Carlos Eduardo Ferraz e Mateus Maia no curta Os Últimos Românticos do Mundo.
Foram anunciados nesta quarta-feira, 14/04, os vencedores da Mostra Competitiva Brasil da 14ª edição do Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira. O júri, composto pela curadora e crítica de arte Fernanda Brenner, a documentarista, curadora e jornalista Flavia Guerra, a cineasta, curadora e produtora Graciela Guarani e a multiartista Linn da Quebrada, elegeu Os Últimos Românticos do Mundo, de Henrique Arruda, e Célio’s Circle, de Diego Lisboa, como os vendedores do Grande Prêmio Cine Esquema Novo 2021.
As 31 obras selecionadas pelos curadores Jaqueline Beltrame, Dirnei Prates, Gustavo Spolidoro e Vinicius Lopes para a Mostra Competitiva Brasil foram avaliadas pelas juradas, que tiveram a missão de eleger o Grande Prêmio do 14º Cine Esquema Novo e mais cinco destaques, todos eles acompanhados de uma justificativa que explicita as razões da escolha.
As obras recebem o troféu assinado pelo artista Luiz Roque, além de R$ 10.000,00 em locação de equipamentos de luz e maquinária da Locall RS e R$ 10.000,00 em utilização dos serviços de infraestrutura de produção e pós-produção do TECNA, centro de Produção Audiovisual, um empreendimento do ecossistema do TECNOPUC. O prêmio será dividido entre os dois vencedores.
Devido ao sucesso desta edição on-line, a organização do 14º Cine Esquema Novo disponibilizará por mais três dias a possibilidade de o público assistir às obras deste ano, que ficarão no site até as 23h59 deste domingo, 18 de abril: “Diferente das edições fisicamente presenciais, e por conta do grande volume de conteúdos disponíveis através dos Cadernos de Artista, recebemos muitos pedidos do público que gostariam de mais tempo para apreciar as obras. Assim surgiu a ideia do Chorinho do CEN”, revela Jaqueline, que também é uma das fundadoras do festival, curadora das três mostras e coordenadora de produção do evento.
Conheça os vencedores do Cine Esquema Novo 2021:
MOSTRA COMPETITIVA BRASIL
GRANDE PRÊMIO 14º CINE ESQUEMA NOVO
Célio’s Circle, de Diego Lisboa (BA/SP)
Os Últimos Românticos do Mundo, de Henrique Arruda (PE)
Justificativa do Júri:
Uma escolha que não divide, mas que complementa o olhar sobre o futuro que já é. Presente. “Principício” entre o início e o fim, ou o início do fim. Um mundo termina para que outro sonhado nasça. O mundo como o conhecemos já acabou muitas vezes. E ainda vai acabar tantas outras.
Se em Célio’s Circle o personagem-antena é atravessado por ondas, energias, discursos e um cotidiano duro e de esquecimento, em Os Últimos Românticos do Mundo os corpos são atravessados pela ideia de uma nova realidade construída segundo outros parâmetros. Uma onda rosa substitui um mundo que já demorou para desmoronar.
Em Célio’s Circle, a linguagem quase documental se une à experimentação de montagem e a uma construção engenhosa de um universo sonoro não diegético que não só enriquece mas constrói a própria narrativa.
Em Os Últimos Românticos do Mundo, a narrativa ressignifica e constrói uma nova linguagem a partir de símbolos gastos e já decodificados. Ao dar novos sentidos a eles, o filme propõe novos caminhos e possibilidades para o futuro presente. O primeiro romântico do mundo acena aos últimos.
PRÊMIO QUEBRA DE EIXO
Caminhos Encobertos, de Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral (SP); Thiago Henrique Karai Jekupe e Victor Fernandes Karai Mirim (história original)
Justificativa do Júri:
Conduzida pelo som da mata, a câmera caminha junto com os jovens guaranis, Karai Mirim e Karai Jekupe, lideranças Guarani Mbyá da Terra Indígena Jaraguá em São Paulo. Por meio de um olhar coletivo, o filme reescreve e instaura uma narrativa orgânica e de respeito mútuo. Enquanto espectadores, nos tira do eixo, desestabiliza e desloca. O filme amplia o olhar. A inversão do eixo narrativo, tanto cinematográfico quanto histórico, é uma conquista para o cinema e audiovisual brasileiro.
PRÊMIO CONTRA-PLANO
Entre Nós e o Mundo, de Fabio Rodrigo (SP)
Justificativa do Júri:
O diretor lança um olhar afetivo e sagaz de um cotidiano que, via de regra, é retratado friamente pela mídia e pelas estatísticas. Revelando o seu próprio universo, o cineasta se implica na narrativa que conduz. Faz cinema de autor. Ao ser ao mesmo tempo o pássaro que bica e o pássaro que vê, redireciona o modo como vemos e nos movemos diante de um imaginário coletivo dado e instaurado, e, assim, nos aproxima.
PRÊMIO PERSPECTIVA
Perifericu, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira (SP)
Justificativa do Júri:
O frescor do filme é resultado de um encontro coletivo de realizadores e realizadoras que, a partir das supostas fragilidades apontadas, constroem potência. Aquelas que são colocadas à margem, ocupam o centro da narrativa e o descentraliza. Irreverente, Perifericu descortina temas prementes do momento em que vivemos.
PRÊMIO FRICÇÃO
Atordoado, Eu Permaneço Atento, de Henrique Amud e Lucas H. Rossi dos Santos (RJ/SP)
Justificativa do Júri:
O filme estabelece uma disputa de narrativas. Retoma memórias e tensiona o presente a partir de um relato contundente e pessoal. O filme dá conta de um passado histórico traumático enquanto aponta seus reflexos e cicatrizes na atualidade. Quando se tem um presidente que enaltece a tortura, é ainda mais urgente que o cinema se comprometa em preservar a história de suas vítimas e os fatos, e revele as contradições que compõem a narrativa do país.
PRÊMIO REQUADRO
Ser Feliz no Vão, de Lucas H. Rossi dos Santos (RJ)
Justificativa do Júri:
Colagem caleidoscópica de imagem e som, o filme constrói um ensaio visual fragmentado sobre o racismo e como este se articula de maneira sofisticada e cruel em nosso imaginário. O filme revela um incômodo racial e de classe e, ao mesmo tempo, celebra a vida e a potência das negritudes por meio de sua montagem multifacetada.
Foto: Divulgação.