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Pai

por: Cinevitor

paifilmeposter1Otac

Direção: Srdan Golubovic

Elenco: Goran Bogdan, Boris Isakovic, Nada Sargin, Milica Janevski, Muharem Hamzic, Ajla Santic, Vahid Dzankovic, Milan Maric, Jovo Maksic, Ljubomir Bandovic, Marko Nikolic, Nikola Rakocevic, Izudin Bajrovic, Nikola Ilic, Igor Borojevic, Mirko Vlahovic, Slavisa Curovic, Ivan Djordjevic, Sasa Bjelic, Danijela Vranjes, Zeljko Radunovic, Hasan Cicic, Slobodan Ljubicic, Vujadin Milosevic, Nebojsa Djordjevic, Miodrag Dragicevic, Dragan Sekulic, Nikola Stankovic, Mariana Arandjelovic, Mihaela Stamenkovic, Vladislav Mihailovic, Samir Semsovic, Fehima Ibisbegovic, Milica Mandic, Nikola Markovic, Dejan Derajic, Violeta Cvijovic.

Ano: 2020

Sinopse: Em uma pequena cidade na Sérvia, vive Nikola, trabalhador temporário e pai de dois filhos. O homem se vê obrigado a entregar as crianças aos serviços sociais depois que a pobreza e a fome levam sua esposa a cometer um ato desesperado. Enquanto ele não conseguir fornecer condições adequadas para a educação das crianças, elas serão colocadas em um orfanato. Apesar dos esforços de Nikola e de constantes apelos, o chefe do centro de serviços sociais se recusa a devolver seus filhos e sua situação se torna desoladora. Quando Nikola descobre a corrupção da administração local, ele decide viajar pela Sérvia a pé e levar o caso diretamente às autoridades governamentais em Belgrado. Movido pelo amor e pelo desespero, ele se recusa a desistir da justiça e de seu direito de criar os filhos.

Crítica: Premiado no Festival de Berlim e dirigido pelo cineasta sérvio Srdan Golubovic, Pai narra a saga de Nikola, interpretado pelo talentoso Goran Bogdan, em busca de uma vida melhor para sua família. Lendo assim, parece mais uma história melodramática de superação. Porém, logo nos primeiros minutos de projeção, percebe-se que o filme caminhará para algo mais denso e não só afetivo. Com o desmoronamento estrutural da família, por conta de diversos fatores, entre eles, a fome e o desemprego, o protagonista se vê em uma situação crítica: aceitar que os filhos sejam entregues para um orfanato depois de um ato desesperador cometido pela mãe e também por não oferecer condições necessárias de educação para eles. A insistência de Nikola para recuperar a guarda das crianças é em vão; e é aqui que começa a saga do protagonista. Entre burocracias e corrupção da administração local, ele decide viajar a pé até à capital do país para pedir ajuda às autoridades. Com um semblante quase que atônito a maior parte do tempo, carregado de um olhar vagaroso que traz um desespero abafado, ele enfrenta diversos obstáculos para completar sua missão. A atuação de Goran Bogdan se destaca entre tantas adversidades no meio do caminho; sua transformação ao desenrolar da trama evidencia a engenhosa construção de seu personagem: um homem pacato que tenta manter a compostura diante das desigualdades sociais e econômicas que o atingem. O desespero desse pai é notório, mas não escancarado. Suas atitudes falam mais do que palavras grosseiras, que gerariam prováveis confusões e violência. Há, sim, um descontrole emocional, resquício de um desespero avassalador. Mas, é de maneira contundente que Srdan Golubovic retrata tais situações que potencializam a narrativa. Porém, Pai não fala só desse homem desolado. Fala também de uma sociedade tomada por interesses e sem compaixão ao próximo; um jogo de poder cruel e desumano revestido por uma falsa bondade. Não há empatia em certos personagens e muito menos preocupações socioeconômicas perante outros indivíduos que não sejam eles mesmos. Há maldade em tirar proveito daqueles mais necessitados, que, sequer, conseguem se defender honestamente. Mas há também esperança, principalmente em seu protagonista que, mesmo carregado por desventuras, enfrenta qualquer desafio (e pessoa) para atingir seu objetivo com dignidade e sem diferenças de tratamento, independente de quem for ou de qual cargo ocupa. (Vitor Búrigo)

*Filme visto na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Nota do CINEVITOR:

nota-4-estrelas

4º Prêmio ABRA de Roteiro: conheça os vencedores

por: Cinevitor

bacuraupremioABRAThomás Aquino em Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.

A ABRA, Associação Brasileira de Autores Roteiristas, nasceu após a junção das duas principais associações de roteiristas brasileiros: a AR (Associação de Roteiristas) e a AC (Autores de Cinema). A união, oficializada em meados de 2016, visa unir a classe de roteiristas sob a mesma organização.

A Associação Brasileira de Autores Roteiristas tem como objetivo representar, exercer e defender os direitos dos autores de roteiros e argumentos de obras audiovisuais de qualquer natureza, televisão, cinema ou quaisquer meios eletrônicos de difusão de roteiros de obras audiovisuais, existentes ou a serem criadas, bem como aproximar os roteiristas de um modo geral.

O Prêmio ABRA surgiu em 2017 com a finalidade de valorizar os autores-roteiristas e ressaltar a importância do roteiro na cadeia de produção da indústria audiovisual nacional. Na primeira edição, Kleber Mendonça Filho foi premiado por Aquarius na categoria de ficção e Di Moretti venceu pelo documentário Do Pó da Terra.

Neste ano, por conta da pandemia de Covid-19, a cerimônia de premiação da quarta edição do Prêmio ABRA foi realizada nesta sexta-feira, 30/10, pelo YouTube com apresentação da atriz Nany People e da roteirista Nathália Cruz, do canal Porta dos Fundos. O evento virtual contou também com a participação de Carolina Kotscho, presidente da ABRA.

A vencedora da categoria Roteirista do Ano foi Rosane Svartman, que levou também o Prêmio Paradiso, que conta com o apoio, pelo segundo ano consecutivo, do Projeto Paradiso e oferece um encontro virtual com roteiristas em formação de carreira. Os outros indicados à categoria, que se destacaram em 2019, foram: Carol Rodrigues, Cleissa Regina Martins, Gabriel Martins e Luh Maza.

O cineasta, escritor, jornalista e roteirista Orlando Senna foi o homenageado desta edição. A cineasta e produtora Carla Esmeralda recebeu o Prêmio ABRA Parceria. Além disso, nesta edição, 440 obras que estrearam na TV e no cinema, em circuito comercial, no ano passado foram inscritas.

