Guto Parente apresenta Estranho Caminho na 47ª Mostra de São Paulo

por: Cinevitor
Equipe reunida na apresentação do filme

Depois de ser consagrado no Festival de Cinema de Tribeca e premiado no Festival do Rio, o longa cearense Estranho Caminho, de Guto Parente, de Inferninho, foi exibido na 47ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo nesta terça-feira, 24/10, no Reserva Cultural.

O longa é um drama fantástico que acompanha a trajetória de David, papel de Lucas Limeira, um jovem cineasta que, ao visitar sua cidade natal, Fortaleza, é surpreendido pelo rápido avanço da pandemia de Covid-19 e se vê obrigado a procurar o pai, Geraldo, interpretado por Carlos Francisco, um sujeito peculiar com quem não fala ou tem notícias há mais de dez anos. Após o reencontro dos dois, coisas estranhas começam a acontecer.

O elenco conta com Tarzia Firmino, Rita Cabaço, Renan Capivara, Ana Marlene, Fab Nardy, Noá Bonoba, Jennifer Joingley, Déo Cardoso, Larissa Goés, Mumutante, Solon Ribeiro, David Santos, Pedro Breculê e Gabriel de Sousa.

Para apresentar a sessão na 47ª Mostra de São Paulo, Guto Parente contou com a presença de alguns integrantes da equipe, como: a produtora Ticiana Augusto Lima; Noá Bonoba, atriz e preparadora de elenco; Linga Acácio, que assina a direção de fotografia; Taís Augusto, diretora de arte; entre outros.

Com a sala lotada, o diretor agradeceu: “Vocês não tem ideia do quanto é emocionante estar numa sala dessas, em uma terça-feira à noite, com tanta gente pra ver o filme. Não existe recompensa maior para nós que fazemos cinema. Muito obrigado!”. A produtora Ticiana Augusto Lima completou: “É muito emocionante estar na Mostra ao lado de tantos outros filmes que gostamos”.

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A atriz e preparadora de elenco, Noá Bonoba, também discursou antes da sessão: “Nesse filme eu tive o mínimo de condição de trabalho onde consegui trabalhar com tempo e ganhar um dinheiro digno. Isso é o mínimo que o audiovisual brasileiro precisa fazer para nós pessoas trans e travestis”.

Depois da primeira exibição do filme em São Paulo, Guto Parente voltou para participar de um debate com o público ao lado de sua equipe: “A ideia do filme surgiu no dia 1º de abril de 2020. Meu pai faleceu em 2017 e eu senti que precisava fazer um filme para ele e para repensar nossa relação. Quando entramos na pandemia, foi um momento que eu senti que escrever um roteiro manteria minha cabeça sã. Eu nem sabia se faria o filme porque pensar em futuro era algo impossível naquela época”, revelou o diretor.

Sobre o processo de montagem, Ticiana Augusto Lima contou: “Em setembro do ano passado participamos do WIP Latam do Festival de San Sebastián e achávamos que o filme estava pronto. Porém, eu trabalhei como montadora até o filme ser exibido pela primeira vez”. Guto completou: “Tivemos várias etapas de montagem. Primeiro eu trabalhei com o Victor Costa Lopes, que fez Inferninho comigo. Depois eu continuei montando porque não consigo parar de ficar mexendo nos filmes. E depois tivemos uma etapa de montagem nós três: eu, Tici e Taís. Foi um processo longo”.

Questionado sobre referências, Guto falou: “O filme tem uma referência muito direta ao Pickpocket [O Batedor de Carteiras] do Robert Bresson, um filme muito importante na minha vida e que foi tema da minha monografia junto com o cinema do Pedro Costa. Aliás, tem um livro do Pedro Costa de literatura fantástica que aparece no filme”. E continuou: “Tem um grupo de diretores que jogam com essa borda de realidade e fantasia que me interessa muito. A pesquisa de como o cinema pode ser um lugar de transcendência, de abrir portais para outras dimensões. Para mim, Estranho Caminho é muito sobre isso. E me interessa o cinema nesse lugar de conseguir viver experiências que nos tirem de uma lógica mais linear, de uma relação com a realidade concreta mais direta”, finalizou. 

Vale lembrar que Estranho Caminho terá mais uma exibição na 47ª Mostra de São Paulo: terça-feira, 31/10, às 13h30, no Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca.

Fotos: Vitor Búrigo/Divulgação.

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