Foram anunciados neste domingo, 01/10, no Cine Theatro Brasil Vallourec, os vencedores da 17ª edição da CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte e do 14º Brasil CineMundi – International Coproduction Meeting.
A cerimônia de encerramento revelou os projetos premiados do maior programa de coprodução do audiovisual brasileiro; e de longas-metragens da Mostra Território escolhidos por dois júris, sendo a primeira vez de uma mostra competitiva no evento.
O longa-metragem Guapo’y, de Sofia Paoli Thorne, coprodução entre Paraguai, Argentina e Qatar, foi escolhido como melhor filme da Mostra Território tanto pelo Júri Oficial quanto pelo Júri da Crítica. No primeiro caso, o grupo composto por Sara Silveira, Mariana Queen Nwabasili, Roberto Cotta, André Novais Oliveira e Carla Italiano justificou a escolha apontando o fato de que “a rememoração é uma forma de ressignificar o passado e garantir a existência de futuros possíveis” e exaltou “os elementos articulados com maestria pela diretora desse longa, que soube dosar com precisão o gesto que se aproxima para melhor escutar e o que respeita as violências sofridas na pele das personagens ao saber lhes dar a distância necessária”.
Pelo prêmio do Júri Oficial, Guapo’y ganhou o Troféu Horizonte da CineBH 2023 e um prêmio de R$ 10 mil oferecido em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, através da Secretaria Municipal de Cultura e BH Film Comission. O júri escolheu ainda a Melhor Presença, prêmio entregue para a atriz Gisela Yupa por sua performance em Diógenes, filme peruano de Leonardo Barbuy, por identificar no trabalho dela “possibilidades e potências renovadoras para a firmação de indígenas atrizes e atores em diferentes propostas cinematográficas contemporâneas que dialogam com perspectivas decoloniais”. Outro prêmio foi o Destaque do Júri para “a força coletiva do povo de Tumaco como uma espécie de personagem complexo e indomável” no filme colombiano Puentes en el Mar, de Patricia Ayala Ruiz.
Pelo Júri da Crítica, formado por Luiz Zanin Oricchio, Pedro Henrique Ferreira e Mariana Mól, a escolha de Guapo’y foi “pela delicadeza como o filme expõe fatos tão atrozes e seu gesto que descortina, aos poucos, as memórias apagadas e as duras experiências de uma das mais longas ditaduras da América Latina”.
Enquanto isso, na 14ª edição do Brasil CineMundi, o projeto na categoria Em Desenvolvimento vencedor do prêmio entregue pelo Júri Oficial, formado pelos produtores Jamie Weiss (Espanha), Julia Alves (Brasil) e Leonardo Ordoñez (Espanha), foi o mineiro Paisagem de Inverno, com direção de Marco Antonio Pereira e produção dele mesmo junto com Marcelo Lin e Rodrigo Meireles, da Abdução Filmes. O projeto levou o Troféu Horizonte e ganhou prêmios de parceiros, como: DOT (R$ 15.000 em serviços de finalização), Mistika (R$ 15.000 em serviços de pós-produção), Parati Films (800 euros em tradução de roteiros para longa-metragem português para francês) e Naymovie (R$ 15.000 em serviços de locação de equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria).
O júri justificou a escolha por “abordar uma realidade local que comunica globalmente olhando para um Brasil que não é visto, por imaginar futuro e existência a uma comunidade em meio às ameaças da exploração de recursos naturais e pela capacidade do diretor de colocar em prática seu método, aflorando a força do seu olhar”.
O projeto alagoano Infantaria, de Laís Santos Araújo e produção de Pedro Krull, da Aguda Cinema, ganhou o Prêmio MAAF (vaga para produtor no Málaga Festival Fund & Co-production Event, na Espanha, em 2024), justificado por apresentar “paisagens pouco vistas no cinema brasileiro, criando um filme que mistura o arco narrativo de seus protagonistas a elementos de realismo mágico baseado no cotidiano do nordeste do país”.
O Prêmio World Cinema Fund (Alemanha) foi para A Mala da Noite, de Janaina Wagner e produção de Mariana Mól e Luana Melgaço, da Anavilhana, por “prever um trabalho de design de público muito multifacetado e com infinitas possibilidades”. O mesmo projeto levou também o Prêmio RIDM – Doc Lab Montreal (logística para participar do RIDM – Festival Internacional de Documentário de Montreal) por sua “proposta de criação coletiva e catártica, na qual são reveladas as contradições entre uma paisagem idílica e a violência que a cerca”.
Já o Prêmio Torino Film Lab e Projeto Paradiso (vaga para produtor no TFL Meeting Event, na Itália, em 2023; do Paradiso, € 2,000 para apoio à participação no evento) foi para o projeto Orquestra, dirigido por Urânia Munzanzu com produção de Flávia Santana, da Acarajé Filmes, justificado por “notáveis habilidades criativas, motivação inabalável e energia única e ilimitada” das realizadoras; que levam ainda apoio financeiro do Instituto Guimarães Rosa/Ministério das Relações Exteriores. Também o Prêmio Nuevas Miradas (Cuba), com apoio financeiro do Instituto Guimarães Rosa/Ministério das Relações Exteriores, foi para Orquestra, por sua proposta de “quebrar estereótipos com emoção, reflexões e uma narrativa poderosa que desafia as normas estabelecidas”.
