
A 57ª edição da Quinzena de Cineastas, mostra paralela ao Festival de Cannes, que acontecerá entre os dias 14 e 24 de maio, exibirá em sua noite de abertura quatro curtas-metragens cearenses que foram realizados no projeto Directors’ Factory Ceará Brasil, La Factory des Cinéastes, que teve como padrinho o consagrado cineasta brasileiro Karim Aïnouz.
O programa, que volta à América Latina após dez anos, enfatiza a formação profissional de jovens realizadores em uma perspectiva de internacionalização da produção audiovisual regional. Os quatro filmes formam um rico caleidoscópio multicultural, ancorado nas experiências das jovens duplas de realizadores que roteirizaram e dirigiram as obras, integrando o Norte e Nordeste do Brasil com Cuba, Portugal, França e Israel.
As obras são: A Fera do Mangue, de Wara (Ceará) e Sivan Noam Shimon (Israel); A Vaqueira, a Dançarina e o Porco, de Stella Carneiro (Alagoas) e Ary Zara (Portugal); Ponto Cego, de Luciana Vieira (Ceará) e Marcel Beltrán (Cuba); e Como Ler o Vento, de Bernardo Ale Abinader (Amazonas) e Sharon Hakim (França). Além da exibição dos filmes na abertura da Quinzena de Cineastas, os diretores ainda participam de um evento de pitching e de reuniões de coprodução apresentando seus projetos de longas-metragens na Plage de la Quinzaine.
Os filmes foram todos realizados em Fortaleza, Ceará, envolvendo diretamente mais de 100 profissionais cearenses de audiovisual, entre roteiristas, diretores, diretores de arte, produtores, fotógrafos, montadores, técnicos, motoristas, diversos fornecedores, além de grande elenco.
Com uma tradição construída desde 2013 em países como Dinamarca, Chile, Taiwan, Portugal, África do Sul, Filipinas e Finlândia, o Directors’ Factory chega ao Brasil a partir do Ceará, tendo como padrinho o cineasta cearense Karim Aïnouz, que, mais uma vez, leva o Brasil às telas de Cannes. Em 2024, o diretor disputou a Palma de Ouro com Motel Destino, filme realizado no Ceará, com equipe majoritariamente cearense e egressa do Porto Iracema das Artes, escola pública do Governo do Ceará, com a qual o cineasta vem contribuindo há 12 anos na condição de tutor e mentor de jovens roteiristas.
Com proposta inovadora e inédita, o Directors’ Factory é dedicado a descobrir talentos emergentes em todo mundo, a partir de um forte programa de promoção à coprodução internacional. Os quatro curtas-metragens produzidos nos últimos dois meses no Ceará apresentarão ao mundo novas histórias de realizadores do Nordeste e do Norte, construídas em parcerias com jovens realizadores de outros países do mundo.
O projeto La Factory des Cinéastes Ceará Brasil integra esforços da Secretaria da Cultura do Ceará, do Instituto Mirante de Cultura e Arte e do Instituto Dragão do Mar, com apoio do Projeto Paradiso (Brasil) e da TITRAFILM (França), no sentido de fortalecimento do campo audiovisual do Ceará, a partir de conexões com novos mercados e negócios para a região. A produção é encabeçada pela empresa Cinema Inflamável, através da produtora Janaina Bernardes ao lado da produtora francesa Dominique Welinski.
O Directors’ Factory Ceará Brasil, que faz parte da programação oficial do Ano Cultural Brasil-França 2025, insere-se no âmbito dos esforços das políticas públicas de desenvolvimento do audiovisual do Ceará, implementadas nos últimos anos pelo Governo do Ceará, através da Secretaria da Cultura.
Como funciona o projeto? A cada ano, com o apoio de um novo país parceiro, a Factory seleciona oito cineastas emergentes com projetos ambiciosos de primeiro ou segundo longa-metragem para coescrever e codirigir, em duplas, um total de quatro curtas-metragens que são exibidos na abertura da Quinzena de Cineastas durante o Festival de Cannes.
Após a chamada no início de julho de 2024, direcionada a cineastas do Norte e Nordeste do Brasil, foram recebidas mais de 60 inscrições. A Quinzena de Cineastas e a equipe da Directors’ Factory, juntamente com o júri local composto pela produtora Claudia Gonçalves e o diretor Carlos Segundo, selecionaram quatro realizadores brasileiros com projetos de longa-metragem em desenvolvimento (dois do Ceará, um de Alagoas e outro do Amazonas), que foram pareados com quatro diretores de outros países. Entre o início de outubro e o final de dezembro, eles escreveram o roteiro. As filmagens e pós-produção aconteceram entre fevereiro e abril, em Fortaleza.
Os oito diretores também terão a oportunidade de participar do Marché du Film, apresentando seus projetos de longa-metragem a um painel de profissionais como produtores, agentes de vendas, laboratórios e festivais, com vistas à viabilização de seus projetos.
Karim Aïnouz, premiado no festival francês em 2019 com A Vida Invisível na mostra Un Certain Regard, destaca a relevância de participar de uma vitrine mundial como Cannes: “É maravilhoso um jovem realizador ou realizadora estar em um lugar central do mercado audiovisual, como Cannes, para poder confrontar, trocar e apresentar um projeto de longa-metragem, entendendo o potencial desse filme comercialmente no mundo inteiro. No Brasil, a gente é pouco confrontado ao mundo, por ter um sistema de produção audiovisual mais ou menos autossuficiente e ser o único país que fala português na América Latina. É importante a gente ter participação não apenas nos festivais, mas comercialmente no mundo inteiro”.
Foto: Divulgação/Secult CE.