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Foram anunciados neste sábado, 22/02, em cerimônia apresentada por Désirée Nosbusch, os vencedores da 75ª edição do Festival de Berlim. O Urso de Ouro, prêmio máximo do evento, foi entregue para o norueguês Drømmer, de Dag Johan Haugerud.
Ao total, 19 filmes, de 26 países, foram selecionados para a Competição. O cineasta e roteirista americano Todd Haynes presidiu o Júri Internacional, que contou também com Nabil Ayouch, Fan Bingbing, Bina Daigeler, Rodrigo Moreno, Amy Nicholson e Maria Schrader. A consagrada atriz Tilda Swinton foi homenageada com o Urso de Ouro Honorário.
O brasileiro O Último Azul (em inglês, The Blue Trail), dirigido por Gabriel Mascaro, com Denise Weinberg, Rodrigo Santoro, Miriam Socarrás e Adanilo, foi consagrado com o Grande Prêmio do Júri, que recebe o Urso de Prata. O longa se passa na Amazônia, em um Brasil quase distópico, onde o governo transfere idosos para uma colônia habitacional para desfrutar seus últimos anos de vida. Antes de seu exílio compulsório, Tereza, uma mulher de 77 anos, embarca em uma jornada para realizar seu último desejo.
Uma aventura sobre resistência e amadurecimento ao longo dos rios da Amazônia, o filme tem previsão para chegar aos cinemas brasileiros ainda em 2025, com distribuição da Vitrine Filmes. A produção é da Desvia (Brasil) e Cinevinay (México), em coprodução com a Globo Filmes (Brasil), Quijote Films (Chile) e Viking Film (Países Baixos); foi produzido por Rachel Daisy Ellis e Sandino Saravia Vinay.
O Último Azul também recebeu o prêmio de melhor filme da Competição pelo Júri Ecumênico. Desde 1992, as organizações cinematográficas internacionais das Igrejas Protestantes e Católicas, Interfilm e SIGNIS, são representadas pelo Júri Ecumênico. Ele é composto por seis membros e concede os prêmios para diretores que conseguem retratar ações ou experiências humanas que estão de acordo com os Evangelhos, ou em sensibilizar os espectadores para valores espirituais, humanos ou sociais. E mais: o filme de Mascaro levou também o Berliner Morgenpost Readers’ Jury Award, formado por doze leitores do jornal diário Berliner Morgenpost.
Na categoria de melhor roteiro, o romeno Radu Jude foi premiado pela comédia dramática Kontinental ’25, que é protagonizada por Eszter Tompa; o longa traz também o brasileiro Rodrigo Teixeira, da RT Features, como um dos produtores.
O cinema brasileiro, que estava representado com diversas obras nesta 75ª edição, também se destacou em outras categorias: Hora do Recreio, documentário de Lucia Murat, recebeu Menção Especial do Júri Jovem da mostra Generation 14plus. A justificativa diz: “Um filme cujos visuais por si só deixaram um profundo impacto em nós. Ao abordar temas importantes com uma mistura de diversas formas artísticas e uma narrativa clara e estruturada, nos levou a uma jornada emocional, uma jornada que ressoou profundamente, ao mesmo tempo em que oferece uma visão esperançosa e inspiradora para o futuro. Com sua narrativa simbólica, mas facilmente acessível, é um filme vital para os nossos tempos, retratando as lutas contra a discriminação sistêmica, a desigualdade e a violência, ao mesmo tempo em que fornece uma plataforma para destacar a resiliência e as contribuições para a sociedade. Um filme que merece mais discussão e reconhecimento”.
Hora do Recreio combina documentário com uma abordagem ficcional com temas como violência, racismo e tráfico de drogas. Com o objetivo de provocar a discussão sobre a educação no país sob a perspectiva de alunos dos ensinos fundamental e médio, com idades entre 14 e 19 anos, o documentário, que será distribuído pela Imovision, aponta os problemas vividos por adolescentes de quatro escolas de diferentes comunidades e bairros do Rio de Janeiro e suas famílias. Partindo de uma pesquisa realizada com professores da rede pública, geralmente apresentados por meio de estatísticas, o projeto une debates com os alunos em sala de aula, sobre os temas evasão escolar, racismo, tráfico de drogas, bala perdida, feminicídio e gravidez precoce, com performances ficcionais.