Conheça os vencedores do 4º Prêmio ABRA de Roteiro:

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL | LONGA-METRAGEM | FICÇÃO
Bacurau, escrito por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO | LONGA-METRAGEM | FICÇÃO
A Vida Invisível, escrito por Murilo Hauser, Inés Bortagaray e Karim Aïnouz; baseado no livro A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha

MELHOR ROTEIRO | LONGA-METRAGEM | COMÉDIA
A Primeira Tentação de Cristo, escrito por Fabio Porchat e Gustavo Martins (Porta dos Fundos)

MELHOR ROTEIRO | LONGA-METRAGEM | DOCUMENTÁRIO
Bixa Travesty, escrito por Claudia Priscilla, Linn da Quebrada e Kiko Goifman

MELHOR ROTEIRO | CURTA-METRAGEM
Sem Asas, escrito por Renata Martins

MELHOR ROTEIRO | TELENOVELA
Órfãos da Terra, criada por Duca Rachid e Thelma Guedes; escrita por Dora Castellar, Aimar Labaki, Carolina Ziskind e Cristina Biscaia (Rede Globo)

MELHOR ROTEIRO | SÉRIE DE FICÇÃO | DRAMA
Segunda Chamada (1ª Temporada), criada por Carla Faour, Julia Spadaccini e Jo Bilac; escrita por Carla Faour, Julia Spadaccini, Victor Atherino, Giovana Moraes e Maira Motta (Rede Globo)

MELHOR ROTEIRO | SÉRIE DE FICÇÃO | COMÉDIA
Tá no Ar: a TV na TV (6ª Temporada), redação final: Marcius Melhem e Marcelo Adnet; escrita por Alexandre Pimenta, Carolina Warchavski, Daniela Ocampo, Edu Krieger, Leonardo Lanna, Luiza Yabrudi, Marcelo Adnet, Marcelo Martinez, Marcius Melhem, Maurício Rizzo, Renata Corrêa, Thiago Gadelha e Wagner Pinto (Rede Globo)

MELHOR ROTEIRO | SÉRIE OU LONGA-METRAGEM INFANTIL/INFANTOJUVENIL
Turma da Mônica – Laços, escrito por Thiago Dottori; baseado nos personagens de Mauricio de Sousa e inspirado na HQ Laços, de Vitor e Lu Cafaggi

MELHOR ROTEIRO | SÉRIE | REALITY OU VARIEDADES
Que História É Essa, Porchat? (1ª temporada), redação final: Paula Miller e Fabio Porchat; roteiro de Jô Hallack e Douglas Vieira (GNT)

MELHOR ROTEIRO | SÉRIE | DOCUMENTÁRIO
Bandidos na TV (1ª temporada), escrito por Daniel Bogado e Suemay Oram (Netflix)

ROTEIRISTA DO ANO
Rosane Svartman

Foto: Divulgação/Vitrine Filmes.

As Veias do Mundo

por: Cinevitor

veiasdomundoposter1Die Adern der Welt

Direção: Byambasuren Davaa

Elenco: Bat-Ireedui Batmunkh, Enerel Tumen, Yalalt Namsrai, Algirchamin Baatarsuren, Ariunbyamba Sukhee, Manduul Baasansuren, Sukhbaatar Battuvshin, Purevragchaa Batzorig, Garamhand Bayanjargal, Dari Bayantungalag, Alimtsetseg Bolormaa, Gantumur Buryad, Tserenchimed Davaasuren, Amartuvshin Erdenebat, Ariunbaatar Ganbaatar, Unurjargal Jigjidsuren, Batbold Lkhagvajav, Baatartsogt Lkhagvasuren, Myagmar Mondoon, Sarantsetseg Myagmar, Tsend-Ayush Nyamsuren, Bayarsaikhan Odon, Dulamsuren Otgon, Munkh-Od Purev, Anujin Purev-Ochir, Davaasamba Sharaw, Batbold Shijirbold, Ravdandorj Shirchin, Batzorig Sukhbaatar, Dulguun Tsolmonsaikhan, Turbold Tumurbaatar, Gonchig Undarmaa, Purevdorj Uranchimeg, Batbaatar Uukhaan, Enerel Zorigtbaatar.

Ano: 2020

Sinopse: Amra mora nas estepes da Mongólia. Ele tem uma vida comum para um menino de 11 anos: seu pai o leva para a escola todas as manhãs, ele cuida das ovelhas e cabras da família à tarde e sonha em participar de um popular show de talentos. Mas a infância do garoto é brutalmente interrompida quando seu pai morre em um acidente. Amra decide honrar o legado deixado a ele e assume a luta do pai, que enfrentava as empresas mineradoras que exploram a sua região.

Crítica: Logo no começo de As Veias do Mundo, filme mongol exibido no Festival de Berlim e dirigido pela cineasta Byambasuren Davaa, a fotografia de Talal Khoury chama a atenção. Um belo cenário ao ar livre, formado por paisagens deslumbrantes, prometo ao espectador, no mínimo, um espetáculo visual. Tal promessa se cumpre ao longo dos 96 minutos de projeção e aí temos a história: um drama familiar que traz como pano de fundo a complicada situação da indústria de mineração que afeta a Mongólia. O jovem Bat-Ireedui Batmunkh interpreta Amra, um garoto que sonha participar do Mongolia’s Got Talent, um programa de televisão que funciona como um show de talentos. Seu maior desejo é cantar para um grande público e ser reconhecido por isso. Mas, antes, precisa se dedicar aos estudos e aos afazeres domésticos. Quando surge tal oportunidade, uma tragédia atravessa sua vida e novos planos terão que ser colocados em prática. Byambasuren Davaa, que assina o roteiro ao lado de Jiska Rickels, até constrói um arco dramático interessante, porém, acaba deixando de lado algumas situações que costurariam muito bem a narrativa ao desenrolar da trama. Com a missão de honrar o legado deixado pelo pai, Amra se coloca à frente da luta contra a exploração das empresas mineradoras; e isso rende ótimos momentos. Ao mesmo tempo, se prepara para uma apresentação em rede nacional no popular show de talentos. Porém, tal fato não ganha tanto destaque quanto a empolgação do menino em participar do programa. Talvez um realce maior nessa possível realização de um sonho fortaleceria o ritmo, ora lento, do filme. Há também, por exemplo, um encontro de nômades, como se fosse uma reunião de conselho para discutir a crítica situação da região, que não se desenvolve muito. Além do belo visual impresso na tela, As Veias do Mundo caminha pelas beiradas do melodrama, mas se sustenta com o carisma de seu protagonista que entrega um personagem determinado a cumprir novas funções, que não só as da infância. (Vitor Búrigo)

*Filme visto na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Nota do CINEVITOR:

nota-3-estrelas

15º Comunicurtas UEPB: conheça os filmes selecionados para as mostras competitivas

por: Cinevitor

faixadegazacomunicurtasMarcélia Cartaxo no curta paraibano Faixa de Gaza, de Lúcio César Fernandes.

