Elisa Lucinda, uma artista plural, que transita com excelência por diversos gêneros e expressões artísticas, será a Homenageada Nacional da 30ª edição do Festival de Cinema de Vitória, que acontecerá entre os dias 18 e 23 de setembro.
Como parte da homenagem, a atriz receberá o Troféu Vitória e o Caderno da Homenageada, publicação inédita e biográfica, assinada pelos jornalistas Lais de Mello Rocio, Leonardo Vais e Paulo Gois Bastos, que trata da sua vida e trajetória profissional. A cerimônia acontecerá no dia 21 de setembro no Teatro Glória, no Sesc Glória: “Estou me sentindo tão importante sendo homenageada no Festival de Cinema da minha terra. Sempre quis ser um orgulho capixaba. Não adianta nada fazer sucesso no mundo inteiro sem o aplauso da mãe da gente, sem o amor da aldeia”, afirmou a artista.
Poeta, atriz, intérprete, jornalista e professora, Elisa Lucinda é natural do município de Cariacica, cidade que integra a região Metropolitana da Grande Vitória, no Espírito Santo. Na infância, aos 11 anos, começa seus estudos de declamação de poemas, arte que a poetriz exerce até hoje. Artista múltipla e intensa, emprestou seu talento a inúmeros trabalhos em 35 anos de carreira. Formou-se em jornalismo em 1982 e começou a exercer a profissão como repórter e apresentadora na TV capixaba. Mas, seus desejos a conduziram para outros caminhos quando mesmo na Ufes, a artista foi convidada para integrar um grupo de teatro e participou de várias criações coletivas em mostras universitárias. Na segunda metade da década de 1980, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, com planos de seguir a carreira artística e iniciou os estudos na CAL, Curso de Interpretação Teatral da Casa de Artes de Laranjeiras.
No cinema, seus primeiros trabalhos foram A Fábula da Bella Palomeira (1987), de Ruy Guerra; Referência (1988), curta-metragem de Ricardo Bravo, onde Elisa foi premiada como Atriz Revelação no Festival de Cinema de Brasília, em 1989; Barrela (1990), premiado longa-metragem de Marco Antonio Cury, inspirado na obra do Plínio Marcos; e A Causa Secreta (1994), de Sérgio Bianchi. Também atuou em Seja o que Deus Quiser (2002) e O Fim e os Meios (2015), de Murilo Salles; As Alegres Comadres (2003), de Leila Hipólito; Maré, Nossa História de Amor (2008), de Lucia Murat. Em 2019, interpretou Deus no premiado curta-metragem Alfazema (2019), de Sabrina Fidalgo.
Seus trabalhos mais recentes nas telonas são: O Pai da Rita (2022), de Joel Zito Araújo, e Papai é Pop (2022), de Caito Ortiz. Em 2020, recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Gramado com o filme Por que Você Não Chora?, de Cibele Amaral.
Elisa com a atriz Malu Aloise no filme Papai é Pop
Na televisão, Elisa Lucinda brilhou em Vai na Fé (2023), de Rosane Svartman. Na trama, interpretou Marlene, a matriarca da família de Sol, que ao longo da novela precisou superar os obstáculos e mudar a forma como encarava a vida. Com dezenas de atuações, participou de Kananga do Japão (1989), sua estreia na TV, na qual foi dirigida por Tizuka Yamasaki na extinta TV Manchete; Sangue do Meu Sangue (1995), remake da trama de Vicente Sesso, de 1969, no SBT; além de Araponga (1990), de Dias Gomes, Lauro César Muniz e Ferreira Gullar; Mulheres Apaixonadas (2003) e Páginas da Vida (2006), de Manoel Carlos; Insensato Coração (2011), de Gilberto Braga; Aquele Beijo (2012), de Miguel Falabella; Lado a Lado (2013), de João Ximenes Braga e Claudia Lage; e Tempo de Amar (2017), de Alcides Nogueira; todas na TV Globo. Recentemente, vive a voz da cantora Vanusa e Aparecida, mãe de Cassandra, protagonizada por Liniker, na série Manhãs de Setembro, do Prime Video.
Com 19 livros publicados, Lucinda se tornou uma das mais importantes poetas e autoras do Brasil. Entre os destaques da sua obra estão O Semelhante, Eu Te Amo e Suas Estreias, A Fúria da Beleza e Vozes Guardadas, além dos romances Fernando Pessoa: O Cavaleiro de Nada, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura em 2015; e Quem me Leva para Passear, finalista ao Prêmio Jabuti 2022 na categoria romance de entretenimento. Também é autora da coleção infantil Amigo Oculto, pela qual ganhou o Prêmio Altamente Recomendável da FNLIJ, Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Também no universo da literatura, a artista fundou, em parceria com a atriz Geovana Pires, a Casa Poema. A instituição cultural desenvolve projetos voltados para o fomento e a popularização da poesia. Com ações para todas as idades, um dos destaques é o Versos de Liberdade, projeto que ensina a palavra poética aos jovens que cumprem medidas socioeducativas, além de cursos de poesia falada para professores e profissionais de áreas diversas. Em 2021, Elisa Lucinda tomou posse na Academia Brasileira de Cultura, ocupando a cadeira de Olavo Bilac, ao lado de nomes como Zeca Pagodinho, Elza Soares, Christiane Torloni, Ana Botafogo e Carlinhos de Jesus.
Com uma carreira ativa nos palcos, Elisa está na estrada há 21 anos com o solo Parem de Falar Mal da Rotina. O espetáculo de sua autoria, que deu origem a uma publicação homônima, já percorreu todos os estados brasileiros, além de ter realizado temporadas na Holanda, Espanha, Portugal, Moçambique e Cabo Verde. Ao falar sobre os encantos da rotina, a artista segue inspirando fãs e seguidores.
Fotos: Jonathan Estrella/Divulgação.