Morreu nesta segunda-feira, 07/08, aos 87 anos, em Los Angeles, o consagrado cineasta estadunidense William Friedkin. A informação foi confirmada por sua esposa, Sherry Lansing; a causa da morte foi insuficiência cardíaca e pneumonia.
Conhecido mundialmente pelo clássico O Exorcista, lançado em 1973, Friedkin começou sua carreira artística na década de 1960 quando fez parte de um movimento chamado Nova Hollywood, formado por jovens cineastas que dominavam cinematografias nacionais desde o pós-guerra e criaram um cinema americano moderno.
Nascido em Chicago, em 1935, filho de um casal de imigrantes judeus vindos da Ucrânia, foi trabalhar em uma rede de televisão local depois de terminar o colégio. Lá, dirigiu alguns documentários televisivos, como The People vs. Paul Crump, sobre um detento no corredor da morte acusado de roubo e assassinato, The Bold Men, além de um episódio de The Alfred Hitchcock Hour.
Em 1967, lançou seu primeiro longa-metragem: a comédia musical Good Times com Cher no elenco. Depois disso, realizou Feliz Aniversário, baseado na peça homônima de Harold Pinter, Quando o Strip-Tease Começou e Os Rapazes da Banda, que rendeu uma indicação no Globo de Ouro para Kenneth Nelson. Já em 1971, ganha destaque com Operação França, trabalho que elevou o patamar de sua carreira. O drama policial venceu cinco estatuetas douradas no Oscar, entre elas, melhor filme e melhor direção para Friedkin; e lhe rendeu também um prêmio no DGA Awards, do Sindicato dos Diretores.
Foi em 1973 que William Friedkin começou a ser visto como um dos mais importantes diretores americanos de sua época. Tudo por conta do lançamento de O Exorcista, com Ellen Burstyn no elenco, filme icônico e fenômeno cultural que modernizou o gênero e alterou o rumo das produções de terror. A obra tornou-se um dos maiores sucessos de bilheteria da história do cinema e se destacou em diversas premiações: no Oscar levou a estatueta de melhor roteiro e melhor som; no Globo de Ouro foi consagrado nas categorias de melhor filme dramático, direção, atriz coadjuvante para Linda Blair e roteiro para William Peter Blatty. Também foi indicado ao BAFTA e exibido no Festival de Veneza.
No set de O Exorcista com a atriz Linda Blair
Depois disso, em 1977 dirigiu O Comboio do Medo, segunda adaptação cinematográfica do romance Le Salaire de la Peur, de Georges Arnaud, que foi indicado ao Oscar de melhor som. Sua filmografia segue com Um Golpe Muito Louco, indicado ao Oscar de melhor direção de arte; Parceiros da Noite, com Al Pacino e Paul Sorvino no elenco; Viver e Morrer em Los Angeles, um clássico policial; Síndrome do Mal, A Árvore da Maldição, Jogando as Fichas Fora, o videoclipe Somewhere de Barbra Streisand, entre outros.
Na sequência, dirigiu outros longas-metragens, como: Jade (1995), Regras do Jogo (2000) e Caçado (2003). Nesse período, conciliou seu trabalho no cinema com a direção de episódios de séries e filmes para a TV, como uma nova versão de 12 Homens e Uma Sentença (1997), refilmagem do clássico homônimo de Sidney Lumet, que lhe rendeu uma indicação ao Emmy. Em 2006, exibiu Possuídos na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes e recebeu o Prêmio FIPRESCI.
Em 2011, com Killer Joe: Matador de Aluguel disputou o Leão de Ouro no Festival de Veneza; o filme, com Matthew McConaughey, Emile Hirsch e Juno Temple no elenco, foi indicado ao Spirit Awards e exibido no Festival de Munique. Em 2017, lançou O Diabo e o Padre Amorth (The Devil and Father Amorth), que fez parte da programação do Festival do Rio e de Veneza.
Ao longo dos anos, Friedkin se destacou em diversos festivais ao redor do mundo. Em 2016, foi homenageado na 40ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo com o Prêmio Leon Cakoff; em 2013 recebeu o Leão de Ouro honorário no Festival de Veneza. Também recebeu honrarias pela carreira no Sitges Film Festival, Karlovy Vary International Film Festival, Festival de Oldenburg, Festival de Munique, entre outros. Em 1997, ganhou uma estrela na Calçada da Fama e em 2009 foi consagrado com o Leopardo de Honra no Festival de Locarno.
Seu próximo trabalho, o inédito The Caine Mutiny Court-Martial será exibido fora de competição no Festival de Veneza deste ano. Com roteiro de Herman Wouk, o longa conta com Kiefer Sutherland, Jason Clarke e Jake Lacy no elenco.
Fotos: Divulgação/Pascal Le Segretain/Getty Images.