Depois de dois anos em formato on-line, o Festival de Cinema de Vitória realizou uma edição especial entre os dias 21 e 25 de junho; um desdobramento da primeira parte do evento, que aconteceu virtualmente em novembro do ano passado.
O 28º Festival de Cinema de Vitória: Reencontro apresentou uma seleção de 30 filmes, entre curtas e longas-metragens, premiados com o Troféu Vitória e que foram exibidos em 2021. O público conferiu produções em programas especiais preparados pela curadoria, três sessões especiais com filmes convidados, o lançamento da edição física dos cadernos das homenageadas Marcélia Cartaxo e Margarete Taqueti, além de oito oficinas com foco nas diversas etapas da produção audiovisual.
Na noite de encerramento, foi exibido o longa inédito Serial Kelly, dirigido por René Guerra. O filme acompanha a trajetória de Kelly, interpretada por Gaby Amarantos, uma artista em busca de reconhecimento, com uma intuição criativa muito aguçada, mas que sofre pela ausência de oportunidades em sua carreira. Conforme ela cumpre sua agenda de shows pelo sertão, a cantora de forró eletrônico também vai deixando um rastro de sangue pelo caminho. Quando passa a ser investigada pelos assassinatos de três homens, sua turnê mambembe também se transforma numa estratégia de fuga. De estrela ascendente ela se torna uma heroína marginal.
Com roteiro de Marcelo Caetano e René Guerra, Serial Kelly foi todo rodado em Alagoas. O elenco conta também com Paula Cohen, Thomás Aquino, Pedro Wagner, Thardelly Lima, Igor de Araújo, Roberta Gretchen, entre outros. Produzido pela Bananeira Filmes, o filme será distribuído pela Vitrine Filmes.
René Guerra estreou no cinema com o curta-metragem Os Sapatos de Aristeu, em 2008; a produção foi um dos filmes nacionais mais premiados daquele ano, com 37 prêmios nacionais e internacionais. Dirigiu também os curtas O Olho e o Zarolho e Vaca Profana; e o longa Guigo Offline, grande vencedor do 25º Festival Mix Brasil, em 2017.
A equipe do filme no festival.
Para apresentar Serial Kelly em Vitória, o diretor marcou presença no evento ao lado da atriz Paula Cohen e da produtora Elaine Azevedo e Silva, representante da Bananeira Filmes. No palco do Teatro Glória, fez um discurso emocionante: “Toda equipe de cinema deveria estar em estado de vulnerabilidade para saber o que é a função de um ator. No Vaca Profana e em todos os meus curtas que passaram aqui, sempre coloquei os atores como representantes dos filmes. Roberta Gretchen, que não tinha pudor em dizer que era uma profissional do sexo, saiu deste festival dizendo que era atriz”.
E completou: “Nós vamos sobreviver. Um país sem cultura é um país sem nada. Eu vou ficar mais radical possível no sentido artístico e o que eles não querem ver, eu vou mostrar. Agradeço todas as mulheres da equipe, que são mulheres fortes e que, inclusive, sobreviveram ao machismo estrutural dentro do set. Sem Elaine [produtora], esse filme não estaria aqui. Sem a Paula [atriz], não estaria na luminosidade. Gaby, eu sei que você está aqui. Eu te amo, te honro. Você foi foda!”.
A produtora Elaine Azevedo e Silva também discursou: “Estamos muito felizes e honrados em participar do festival. É importante passar o filme pela primeira vez ao público em um festival que prestigia o acesso ao público, que ultrapassa o muro do cinema e que vai atrás do espectador de verdade”. A atriz Paula Cohen completou: “Quando eu li esse roteiro pela primeira vez, fui atravessada por um lugar muito profundo. Eu acho que esse filme vai entrar em um lugar de destruir velhos padrões. É um filme que vem com um pé na porta”.
Depois da exibição do filme, foi realizado um grande show, com entrada franca, que marcou o lançamento do festival musical Tenda Lab. No Parque da Prainha, em Vila Velha, se apresentaram: a cantora Letrux, os DJs Amigos da Onça e a Banda Malacaxeta, com participação da atriz e cantora Letícia Persiles.
*O CINEVITOR esteve em Vitória e você acompanha a cobertura por aqui, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.
Fotos: Divulgação e Thaís Gobbo.