Foram anunciados nesta quarta-feira, 27/09, no CineShow Beiramar Shopping, os vencedores da 27ª edição do FAM 2023, Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul, realizado pela Associação Cultural Panvision.
O longa documentário peruano Este Fue Nuestro Castigo, de Luis Cintora, e o curta-metragem de animação brasileiro Diafragma, de Robson Cavalcante, foram os premiados com o Troféu Panvision nas principais categorias deste ano.
Antes da premiação, foram exibidos cinco curtas-metragens produzidos durante a Oficina de Audiovisual para Povos Originários, inédita no FAM e ministrada pelo documentarista boliviano Iván Molina, de origem Quechua. Participaram realizadores audiovisuais dos povos Guarani/Kaiowá e Guarani/Mbya, Kaingang, Laklãnõ Xokleng, Terena, Quechua e Parintintin, vindos do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
Iván Molina fez seu discurso de agradecimento: “Agradeço a todos vocês porque penso que todos nós somos parentes. As imagens que capturamos falam que o mundo também é nosso”. Após a exibição dos cinco filmes, a cerimônia teve participação de Tiago Santos, diretor executivo do FAM; Denise Marques, coordenadora do segmento de Economia Criativa do Sebrae; Edgar Macedo Júnior, gestor do Sebrae/SC; Ana Lígia Becker, da Fundação Catarinense de Cultura; e Francisco dos Anjos, representando a Prefeitura de Florianópolis.
Os presentes no palco reconheceram a importância do FAM: “Vocês constroem sonhos! São 94 projetos, ou seja, 94 sonhos, porque todos aqui querem ter seus filmes exibidos na tela vendo um projeto ser realizado”, disse Denise Marques. Tiago Santos ainda agradeceu a presença dos colegas e apoiadores, e destacou o edital da Lei Paulo Gustavo, incentivando todos os produtores e realizadores a fazerem seus filmes, oficinas, capacitando as pessoas: “Queremos que ano que vem ou daqui 30 anos vocês estejam na tela conosco”, disse.
Tiago também compartilhou que o idealizador do festival, Celso dos Santos, pelo primeiro ano, não pode acompanhar presencialmente o evento por questões de saúde, mas que acompanhou as atividades on-line, sempre pedindo atualizações: “Não posso dizer que o Celso criou o FAM há 27 anos, mas sim há 32, talvez 35 anos, quando ele ainda estava articulando o festival. Aproveito para lembrar da minha irmã também, Marilha, diretora de programação do FAM, que testou positivo para Covid-19 e por cuidado com ela e com todos, precisou se afastar desses últimos dias de festival”, contou.
Alissa Azambuja, diretora de comunicação, também discursou: “Para estarmos aqui hoje, alguém sonhou e idealizou isso tudo. E o Celso não estava sozinho. Tinha e tem com ele a companheira de vida, a Denise. E preciso também agradecer a equipe comprometida com o FAM e já adianto que estamos planejando a edição de 2024 que já tem data!”. O FAM 2024 acontecerá entre os dias 5 e 11 de setembro.
Dois documentários foram os vencedores da Mostra Longas, entre seis filmes selecionados do Brasil, Colômbia e Peru. O Júri Oficial premiou Este Fue Nuestro Castigo, de Luis Cintora, do Peru, sobre as memórias de um conflito armado na comunidade alto-andina de Hualla, três décadas depois do período de violência. O Júri Popular escolheu o brasileiro Amanhã, de Marcos Pimentel, que também revive um período, desta vez para ver como estão crianças de um conjunto de favelas em Belo Horizonte 20 anos depois.
A animação Diafragma, de Robson Cavalcante, de Alagoas, venceu como melhor filme nas duas categorias da Mostra Curtas, pelo Júri Oficial e Popular, entre 25 títulos selecionados. O filme trata do processo de perda da visão de um menino por causa da diabetes.
Na Mostra Curtas Catarinense, o melhor filme pelo Júri Oficial foi Adorável Evolução, de Jordana Beck, de Florianópolis. A diretora contou que não imaginava receber o prêmio, além de destacar que o curta foi seu primeiro filme na direção: “Esse filme foi meu TCC na UFSC, então tem dinheiro público envolvido e eu só tenho a agradecer a equipe porque se a gente está recebendo esse prêmio é porque fizemos um trabalho incrível. O filme foi feito para o público e adotamos estratégias para todos pensarem sobre seu consumo. E parece que estamos no caminho certo. Muito obrigada!”, finalizou.