Foram anunciados nesta sexta-feira, 30/10, os filmes selecionados para as mostras competitivas da 15ª edição do Festival Audiovisual de Campina Grande – Comunicurtas UEPB, que acontecerá entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro, em formato híbrido por conta da pandemia de Covid-19.

Com o tema Reinvenções, a curadoria foi realizada por Hipólito Lucena, Nivaldo Rodrigues e Tiago A. Neves. Ao todo, foram 597 trabalhos inscritos e 77 filmes escolhidos para competição. Completando 15 anos, o Comunicurtas UEPB promete uma edição especial. A temática é uma proposta de lançar olhares para os novos caminhos que estão sendo construídos no cinema e na sociedade, extremamente afetados pela pandemia.

Além das mostras, integram a programação do festival oficinas, palestras, workshops, debates e o Fórum do Audiovisual Paraibano, espaço para discussão de políticas públicas voltadas para o incentivo de produções audiovisuais no estado. O Festival Audiovisual de Campina Grande – Comunicurtas UEPB surgiu com a premissa de abrir um espaço para a democratização e o acesso ao cinema na Paraíba, visando socializar e aumentar a produção local e regional. Realizado desde 2006, na Rainha da Borborema, através da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o Comunicurtas tem como prioridade oferecer aos profissionais envolvidos nas práticas audiovisuais como cinema, publicidade e telejornalismo, a abertura necessária para a divulgação de suas produções criativas.

Nesta 15ª edição, o filme de abertura será o alagoano Cavalo, de Rafhael Barbosa e Werner Salles. Para a noite de encerramento será exibido o documentário Ziraldo – Uma obra que pede Socorro, de Guga Dannemann. Além disso, o consagrado cartunista paraibano Fred Ozanan será homenageado.

Este ano, o evento vai enfatizar o debate em torno da questão dos festivais on-line e dos modos de consumo da produção audiovisual. A edição 2020 contará com o prêmio revelação de diretores em suas primeiras produções, incentivando coletivos e produtos de pesquisa de universidades, institutos federais e escolas públicas, com o Troféu Maria Bonita.

A premiação acontecerá na noite do dia 3 de dezembro e serão concedidos aos premiados, nas mostras competitivas, o Troféu Machado Bittencourt. O Júri Oficial poderá ainda conceder menções honrosas, se achar necessário.

Conheça os filmes selecionados para o 15º Comunicurtas – Festival Audiovisual:

MOSTRA TROPEIROS

A Pontualidade dos Tubarões, de Raysa Prado (João Pessoa/PB)
Ameaça Comunista, de Yan Araujo (Campina Grande/PB)
Aquele Infindável Mês de Agosto, de R.B. Lima (São Bento/PB)
Banco de Dados, de Paulo Philippe e Raysa Prado (João Pessoa/PB)
Carne Seca, de Daniel Rizzi (João Pessoa/PB)
Dias Sombrios, de Michael de Andrade (Queimadas/PB)
Faixa de Gaza, de Lúcio César Fernandes (João Pessoa/PB)
Fim, de Ana Isaura (João Pessoa/PB)
Grão de Areia, de Eduardo P. Moreira (Cabedelo/PB)
Isolamento Rural, de Leonardo Gonçalves (Alagoa Grande/PB)
Margaridas, de Luana Gregório e Valtyennya Pires (Remígio/PB)
Rocha, de Bianca Rocha (Campina Grande/PB)
Será que ele volta, de Roberto di Freitas (Guarabira/PB)
Súbito, de Dimas Carvalho (Campina Grande/PB)
Um dois um: crônicas de homicídios, de Ana Calline (Queimadas/PB)

MOSTRA BRASIL

A Beleza de Rose, de Natal Portela (CE)
Ana Terra, de Alunos do Curso de Produção de Documentário SESC Alagoas (AL)
Aonde Vão os Pés, de Débora Zanatta (PR)
Aperto, de Alexandre Estevanato (SP)
Aula de Hoje, de Dário Junior (AL)
Desassossego, de Fabi Penna (SC)
Em Cima do Muro, de Hilda Lopes Pontes (BA)
Em Quadro, de Luiza Campos (SP)
Joãosinho da Goméa, O Rei do Candomblé, de Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra (RJ)
Naticorda, de Taciano Valério (PE)
Recôncavo, de Pedro Henrique Chaves (DF)
Ser Tão Nossa, de Antonio Fargoni (CE)
Sob o Olhar da Chuva, de Nalú Souza e Walklenguer Oliveira (SP)
Trincheira, de Paulo Silver (AL)
Um Terço de Mim, de Sihan Felix (RN)
Vai Melhorar, de Pedro Fiuza (RN)

MOSTRA TROPIQUEERS

Aquele Casal, de William de Oliveira (PR)
Aqueles Dois, de Émerson Maranhão (CE)
Batom Vermelho Sangue, de R.B. Lima (PB)
Diriti de Bdè Burè, de Silvana Beline (GO)
Dôniara, de Kaco Olimpio (GO)
Endless Love, de Duda Gambogi (RJ)
Eu Vejo Névoas Coloridas, de Pedro Jorge (SP)
Filadelphia, de Dani Drumond (SP)
Invasão Drag, de Thiago da Silva Tavares (RJ)
Marie, de Leo Tabosa (PE)
Mãtãnãg, A Encantada, de Shawara Maxakali e Charles Bicalho (MG)
Não Moro Mais em Mim, de Vitor Celso e Bruna Guido (PB)
O Fim é o Princípio, de Antonio Fargoni (SP)
Perifericu, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira (SP)
Pronome Definido, de Giovanna Azevêdo (PB)
Vinde como estais, de Rafael Ribeiro e Galba Gogóia (RJ)

MOSTRA ESTALO

Campina Grande – O Maior São João do Mundo, de Saulo Emerson (Campina Grande/PB)
Campina Grande em um minuto, de Saulo Emerson (Campina Grande/PB)
Coronavírus e o Jornalismo – Fique em casa, de Gabriel Heitor (Patos/PB)
Cumplicidad Brasileña, de Nelson Rossiter (João Pessoa/PB)
Experimento Líquido, de Nelson Rossiter (João Pessoa/PB)
Mais Humanos, de Nelson Rossiter (João Pessoa/PB)
Nossa Vida é uma Canção, de Leonardo Pereira Tavares (Campina Grande/PB)
Prosa de Mercearia, de Erivan Lima (João Pessoa/PB)
São João: digitais do Povo Nordestino, de Gabriel Heitor de Morais Alves (Campina Grande/PB)
Ultimátum, de Alison Bernardes (João Pessoa/PB)

MOSTRA SOM DA SERRA

Black Bag – Baile do Lampião, de Renaly Oliveira (Campina Grande/PB)
Clipe Especial -#FiqueEmCasa, de Ana Calline (Queimadas/PB)
Flores Estereotipadas, de Luanna Alves de Oliveira (Campina Grande/PB)
Helrison – Feitiço, de Saulo Emerson (Campina Grande/PB)
Hoje eu ia terminar, de Saulo Emerson (Campina Grande/PB)
Noites, de Heloisa Araújo (João Pessoa/PB)
Pirando, de Arquiza (João Pessoa/PB)
Poet, de Yuri da Costa (João Pessoa/PB)
Trapped in Our Bones, de Eduardo P. Moreira (Cabedelo/João Pessoa, PB)