A partir da dramatização da peça de teatro baseada no livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, escrito no início do século XX, que mostra o abuso sofrido por uma jovem negra suburbana, realizada pelos grupos Nós do Morro, do Vidigal; Grupo de Teatro VOZES, do Cantagalo; e Instituto Arteiros, da Cidade de Deus; os jovens comparam as interpretações às suas vivências como moradores do Morro da Previdência, Morro do Alemão, Colégio e Vidigal.
Na mesma mostra, o Brasil também se destacou com o curta-metragem Atardecer en América, de Matías Rojas Valencia, uma coprodução com Chile e Colômbia, que recebeu Menção Especial. A justificativa diz: “Nossos nomes serão escritos nessas fronteiras? Este solo reterá o suor do meu povo? Este mar me culpará por esses cadáveres inquietos? O sol secará as lágrimas da minha mãe? A lua testemunhará nossa passagem? Os ventos sussurrarão nossas histórias para o céu, Ou eles se afogarão no silêncio daqueles que morreram? O cenário do filme é profundamente inspirador e captura uma jornada difícil. Ele evoca uma sensação de deslocamento e perda, nos deixando refletir sobre os imensos desafios enfrentados por aqueles que buscam uma nova vida. Este é um filme sobre uma infância perdida”.
No Prêmio da Fipresci, Federação Internacional de Críticos de Cinema, a crítica brasileira Ivonete Pinto participou da escolha da mostra Panorama. No Berlinale Documentary Award, o júri, formado pela brasileira Petra Costa ao lado de Lea Glob e Kazuhiro Sōda, escolheu Holding Liat, de Brandon Kramer.
Conheça os vencedores do Festival de Berlim 2025:
COMPETIÇÃO OFICIAL | LONGA-METRAGEM
URSO DE OURO | MELHOR FILME
Drømmer, de Dag Johan Haugerud (Noruega)
URSO DE PRATA | GRANDE PRÊMIO DO JÚRI
O Último Azul, de Gabriel Mascaro (Brasil/México/Chile/Holanda)
URSO DE PRATA | PRÊMIO DO JÚRI
El mensaje, de Iván Fund (Argentina/Espanha)
URSO DE PRATA | MELHOR DIREÇÃO
Huo Meng, por Sheng xi zhi di (Living the Land)
URSO DE PRATA | MELHOR INTERPRETAÇÃO
Rose Byrne, por If I Had Legs I’d Kick You
URSO DE PRATA | MELHOR INTERPRETAÇÃO COADJUVANTE
Andrew Scott, por Blue Moon
URSO DE PRATA | MELHOR ROTEIRO
Kontinental ’25, escrito por Radu Jude
URSO DE PRATA | MELHOR CONTRIBUIÇÃO ARTÍSTICA
La Tour de Glace, de Lucile Hadžihalilović, por seu elenco criativo
COMPETIÇÃO OFICIAL | CURTA-METRAGEM
URSO DE OURO | MELHOR CURTA-METRAGEM
Lloyd Wong, Unfinished, de Lesley Loksi Chan (Canadá)
URSO DE PRATA | PRÊMIO DO JÚRI
Futsu no seikatsu (Ordinary Life), de Yoriko Mizushiri (França/Japão)
CUPRA FILMMAKER AWARD
Quenton Miller, por Koki, Ciao
PRÊMIO DO PÚBLICO
MELHOR FILME | MOSTRA PANORAMA
1º lugar: Sorda, de Eva Libertad (Espanha)
2º lugar: Lesbian Space Princess, de Emma Hough Hobbs e Leela Varghese (Austrália)
3º lugar: Hjem kaere hjem (Home Sweet Home), de Frelle Petersen (Dinamarca)
MELHOR FILME | MOSTRA PANORAMA | DOCUMENTÁRIO
1º lugar: Die Möllner Briefe, de Martina Priessner (Alemanha)
2º lugar: Yalla Parkour, de Areeb Zuaiter (Suécia/Qatar/Arábia Saudita/Palestina)
3º lugar: Khartoum, de Anas Saeed, Rawia Alhag, Ibrahim Snoopy, Timeea M Ahmed e Phil Cox (Sudão/Reino Unido/Alemanha/Qatar)
MOSTRA GENERATION 14PLUS | JÚRI INTERNACIONAL
Melhor Filme | Grande Prêmio: Christy, de Brendan Canty (Reino Unido/Irlanda)
