na outra comédia, Joseph, de 13 anos, está vendendo seus bens mais valiosos para financiar um projeto ecológico na África. Mas para a surpresa dos pais, ele não é o único; o elenco traz Laetitia Casta, Joseph Engel e o próprio diretor, Louis Garrel.
No gênero drama são várias as opções: em O Próximo Passo (En corps), de Cédric Klapisch, uma jovem e promissora bailarina clássica se machuca após flagrar a traição do namorado. Ela luta para se recuperar, buscando novos rumos no mundo da dança contemporânea. O Mundo de Ontem (Le monde d’hier), de Diastème, com Léa Drucker e Denis Podalydès, conta a história de uma Presidente da República que opta por deixar uma vida política bem-sucedida. Porém, pouco antes do primeiro turno das eleições, um escândalo atrapalha o desempenho de seu sucessor de confiança e pode dar a vitória ao candidato de extrema-direita. Eles têm três dias para mudar o curso da história.
Já em O Segredo de Madeleine Collins, de Antoine Barraud, Judith leva uma vida dupla entre dois países, dois amantes e filhos diferentes com cada um. Aos poucos, esse frágil equilíbrio de segredos começa a se despedaçar. O filme, que conta com Virginie Efira e Jacqueline Bisset no elenco, foi exibido na mostra Giornate degli Autori, no Festival de Veneza.
Ainda entre os dramas, Os Jovens Amantes (Les jeunes amants), da diretora Carine Tardieu, traz a história de dois amantes que se reencontram no corredor de um hospital, 15 anos após o primeiro contato. Shauna tem 71 anos, Pierre tem 45. Eles se reconectam, enquanto Shauna, que é avó e viúva, quer se reafirmar como mulher e mostrar que a diferença de idade não importa; o elenco conta com Fanny Ardant, Melvil Poupaud e Cécile de France. Em Sentinela do Sul (Sentinelle sud), de Mathieu Gérault, o soldado Christian Lafayette volta à França, após uma operação que dizimou sua unidade. Ele tenta retomar a vida, mas se envolve no tráfico de ópio para salvar dois militares sobreviventes.
Já Um Herói (Ghahreman), de Asghar Farhadi, premiado no Festival de Cannes do ano passado, mostra que Rahim, interpretado por Amir Jadidi, está preso por conta de uma dívida. Ao ser dispensado da cadeia por dois dias, tenta convencer seu credor a retirar a queixa, mas nada acontece como planejado.
Louis Garrel e Laetitia Casta em Um Pequeno Grande Plano.
Outro drama de destaque é Contratempos (À plein temps), de Eric Gravel, premiado na mostra Orizzonti do Festival de Veneza nas categorias de melhor direção e melhor atriz para Laure Calamy. Nele, Julie luta sozinha para criar dois filhos no subúrbio e manter seu emprego em Paris. Quando ela finalmente consegue uma entrevista para um cargo desejado, uma greve geral paralisa o transporte. Ela, então, embarca em uma corrida para salvar seu emprego e sua família.
Por fim, o drama histórico O Destino de Haffman (Adieu Monsieur Haffmann), de Fred Cavayé, se passa em Paris, em plena Segunda Guerra Mundial. Um homem comum que sonha em começar uma família trabalha para um talentoso joalheiro, o Sr. Haffmann, papel de Daniel Auteuil. Mas frente à ocupação alemã, eles precisam honrar um acordo que afetará seus destinos. A atração para toda a família é a aventura King: Meu Melhor Amigo, de David Moreau, que conta a história de um filhote de leão traficado, que foge e encontra abrigo na casa de Inès e Alex, de 12 e 15 anos. Os irmãos bolam um plano maluco: levar King de volta à África.
Em suas edições, o Festival Varilux de Cinema Francês faz uma reverência aos grandes filmes, diretores e demais profissionais que marcaram a cultura francesa. Este ano, serão duas homenagens: a um clássico da cinematografia do país, O Papai Noel é um Picareta (Le père Noël est une ordure), de Jean-Marie Poiré, e aos 400 anos de nascimento de Molière, um dos maiores nomes de sua dramaturgia, através do filme As Aventuras de Molière, de Laurent Tirard e Ariane Mnouchkine, indicado ao Prêmio César.
Atentos às mudanças no mercado audiovisual mundial e particularmente no francês, os diretores do Festival Varilux resolveram inovar este ano. A edição de 2022 terá, pela primeira vez, uma mostra de sete séries francesas inéditas. A curadoria criteriosa já conhecida para os longas-metragens participantes se estendeu ao formato seriado e produções recentes foram selecionadas para serem exibidas em São Paulo e no Rio de Janeiro; em data a ser divulgada posteriormente, as séries serão disponibilizadas para todo o Brasil gratuitamente no streaming.