MOSTRA TROPEIROS DE TELEJORNALISMO

90 anos de Antônio Barros, de Hebert Araújo (João Pessoa/PB)
Barulho Branco -Memórias do Telejornalismo Campinense, de Taís Resende (Campina Grande/PB)
Central de Aulas da UEPB recebe exposição de arte com material reciclável, por Rafael Costa (Campina Grande/PB)
Cordel no Ônibus, de Anderson Santana (João Pessoa/PB)
É Preciso Falar Sobre HIV, de Anderson Santana (João Pessoa/PB)
Estudantes da UEPB aprendem técnicas de rapel na prática, por Rafael Costa (Campina Grande/PB)
Jackson sem Moderação: o início, de Hebert Araújo (João Pessoa/PB)
Jackson sem moderação: o legado, de Hebert Araújo (João Pessoa/PB)
Jackson sem moderação: o sucesso, de Hebert Araújo (João Pessoa/PB)
No lume da fogueira, de Inaldete Almeida Oliveira (Campina Grande/PB)
O Abrigo, de Gustavo Camelo de Lima (Campina Grande/PB)
Temper Artes em Caiana dos Matias, de Paulo Ítalo Silva Araújo (Campina Grande/PB)

Foto: Divulgação.

30º Cine Ceará anuncia curtas e longas selecionados para a Mostra Olhar do Ceará

por: Cinevitor

noiteserestaolharcearaKatia Blander no curta Noite de Seresta, de Sávio Fernandes e Muniz Filho.

Foram anunciados nesta sexta-feira, 30/10, os filmes selecionados para a Mostra Olhar do Ceará, que faz parte da programação da 30ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema, que acontecerá entre os dias 5 e 11 de dezembro.

Entre longas e curtas foram 121 inscritos. Dentre os 26 selecionados, 30% têm direção de mulheres. Vale destacar que os longas da mostra serão exibidos presencialmente em Fortaleza e os curtas poderão ser conferidos pela TVC e pelo canal do festival no YouTube.

A seleção de curtas-metragens é, em sua maioria, composta por documentários e ficções, com dez produções de cada gênero; a lista se completa com um trabalho experimental e um drama com suspense. O melhor longa-metragem e o melhor curta da Mostra Olhar do Ceará, eleitos pelo júri oficial, recebem o Troféu Mucuripe.

Conheça os filmes da Mostra Olhar do Ceará 2020:

LONGAS-METRAGENS

Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso (CE)
Pajeú, de Pedro Diógenes (CE)
Rio de Vozes, de Andrea Santana e Jean-Pierre Duret (BA/PE)
Swingueira, de Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula (CE/BA)

CURTAS-METRAGENS

A Fome que Devora o Coração, de Raiane Ferreira
A Gaiola, de Jaildo Oliveira
A Retirante, de Débora Ingrid e Henrique Oliveira
Aqui é Flamengo, de Rafael Luís Azevedo
Aqui Entre Nós, de Alexia Holanda e Daniel Sobral
Cacau, de Ton Martins
Cidade Pacata, de Ezequias Andrade
Doce Veneno, de Waleska Santiago
Futebol para Todos, de Rafael Luís Azevedo
Luna e Sol, de Dado Fernandes
Movimento, de Lucas Tomaz Neves
Noite de Seresta, de Sávio Fernandes e Muniz Filho
O Prisma, de Augusto Cesar dos Santos
Pequenas Considerações sobre o Espaço-Tempo, de Michelline Helena
Plástico, de João Paulo Duarte
Quando Vier a Primavera, Se Eu Já Estiver Morto…, de Robson Lima
Santa Mãe, de Thiago Barbosa
Scelus, de Edmilson Filho
Ser Tão Nossa, de Antonio Fargoni
Sombra do Tempo, de Naiana Magalhães
Terceiro Dia, de Jéssica Queiroz
Todos Nós Moramos na Rua, de Marcus Antonius Melo

Foto: Divulgação.

Entrevista: Thomás Aquino e Rodrigo García falam sobre Curral, exibido na 44ª Mostra de São Paulo

por: Cinevitor

curral1mostraspThomás Aquino e Rodrigo García em cena.

Dirigido pelo cineasta pernambucano Marcelo Brennand, Curral faz parte da Mostra Brasil e da Competição Novos Diretores, dedicada a cineastas que realizam seu primeiro ou segundo longa-metragem, da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Exibido virtualmente na plataforma Mostra Play e também no Belas Artes Drive-in, o filme é um drama político que acontece no interior do Brasil, no município de Gravatá, em Pernambuco. Durante as eleições, a população se divide entre as cores azul e vermelho, que representam os partidos políticos e lutam pelo poder desde sempre. Devido a seca, a água é a principal moeda de troca.

Thomás Aquino interpreta Chico Caixa, um homem humilde recrutado por seu amigo de infância Joel, papel de Rodrigo García, candidato a vereador, para ajudar na conquista de votos em um importante bairro da cidade. Chico é o ponto central para situações que vão questionar os processos eleitorais no interior do Nordeste. O elenco ainda conta com José Dumont e Carla Salle.

Em 2007, o diretor filmou o premiado documentário Porta a Porta, onde acompanhou o passo a passo de candidatos a vereador da cidade de Gravatá, no interior de Pernambuco, e as estratégias dos seus cabos eleitorais para conquistar os votos da população. Inspirado na trajetória de sucesso do documentário, que foi lançado em 2011, Marcelo criou a história de seu primeiro longa de ficção.

A direção de fotografia é de Beto Martins; a direção de arte é assinada por Juliano Dornelles e o figurino por Rita Azevedo. O roteiro foi escrito por Brennand, ao lado de Fernando Honesko e Marcelo Muller.

Para falar mais sobre Curral, entrevistamos os atores Thomás Aquino e Rodrigo García por e-mail. Confira:

O filme chega à 44ª edição da Mostra em época de eleições, algo que é retratado no longa. Vocês acreditam que isso possa reverberar ainda mais no público, além da identificação imediata com o tema?

Thomás Aquino: Eu espero que sim. Acredito que muitas pessoas estão cansadas dessa velha política, desde os tempos mais remotos da história e de como ela foi construída para favorecer apenas alguns. Esses gritos fortes, que estão ficando cada vez mais fortes, são gritos políticos; de pessoas pretas, o grito feminista, o grito das pessoas LGBTQIA+. São gritos de quem já cansou de ficar calado para esse tipo de política velha e conservadora. Espero que o filme possa reverberar as emoções de cada um e que possa também ser uma bandeira promovida pela cultura, que ensina como ter e dar o livre arbítrio para que cada um possa movimentar e tentar constituir uma sociedade mais sólida e beneficente para todos. Vai gerar uma identificação, sim, e espero que isso possa movimentar e mover algo dentro de nós.

