Depois de divulgar os títulos em competição, a 12ª edição da Mostra Ecofalante de Cinema, que acontecerá entre os dias 1º e 14 de junho, em São Paulo, anunciou novas obras em sua programação: a seleção completa traz 101 filmes, entre premiados em grandes festivais, pré-estreias mundiais e inéditos no Brasil.
Na sessão de abertura, exclusiva para convidados, será exibido Nação Lakota Contra os EUA, de Jesse Short Bull e Laura Tomaselli, que narra a jornada dos indígenas Lakota para recuperar Black Hills, terra sagrada que foi tomada à força pelo governo norte-americano apesar da existência de tratados que garantiam a eles a posse desta terra. A obra, que passou pelos festivais de Tribeca, Cleveland e Denver, utiliza rico material de arquivo e entrevistas íntimas com ativistas veteranos e jovens líderes.
Na mostra Panorama Internacional Contemporâneo serão exibidos 27 filmes, de 26 países. A seleção traz títulos que abordam sobretudo questões ligadas ao racismo, mas que também não deixam de falar do legado do colonialismo e suas muitas consequências socioambientais presentes até os dias de hoje. Destacam-se: Recursos, de Hubert Caron-Guay e Serge-Olivier Rondeau, elogiado no IDFA; O Último Refúgio, de Ousmane Samassekou, premiado no festival dinamarquês CPH:DOX; e Xaraasi Xanne (Vozes Cruzadas), de Bouba Touré e Raphaël Grisey, consagrado no Cinéma du Réel, na Suíça.
A Mostra Histórica é dedicada este ano ao tema Fraturas (pós-)coloniais e as Lutas do Plantationoceno e traz 17 títulos icônicos realizados entre 1966 e 1984, que discutem a herança do colonialismo em diferentes partes do planeta. Cunhado nos anos 2010 pelas teóricas norte-americanas Donna Haraway e Anna Tsing, o termo Plantationoceno, que está no título da mostra, se contrapõe ao difundido Antropoceno ao reconhecer os fundamentos coloniais e escravagistas da globalização e do sistema socioeconômico hegemônico hoje. Vale destacar a presença de A Batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo, que a mostra exibe em versão restaurada em 4K pela Cinemateca de Bolonha e Instituto Luce Cinecittà; o filme, que foi proibido pela censura da ditadura militar brasileira, ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza e foi indicado ao Oscar, em 1969, nas categorias de melhor filme estrangeiro, direção e roteiro.
Além disso, a programação também é dedicada às estreias mundiais em salas de cinema de três títulos brasileiros que abordam o embate entre indígenas e garimpeiros, queimadas em quatro biomas do país e deslocamento de toda uma população.
Completam a seleção: estreias mundiais; uma sessão especial e um programa infantil; um trabalho em realidade virtual; uma série de atividades paralelas que incluem uma masterclass com o pensador martiniquês Malcolm Ferdinand, que também explora em sua obra o conceito de Plantationoceno; e uma oficina de cinema ambiental com Jorge Bodankzy; além de um ciclo de debates.
A Mostra Ecofalante de Cinema, considerada um dos maiores festivais do Brasil e o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais, acontecerá no Espaço Itaú de Cinema Augusta, Centro Cultural São Paulo, Cine Olido e Biblioteca Roberto Santos. Completam o circuito de exibição unidades do Centro Educacional Unificado (CEU), Casas de Cultura, Fábricas de Cultura e Centros Culturais.
