26ª Mostra de Cinema de Tiradentes: conheça os curtas-metragens selecionados

por: Cinevitor
Priscilla Vilela e Beatriz Silva no curta potiguar Bucho de Peixe, de Johann Jean

A 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que acontecerá entre os dias 20 e 28 de janeiro, exibirá 93 curtas-metragens de 18 estados brasileiros em diferentes seções que abarcam a pluralidade da produção audiovisual brasileira em um de seus formatos mais inventivos. A edição marca ainda o retorno ao formato presencial, depois de dois anos de realização virtual do evento.

A curadoria de curta-metragem para 2023 foi coordenada por Camila Vieira, com participações de Tatiana Carvalho Costa, Pedro Maciel Guimarães e Mariana Queen. Foram recebidas 806 inscrições, das quais definiram-se os 93 títulos a serem exibidos, distribuídos em diversas mostras.

Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro têm a maior quantidade de trabalhos na seleção, respectivamente 40, 30 e 21. Há também filmes de Amazonas (2), Bahia (5), Ceará (8), Distrito Federal (2), Espírito Santo (3), Mato Grosso (1), Pará (1), Paraíba (2), Paraná (1), Pernambuco (4), Rio Grande do Norte (1), Rio Grande do Sul (1), Roraima (2) e Santa Catarina (2).

“Depois de quase três anos de vivência de pandemia, é perceptível como a produção de curtas-metragens que compõe a seleção em 2023 começa a responder de forma mais imediata ao desejo de sentir novamente a presença do corpo em relação com a alteridade. É uma vontade de se conectar com as pessoas, com os lugares, com formas diferentes de viver em coletivo. Por outro lado, também continuam produções ancoradas na ideia de clausura, do confinamento e das angústias individuais, características que marcaram bastante a produção em 2020 e 2021”, afirma Camila Vieira.

Para Tatiana Carvalho Costa, os filmes que seguem elaborando a experiência com a pandemia podem ser divididos em duas frentes: uma que se concentra em experiências individuais ou de pequenos grupos frente ao isolamento, ao desconhecido, ao medo e às possibilidades de vida nessas restrições por um lado; e filmes realizados a partir da aproximação de outros campos artísticos com o cinema, por força das circunstâncias, sobretudo artes cênicas e artes visuais.

“Alguns destes filmes pandêmicos vão ao encontro da temática deste ano, Cinema Mutirão, em função de um necessário e fértil arranjo coletivo que possibilitou não só a sobrevivência, material, psíquica e afetiva, mas também experimentos de uma poética instigante, com resultados muito fortes e belos, especialmente nos que são forjados na aproximação cinema-teatro”, disse a curadora.

O levantamento anual feito pelo assistente de curadoria Rubens Fabricio Anzolin revela informações interessantes sobre o cenário de curta-metragem que se apresentou à Mostra de Tiradentes. Um total de 11% dos curtas selecionados tiveram financiamento da Lei Aldir Blanc, o que demonstra que os recursos liberados em 2021 ainda foram possíveis de serem utilizados em trabalhos durante 2022.

Em termos de representatividade, segundo dados de autodeclaração, 52,5% de quem assina os filmes são homens cis; 27,3% são mulheres cis; 4% são não-binários; e 1%, travestis. Co­mpletando os números, 15,2% preferiram não responder. Na pesquisa por raça/etnia, também autodeclaratória, 57,1% de realizadores se dizem brancos; 32,1% responderam preto; 4,8%, indígenas; 2,4%, mestiço; e 1,2%, latino.

Segundo Tatiana Carvalho, os curtas realizados por pessoas negras, indígenas e/ou queer, trans, travestis e não-bináries seguem “os experimentos e proposições estéticas para além das abordagens enquanto tema ou circunscrita à representação dita identitária, desafiando os conhecimentos cristalizados sobre cinema brasileiro. Esses filmes questionam uma pretensa universalidade subjetiva e narrativa, problematizam as versões consolidadas da história do país e de uma própria definição de Brasil, ou ainda, entre outras possibilidades, criam alegorias e fábulas sobre uma condição de existência na dissidência”, disse.

