Cena do filme Eu, Empresa, de Leon Sampaio e Marcus Curvelo.
Por conta da pandemia de Covid-19, o Panorama Internacional Coisa de Cinema, mais antigo festival de cinema da Bahia ainda em atividade, vai acontecer fora de época entre os dias 24 de fevereiro e 2 de março com acesso totalmente gratuito e em formato on-line.
As obras selecionadas serão exibidas nas competitivas Nacional, Baiana e Internacional, em mostras paralelas e sessões especiais. Debates com cineastas e integrantes da equipe dos longas e curtas-metragens serão disponibilizados no mesmo dia dos filmes correspondentes, que ficarão acessíveis por 24 horas. O acesso à plataforma de streaming (Amazon AWS) será feito através de cadastro no site do festival.
Uma das pioneiras do cinema nacional, a atriz e documentarista baiana Conceição Senna, que morreu em maio do ano passado, será a grande homenageada do XVI Panorama Internacional Coisa de Cinema: “Desbravadora, destemida, Conceição nos encantou sendo atriz, diretora, apresentadora… Foi uma artista generosa, amorosa, em um tempo em que tudo se mostrava mais complicado de realizar, sobretudo para as mulheres. Graças à mulheres como Conceição é que conseguimos avançar, nos tornar um pouco melhores, com mais esperança na criação de uma sociedade mais bela e equilibrada”, declarou Cláudio Marques, idealizador e um dos coordenadores do Panorama.
Dois longas serão exibidos para celebrar a trajetória de Conceição, o documentário Brilhante (2005), dirigido por ela, e Abrigo Nuclear (1981), ficção científica de Roberto Pires, na qual a baiana atua. O primeiro aborda a relação criada, ao longo de 25 anos, entre a população de Lençóis e o filme Diamante Bruto, uma obra de Orlando Senna, companheiro de vida de Conceição. Brilhante será o filme de encerramento do festival.
A vida conjunta de Conceição e Orlando Senna é o centro do documentário O Amor Dentro da Câmera, de Jamille Fortunato e Lara Back Belov, uma produção baiana que foi selecionada para o 42º Festival de Cinema de Havana, em dezembro de 2020. Também produzido na Bahia, Filho de Boi, de Haroldo Borges e Ernesto Molinero, recebeu o Prêmio do Público no Festival de Málaga, com a saga de um adolescente em busca de sua identidade.
Entre os longas que integram a Competitiva Nacional está Vil, Má, de Gustavo Vinagre, exibido no último Festival de Berlim e no Queer Lisboa; o filme apresenta Wilma Azevedo, que aos 74 anos, mãe de três filhos, narra sua trajetória de dominatrix e escritora de contos eróticos.
Presença forte nesta edição, a produção baiana é representada por Rio de Vozes, de Andrea Santana e Jean Pierre Duret, documentário sobre o Rio São Francisco premiado no Cine Ceará, além de Voltei!, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, e Eu, Empresa, de Leon Sampaio e Marcus Curvelo. O primeiro traz uma crônica política a partir de irmãs ouvindo um importante julgamento no radinho de pilha, enquanto o segundo mergulha no subemprego e suas engrenagens de exploração.
Cena do filme português A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos.
Fechando a lista de oito selecionados estão A Flecha e a Farda, de Miguel Antunes Ramos, e Depois da Primavera, de Isabel Joffily e Pedro Rossi. A mostra tem ainda dezesseis curtas-metragens; dois deles serão disponibilizados a cada dia de programação da competitiva, com um dos longas selecionados.
Na Competitiva Baiana, 24 filmes de diferentes formatos, gêneros e estilos, oferecem um cenário do cinema realizado no estado entre 2019 e 2020. Entre os destaques estão os longas Dorivando Saravá, o Preto Que Virou Mar, de Henrique Dantas, exibido no Festival de Havana, e Memórias Afro-Atlânticas, de Gabriela Barreto, vencedor de quatro prêmios no Novo Cine PE. Premiado no Black Femme Supremacy Film Fest, o curta Facão, de Camila Hepplin, também integra a mostra.