Seguindo a premiação da Mostra Curtas Catarinense, Mar que Nos Rodeia, de Beatriz Silva, de Balneário Camboriú, levou três prêmios: “É um reconhecimento de que a gente se conectou de alguma forma. É um filme que também fala sobre racismo, então é um reconhecimento muito importante. Espero que a gente possa seguir e fazer filmes antirracistas com prêmios catarinenses e leis de incentivo à cultura”, discursou.
Na mostra de filmes em finalização, a WIP, Work in Progress, os escolhidos foram o argentino Lo Que Queda, de Mariel Escobar, pelo Júri Oficial, cujo troféu foi recebido pela produtora do filme, Florência Paz Domínguez, que agradeceu pela oportunidade e lembrou o momento político na Argentina, que está sob o poder de um presidente que ameaça o INCAA e o Ministério da Cultura: “Fazemos filmes graças a estas instituições, então esse reconhecimento é um impulso para seguirmos adiante”.
O Prêmio RECAM, Reunião Especializada de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul, pelo Júri Oficial foi para A Menina e o Mar, de Gabriel Mellin, do Rio de Janeiro. Também foram concedidas três menções honrosas. Ao final, Tiago Santos reforçou a importância dos prêmios lembrando que são quase 200 mil reais em produtos e serviços de empresas apoiadoras, inclusive catarinenses, que incentivam a produção local.
Após a cerimônia de premiação, o público lotou a sala de cinema para assistir ao filme de encerramento: o longa-metragem catarinense Porto Príncipe, dirigido por Maria Emília de Azevedo, que recentemente foi o grande vencedor do Cine PE.
Confira a lista completa com os vencedores do FAM 2023:
MOSTRA LONGAS | FICÇÃO | DOCUMENTÁRIO
Melhor Filme | Júri Popular: Amanhã, de Marcos Pimentel (MG)
Melhor Filme | Júri Oficial: Este Fue Nuestro Castigo, de Luis Cintora (Peru)
MOSTRA CURTAS
Melhor Filme | Júri Popular: Diafragma, de Robson Cavalcante (AL)
Melhor Filme | Júri Oficial: Diafragma, de Robson Cavalcante (AL)
Prêmio Especial do Júri: Caradeloca, de Cinthia Varela (Argentina)
Menção Honrosa: Foi um Tempo de Dor, de Vinicius de Oliveira e Thiago Nunes (DF)
MOSTRA CURTAS CATARINENSE
Melhor Filme | Júri Popular: Mar que Nos Rodeia, de Beatriz Silva (Balneário Camboriú)
Melhor Filme | Júri Oficial: Adorável Evolução, de Jordana Beck (Florianópolis)
Prêmio Especial do Júri: Mar que Nos Rodeia, de Beatriz Silva
Melhor Filme | Prêmio Imprensa Catarinense: Plutão, de Paula Chiodo (Florianópolis)
Menção Honrosa | Prêmio Imprensa Catarinense: Mar que Nos Rodeia, de Beatriz Silva
MOSTRA INFANTOJUVENIL
Melhor Filme | Júri Popular: Sobre Amizade e Bicicletas, de Julia Vidal (PR)
Melhor Filme | Júri Oficial: Con un Ovillo de Lana, de Belén Ricardes (Argentina)
Prêmio Especial do Júri: Memórias da Infância, de Alunas e alunos EMEF Manuel Pereira Ramalho (MG)
MOSTRA VIDEOCLIPES
Júri Popular: My Meisie, de Winnit; direção: Pedro H. M. Marques (SP)
Júri Oficial: Ode à Dalí, de Omar; direção: Guilherme Jardim e Samuel Fávero (MG)
MOSTRA WIP (Work in Progress)
Júri Popular: Adios al Amigo, de Ivan David Gaona (Colômbia)
Júri Oficial: Lo que Queda, de Mariel Escobar (Argentina)
PRÊMIO RECAM
Júri Oficial: A Menina e o Mar, de Gabriel Mellin (RJ)
Menção Honrosa: Agosto dos Ventos, de Paulo Antunes (MG), Con un Ovillo de Lana, de Belén Ricardes (Argentina) e Porcelanas, de Flora Campero (Argentina)
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*O CINEVITOR esteve no FAM 2023 e você acompanha a cobertura do evento por aqui, pelo canal do YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.
Foto: Daniel Guilhamet.