Menção Especial: Têtes Brûlées, de Maja-Ajmia Yde Zellama (Bélgica)
Prêmio Especial do Júri | Curta-metragem: Ne réveillez pas l’enfant qui dort (Don’t Wake the Sleeping Child), de Kevin Aubert (Senegal/França/Marrocos)
Menção Especial: Beneath Which Rivers Flow, de Ali Yahya (Iraque)
MOSTRA GENERATION 14PLUS | JÚRI JOVEM
Melhor Filme | Urso de Cristal: Sunshine, de Antoinette Jadaone (Filipinas)
Menção Especial: Hora do Recreio, de Lucia Murat (Brasil)
Melhor curta-metragem | Urso de Cristal: Wish You Were Ear, de Mirjana Balogh (Hungria)
Menção Especial: Atardecer en América, de Matías Rojas Valencia (Brasil/Chile/Colômbia)
MOSTRA GENERATION KPLUS | JÚRI INTERNACIONAL
Melhor Filme | Grande Prêmio: Zhi Wu Xue Jia (The Botanist), de Jing Yi (China)
Menção Especial: Umibe é Iku Michi (Seaside Serendipity), de Satoko Yokohama (Japão)
Prêmio Especial do Júri | Curta-metragem: Autokar, de Sylwia Szkiłądź (Bélgica/França)
Menção Especial: Akababuru: Expresión de asombro, de Irati Dojura Landa Yagarí (Colômbia)
MOSTRA GENERATION KPLUS | JÚRI INFANTIL
Melhor Filme | Urso de Cristal: Maya, donne-moi un titre, de Michel Gondry (França)
Menção Especial: Zirkuskind (Circusboy), de Julia Lemke e Anna Koch (Alemanha)
Melhor curta-metragem | Urso de Cristal: Little Rebels Cinema Club, de Khozy Rizal (Indonésia)
Menção Especial: Down in the Dumps, de Vera van Wolferen (Holanda)
TEDDY AWARD
Melhor Filme | Longa-metragem: Lesbian Space Princess, de Emma Hough Hobbs e Leela Varghese (Austrália)
Melhor Documentário/Filme Ensaio: Satanische Sau (Satanic Sow), de Rosa von Praunheim (Alemanha)
Melhor Filme | Curta-metragem: Lloyd Wong, Unfinished, de Lesley Loksi Chan (Canadá)
Prêmio do Júri: Wenn du Angst hast nimmst du dein Herz in den Mund und lächelst (If You Are Afraid You Put Your Heart into Your Mouth and Smile), de Marie Luise Lehner (Áustria)
Prêmio Teddy Especial: Todd Haynes
PRÊMIO FIPRESCI
Competição: Drømmer, de Dag Johan Haugerud (Noruega)
Perspectives: Kaj ti je deklica, de Urška Djukić (Eslovênia/Itália/Croácia/Sérvia)
Panorama: Bajo las banderas, el sol, de Juanjo Pereira (Paraguai/Argentina/EUA/França/Alemanha)
Forum: La memoria de las mariposas, de Tatiana Fuentes Sadowski (Peru/Portugal)
JÚRI ECUMÊNICO
Competição: O Último Azul, de Gabriel Mascaro (Brasil/México/Chile/Holanda)
Panorama: The Heart Is a Muscle, de Imran Hamdulay (África do Sul/Arábia Saudita)
Forum: Holding Liat, de Brandon Kramer (EUA)
OUTROS PRÊMIOS
BERLINER MORGENPOST READERS’ JURY AWARD
O Último Azul, de Gabriel Mascaro (Brasil/México/Chile/Holanda)
BERLINALE DOCUMENTARY AWARD
Holding Liat, de Brandon Kramer (EUA)
BERLINALE DOCUMENTARY AWARD | MENÇÃO ESPECIAL
La memoria de las mariposas, de Tatiana Fuentes Sadowski (Peru/Portugal) e Canone effimero, de Gianluca De Serio e Massimiliano De Serio (Itália)
BERLINALE CAMERA
Rainer Rother
MELHOR FILME DE ESTREIA | PRÊMIO GWFF
El Diablo Fuma (y guarda las cabezas de los cerillos quemados en la misma caja), de Ernesto Martínez Bucio (México)
MELHOR FILME DE ESTREIA | PRÊMIO GWFF | MENÇÃO ESPECIAL
On vous croit, de Arnaud Dufeys e Charlotte Devillers (Bélgica)
*Para conferir a lista completa com os vencedores, clique aqui.
Foto: Reprodução/YouTube.