Fechando as competitivas, a Internacional reúne seis longas e 12 curtas produzidos em países das Américas, Europa, Ásia e África, trazendo filmes recentes de lugares como Bielo-Rússia, República Tcheca, Lituânia, Moçambique e Irã. Vencedor na categoria de melhor direção de documentário no Festival de Sundance, The Earth Is Blue as an Orange, uma coprodução entre Ucrânia e Lituânia, dirigida por Iryna Tsilyk, está na mostra; o português A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos, vencedor de dois prêmios no 9º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, também se destaca.
Nesta 16ª edição, o festival também terá uma mostra em homenagem ao cineasta Fernando Coni Campos, que morreu em 1988. Nascido no município baiano de Conceição do Almeida, ele iniciou sua carreira no Rio de Janeiro. Além disso, uma iniciativa inédita marca essa edição: o Panorama Convida exibe filmes premiados em edições anteriores e os respectivos diretores escolhem uma obra de outro cineasta para ser exibida; um debate será realizado ao vivo entre os diretores envolvidos.
Para dar início à programação, em 24 de fevereiro, o XVI Panorama exibirá Antena da Raça, de Luis Abramo e Paloma Rocha, documentário exibido no último Festival de Cannes. No longa, os diretores resgatam o programa Abertura, apresentado por Glauber Rocha na TV Tupi, e o colocam em fricção com cenas do cinema do cineasta baiano e imagens do Brasil de 2018.
Uma tradição do festival, a oficina de Escrita Crítica também foi adaptada para o formato on-line e será ministrada pelo crítico Rafael Carvalho, que escreve para o jornal A Tarde e para o site Moviola Digital, e integra a Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema. As atividades acontecem entre os dias 22 e 25 de fevereiro, dando origem ao Júri Jovem e à equipe que escreverá sobre os filmes para o site Pílulas Críticas.
A curadoria desta edição foi assinada por Cláudio Marques e Marília Hughes, para os longas-metragens; Camila Gregório, Safira Moreira, Rafael Carvalho e João Paulo Barreto, para os curtas nacionais e baianos; e Ceci Alves para os curtas internacionais.
Conheça os filmes selecionados para o XVI Panorama Internacional Coisa de Cinema:
COMPETITIVA NACIONAL | LONGAS
A Flecha e a Farda, de Miguel Antunes Ramos (SP)
Depois da Primavera, de Isabel Joffily e Pedro Rossi (RJ)
Eu, Empresa, de Leon Sampaio e Marcus Curvelo (MG/BA)
Filho de Boi, de Haroldo Borges e Ernesto Molinero (BA)
O Amor Dentro da Câmera, de Jamille Fortunato e Lara Beck Belov (BA)
Rio de Vozes, de Andrea Santana e Jean Pierre Duret (BA/PE)
Vil, Má, de Gustavo Vinagre (SP)
Voltei!, de Ary Rosa e Glenda Nicácio (BA)
COMPETITIVA NACIONAL | CURTAS
5 Fitas, de Heraldo de Deus e Vilma Martins (BA)
A Destruição do Planeta Live, de Marcus Curvelo (BA)
Adelaide, Aqui Não Há Segunda Vez Para o Erro, de Anna Zêpa (SP)
Celio’s Circle, de Diego Lisboa (BA)
Chão de Rua, de Tomás von der Osten (PR)
Filhas de Lavadeiras, de Edileuza Penha de Souza (DF)
Inabitável, de Matheus Farias e Enock Carvalho (PE)
Inspirações, de Ariany de Souza (RJ)