Mariana Queen, também da curadoria, completa que outra tendência percebida nos curtas da próxima edição da Mostra de Tiradentes é “a dos filmes que refletem, pela ficção e pelo documentário, a polarização ideológica e política no Brasil pré e pós-pandêmico como trauma, horror, incompreensão antropológica e comédia tragicômica”.

Conheça os curtas-metragens selecionados para a 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes:

MOSTRA FOCO

Febre, de Marcio Abreu (MG)
Kenzo ou o Triunfo da Auto-desintegração, de Pedrokas (CE)
Labirinto, de Filipe dos Santos Barrocas, Isadora Maria Torres, Léo Bortolin, Lucas Eskinazi e Yuji Kodato (SP)
Lalabis, de Noá Bonoba (CE)
O Último Rock, de Diego de Jesus (ES)
Os Animais Mais Fofos e Engraçados do Mundo, de Renato Sircilli (SP)
Pedra Polida, de Danny Barbosa (PB)
Pés que Sangram, de Roberta Takamatsu (PR)
Promessa de um Amor Selvagem, de Davi Mello (SP)
Remendo, de Roger Ghil [GG] (ES)
Solmatalua, de Rodrigo Ribeiro-Andrade (SC/RJ/SP)

MOSTRA PRAÇA

A Jornada do Valente, de Rodrigo de Janeiro (RJ)
A Orquestra das Diretas, de Caue Nunes (SP)
Crepúsculo das Deusas, de Fábio Rogerio (SP)
Estrelas de um Só Hit, de Luísa Guarnieri (SP)
Ferro’s Bar, de Cine Sapatão [Aline A. Assis, Fernanda Elias, Nayla Guerra e Rita Quadros] (SP)
O que Nos Espera, de Bruno Xavier e Chico Bahia (SP)
Pedro e Inácio, de Caio Dornelas (PE)
Quinze Primaveras, de Leão Neto (CE)
São Marino, de Leide Jacob (SP)
Se Trans For Mar, de Cibele Appes (SP)
Teatro de Máscaras, de Eduardo Ades (RJ)
Último Domingo, de Renan Barbosa Brandão e Joana Claude (RJ)

MOSTRA PANORAMA

A Velhice Ilumina o Vento, de Juliana Segóvia (MT)
Amigo Secreto, de Rui Calvo (SP)
Arrimo, de Rogério Borges (SP)
Através da Cidade Invisível, de Paulo Grangeiro (SP)
Bucho de Peixe, de Johann Jean (RN)
Busca, de Rodrigo Sousa & Sousa (SP)
Capuchinhos, de Victor Laet (PE)
Carta para Glauber, de Gregory Baltz (RJ)
Casa de Luiza, de Rodrigo Antonio (PA)
Cine Pornô – Fragmentos de Desejo e Medo, de Luis Teixeira Mendes (RJ)
Claudio, de Calebe Lopes (BA)
Conserva, de Diego Benevides (PB)
Corpo Onírico, de Marina Barbosa Mahmood (PE)
De Como me Tornei Invisível pra Caber em Meu Espírito, de Padmateo (BA)
Do Tanto de Telha no Mundo, de Bruno Brasileiro (CE)
Ensaio para uma Voz Humana, de Georgette Fadel (SP)
Espectro Restauración, de Felippe Mussel (RJ)
Eu, Negra, de Juh Almeida (SP/BA)
Infantaria, de Laís Santos Araújo (AL)
No Caminho de Casa, de Hugo Anikulapo Lima (RJ)
Nós Duas, de Wéllima Kelly e Leandro Alves (AL)
O Vampiro que Pensa Vozes, de Paulinho Sacramento (RJ)
Onde a Gente Se Encontra, de Talita Virginia (SP)
Plutão Não é Tão Longe Daqui, de Augusto Borges e Nathalya Brum (DF)
Primavera em Cada Vida, de Joaquim Castro e Rafael Saar (SP/RJ)
Soberane, de Wara (CE)
Todavia Sinto, de Evelyn Santos (SP)
Voto Nulo, de Gustavo de Carvalho (SP)
Xar: Sueño de Obsidiana, de Fernando Pereira dos Santos e Edgar Calel (SP)