Sal da Noite, de Vinicius Fernandes e Leonardo Hecht, com produção de Hecht, do Distrito Federal, venceu o Prêmio Encuentros BioBioCine (Chile) e apoio financeiro do Instituto Guimarães Rosa/Ministério das Relações Exteriores, por “recuperar a identidade de uma cidade, mudar o rumo e voltar aonde nasceu”. Enquanto isso, Turma 101, com direção de Wagner Novais e produção de Sabrina Garcia, Leo Ribeiro e Roberto Berliner, levou o Prêmio DocSP (vaga para produtor de documentário da categoria Em Desenvolvimento nas rodadas de negócios na próxima edição do DocSP); e Cartoleiras, de Juliana Antunes com produção de Laura Godoy, ficou com o DocMontevideo (consultoria).
O Conecta (vaga para produtor de documentário da categoria Em Desenvolvimento no Conecta – International Documentary Industry Meeting, no Chile) foi para Boy, direção de Michel Carvalho e produção de Fernando Sapelli. O Prêmio CTAv/Edna Fuji para um projeto de documentário seguiu para Depois da Aula, de Pedro Nishi com produção de João Pedro Bim e Lucas Silva Campos, enquanto na categoria Foco Minas o escolhido foi Zoografias, de Pedro Carvalho e produção de Luna Gomides.
Na categoria WIP – Work in Progress, O Silêncio das Ostras, de Marcos Pimentel e produção de Luana Melgaço, levou o prêmio O2 Pós para seção Montagem. No mesmo segmento, o prêmio Mistika (R$ 15.000 em pós-produção) ficou com Negror em Paisagens, de Joyce Prado e Sidney Santiago Kuanza, com produção de Joyce Prado. O Prêmio Islote Post (Chile), seção Mercado, escolheu Espelho Cigano, de João Borges e produção de Carolina Gontijo, enquanto o O2 Pós Mercado foi para Kasa Branca, de Luciano Vidigal e produção de Bárbara Defanti, Roberto Berliner, Sabrina Garcia e Cavi Borges.
Conheça os vencedores de 2023 da CineBH e do Brasil CineMundi:
MOSTRA TERRITÓRIO
MELHOR FILME
Guapo’y, de Sofia Paoli Thorne (Paraguai/Qatar)
MELHOR PRESENÇA
Gisela Yupa, por Diógenes
DESTAQUE DO JÚRI
Puentes en el Mar, de Patricia Ayala Ruiz (Colômbia)
JÚRI DA CRÍTICA | PRÊMIO ABRACCINE
Guapo’y, de Sofia Paoli Thorne (Paraguai/Catar)
BRASIL CineMundi
PROJETO EM DESENVOLVIMENTO | TROFÉU HORIZONTE
Paisagem de Inverno, de Marco Antonio Pereira (MG)
PRÊMIO MAAF
Infantaria, de Laís Santos Araújo (AL)
PRÊMIO WORLD CINEMA FUND | ALEMANHA
A Mala da Noite, de Janaina Wagner (MG)
PRÊMIO RIDM | DOC LAB MONTREAL
A Mala da Noite, de Janaina Wagner (MG)
PRÊMIO TORINO FILM LAB | PROJETO PARADISO | MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
Orquestra, de Urânia Munzanzu (BA)
PRÊMIO NUEVAS MIRADAS | CUBA | MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
Orquestra, de Urânia Munzanzu (BA)
PRÊMIO Encuentros BioBio Cine | CHILE
Sal da Noite, de Vinicius Fernandes e Leonardo Hecht (DF)
PRÊMIO DocSP
Turma 101, de Wagner Novais (RJ)
PRÊMIO DocMontevideo
Cartoleiras, de Juliana Antunes (MG)
PRÊMIO CONECTA | CHILE
Boy, de Michel Carvalho (SP)
PRÊMIO CTAv EDNA FUJI
Depois da Aula, de Pedro Nishi (SP)
PRÊMIO FOCO MINAS
Zoografias, de Pedro Carvalho
WIP | WORK IN PROGRESS
Prêmio O2 Pós | Montagem: O Silêncio das Ostras, de Marcos Pimentel (MG)
Prêmio Mistika | Pós-produção: Negror em Paisagens, de Joyce Prado e Sidney Santiago Kuanza (SP)
Prêmio Islote Post | Chile (seção Mercado): Espelho Cigano, de João Borges (MG)
Prêmio O2 Pós Mercado: Kasa Branca, de Luciano Vidigal (RJ)
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Foto: Leo Lara/Universo Produção.