Joãosinho da Goméa, O Rei do Candomblé, de Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra (RJ)
Menarca, de Lillah Halla (SP)
Noite de Seresta, de Sávio Fernandes e Muniz Filho (CE)
O Barco e o Rio, de Bernardo Ale Abinader (AM)
Opy’i Regua, de Júlia Gimenes e Sérgio Guidoux (RS)
Portugal Pequeno, de Victor Quintanilha (RJ)
Vamos à Luta, de Paula Carneiro e Tenille Bezerra (BA)
Ventania no coração da Bahia, de Tenille Bezerra (BA)
COMPETITIVA BAIANA | LONGAS
Bembé do Mercado – 130 Anos, de Danillo Barata e Thaís Brito
Dorivando Saravá, o Preto Que Virou Mar, de Henrique Dantas
Memórias Afro-Atlânticas, de Gabriela Barreto
Memórias em Movimento, de Giovani Lima
Neojiba – Música que Transforma, de Sérgio Machado e George Walker Torres
Rosa Tirana, de Rogério Sagui
COMPETITIVA BAIANA | CURTAS
À Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente, de Bruna Barros e Bruna Castro
A Casa e a Rua, de Taise Andrade Ribeiro
Álbum de Casamento, de Otávio Conceição
B Não é de Biscoito, de Hilda Lopes Pontes e Chris Mariani
Capécia, de Állan Maia
Desmanche, de Eloisa Marçola
Facão, de Camila Hepplin
Fica Bem, de Klaus Hastenreiter
Maratonista de Quarentena, de Karol Azevedo e Eduardo Tosta
Modo Noturno, de Calebe Lopes
Mórula, de Camila Florentino
Os Porcos e a Reza, de Rogério Luiz Oliveira e Filipe Brito Gama
Para o Hoje que Finge Diferença, de Rafael Oliveira
Passarinho, de Vinícius Pessoa Vieira
Sobre Nossas Cabeças, de Susan Kalik e Thiago Gomes
Tempo de Pipa, de Breno Silva e Marvin Pereira
Tudo que é Apertado Rasga, de Fábio Rodrigues Filho
Uma Entre Todas, a Origem do Mundo, de Raiz Rozados
COMPETITIVA INTERNACIONAL | LONGAS
A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos (Portugal)
Mamá, Mamá, Mamá, de Sol Berruezo Pichon-Rivière (Argentina)
Sankara N’est Pas Mort, de Lucie Viver (França)
Sole, de Carlo Sironi (Itália/Polônia)
Suzanne Daveau, de Luisa Homem (Portugal)
The Earth is Blue as an Orange, de Iryna Tsilyk (Ucrânia/Lituânia)
COMPETITIVA INTERNACIONAL | CURTAS
3 Logical Exits, de Mahdi Fleifel (Dinamarca/Reino Unido/Líbano)
A Mordida, de Pedro Neves Marques (Portugal/Brasil)
Daughter, de Daria Kashcheeva (República Tcheca)
El Silencio del Rio, de Francesca Canepa (Peru)
Hush!, de Nursel Doğan (Turquia)
Leaf, de Aliona Baranova (Bielo-Rússia/República Tcheca)
Os Meninos Lobo, de Otávio Almeida (Cuba)
Où en êtes-vous, Teresa Villaverde?, de Teresa Villaverde (Portugal/França)
Sadla, de Zamo Mkhwanazi (África do Sul)
She Who Wears the Rain, de Marianne Métivier (Canadá)
The World’s Last House, de Amir Gholami (Irã)
Woman, de Raúl de la Fuente Calle (Moçambique)
MOSTRA FERNANDO CONI CAMPOS
Ladrões de Cinema (1977)
O Mágico e o Delegado (1984)
Um Homem e sua Jaula (1969)
Viagem ao Fim do Mundo (1968)
PANORAMA CONVIDA
A Alegria, de Felipe Bragança e Marina Meliande (Brasil, 2010)
Cravos, de Marco Del Fiol (Brasil, 2018)
Pan-Cinema Permanente, de Carlos Nader (Brasil, 2008)
Sem Seu Sangue, de Alice Furtado (Brasil, 2019)
*O XVI Panorama Internacional Coisa de Cinema é realizado pela produtora Coisa de Cinema e tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Fotos: Divulgação.