Pedro Morelli apresenta Zoom na 39ª Mostra de Cinema de São Paulo

por: Cinevitor

zoommostraA canadense Alison Pill é uma das protagonistas do filme.

Na noite de quinta-feira, 22/10, aconteceu a primeira exibição do filme Zoom na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O longa, que faz parte da seção Mostra Brasil, narra três histórias paralelas com personagens que se cruzam ao longo da trama: Emma, interpretada por Alison Pill, é uma quadrinista que trabalha em uma fábrica de bonecas e sonha em fazer um procedimento estético; Edward, papel de Gael García Bernal, é um diretor de cinema vaidoso e com um segredo debilitante sobre sua anatomia; Michelle, vivida por Mariana Ximenes, é uma aspirante a romancista que foge para o Brasil e abandona sua vida de modelo.

Dirigido por Pedro Morelli, Zoom foi exibido no Festival de Toronto deste ano e também no Fantastic Fest e no Festival do Rio. Após a exibição na Mostra de São Paulo, o diretor e alguns integrantes da equipe participaram de um debate com o público.

A primeira questão abordada foi a ideia de mesclar animação com live-action: “Um terço do filme, mais ou menos trinta minutos, é animação. Foi utilizada a técnica de rotoscopia, que significa que a galera desenhou frame a frame. Eles ficaram cinco meses desenhando”, revelou o diretor.

Pedro também falou sobre as possíveis coincidências com o personagem de Gael García Bernal, que interpreta um diretor de cinema: “O personagem tem produtores que ficam oprimindo ele , obrigando-o a fazer determinadas coisas. Comigo foi ao contrário. Eu tive os produtores mais legais do mundo. O filme começou com um convite do produtor canadense Niv Fichman, que me chamou para fazer um filme quando eu tinha 23 anos e falou que eu tinha que criar alguma coisa com frescor, original, sem nenhuma concessão. É uma situação oposta ao personagem do Gael. Queria agradecer aos produtores do filme, que sempre deram muita liberdade, desde o começo”.

pedrodebatePedro Morelli durante o debate após a exibição do filme.

O diretor falou sobre a ideia de contar três histórias ao mesmo tempo: “As ideias foram surgindo em paralelo, mas a primeira que nasceu foi a da fábrica de bonecas, pois eu sempre quis fazer alguma coisa com isso. Tinha visto o documentário Surplus: Terrorized Into Being Consumers [dirigido por Erik Gandini], que tem uma parte numa fábrica de bonecas. Achei que era um tema muito bacana, relevante e o símbolo perfeito da mulher objeto, do jeito que rola hoje em dia na nossa sociedade. Essa boneca simbolizaria isso e achei que seria muito bacana mostrar uma menina que trabalha lá e se compara com as bonecas. As outras histórias surgiram com a tentativa de fazer algo bem diferente. Todos os personagens estão, de alguma forma, se relacionando ao tema de querer ser perfeito, seguir padrões de beleza ou ser você mesmo. Fomos atirando para cada uma das histórias paralelamente e depois costurando durante cinco anos de roteiro”, contou Pedro.

Sobre a coprodução entre Brasil e Canadá, Pedro falou: “É a mesma de Ensaio Sobre a Cegueira. O mesmo produtor canadense com a O2, que gera uma parceria que já existia. Foi muito fluido, pois as duas produtoras se dão muito bem. Geralmente coprodução é um pouco complicado, tem muita burocracia e cada país trata as coisas de um jeito, mas essa funcionou surpreendentemente bem”.

gaelzoommostraAnimação: Gael García Bernal interpreta o cineasta Edward.

O ilustrador Adams Carvalho falou sobre o seu trabalho e sua experiência no filme: “Foi minha primeira experiência com uma equipe. O que realmente deu certo foi a confiança do diretor, a estrutura da O2 e o talento da galera que se adaptou muito bem. Foi uma experiência legal e tivemos uma boa resposta da equipe”.

Adams também comentou sobre o fato de ter várias pessoas desenhando o mesmo personagem: “Foi um processo complicado porque cada ilustrador tinha um tipo de traço diferente e o difícil era criar uma unidade em que todo mundo conseguisse fazer o mesmo traço. Tivemos um período de adaptação que acabou dando certo. Uma coisa que eu tentei fazer era dividir um pouco, por exemplo, colocar três ilustradores só para desenhar o Gael e outros três para desenhar as personagens femininas. A equipe também foi dividida entre traço e cor de personagem”. E finalizou: “A capacidade de observar a história como um todo e não encarar como três histórias separadas foi o grande desafio. Além disso, cada história tinha sua linguagem própria”.

Aperte o play e confira outros momentos do debate, com depoimentos do design de animação George Schall e da diretora de arte Marghe Pennacchi:

Zoom terá mais duas sessões na Mostra. Para saber os horários, as datas e os locais das exibições, clique aqui.

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Fotos: Divulgação e Mario Miranda Filho/Agência Foto.

Texto e vídeo: Vitor Búrigo.

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