A 33ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema, que acontecerá entre os dias 25 de novembro e 1º de dezembro, em Fortaleza, revelou as cinco personalidades que serão homenageadas com o Troféu Eusélio Oliveira: Ailton Graça, Bete Jaguaribe, George Moura, Josafá Duarte e Verônica Guedes.
São nomes de carreiras reconhecidas em diferentes atividades, todas diretamente ligadas ao cinema, seja na formação, na criação, na realização ou difusão. As homenagens serão realizadas durante o festival, no Cineteatro São Luiz, em datas a serem anunciadas juntamente com toda a programação.
O ator paulista Ailton Graça tem uma extensa carreira de atuação no cinema, na televisão e no teatro. Na telona, estreou há 20 anos em Carandiru, com o personagem Majestade. A homenagem no Cine Ceará será a primeira que o ator recebe ao longo de sua carreira, logo após estrear nos cinemas com seu primeiro protagonista, no longa Mussum, o Filmis, que lhe rendeu o kikito de melhor ator no Festival de Gramado.
No cinema, Ailton Graça atuou também em Meu Tio Matou um Cara, Querô, A Guerra dos Rocha, Até que a Sorte nos Separe, Correndo Atrás, Segurança Nacional, M-8 – Quando a Morte Socorre a Vida, Galeria Futuro e O Pai da Rita. Conta também com trabalhos marcantes na TV, tendo integrado o elenco de novelas como Império, onde se destacou com a personagem Xana Summer, e Travessia, dando vida ao professor de história Monteiro, casado e pai de adolescentes. Atuou também nas séries Carcereiros e Cidade Proibida. No teatro, participou de peças como A Vida que Pedi, Adeus, Os Intocáveis e Diálogo Noturno com um Homem Vil, texto do dramaturgo suíço Friedrich Dürrenmatt, quando dividiu o palco com Celso Frateschi, sob direção de Roberto Lage.
A outra homenageada deste ano é Bete Jaguaribe, doutora em Sociologia pela UFC, Universidade Federal do Ceará, onde também realizou seu mestrado em História Social e a graduação em Jornalismo, profissão que exerceu até os anos de 1990. Nesse período, iniciou sua experiência em gestão pública, com larga experiência no campo cultural, com ênfase no audiovisual e na formação em artes. Coordenou projetos como o Instituto Dragão do Mar de Artes e Indústria Audiovisual e o Bureau de Cinema e Vídeo do Ceará, primeira film commission do Brasil.
Na gestão do Ministro Gilberto Gil, foi chefe-de-gabinete da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, período em que também ocupou a função de Secretária do Audiovisual Substituta. Atualmente, é diretora de Formação e Criação do IDM, Instituto Dragão do Mar e da Escola Porto Iracema das Artes. Coordena o curso de Cinema e Audiovisual da Unifor, Universidade de Fortaleza, onde também é professora, nas áreas de história e estética do cinema.
O roteirista George Moura também será homenageado no festival
As homenagens seguem com o roteirista pernambucano George Moura, que é formado em Jornalismo e mestre em Artes Cênicas. É autor de séries como Onde Está Meu Coração, Amores Roubados, O Rebu, Cidade dos Homens, Onde Nascem Os Fortes e Guerreiros do Sol, e dos roteiros dos filmes Moro no Brasil, de Mika Kaurismäki, Linha de Passe, de Walter Salles, O Nome da Morte, de Henrique Goldman, Redemoinho, de José Luiz Villamarim, O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues, Getúlio e As Polacas, de João Jardim, entre outros.
Moura já ganhou diversos prêmios, entre eles o de melhor roteiro adaptado no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 2019, com O Grande Circo Místico e no Prêmio Abra de Roteiro de 2018 com Redemoinho, e já foi três vezes vencedor do Prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte. Criou e escreveu o programa Por Toda Minha Vida, da Rede Globo, e tem oito indicações ao Emmy Internacional. Ele e Sergio Goldenberg são autores de Guerreiros do Sol, novela para o streaming Globoplay, com estreia prevista para 2025, dirigida por Rogério Gomes, de Pantanal.
O cearense Josafá Ferreira Duarte, que também será homenageado, é um agricultor e cineasta popular autodidata com uma extensa produção audiovisual. Nascido em 1960 em Forquilha, no interior do Ceará, é casado e pai de três filhos. Entre 1977 e 1997 morou em Fortaleza, onde militou no movimento de bairros e favelas e no MST. Começou a produzir cinema popular em 2006 em sua comunidade, o distrito do Salgado dos Mendes, em Forquilha. De lá pra cá, já produziu 35 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens. Em 2016, seu trabalho virou tese de doutorado na UFG, Universidade Federal de Goiás, defendida pelo professor Paulo Passos de Oliveira, que este ano, desenvolve o tema em pós-doutorado na UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os filmes de Josafá Duarte já foram exibidos na Alemanha, em Portugal e no Uruguai. Em 2017, sua cidade foi reconhecida pelo Governo do Estado do Ceará como a capital cearense do cinema popular.
Estes são alguns dos filmes de Josafá Duarte: A História de um Galo Assado; Por debaixo dos panos 1 e 2; A Espiã que Amava Forquilha; A História de um Calça Curta Aperreado; Forquilha sob Ameaça Química; A Sogra e o Lobisomem; Os Escudeiros Contra a Garrafa Pet; O Homem que Queria Enganar a Morte; Cadê Meus Zócolos, curta premiado no V Festival de Jericoacoara na categoria de melhor filme pelo júri popular; Santeiro Luminoso contra o Santo do Pau Oco; Os Malas e os Trouxas; Escapei Fedendo; A Volante do Soldado 33; Até o Padre Correu; e Revolução Eleitoral, premiado no Festival de Meruoca nas categorias de melhor roteiro e melhor direção. Atualmente está trabalhando na produção da série Nascidos em Barro Vermelho, que será exibida nas redes sociais em 2024.
Verônica Guedes do For Rainbow: trajetória homenageada
Enquanto isso, Verônica Guedes, também homenageada, é cineasta, jornalista, produtora e diretora executiva do For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero, consultora de comunicação e cultura, diretora executiva do Festival Samburá de Cinema e Cultura do Mar e da Mostra No Balanço do Coco. Foi membro suplente do Conselho Municipal de Promoção dos Direitos LGBT de Fortaleza (CMPDLGBT) entre 2018 e 2019, através do Centro Popular de Cultura e Ecocidadania (CENAPOP).
Construiu uma atuação militante em meio à ditadura militar durante a adolescência e a vida adulta como membro fundadora do Grupo Feminista 4 de Janeiro e participante da União das Mulheres Cearenses no final dos anos 1970 e começo dos anos 1980. É militante da cultura e do audiovisual com forte engajamento nas lutas de resistência, construindo e articulando a partir dessas categorias ações educativas em direitos humanos, de defesa dos direitos das populações LGBTQIAPN+ e mulheres.
Os filmes selecionados para o Cine Ceará 2023 já foram anunciados: clique aqui e conheça os títulos das mostras competitivas de longas e curtas-metragens; e clique aqui para os filmes da Mostra Olhar do Ceará.
Fotos: Joel Silva/Candeia Comunicação/Divulgação.