Rodrigo García: Isso estimula o público que gosta de ver um filme que condiz com o que acontece no momento. Porém, entendo que a pandemia reduziu bastante a ida aos cinemas. Por isso, achei tão importante o filme ser disponibilizado até o dia 4 de novembro dentro da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. As pessoas podem assistir pagando apenas seis reais pelo site.

curral2mostraspPolítica, corrupção e eleições em cena.

Os personagens são estereótipos muito conhecidos do público e vocês os retratam muito bem. Como foi a construção desses personagens?

Rodrigo García: Acredito que os personagens de Curral são completamente reais. Temos pessoas no nosso governo que me parecem muito mais caricaturas do que os personagens do filme. Na construção de Joel, tentei entender o que leva um político a agir de maneira errada. Quis entender quais são as doenças psicológicas que nos levam a errar. Quais são os problemas que carregamos da nossa História que acabaram sendo “normalizados”? Penso que o personagem é um bom exemplo de até onde podemos errar até sermos colocados perante a consciência de nossas doenças sociais.

Thomás Aquino: Foi muito bacana construir o Chico Caixa. Primeiro porque eu vi o Porta Porta [documentário do Marcelo] e vivendo na cidade de Gravatá para esse processo deu para conhecer o cabo eleitoral e como as pessoas se comunicam diante da política. Também estive na zona rural, local que ainda é bastante castigado, e na zona urbana. Minha experiência de vida também ajudou, pois vamos agregando todos os conhecimentos. Foi importante estar na cidade e vivenciar com aquelas pessoas, perceber como funciona o assentamento, ouvir aqueles que ali habitam e que sofrem os castigos determinados por essa velha política. Com isso, agreguei muitas emoções, muitos sentimentos e muitas características para esse personagem. Também procurei colocar as características da política ética, que é a temática do filme. Sempre tem o jeitinho brasileiro de fazer as coisas e sempre tem o movimento de corrupção. Esse personagem acaba tentando ajudar e, de uma certa maneira, acaba se atropelando em suas constituições éticas. Eu também trouxe a questão da cultura social: é mais um homem preto que está sendo explorado por essa categoria política branca. Vemos muito essa questão na atual conjuntura social que vivemos. Eu trouxe essa cultura conservadora, o machismo tóxico desses homens. O personagem vai percebendo aos poucos como se organizar nessa estrutura cultural que foi concebida através de um patriarcado cultural. Foi muito bacana absorver tudo isso, viver as coisas no dia a dia. Tudo isso me levou a dar credibilidade ao personagem.

Curral coloca nossa realidade na telona: a briga entre partidos, a corrupção, a compra de votos, as promessas, os discursos ilusórios. O próprio diretor, Marcelo Brennand, acompanhou de perto as eleições de Gravatá, no Pernambuco, em 2007. Como foi o processo de entrosamento entre a direção e elenco; no caso de retratar com naturalidade aqueles acontecimentos que inspiraram o diretor e os roteiristas?

Rodrigo García: René Guerra é dono de grande crédito quando elogiam o elenco do filme. Ele foi responsável pelos ensaios e ajudou nas construções dos personagens. Um ponto interessante de Curral foi a mistura do elenco de atores experientes com os atores que não haviam trabalhado nesta posição anteriormente. Tornando o filme muito mais dinâmico e realista. Pra mim, esta mistura sempre é bem-vinda.

Thomás Aquino: Conhecer Marcelo foi massa porque eu pude ver o quanto ele é empolgado e o quanto quer falar sobre arte. Então, a minha empolgação junto com a dele deu bons resultados. Ele me mostrou o documentário [Porta a Porta] e me mostrou o roteiro baseado nesse documentário. Ele também me apresentou uma pessoa que tinha visualizado como Caixa [o personagem] e depois falou que eu transcendi o Caixa que ele imaginava. Isso é muito bacana! Você estar no local, viver com as pessoas, estudar sobre a temática principal do filme; tudo isso vai gerar naturalidade nas personagens. Dissecamos o roteiro juntos, coletivamente, com os outros atores e atrizes. Foram muitas reuniões para entender o que aquele roteiro queria falar. Isso realmente faz com que os discursos que estão ali escritos se tornem crível na boca desses personagens. Fora que a política é isso: o que a gente vê, o que a gente tá acostumado; vários políticos colocando dinheiro em cueca, meia… é um descaso na cara da sociedade! Tem toda uma corrupção que acontece, que se mostra nos jornais, e as promessas de campanhas e os mandatos que não se cumprem. Todo esse descaso, que já é a realidade, a gente perpassa trazendo mais dessa naturalidade, infelizmente. Mas, como modificar isso? Como que a gente pode transcender como ser humano numa sociedade em relação a isso? Espero que Curral possa mostrar mais ainda, junto com as outras provas que existem por aí, o quão estamos à mostra de tudo que está acontecendo e o que podemos fazer em relação a isso para que não continue.

Entrevista e edição: Vitor Búrigo
Fotos: Daniela Nader.

44ª Mostra de São Paulo: conheça os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista

por: Cinevitor

valentinafinalistamostraspThiessa Woinbackk e Ronaldo Bonafro em Valentina, de Cássio Pereira dos Santos.

Foram anunciados nesta sexta-feira, 30/10, os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Durante a primeira semana, foram computados os votos do público dos filmes que participam da Competição Novos Diretores.

As obras mais bem votadas serão submetidas ao júri desta edição, que avaliará e escolherá os longas vencedores do Troféu Bandeira Paulista, uma criação da artista plástica Tomie Ohtake, na categoria de melhor filme; os jurados também podem premiar obras em outras categorias.

O júri deste ano é formado por: Cristina Amaral, uma das principais e mais importantes montadoras do país; Felipe Hirsch, diretor, dramaturgo, cenógrafo e produtor de teatro; e Sara Silveira, nome fundamental da produção cinematográfica brasileira e homenageada desta edição com o Prêmio Leon Cakoff.

Além disso, a Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, também realiza uma premiação que escolhe o melhor filme brasileiro entre os diretores estreantes e, nesta edição, a tarefa está a cargo dos jornalistas e críticos Ela Bittencourt, Francisco Carbone e Juliana Costa, que formam o júri do Prêmio Abraccine. A imprensa também concede o Prêmio da Crítica e o público escolhe seus preferidos nos gêneros ficção e documentário.

Os vencedores serão anunciados no dia 4 de novembro, durante a cerimônia de encerramento da 44ª Mostra, que ocorrerá às 20h, no palco da área externa do Auditório Ibirapuera, antecedendo a exibição do filme de encerramento.