A seleção de sete séries francófonas inéditas no Brasil conta com: Cheyenne e Lola (Cheyenne et Lola), As Sentinelas (Les Sentinelles), Jogos do Poder (Jeux d’influence), O que Pauline não diz (Ce que Pauline ne vous dit pas), Ópera (L’Opera), Síndrome E (Syndrome E) e A Corda (La corde); é a primeira vez que um festival apresenta produções desse tipo nos cinemas.
São Paulo e Rio de Janeiro foram as capitais escolhidas para a exibição das séries, entre os dias 20 e 22 de junho, com debate com convidados para falar sobre o formato. Ainda haverá uma masterclass em cada cidade e encontro de profissionais. As aulas serão ministradas pelo ator e diretor Antoine Lacomblez e pelo roteirista Jean-Philippe Amar, ambos fazem parte de produções que compõem o line-up.
Sahar Goldust no filme Um Herói, de Asghar Farhadi.
Para Emmanuelle Boudier, codiretora e cocuradora do festival, “o mundo está mudando e o mundo das imagens junto com ele. A pandemia acentuou a tendência de consumir produções no sofá, sob demanda. Nós, que amamos tanto o cinema, vamos sempre incentivar que a experiência de assistir aos filmes seja nas salas de cinema, neste lugar mágico. Mas sabemos que existem ótimas produções sendo feitas e assistidas em outras telas. E não podíamos deixar de trazer para o público brasileiro, que sempre prestigiou o festival, um pouco das séries francesas que estão sendo produzidas”.
Uma delegação artística composta de 11 profissionais marca presença em São Paulo e no Rio de Janeiro para apresentar suas obras, entre filmes e séries, e conversar com o público. Para falar de seus longas-metragens estarão: o ator Gilles Lellouche, protagonista em O Destino de Hoffman, Kompromat e Golias; e os cineastas Carine Tardieu (Os Jovens Amantes), Jérôme Salle (Kompromat), Diastème (O Mundo de Ontem), Eric Gravel (Contratempos) e Régis Roinsard (Esperando Bojangles). Para apresentar as séries e participar do encontro profissional os convidados são: o diretor Jean-Philippe Amar (As Sentinelas), o roteirista Antoine Lacomblez (Jogos de Poder e O que Pauline Não Diz), o produtor Alexandre Piel (ARTE), a produtora Soizic Gelbard (Gaumont) e a distribuidora Isabella Barsumian (Federation Entertainment).
“Estamos sempre atentos para trazer para o festival obras de qualidade e com diversidade de temas. Sabemos que o público quer rever seus atores e diretores preferidos, mas também conhecer as novas revelações”, comentou Christian Boudier, codiretor e cocurador do festival.
Atividade integrante do Festival Varilux de Cinema Francês, o 5º Laboratório Franco-Brasileiro de Roteiros foi confirmado entre os dias 20 e 24 de junho no Rio de Janeiro. Com inscrições prévias, o programa é destinado a roteiristas, diretores e realizadores e propicia o desenvolvimento da escrita de projetos de roteiros de longa-metragem e de séries de TV. O LAB é coordenado por François Sauvagnargues, especialista de ficção e ex-diretor geral do FIPA, Festival Internacional de Programação Audiovisual (Biarritz, França), e tem como professores os roteiristas Corinne Klomp, Pascale Rey, Jean-Marie Chavent e Nicolas Clément, todos integrantes do Conservatório Europeu de Escrita Audiovisual (CEEA). Dezesseis participantes foram selecionados e irão trabalhar em quatro grupos durante cinco dias.
Já estão confirmadas as seguintes cidades nesta edição do Festival Varilux: Afogados de Ingazeira (PE), Aracaju (SE), Araraquara (SP), Arcoverde (PE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Botucatu (SP), Brasília (DF), Búzios (RJ), Campinas (SP), Campo Grande (MS), Caruaru (PE), Caxias do Sul (RS), Cotia (SP), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Garanhuns (PE), Goiânia (GO), Indaiatuba (SP), João Pessoa (PB), Jundiaí (SP), Juiz de Fora (MG), Londrina (PR), Maceió (AL), Manaus (AM), Maringá (PR), Natal (RN), Niterói (RJ), Ouro Preto (MG), Palmares (PE), Palmas (TO), Pelotas (RS), Petrolina (PE), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Ribeirão Preto (SP), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santos (SP), São Carlos (SP), São Luis (MA), São Paulo (SP), Teresina (PI), Vitória (ES), Volta Redonda (RJ).
A lista de cidades e de cinemas participantes será continuamente atualizada no site do festival; o valor do ingresso será o já cobrado por cada exibidor. Clique aqui e saiba mais sobre a programação completa.
Fotos: Divulgação.