Depois de passar pelos festivais de Toronto, San Sebastián e levar quatro prêmios no Festival do Rio, Pedágio, segundo longa-metragem de Carolina Markowicz, foi exibido pela primeira vez em São Paulo nesta sexta-feira, 20/10, no CineSesc, na Mostra Brasil da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Estrelado por Maeve Jinkings e Kauan Alvarenga, a trama mostra Suellen, uma cobradora de pedágio que percebe que pode usar seu trabalho para fazer uma renda extra ilegalmente. Mas tudo por uma causa nobre: financiar a ida de seu filho à caríssima cura gay ministrada por um famoso pastor estrangeiro. O longa é um retrato da opressão e violência sofrida pela população LGBTQIA+ diante das incoerências e atrocidades promovidas por alguns setores da sociedade, de forma mais explícita nos últimos anos.
A diretora Carolina Markowicz, que recebeu o TIFF Emerging Talent Award no Festival de Toronto deste ano, apresentou o filme ao lado de vários integrantes da equipe, entre eles, os protagonistas e a produtora Karen Castanho: “Estou muito honrada por estar aqui com grande parte da equipe do filme. É uma noite muito especial apresentar o filme em casa”, disse a cineasta, que no ano passado também passou pela Mostra com Carvão.
Em entrevista ao CINEVITOR antes da sessão, Maeve Jinkings falou sobre sua parceria com Markowicz: “Estamos na primeira sessão de Pedágio aqui em São Paulo, na Mostra, que eu tenho muito carinho. É muito emocionante e até difícil falar de Pedágio sem falar da trajetória de Carvão, que é o primeiro longa da Carolina. São dois filmes que fizemos em um espaço muito curto. Eu, como atriz, quando fui fazer Pedágio ainda não sabia exatamente o que funcionava e o que não funcionava em termos de linguagem. E eu digo isso porque a linguagem da Carolina é algo que eu nunca tinha feito, que vejo muito pouco no audiovisual brasileiro e que gostaria de ver com mais frequência, que traz esse humor ácido. Inclusive dando conta de temas muito densos”.
E completou: “Eu sinto que a chegada de Pedágio, de alguma maneira, consolida a recepção de Carvão. Consolida o entendimento do público sobre a linguagem da Carolina. Eu tô curiosa pra ver como que o público vai reagir. Acima de tudo, perceber como o radar de um artista é uma coisa poderosa. É um espelho, uma chance de uma nação, de uma cultura se ver”.
Maeve também falou sobre a cura gay, já que a produção conta a história de uma atendente de pedágio que, inconformada com a orientação sexual do filho, comete delitos na tentativa de financiar uma cura para a sua “doença”: “Cura gay é um nome patético para um ritual perverso. Não existe cura onde não há doença. Como parte da comunidade LGBTQIA+, eu acho que rir do patético não é rir da comunidade e nem da dor de quem sofre esse tipo de tortura. Mas é deixar muito claro onde está o patético. Patético é você inventar uma doença. Isso, sim, é para ser ridicularizado. A Carolina se apropria disso, que é usado como entretenimento no meio conservador, e reverte para o patético”. Clique aqui e confira a entrevista completa com a atriz.
Pedágio, que conta também com Thomás Aquino, Aline Marta Maia e Isac Graça no elenco, tem produção da Biônica Filmes e O Som e a Fúria, com coprodução da Globo Filmes e Paramount Pictures; a distribuição é da Paris Filmes. A próxima sessão do filme na Mostra de São Paulo será na terça-feira, 24/10, às 17h40, no Reserva Cultural.
Foto: Alex Gonçalves.