Conheça os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista 2020 da Mostra de São Paulo:

17 Quadras, de Davy Rothbart (EUA)
Al-Shafaq – Quando o Céu se Divide, de Esen Isik (Suíça)
Casulo, de Leonie Krippendorff (Alemanha)
Chico Rei Entre Nós, de Joyce Prado (Brasil)
De Volta para Casa – Marina Abramovic e Seus Filhos, de Boris Miljkovic (Sérvia)
Eyimofe (Esse é o Meu Desejo), de Arie Esiri e Chuko Esiri (Nigéria)
Feels Good Man, de Arthur Jones (EUA)
Filho de Boi, de Haroldo Borges (Brasil)
Josep, de Aurel (França/Espanha/Bélgica)
Mãe de Aluguel, de Jeremy Hersh (EUA)
Mar de Dentro, de Dainara Toffoli (Brasil)
Mosquito, de João Nuno Pinto (Portugal/Brasil/França)
O Livro dos Prazeres, de Marcela Lordy (Brasil/Argentina)
Problemas com a Natureza, de Illum Jacobi (Dinamarca/França)
Valentina, de Cássio Pereira dos Santos (Brasil)

Foto: Leonardo Feliciano.

O Século 20

por: Cinevitor

seculo20poster1The 20th Century

Direção: Matthew Rankin

Elenco: Dan Beirne, Sarianne Cormier, Catherine St-Laurent, Mikhaïl Ahooja, Brent Skagford, Seán Cullen, Louis Negin, Kee Chan, Trevor Anderson, Emmanuel Schwartz, Richard Jutras, Satine Scarlett Montaz, Charlotte Legault, Marc Ducusin, Jadyn Malone, Raynnie Platz, Brandon Lising, Élia St-Pierre.

Ano: 2019

Sinopse: Toronto, 1899. O jovem aspirante a político Mackenzie King sonha em se tornar o primeiro-ministro do Canadá. Em sua jornada na busca pelo poder, ele enfrentará a mãe controladora, um governador-geral belicista e o idealismo utópico de um místico quebequense. Enquanto isso, King se divide entre o amor de uma soldado britânica e uma enfermeira franco-canadense e, aos poucos, entrega-se a um fetiche obsessivo por calçados femininos. Quando sua corrida pela liderança do país culminar em um confronto épico entre o bem e o mal, King aprenderá que a decepção pode ser a única maneira de sobreviver ao século 20.

Crítica: A comédia dramática O Século 20, dirigida pelo cineasta canadense Matthew Rankin, passou pela mostra Forum do Festival de Berlim e recebeu o Prêmio da FIPRESCI, Federação Internacional de Críticos de Cinema. Também foi consagrada em Toronto e Vancouver e venceu em três categorias do Canadian Screen Awards. Com um roteiro criativo, assinado por Rankin, a trama beira o nonsense e traz toques surrealistas para sua narrativa. Tudo se passa em 1899, quando um jovem chamado Mackenzie King, interpretado por Dan Beirne, busca alcançar seu maior objetivo de vida: se tornar o primeiro-ministro do Canadá. As peripécias para conseguir tal cargo rendem momentos hilários no filme, como um concurso que testa o poder de liderança de seus candidatos em provas sem cabimento algum, como: luta de pernas, resistência à cócegas, aptidão para cortar decentemente uma fita de inauguração, entre outros absurdos inúteis. Nessa disputa, há espaço também para um jogo de ego e vaidade; algo que remete, imediatamente, aos ultrapassados concursos de Miss. É notório o deboche do diretor ao retratar tais situações insignificantes com a intenção de construir uma crítica social às escolhas de governantes que chegam ao poder. A maneira como se apresenta visualmente talvez seja o que mais chama a atenção nesse filme. O impecável design de produção, assinado por Dany Boivin, traz traços futuristas mas, ao mesmo tempo, imprime uma tendência retrô, que dialoga perfeitamente com a narrativa. Cenários com traços retos e triangulares, que valorizam as formas, as cores e as texturas, remetem instantaneamente ao abstrato. Ou seja, não faltam referências em O Século 20, tanto na direção de arte quanto na trama e em outros elementos: a começar pelo surrealismo abstrato, passando brevemente por um Salvador Dalí mais onírico; encenações teatrais em algumas situações; um toque de Fellini; recriações de figurinos, como o clássico corselete cônico de Jean Paul Gaultier para Madonna; personagens mais excêntricos originais de tantos outros filmes, entre eles, O Mágico de Oz; entre outras. Mesmo criando uma atmosfera extravagante, Rankin não deixa de evidenciar os bastidores de uma típica guerra política, repleta de marionetes do governo envoltos em uma insana concorrência partidária. Dividido em capítulos temáticos, como A Ternura Nacional, Bênção da Mãe e O Vício Solitário, o longa não perde o humor, mas fala também de ganância e decadência, satiriza situações de falsa bondade e dá espaço para o amor. Há ainda mais momentos cômicos quando Mackenzie King se apaixona; e também quando divide a cena com os pais nada tradicionais. O Século 20 funciona por proporcionar uma divertida miscelânea de acontecimentos e referências com doses de humor sem cair no clichê estereotipado e sem deixar de destacar questões políticas, sociais e econômicas com críticas bem construídas e inseridas com graça. (Vitor Búrigo)

*Filme visto na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Nota do CINEVITOR:

nota-4-estrelas

Walden

por: Cinevitor

waldenposter1Direção: Bojena Horackova

Elenco: Fabienne Babe, Ina Marija Bartaité, Andrzej Chyra, Laurynas Jurgelis, Mantas Janciauskas, Nele Savicenko, Povilas Budrys, Eleonoras Koriznaite, Sharunas Bartas, Darius Gumauskas, Auguste Dudutyte, Lyja Maknaviciute, Martynas Alisauskas, Lukas Malinauskas, Karolis Vilkas, Domante Dududyte, Laimutis Sedzhius, Paulius Paulionis, Darius Badikonis, Egidijus Civilis, Robertas Odavas.

Ano: 2020

Sinopse: Depois de 30 anos de exílio em Paris, Jana viaja de volta a Vilnius, capital da Lituânia. Ela quer ver novamente o lago que Paulius, seu primeiro amor, chamava de Walden. O filme é um conto da juventude lituana antes da queda do comunismo. Entre as primeiras descobertas e o mercado negro estão os sonhos de liberdade e de partida para o Ocidente.

*Filme visto na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Nota do CINEVITOR:

nota-2,5-estrelas

Sem Ressentimentos

por: Cinevitor

semressentimentosposter1Futur Drei

Direção: Faraz Shariat

Elenco: Benny Radjaipour, Banafshe Hourmazdi, Eidin Jalali, Knut Berger, Niels Bormann, Katarina Gaub, Hadi Khanjanpour, Vanessa Loibl, Paul Lux, Sevil Mokhtare, Abak Safaei-Rad, Jürgen Vogel, Armin Wahedi Yeganeh, Maryam Zaree, Mashid, Nasser, Ali Alik, Mark Tumba, Zabi Tajik, Massoud Raeisi, Eli Levy, Pamir Toryakhil, Mohamed Alik, Qassem Bibo, Amir021, Dilara Altincekic, Nadiah Riebensahm.