Conheça os filmes selecionados para a 12ª Mostra Ecofalante de Cinema:
PANORAMA INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO
A Apropriação (The Grab), de Gabriela Cowperthwaite (EUA)
A Felicidade Vale 4 Milhões (Happiness is £4 Million), de Weixi Chen e Kai Wei (China/EUA)
A Máquina do Petróleo (The Oil Machine), de Emma Davie (Reino Unido)
Águas do Pastaza (Waters of Pastaza), de Inês T. Alves (Portugal)
Amianto: Crônica de um Crime (The Asbestos Grave: Chronicle of a Disaster Foretold), de Marie-Anne Mengeot e Nina Toussaint (Bélgica)
Amor e Luta em Tempos de Capitalismo (A Guide to Love and Fighting Capitalism), de Basile Carré-Agostini (França)
Aralkum, de Daniel Asadi Faezi e Mila Zhluktenko (Alemanha/Uzbequistão)
Davi e Golias: O Caso de Dewayne Johnson contra Monsanto (Into the Weeds: Dewayne “Lee” Johnson vs. Monsanto Company), de Jennifer Baichwal (Canadá)
Deep Rising: A Última Fronteira, de Matthieu Rytz (EUA)
Delikado, de Karl Malakunas (EUA/Reino Unido/Filipinas/China/Austrália)
Duas Vezes Colonizada (Twice Colonized), de Lin Alluna (Groenlândia/Dinamarca/Canadá)
Filhos do Katrina (Katrina Babies), de Edward Buckles Jr. (EUA)
Forrageadores (Al Yad al Khadra), de Jumana Manna (Palestina)
Free Money, de Lauren DeFilippo e Sam Soko (EUA/Quênia)
Girl Gang, de Susanne Regina Meures (Suíça/Alemanha)
Good Life, de Marta Dauliute e Viktorija Šiaulyte (Suécia/Lituânia/Finlândia)
Lixo Fora do Lugar (Matter Out of Place), de Nikolaus Geyrhalter (Áustria)
Nação Lakota Contra os EUA (Lakota Nation V United States), de Jesse Short Bull e Laura Tomaselli (EUA)
Nada Dura para Sempre (Nothing Lasts Forever), de Jason Kohn (EUA)
Para Além de Estradas (Not Just Roads), de Nitin Bathl e Klearjos Eduardo Papanicolaou (Índia/Suíça/Alemanha)
O Cuidado em Tempos Impiedosos (Armotonta Menoa – Hoivatyön Lauluja), de Susanna Helke (Finlândia)
O Retorno da Inflação (The Return of Inflation), de Matthias Heeder (Alemanha)
O Sonho Americano e Outros Contos de Fadas (The American Dream and Other Fairy Tales), de Abigail Disney e Kathleen Hughes (EUA)
O Último Refúgio (Le Dernier Refuge), de Ousmane Samassekou (Mali/França/África do Sul)
Recursos (Resources), de Hubert Caron-Guay e Serge-Olivier Rondeau (Canadá)
Uma História de Ossos (A Story of Bones), de Joseph Curran e Dominic Aubrey de Vere (Reino Unido)
Xaraasi Xanne (Vozes Cruzadas) (Xaraasi Xanne – Les Voix Croisées), de Bouba Touré e Raphaël Grisey (França/Alemanha/Mali)
BRASILEIROS INÉDITOS
Cinzas da Floresta, de André D’Elia
Escute, A Terra Foi Rasgada, de Cassandra Mello e Fred Rahal Mauro
Parceiros da Floresta, de Fred Rahal Mauro
MOSTRA HISTÓRICA: FRATURAS (PÓS-)COLONIAIS E AS LUTAS DO PLANTATIONOCENO
A Batalha de Argel (La Battaglia di Algeri), de Gillo Pontecorvo (1966) (Argélia/Itália)
A Zerda e os Cantos do Esquecimento (La Zerda et les Chants de l’Oublie), de Assia Djebbar (1982) (Argélia)
Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho (1982) (Brasil)
Community Control, de Newsreel Collective (1969) (EUA)
El Coraje del Pueblo, de Jorge Sanjinés (1971) (Bolívia)
El Pueblo se Levanta, de Newsreel Collective (1971) (EUA)
Emitaï, de Ousmane Sembene (1971) (Senegal)
Estas São as Armas, de Murilo Salles (1978) (Moçambique)
Etnocídio (Etnocidio: Notas sobre El Mezquital), de Paul Leduc (1977) (México)
Eu, Sua Mãe (Man Sa Yay), de Safi Faye (1980) (Senegal/Alemanha)
Festival Pan-africano de Argel (Festival Panafricain d’Alger), de William Klein (1969) (França/Alemanha/Argélia)
I Heard It through the Grapevine, de Dick Fontaine (1981) (EUA)
Na Selva Há Muito por Fazer (En la Selva Hay Mucho por Hacer), de Walter Tournier (1974) (Uruguai)
Nossa Voz de Terra, Memória e Futuro (Nuestra Voz de Tierra, Memoria y Futuro), de Marta Rodríguez e Jorge Silva (1982) (Colômbia)
O Tigre e a Gazela, de Aloysio Raulino (1977) (Brasil)
Quilombo, de Vladimir Carvalho (1975) (Brasil)
Terra dos Índios, de Zelito Viana (1979) (Brasil)
SESSÃO ESPECIAL
Mulheres na Conservação, de Paulina Chamorro e João Marcos Rosa (Brasil)
REALIDADE VIRTUAL
Amazônia Viva, de Estêvão Ciavatta (Brasil)
INFANTIL
A Viagem do Príncipe (Le Voyage du Prince), de Jean-François Laguionie (França)
*Clique aqui e confira a seleção da Competição Latino-Americana e Concurso Curta Ecofalante.
Foto: Divulgação.