Foram anunciados neste sábado, 28/10, no Teatro da UFMT, os vencedores da 21ª edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – CINEMATO, considerado a maior e mais antiga janela para o audiovisual brasileiro e mato-grossense na capital de Mato Grosso.
Este ano, o evento ficou marcado por ser uma edição histórica de sua retomada presencial após cerca de sete anos de interrupção em decorrência da descontinuidade e ausência de compromisso das políticas de governo e, nos últimos anos, por conta da pandemia.
No encerramento, o cineasta e curador do evento Luiz Borges deixou, através da Carta de Cuiabá, uma mensagem aos governos, aos empresários e às instituições, de que é preciso apoiar a produção cinematográfica local e o Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá: “Depois de seis anos suspenso, o CINEMATO mostrou porque voltou, com nível de filmes fantástico, todos os realizadores selecionados presentes, a homenageada Dira Paes que encantou a todos, enfim, sem o CINEMATO a difusão audiovisual brasileira, a mato-grossense, não chega ao espectador, nós somos a única janela dessa produção, que cada vez mais precisa de garantias para que resista”.
O festival recebeu referências da cena audiovisual de todo o país, como a atriz cearense Ana Luiza Rios, do longa-metragem Mais Pesado é o Céu, no qual contracena com Matheus Nachtergaele. Ela recebeu o prêmio de melhor atriz e o filme, de melhor fotografia: “Foi muito legal ter vindo. Estreamos em Gramado e depois fomos passando por outros festivais e agora estamos aqui, em Cuiabá. Isso é muito importante porque a gente faz filmes para que sejam vistos e o CINEMATO abre esse espaço. O festival está de parabéns por já estar em sua 21ª edição, isso em si é louvável”.
O documentário A Invenção do Outro, de Bruno Jorge, foi eleito o melhor longa-metragem: “Recebo esse prêmio como um abraço”, agradeceu o cineasta. Lobo Mauro, representante do curta-metragem Fantasma Neon, também esteve no festival: “É um espaço relevante para quem faz curtas porque este formato não passa em cinema, não passa em televisão. Então, para encontrar o público, os festivais são imprescindíveis”.
O júri deste ano foi formado por: Aninha Mulllenberg, Caimi Xavante, Leonardo Esteves e Karla Martins entre os curtas-metragens; e Joel Pizzini, José Walter Nunes, Toni Venturi e Viviane Bressane Spinelli nos longas-metragens. A curadoria dos curtas foi assinada por Christian Jafas, Hiparidi Toptiro, Íris Alves Lacerda, Juliana Segóvia e Sabrina Tenório; para os longas, o time foi formado por Cavi Borges, Dácia Ibiapina, Diego Baraldi, Juliana Curvo e Leticia Capanema.
Nesta 21ª edição, a atriz Dira Paes foi homenageada com o Troféu Coxiponés. Na ocasião, Luiz Borges anunciou a criação do Prêmio Dira Paes, que consagrará mulheres que se destacam no audiovisual brasileiro. A primeira edição do prêmio será em 2024.
Para Dira, o CINEMATO apareceu em sua vida junto com a retomada do cinema brasileiro nos anos 2000: “Nós tivemos a oportunidade de vir para uma região a qual você comumente não vinha, nessa época ocorreu um movimento do pensamento de distribuir a cultura do audiovisual pelo Brasil, descentralizar do eixo Rio-São Paulo. E o Festival de Cinema de Cuiabá se mostrava como um dos pioneiros, que nos trazia para essa região e colocava o brasileiro em contato com esse Brasil profundo que muita gente não conhece. E quando a gente pensou na divulgação, em ter festivais no Brasil inteiro, isso acabou automaticamente contribuindo na popularidade do próprio cinema brasileiro”. Depois da homenagem, foi exibido o longa Pureza, protagonizado por Dira e dirigido por Renato Barbieri, que também estava presente no evento.
Com o tema Pachamama, a Mãe Natureza, o 21º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá exibiu 30 filmes, entre longas e curtas de 20 estados brasileiros, divididos em mostras competitivas e especiais. Para Luiz Borges, é um ato de resistência e amor ao cinema a realização de mais uma edição do festival: “Cumprimos, com mais essa edição, o propósito de promover o cinema no país e por que não dizer no mundo”.
Conheça os vencedores do 21º CINEMATO:
LONGAS-METRAGENS
MELHOR FILME BRASILEIRO | JÚRI OFICIAL
A Invenção do Outro, de Bruno Jorge (SP)
MELHOR FILME | JÚRI POPULAR
Beatriz Vira-Folhas, de Samantha Col Debella (MT)
MELHOR FILME MATO-GROSSENSE
Chumbo, de Severino Neto
MELHOR PRIMEIRA DIREÇÃO
Samantha Col Debella, por Beatriz Vira Folhas
MELHOR ATRIZ
Ana Luiza Rios, por Mais Pesado é o Céu
MELHOR ATRIZ REVELAÇÃO
Gabriela Freire, por Entrelinhas
MELHOR ELENCO
Aisha Brunno, Bramma Bremmer, Igui Leal e Will Soares, por Tudo o que Você Podia Ser
MELHOR FOTOGRAFIA
Mais Pesado é o Céu, por Petrus Cariry
CURTAS-METRAGENS
MELHOR CURTA-METRAGEM NACIONAL | JÚRI OFICIAL
Fantasma Neon, de Leonardo Martinelli (RJ)
MELHOR CURTA-METRAGEM | FICÇÃO | JÚRI POPULAR
Cem Pilum: A História do Dilúvio, de Thiago Morais (AM)
MELHOR CURTA-METRAGEM | DOCUMENTÁRIO | JÚRI POPULAR
Procura-se Bixas Pretas, de Vinicius Eliziário (BA)
MELHOR CURTA-METRAGEM MATO-GROSSENSE
A Indômita Revolta dos Morangos Assassinos, de Emília Top’Tiro e Olavo Fernandes
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Urubá, de Rodrigo Sena (RN)
MELHOR ANIMAÇÃO
Ewé de Òsányín: O Segredo das Folhas, de Pâmela Peregrino (BA)
MELHOR DIREÇÃO
Emília Top’Tiro e Olavo Fernandes, por A Indômita Revolta dos Morangos Assassinos (MT)
MELHOR FOTOGRAFIA
Fantasma Neon, por Felipe Quintelas
Foto: Divulgação.