Ano: 2020

Sinopse: Na noite de seu aniversário, Parvis rouba uma garrafa de bebida em uma danceteria. Porém, ele acaba pego e, como é filho de iranianos exilados, é obrigado a fazer trabalhos comunitários em um centro de refugiados na Saxônia, Alemanha, onde vive. Lá, ele se apaixona por Amon, que fugiu do Irã com a irmã, Banafshe. Juntos, os três curtem um verão com noites sem fim, primeiros amores, a força a juventude; e a percepção de que nenhum deles se sente plenamente em casa na Alemanha. Em um filme semi biográfico, o realizador oferece uma visão sensível sobre imigrantes em terras alemãs.

Crítica: Vencedor do principal prêmio no Teddy Award, premiação que elege os melhores filmes com temática LGBT do Festival de Berlim, o alemão Sem Ressentimentos marca a estreia do cineasta Faraz Shariat na direção de um longa-metragem. Embalado por uma trilha sonora eletrizante, que permeia muito bem o desenrolar da trama, o filme apresenta as aventuras de três amigos durante o verão. Fala-se de descobertas, paixões, medos e responsabilidades. E também sobre preconceito e aceitação. Enquanto Parvis se apaixona por Amon, irmão de sua amiga Banafshe, há também uma questão importante que aparece como pano de fundo: todos eles não pertencem àquele lugar. Shariat, que assina o roteiro ao lado de Paulina Lorenz e Jan Künemund, evidencia a questão dos refugiados na Alemanha e trata também das angústias em relação à uma suposta deportação, que pode acontecer a qualquer momento. Mais do que mostrar a paixão entre os dois jovens, que domina a narrativa com cenas que retratam tudo que um relacionamento tem direito (o frio na barriga, os conflitos internos, a paixão e a entrega de corpo e alma), o diretor escolhe dividir o foco de sua história com o medo que ronda seus protagonistas sobre um futuro próximo nada satisfatório: a volta para casa e perder a liberdade de ser quem você é. Com toques de Xavier Dolan, Sem Ressentimentos se mostra ainda mais interessante ao retratar relações homoafetivas sem cair no clichê melodramático. Claro que há momentos vistos com frequência em filmes desta temática, como a homofobia, mas que são necessários que estejam ali pois refletem a cruel realidade que impera a sociedade. Porém, é por meio do amor que existe entre seus personagens que o longa encontra seu lugar de fala para passar uma mensagem importante sobre liberdade de expressão, preconceito étnico-racial, desigualdade social e minorias. (Vitor Búrigo)

*Filme visto na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Nota do CINEVITOR:

nota-4-estrelas

De Perto Ela Não é Normal

por: Cinevitor

depertoelanaoenormalposterDireção: Cininha de Paula

Elenco: Suzana Pires, Marcelo Serrado, Cristina Pereira, Angélica Ksyvickis Huck, Camila Amado, Ricardo Pereira, Gaby Amarantos, Ivete Sangalo, Marcos Caruso, Anna Lima, Samantha Schmütz, Heloisa Périssé, Orlando Drummond, Henri Castelli, Maria Clara Gueiros, Otaviano Costa, Sarajane, Jane di Castro, Maria Clara Spinelli, Daniel Barbosa, Mateus Pato, Samyr Moreira, Leticia Karneiro, Beto Bardawil, Leo Fuchs, Alex Slama, Elvis Moreira, Gominho, Amanda Maia, Livia Garcia, Renan dos Reis Dias, Saulo Rodrigues, Pedro Lima, Izak Dahora, Sylvio Senges, Marlon Neves, Lívia Bravo, Júlia Bravo, Raul Bavia, Renata Brás, Julio Oliveto, Rebecca Solter, Vinicius Mattar, Roberta Vaz, Júlio Braga, Tatianna Trinxet, Renata Ghelli, Yane Marques, Kyara Jacob, Pablo Morais, Tulio Schuelter, Rafael Cupello, Tame Uemura, Joao Marcelo de Martino, Lara Saad, João Bravo, Lara Fróes, Mei Goya, Alice Arruda, Pedro Guilherme, Karolina Albertassi, Karina Marthin, Luana Xavier, Chan Suan, Alice Gigliotti.

Ano: 2020

Sinopse: Aos 40 e poucos anos, Suzie tem exatamente a vida tradicional que sua mãe, Neide, sonhou pra ela. Com duas filhas crescidas, Suzie é casada com seu amor de infância, Pedrinho, um homem preguiçoso e sem opinião própria manipulado pela mãe, a rabugenta Dora, que mora com eles. Sentindo-se infeliz num casamento monótono e pressionada por tudo e por todos, Suzie não consegue mais se enxergar como a menina sensível e criativa que foi na infância. Quando reencontra sua Tia Suely, uma mulher livre e decidida, ela resolve dar uma guinada na vida e encara uma jornada em busca de si mesma. Baseado na peça homônima escrita por Suzana Pires.

Nota do CINEVITOR:

nota-1-estrelas

Filmes brasileiros se destacam na programação da 44ª Mostra de São Paulo

por: Cinevitor

verlustmostraspMarina Lima e Andrea Beltrão em Verlust, de Esmir Filho.

Neste ano, a 44ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que acontece em formato on-line, exibirá mais de 30 filmes brasileiros, entre longas-metragens premiados, títulos de diretores consagrados e obras de diretores estreantes.

Filmes produzidos em 2020 e ainda inéditos em São Paulo compõem a seção Mostra Brasil. As obras de diretores estreantes, que exibem seus primeiros ou segundos filmes, estão na seção Competição Novos Diretores. Os títulos de ambas as seções concorrem ao prêmio oferecido pelo Projeto Paradiso, uma iniciativa do Instituto Olga Rabinovich.

A seleção nacional traz títulos que foram exibidos em diversos festivais, como: Cidade Pássaro, de Matias Mariani, que fez parte da mostra Panorama de Berlim; Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria, que participou dos festivais de Cannes, San Sebastián e Toronto; Filho de Boi, de Haroldo Borges, exibido no Festival de Busan, na Coreia do Sul, e premiado no Festival de Málaga; Mulher Oceano, de Djin Sganzerla, que levou o prêmio de melhor longa-metragem na Competição Internacional do Porto Femme International Film Festival e também foi selecionado para o Providence Latin American Film Festival; Um Dia com Jerusa, de Viviane Ferreira, grande vencedor do Festival de Cinema de Caruaru e exibido na Mostra de Cinema de Tiradentes; Valentina, de Cássio Pereira dos Santos, que rendeu o prêmio de melhor interpretação para Thiessa Woinbackk no Outfest Los Angeles LGBTQ Film Festival; Êxtase, de Moara Passoni, que integrou a seleção do CPH:DOX, Festival Internacional de Documentários de Copenhagen; e Irmã, de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes, exibido na mostra Generation do Festival de Berlim.

valentinamostraspThiessa Woinbackk em Valentina, de Cássio Pereira dos Santos.

