
Foram anunciados neste domingo, 02/03, os vencedores da 97ª edição do Oscar. A cerimônia de premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, realizada no Dolby Theatre, em Hollywood, foi apresentada por Conan O’Brien, que assumiu a função pela primeira vez.
Dirigido por Sean Baker, Anora, que estava indicado em seis categorias, foi consagrado com cinco estatuetas douradas, entre elas, a de melhor filme; o musical francês Emilia Pérez, de Jacques Audiard, que liderava a lista com 13 indicações, levou dois prêmios.
Em 97 anos de premiação, Baker torna-se o primeiro nome a levar quatro estatuetas na mesma cerimônia pelo mesmo título (melhor filme como produtor, melhor direção, melhor roteiro e melhor edição). Em seu discurso, destacou a força do cinema independente: “Quero agradecer à Academia por reconhecer um filme verdadeiramente independente. Este filme é feito de sangue, suor e lágrimas de incríveis artistas independentes. Vida longa ao cinema independente!”.
Em um momento histórico, o cinema brasileiro foi premiado na categoria de melhor filme internacional com Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, sendo a primeira vez que o Brasil leva uma estatueta dourada. O longa, que já alcançou mais de cinco milhões de espectadores nos cinemas, promove o reencontro entre Fernanda Torres e Walter Salles depois de Terra Estrangeira e O Primeiro Dia. Na última parte do filme, Eunice Paiva é interpretada por Fernanda Montenegro, que volta a trabalhar com Walter Salles depois do consagrado Central do Brasil, que foi indicado ao Oscar em 1999.
Ovacionado pelo público, Walter Salles subiu ao palco, recebeu o prêmio das mãos de Penélope Cruz e fez um discurso emocionante: “Primeiramente, obrigado em nome do cinema brasileiro. Estou muito honrado em receber este prêmio em um grupo tão extraordinário de cineastas. Isso vai para uma mulher que, após uma perda sofrida durante um regime autoritário, decidiu não se curvar. E resistir. Então, este prêmio vai para ela e seu nome é Eunice Paiva. E vai para as duas mulheres extraordinárias que lhe deram vida: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. Muito obrigado!”.
Walter Salles e Fernanda Torres no anúncio do prêmio: emoção!
Da plateia, Fernanda Torres, que estava indicada na categoria de melhor atriz, mas infelizmente perdeu para Mikey Madison, de Anora, aplaudiu seu diretor com muita emoção. Vale lembrar que Ainda Estou Aqui também estava indicado a melhor filme, sendo um fato inédito e histórico para o Brasil.
Vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza do ano passado e estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, com participação especial de Fernanda Montenegro, Ainda Estou Aqui é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua família. O relato começa no início dos anos 70, quando um ato de violência muda a história da família Paiva para sempre. O livro e o filme abraçam o ponto de vista daqueles que sofrem uma perda em um regime de exceção, mas não se dobram; o roteiro é de Murilo Hauser, de A Vida Invisível, e Heitor Lorega.
A sinopse diz: Rio de Janeiro, início dos anos 70. O país enfrenta o endurecimento da ditadura militar. Estamos no centro de uma família, os Paiva: Rubens, Eunice e seus cinco filhos. Vivem na frente da praia, numa casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice , cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas, é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos.
Vale lembrar que, até então, a última vez que o cinema brasileiro concorreu na categoria de melhor filme internacional foi em 1999, com Central do Brasil, também de Walter Salles e com Fernanda Montenegro; e em 2008, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, ficou entre os semifinalistas na shortlist.
A noite também foi marcada por outros discursos emocionantes: Zoe Saldaña, melhor atriz coadjuvante por Emilia Pérez, honrou sua família ao reforçar ser a primeira atriz americana com descendência dominicana a ganhar o Oscar; Paul Tazewell, premiado pelo figurino de Wicked, tornou-se o primeiro homem negro a vencer nesta categoria; e Gints Zilbalodis, diretor de Flow, animação premiada, disse ser a primeira vez que a Letônia foi indicada ao Oscar.
Além do momento in memoriam, apresentado por Morgan Freeman, que homenageou, entre tantos nomes, seu amigo Gene Hackman, que faleceu recentemente, a cerimônia contou com apresentações de Ariana Grande e Cynthia Erivo; e Margaret Qualley, LiSA, Doja Cat e Raye em um especial sobre a franquia 007. Oprah Winfrey e Whoopi Goldberg homenagearam Quincy Jones no palco.
Confira a lista completa com os vencedores do Oscar 2025:
MELHOR FILME
Anora
MELHOR DIREÇÃO
Sean Baker, por Anora
MELHOR ATRIZ
Mikey Madison, por Anora
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Zoe Saldaña, por Emilia Pérez
MELHOR ATOR
Adrien Brody, por O Brutalista
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Kieran Culkin, por A Verdadeira Dor
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Anora, escrito por Sean Baker
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Conclave, escrito por Peter Straughan
MELHOR FILME INTERNACIONAL
Ainda Estou Aqui, de Walter Salles (Brasil)
MELHOR ANIMAÇÃO
Flow, de Gints Zilbalodis
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Sem Chão (No Other Land), de Yuval Abraham, Basel Adra, Rachel Szor e Hamdan Ballal
MELHOR FOTOGRAFIA
O Brutalista, por Lol Crawley
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Wicked, por Nathan Crowley e Lee Sandales
MELHOR FIGURINO
Wicked, por Paul Tazewell
MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO
A Substância, por Pierre-Olivier Persin, Stéphanie Guillon e Marilyne Scarselli
MELHOR EDIÇÃO
Anora, por Sean Baker
MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
O Brutalista, por Daniel Blumberg
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
El Mal, por Clément Ducol, Camille e Jacques Audiard (Emilia Pérez)
MELHOR SOM
Duna: Parte 2, por Gareth John, Richard King, Ron Bartlett e Doug Hemphill
MELHORES EFEITOS VISUAIS
Duna: Parte 2, por Paul Lambert, Stephen James, Rhys Salcombe e Gerd Nefzer
MELHOR CURTA-METRAGEM | FICÇÃO
I’m Not a Robot, de Victoria Warmerdam
MELHOR CURTA-METRAGEM | DOCUMENTÁRIO
A Única Mulher na Orquestra, de Molly O’Brie
MELHOR CURTA-METRAGEM | ANIMAÇÃO
In the Shadow of the Cypress, de Hossein Molayemi e Shirin Sohani
Foto: Phil McCarten/The Academy.