MOSTRA TEMÁTICA

Da Ponte pra Cá, de Isabela da Silva Alves (SP)
Escasso, de Encruza [Gabriela Gaia Meirelles e Clara Anastácia] (RJ)
Luta pela Terra, de Camilla Shinoda e Tiago de Aragão (DF/AM/RR)
Paola, de Ziel Karapotó (PE)
Thuë Pihi Kuuwi – Uma Mulher Pensando, de Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yariana Yanomami (RR)

MOSTRA FOCO MINAS

A Última Vez que Ouvi Deus Chorar, de Marco Antonio Pereira
Aragem, de Ricardo Alves Jr.
Marina Não Vai à Praia, de Cássio Pereira dos Santos
Não Há Coincidências Ocupando Esta Carne, de Júlia Elisa
Nossa Mãe Era Atriz, de André Novais Oliveira e Renato Novaes
O Capitalismo Matou Meus Pais, de Lucas Tunes e Karen Suzane
Rosa Neon, de Tiago Tereza
Tenho Medo de Avião, de Arthur Pereira
Terremoto, de Gabriel Martins

MOSTRINHA

A Menina e o Mar, de Gabriel Mellin (RJ)
Barra Nova, de Diego Maia (CE)
João no Reino de Papelão, de Rodrigo Vulcano e Lucas Lima (SP)
Jussara, de Camila Cordeiro Ribeiro (BA)
Teo, O Menino Azul, de Hygor Amorim (SP)

MOSTRA JOVEM

Bolha, de Leandro Wenceslau (MG)
De Onde Nasce o Sol, de Gabriele Stein (ES)
Isso Não é Tudo, de Stefane Eskelsen (SP)
Trancinhas, de Mariana Stolf (MG)
Travessia, de Ariely Cauany Suptitz (SC)
Xavier e Miguel, de Ricky Mastro (SP)

MOSTRA REGIONAL

Camaco, de Breno Alvarenga (MG)
Encontro, de Rafael Brandão (MG)
Morro do Cemitério, de Rodrigo R. Meireles (MG)
Pivete, de Júlia Gama Fernandes e Ariel Rezende (MG)

MOSTRA FORMAÇÃO

As Lavadeiras do Rio Acaraú Transformam a Embarcação em Nave de Condução, de Kulumym-Açu (CE)
Cartas pra Mim, de Marina Vergueiro (SP)
Ciclo, de Isadora Grillo Polatscheck (MG)
Fagulha, de Jessica Menzel e JP Siliprandi (RS)
Jorge, de Bruno Felix (SP)
Mecanismo, de Isaac Morais, Gabriel Lima e Maria Beatriz (CE)
Meu Outro Nome é Luiza, de Ana Luísa Hartmann (SP)
Pelas Ondas Lambem-se as Margens, de Hyndra (BA)
Presente, de Pedro Coelho Xavier (MG)
Sanc_pc1317_03_01_a_1 – Versão 2, de Henrique Amud e Hakaima Sadamitsu (AM)

MOSTRA VALORES

Bolinho de Feijão Fradinho: Uma Delícia Recheada de História, de Jackson Jardel dos Santos e Giulia Attolini Muraro (MG)
Séc. XVIII: A História, Memória, Técnica e Paixão de Gerações Numa Dose de Cachaça, de Jackson Jardel dos Santos e Giulia Attolini Muraro (MG)

Foto: Divulgação/Caboré Audiovisual.

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