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Depois de nove dias de intensas atividades e discussões, a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes segue consolidada como um dos principais espaços de reflexão e perspectivas do cinema brasileiro contemporâneo.
O tema Que Cinema é Esse?, adotado na edição de 2025, provocou discussões sobre desafios, contradições e oportunidades para o setor audiovisual brasileiro e tratou questões como sua internacionalização, políticas públicas de fomento, distribuição e relação entre cinema e identidade cultural.
A 28ª edição da Mostra de Tiradentes chegou ao fim com um saldo positivo, deixando um legado de filmes inspiradores, debates engajados e um público vibrante que celebrou a diversidade e a força do cinema brasileiro. Foram nove dias de programação abrangente, intensa e gratuita com atrações para todas as idades.
A cidade histórica recebeu a instalação de três cinemas: Cine Petrobras na Praça, Cine-Teatro e Cine-Tenda. Foram contratadas mais de 250 empresas mineiras e o evento gerou mais de 2.500 empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia local, regional, de Minas Gerais e do Brasil. Mais de 180 pessoas integraram a equipe de trabalho do evento nas etapas de montagem, execução e pós-produção. Esta edição contou com a parceria de 20 pousadas e hotéis e 15 restaurantes. Estima-se que o evento injetou mais de 15 milhões na economia local e mais de 38 mil pessoas foram beneficiadas pela ação cultural.
Durante a campanha de divulgação da Mostra, as plataformas digitais do evento registraram mais de 4 milhões de visualizações. Mais de 500 mil acessos foram contabilizados no site, vindos de 81 países. A Mostra também se consolida como um evento de grande relevância para a imprensa, com recorde de 107 jornalistas credenciados, do Brasil e do exterior, e a atenção de mais de 480 veículos de comunicação.
Antes do encerramento, no sábado, 01/02, Raquel Hallak, CEO da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra, conversou com a imprensa no Centro Cultural Yves Alves e, como de costume, fez um balanço geral da edição: “A Mostra Tiradentes se propõe a mostrar a diversidade do cinema brasileiro. Como que o público vai reagir a esses filmes? É sempre uma caixinha de surpresa! Essa edição deu um salto muito grande na internacionalização do cinema brasileiro, que desperta atenção do mundo. Eles querem conhecer, querem fazer negócio. É muito importante ter o entendimento que o audiovisual é uma indústria muito poderosa”.
Na conversa com os jornalistas, ela falou sobre a temática deste ano: “O que está acontecendo nesse cinema? Se mudou o consumo, se a sala de cinema está esvaziada, se tem uma disparidade entre o Oscar e a invisibilidade de vários filmes. Vamos levar isso para as telas, para os debates, vamos tratar isso com o público. Vamos perguntar para todo mundo: que cinema é esse?”.
Imprensa reunida com Raquel Hallak
Raquel também comentou as mudanças na programação: a Mostra Olhos Livres passou a ser avaliada pelo Júri Oficial enquanto a Mostra Aurora foi avaliada pelo Júri Jovem. Além disso, a Aurora passou a contar com filmes exclusivamente de cineastas em seu primeiro longa-metragem. A decisão reflete mudanças observadas no panorama do cinema independente ao longo dos últimos anos: “Quando a Mostra Aurora surgiu, dezoito anos atrás, tínhamos uma cena no audiovisual que tinha um recorte de destacar e dar visibilidade para quem estava em início de carreira. Ao longo dos anos, vimos que essa nova cena foi se ampliando. Essa mudança foi em função desse retrato, dessa produção; inclusive de quem nasceu em Tiradentes. Por isso criamos a mostra Clássicos de Tiradentes para não esquecer dos filmes que nasceram aqui”.
Outra questão abordada foi a construção de um espaço físico dedicado à Mostra, ideia antiga de Raquel para concentrar as exibições dos filmes em um Palácio dos Festivais. Segundo a coordenadora geral, o terreno já existe e estão em negociações com a prefeitura. Seria um sonho realizado para celebrar a 30ª edição, em 2027: “Esse espaço que temos aqui, que é o Centro Cultural e que deu origem à Mostra, já ficou pequeno. Temos essa missão, junto com a prefeitura. Para isso, estamos criando uma associação aqui em Tiradentes de eventos culturais. É uma cidade que está sendo muito impactada por iniciativas isoladas; de shows, por exemplo, que recebem em um dia 30 mil pessoas, mas que não trazem nada para a cidade no sentido de deixar algum recurso por aqui. Tiradentes é muito desafiadora. É uma cidade de 7 mil habitantes e temos que ter a consciência que recebemos cinco vezes sua população”.
Hallak também falou da importância da imprensa na Mostra de Tiradentes: “Vocês são a alma do evento porque se vocês não noticiarem, a Mostra não estaria acontecendo. Faz parte da nossa cadeia produtiva contar com a presença de todos vocês. Muitas pessoas querem vir e estamos num desafio grande porque ainda tem a questão dos influencers. Estamos tentando privilegiar a cobertura mesmo, de qualificar essa cobertura, fazer essa distinção porque quem é jornalista sabe a diferença que isso faz. A participação da imprensa é fundamental para o cinema brasileiro. É isso que a gente precisa, pois o cinema precisa encontrar seu público”.
E finalizou: “O Governo Federal precisa fazer uma campanha de comunicação para o cinema brasileiro. Precisamos aprender a comunicar e valorizar o que é nosso. É maravilhoso quando a gente vê essas notícias saindo, mostrando esse cinema: seja inventivo ou criativo; essa conjugação entre o cinema jovem e experiente. Porque eu acho que esse é o ambiente de Tiradentes: quando eu vejo um Julio Bressane e um Guilherme de Almeida Prado com outro realizador que está estreando. Todo mundo junto e sem disputa porque não é uma mostra competitiva no sentido de gerar disputa de qual filme vai ganhar. As mostras que são competitivas são mais no sentido de prestar atenção que aquele filme existe”.
A programação da 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes foi um banquete para os amantes da sétima arte. Foram 63 sessões de cinema que exibiram 140 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, vindos de 21 estados brasileiros. A 29ª edição já tem data confirmada: entre os dias 23 e 31 de janeiro de 2026.
*O CINEVITOR está em Tiradentes e você acompanha a cobertura do evento por aqui, pelo canal do YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.
Fotos: Jackson Romanelli e Marcela de Paula/Universo Produção.