Filmes inéditos de ficção ganham destaque entre os títulos brasileiros, como: o pernambucano Curral, de Marcelo Brennand, com Thomás Aquino e Rodrigo García, que se passa durante as eleições em um município do interior; Dente por Dente, de Julio Taubkin e Pedro Arantes, com Juliano Cazarré, Paolla Oliveira e Renata Sorrah; a animação O Pergaminho Vermelho, de Nelson Botter Jr; o drama político #eagoraoque, de Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald; O Livro dos Prazeres, de Marcela Lordy, uma livre adaptação da obra Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector, com Simone Spoladore; Verlust, de Esmir Filho, baseado no livro homônimo de Ismael Caneppele, com Andrea Beltrão e Marina Lima; As Órbitas da Água, de Frederico Machado, com Antonio Saboia e Rejane Arruda; Lamaçal, de Franco Verdoia, uma coprodução com a Argentina; o drama Mar de Dentro, de Dainara Toffoli, com Monica Iozzi; e O Lodo, de Helvécio Ratton, com Eduardo Moreira, Renato Parara e Inês Peixoto.

A lista apresenta também filmes que estarão disponíveis gratuitamente na plataforma Sesc Digital, como: os documentários Cracolândia, de Edu Felistoque, e Sobradinho, de Marília Hughes e Cláudio Marques; e Luz Acesa, de Guilherme Coelho. E na Spcine Play: os documentários La Planta, de Beto Brant, e Candango: Memórias do Festival, de Lino Meireles, sobre a trajetória do Festival de Brasília e exibido no LABRFF, Los Angeles Brazilian Film Festival.

O cineasta baiano Fernando Coni Campos ganha homenagem póstuma nesta edição do evento com a apresentação especial de três de seus sete longas-metragens, todos exibidos na plataforma Sesc Digital: Viagem ao Fim do Mundo (1968), vencedor do Leopardo de Prata no Festival de Locarno; O Mágico e o Delegado, melhor filme no Festival de Brasília, em 1983; e Ladrões de Cinema (1977). A Mostra proporciona uma rara oportunidade de revisitar o universo desse autor original e originário do Recôncavo Baiano.

dentepordentemostraspJuliano Cazarré em Dente por Dente, de Julio Taubkin e Pedro Arantes.

Além dos já citados, outros documentários completam a seleção brasileira, entre eles: Ana. Sem Título, de Lúcia Murat, que mistura ficção e traz Roberta Estrela D’Alva no elenco com depoimentos sobre a realidade de mulheres latino-americanas que viveram durante a ditadura; Chico Rei Entre Nós, de Joyce Prado, sobre um rei congolês escravizado que lutou pela liberdade durante o Ciclo do Ouro em Minas Gerais; Entre Nós, Um Segredo, de Beatriz Seigner e Toumani Kouyaté; Glauber, Claro, de César Meneghetti, sobre o cineasta Glauber Rocha e os tempos de exílio na Itália; Nas Asas da Pan Am, de Silvio Tendler, uma autobiografia do diretor; Nheengatu, de José Barahona; Samba de Santo – Resistência Afro-Baiana, de Betão Aguiar, sobre três blocos de Carnaval (Ilê Aiyê, Cortejo Afro e Bankoma) nascidos em terreiros de candomblé na Bahia; Tentehar – Arquitetura do Sensível, de Paloma Rocha; Todas as Melodias, de Marco Abujamra, que narra a vida e obra de um dos maiores artistas da música nacional, Luiz Melodia; Xeque-Mate, de Bruna Piantino, uma coprodução com Uruguai sobre a legalização da cannabis; entre outros.

Por conta do Prêmio Leon Cakoff, que será entregue à produtora Sara Silveira, a Mostra irá exibir, em sua homenagem, sua mais recente produção, o longa Todos os Mortos, de Marco Dutra e Caetano Gotardo, no CineSesc Drive-in (unidade Sesc Parque Dom Pedro II) no dia 2 de novembro, onde a produtora receberá o prêmio. O filme disputou o Urso de Ouro no Festival de Berlim deste ano, foi exibido em San Sebastián, no IndieLisboa e premiado no Festival de Gramado.

Confira a lista completa com os filmes brasileiros da 44ª Mostra de São Paulo:

#eagoraoque, de Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald
Ana. Sem Título, de Lúcia Murat (Brasil/Argentina)
As Órbitas da Água, de Frederico Machado
Candango: Memórias do Festival, de Lino Meireles
Casa de Antiguidades
, de João Paulo Miranda Maria
Chico Rei Entre Nós, de Joyce Prado
Cidade Pássaro, de Matias Mariani (Brasil/França)
Cracolândia, de Edu Felistoque
Curral, de Marcelo Brennand
Dente por Dente, de Julio Taubkin e Pedro Arantes
Entre Nós, Um Segredo, de Beatriz Seigner e Toumani Kouyaté (Brasil/México/Burkina Faso)
Êxtase, de Moara Passoni
Filho de Boi, de Haroldo Borges
Glauber, Claro, de César Meneghetti
Irmã, de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes
Xeque-Mate (Jaque Mate), de Bruna Piantino (Brasil/Uruguai)
La Planta, de Beto Brant
Ladrões de Cinema, de Fernando Coni Campos
Lamaçal, de Franco Verdoia (Brasil/Argentina)
Luz Acesa, de Guilherme Coelho
Mar de Dentro, de Dainara Toffoli
Mulher Oceano, de Djin Sganzerla (Brasil/Japão)
O Mágico e o Delegado, de Fernando Coni Campos
Nas Asas da Pan Am, de Silvio Tendler
Nheengatu, de José Barahona (Brasil/Portugal)
O Livro dos Prazeres, de Marcela Lordy (Brasil/Argentina)
O Lodo, de Helvécio Ratton
O Pergaminho Vermelho, de Nelson Botter Jr
Samba de Santo – Resistência Afro-Baiana, de Betão Aguiar
Sobradinho, de Marília Hughes e Cláudio Marques
Tentehar – Arquitetura do Sensível, de Paloma Rocha
Todas as Melodias, de Marco Abujamra
Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra (Brasil/França)
Um Dia com Jerusa, de Viviane Ferreira
Valentina, de Cássio Pereira dos Santos
Verlust, de Esmir Filho (Brasil/Uruguai)
Viagem ao Fim do Mundo, de Fernando Coni Campos

Fotos: Divulgação.