Com mais de 50 anos de carreira e uma das personalidades mais importantes para as artes cênicas e para o audiovisual brasileiro, a atriz Bete Mendes será a Homenageada Nacional da 29ª edição do Festival de Cinema de Vitória, que acontecerá entre os dias 19 e 24 de setembro, no Centro Cultural Sesc Glória.
Figura central em diversos momentos da produção cultural no Brasil, a atriz tem um currículo com dezenas de trabalhos no cinema, na televisão e no teatro. Sobre ser homenageada no 29º Festival de Cinema de Vitória, ela se diz honrada: “Fico numa felicidade imensa com essa homenagem porque esse festival é extraordinário, o trabalho que vocês fazem é genial. Estou felicíssima com essa homenagem”.
A atriz receberá o Troféu Vitória, além de um caderno biográfico e inédito que aborda a sua trajetória. A escolha de Bete Mendes reforça o trabalho de documentação e da construção de memória da produção cultural brasileira realizada pelo Festival de Cinema de Vitória ao longo das últimas duas décadas: “É uma grande satisfação para o nosso evento realizar esse trabalho documental sobre figuras tão importantes da cultura brasileira. Bete Mendes é a personificação do talento e da resistência, tão característicos da produção cultural brasileira”, disse Lucia Caus, diretora do festival.
Paulista, da cidade de Santos, Bete Mendes surge profissionalmente em 1968, na peça A Cozinha, de Arnold Wesker, com tradução de Millôr Fernandes e direção de Antunes Filho. No mesmo ano, brilhou na sua estreia na televisão, ao interpretar Renata na novela Beto Rockfeller; a produção é um marco na teledramaturgia brasileira e mudou o rumo das tramas televisivas.
Em 1974, estreou na TV Globo em O Rebu, de Bráulio Pedroso. Bete interpretou a personagem Silvia, na novela que marcou história ao situar sua trama, com mais de 100 capítulos, em um enredo de 24 horas. Neste trabalho, ela contracenou com um dos maiores nomes do teatro brasileiro, o ator e diretor Ziembinski.
Na emissora carioca participou de trabalhos icônicos como as novelas Tieta (1989/1990), O Rei do Gado (1996/1997), América (2005), além das minisséries Anos Rebeldes (1992) e A Casa das Sete Mulheres (2003). Bete também passou pela TV Manchete, onde trabalhou em Brida (1988); na Bandeirantes, fez Pé de Vento (1980) e Dulcinéia Vai à Guerra (1980/1981); e no SBT, atuou em Seus Olhos (2004). No teatro, ela integrou o elenco do clássico musical Gota D’Água (1974), de Paulo Pontes e Chico Buarque, ao lado de Bibi Ferreira.
No cinema, um de seus primeiros trabalhos foi As Delícias da Vida (1974), de Maurício Rittner, ao lado de Vera Fischer. Um dos momentos mais marcantes da sua carreira na sétima arte é o filme Eles Não Usam Black-Tie (1981), de Leon Hirszman, adaptação cinematográfica do texto de Gianfrancesco Guarnieri, em que atuou com Fernanda Montenegro e Carlos Alberto Riccelli. Seu trabalho mais recente no cinema é Introdução à Música do Sangue (2017), de Luiz Carlos Lacerda.
Paralela à carreira artística, Bete Mendes também tem uma relevante atuação na política desde os anos 1970, quando era ativista e lutou contra a ditadura militar. Foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT), pelo qual se elegeu deputada federal entre os anos de 1983 e 1987.
Elegeu-se novamente deputada federal, desta vez pelo PMDB, para o mandato que aconteceu dos anos 1987 a 1991, e participou da elaboração da Constituinte de 1987. Também foi Secretária de Cultura do Estado de São Paulo, de março de 1987 a dezembro de 1988; e presidenta da Funarj, Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro, em 1999.
Além de Bete, o festival também anunciou o homenageado capixaba deste ano: o cineclubista, produtor, realizador audiovisual, fotógrafo, compositor e ambientalista, Sebastião Ribeiro Filho, o Tião Xará. Com sua vivência múltipla em diversas áreas, Tião Xará personifica o talento dos produtores culturais do Espírito Santo, além de ser uma figura fundamental para o cineclubismo capixaba.
Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto.