O documentarista paulista Sergio Roizenblit, de O Milagre de Santa Luzia, apresentará Agreste, sua primeira ficção, na 27ª edição do Cine PE – Festival do Audiovisual, que acontecerá entre os dias 4 e 9 de setembro, no Teatro do Parque, no Recife.
O roteiro, que participou do Laboratório Franco Brasileiro de Roteiros do Festival Varilux de Cinema Francês, em 2017, é uma adaptação da premiada peça homônima, do dramaturgo pernambucano radicado em São Paulo Newton Moreno, que assina o roteiro com Marcus Aurelius Pimenta. O filme se passa no interior do Nordeste e narra o conflito entre a intolerância religiosa e moral e uma história de amor e liberdade, protagonizada por um trabalhador rural, Etevaldo, papel de Aury Porto, e Maria, interpretada por Badu Morais, uma jovem prometida a um casamento arranjado.
Apaixonados, eles fogem juntos pelo sertão, e acabam se abrigando na casa de Valda, vivida por Luci Pereira, uma mulher extremamente religiosa, que vê Maria como uma filha. Porém, quando um crime passa a ser investigado na região, o romance entre Etevaldo e Maria é ameaçado.
O cineasta aponta que o tema central do filme é a intolerância: “A diferença confronta a intolerância quando as pessoas relutam em aceitar um amor incondicional. O contraste é construído desde a pureza e a inocência, a intimidade e a descoberta de novas formas de amor, à intolerância, ao preconceito violento e ao fanatismo. Esses temas formam a base do enredo e transformam o filme em uma fábula ambientada no ermo sertão nordestino, que, no entanto, remete também à modernidade, ao presente e a qualquer outro espaço”, explica.
O sertão surge, no filme, como uma força, praticamente, um mundo particular: “É um cenário visual, aparentemente, anacrônico que contrasta com a paisagem expandida: uma dádiva para a cinematografia do filme. Eu faço uso de um plano zenital, de uma distância muito acima da paisagem, como o ponto-de-vista de Deus dos personagens de um meio estéril e vazio. A paisagem é, portanto, um personagem do enredo, como já foi utilizada antes, tanto no Cinema Novo brasileiro como por diretores como Lars von Trier, em Ondas do Destino”.
Em Agreste, o cineasta explica que pretende honrar a humanidade das casas simples em uma paisagem inóspita: “Essa é a razão pela qual a cena de fuga nos lembra de filmes como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, embora aqui o tema é diferente, pois revela a relação entre um ambiente árido, tanto natural quanto social, e uma história de amor invencível”.
O elenco conta com atores de diversos estados do Brasil, entre eles: Jaedson Bahia, Roberto Rezende, Mohana Uchôa, Terena França, Emilly Nogueira, Lidiane de Castro, Paulo Henrique Reis de Melo, Márcia Galvão e Hertz Félix. A equipe de produção contou com profissionais de São Paulo, estado de origem da produção, Bahia e Pernambuco. As filmagens foram feitas em Curaçá e Juazeiro, na Bahia, em 2019.
A direção de fotografia é de Humberto Bassanello; Laura Carvalho assina a direção de arte, o figurino é de Diana Moreira e a maquiagem por Mari Figueiredo. A trilha sonora é de Dante Ozzetti e Du Moreira. A produção é assinada por Gustavo Maximiliano, Viviane Rodrigues e Sergio Roizenblit, e codirigida por Ricardo Mordoch. Produzido pela Miração Filmes, em coprodução com BR153 Filmes e Spcine, a distribuição nacional será da Pandora Filmes.
Nos teatros, a peça Agreste, que estreou em 2003, teve montagem dirigida por Marcio Aurelio Pires de Almeida, com público de mais de 300 mil pessoas, e ganhou o Troféu APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, e o Prêmio Shell de melhor texto.
Confira uma cena exclusiva do filme Agreste:
Foto: Divulgação.