Amazônia Groove

por: Cinevitor

amazoniagrooveposterDireção: Bruno Murtinho

Elenco: Mestre Damasceno, MG Calibre, Thiago Albuquerque, Albery Albuquerque, Paulo André Barata, Waldo Squash, Sebastião Tapajós,  Dona Onete, Gina Lobrista, Manoel Cordeiro, Alfredo Oliveira, Úrsula Vidal, Edgar Augusto, Paes Loureiro.

Ano: 2018

Sinopse: Amazônia Groove, nome extraído do CD homônimo de Marco André, idealizador e diretor musical do filme, cruza a Amazônia Paraense, revelando artistas e tradições musicais que pulsam numa região pouco conhecida dos próprios brasileiros. As extraordinárias vidas dos protagonistas e a intangível força do lugar estão em cada fotograma do filme. Tal força, fruto de antigas culturas, faz emanar uma sonoridade única, diferente de tudo que a maioria de nós já experimentou nos cinemas. Através de seus artistas, o filme dá voz a uma parte fundamental do Planeta Terra, estendendo o olhar do Brasil e do mundo para uma quase desconhecida tradição musical que tanto tem a nos revelar.

Crítica do CINEVITOR: Premiado no South by Southwest, SXSW Film Festival, pela fotografia de Jacques Cheuiche, o documentário Amazônia Groove, dirigido por Bruno Murtinho, faz um agradável passeio musical pelos ritmos amazônicos. Logo no início, em um belíssimo plano sequência, o som dos pássaros se mistura com uma canção cantarolada por devotos em uma procissão no rio. Depois, o multi-instrumentista Manoel Cordeiro indaga o espectador sobre o poder que a música tem de tocar a alma do homem e pergunta: “quantas músicas cabem nesse rio?”. A partir daqui, o documentário começa a sua missão de apresentar para o espectador as tradições musicais da Amazônia paraense. A cada entrevistado, um novo ritmo: carimbó, Búfalo Bumbá, guitarrada, violão clássico amazônico, sofrência, tecnobrega e muitos outros. Como se fossem esquetes musicais, o diretor destaca a identidade de seus personagens mesclando suas histórias de vida com apresentações dos ritmos que dominam. Nessa mistura musical, conhecemos figuras importantes e consagradas, como Dona Onete, que aos 79 anos esbanja simpatia e talento, além de ser considerada a Diva do carimbó chamegado. O violinista Sebastião Tapajós, muito conhecido na Europa, também integra o time escolhido por Bruno Murtinho para contar um pouco mais sobre a trajetória musical do Pará. A popular e carismática Gina Lobrista é outro destaque do longa. Especialista em sofrência, rende momentos divertidos com suas histórias e canções. O ponto alto de Amazônia Groove é a miscelânea cultural que ecoa ao longo da projeção. Entre vivências e regionalismo, a história musical do Pará é contada por quem entende do assunto e vive disso. Fala-se de folclore, ancestralidade, influências, críticas, a convivência com a musicalidade desde os primórdios, lendas, encantarias, sucesso, a natureza amazônica, a poesia que vem do rio e de como esses ritmos se espalharam mundo afora. As experiências de seus entrevistados ficam ainda mais interessantes para aqueles que pouco conheciam tal cultura. Aqui, há espaço para todos os gêneros: desde sons de pássaros até o fenômeno das festas de aparelhagem. Amazônia Groove não deixa de ser uma homenagem a esses artistas e seus ritmos; serve também como homenagem ao Pará, que exporta e eterniza a identidade de seu povo e o calor amazônico para todos os cantos por meio da música. Para os leigos, uma aula de gêneros musicais. Para os admiradores, um show de talentos na tela grande. É impressionante pensar que um único lugar consegue ser tão eclético e proporcionar diversas experiências sonoras. O documentário de Murtinho chega aos cinemas em um momento importante, no qual a cultura brasileira sofre ameaças. É preciso enaltecer cada vez mais a nossa arte e reverenciar nossos artistas. Contar a história desse povo, que carrega nossa identidade na música, é fundamental para que possamos compreender e valorizar ainda mais nossas raízes. Amazônia Groove cumpre essa função ao registrar ritmos musicais que contam um pouco mais da vasta musicalidade brasileira. Os sons e os batuques paraenses, que já rodavam o mundo com sua identidade própria, agora serão mais explorados por aqui e tendem a impressionar do Oiapoque ao Chuí. Afinal, quem canta seus males espanta. (Vitor Búrigo)

Nota do CINEVITOR:

nota-3,5-estrelas

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