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O Auto da Compadecida 2: começam as filmagens com Matheus Nachtergaele e Selton Mello

por: Cinevitor
A primeira foto da dupla caracterizada

A divertida amizade entre Chicó, interpretado por Selton Mello, e João Grilo, vivido por Matheus Nachtergaele, começa a ser filmada no próximo domingo, 20 de agosto. O Auto da Compadecida 2 é uma aventura que renova a já clássica adaptação da peça teatral do paraibano Ariano Suassuna, que foi dirigida para o cinema pelo pernambucano Guel Arraes e lançada no ano 2000.

Com estreia prevista para o ano que vem, o novo filme segue com Guel Arraes na direção, desta vez ao lado de Flávia Lacerda, e conta com a produção da Conspiração e da H2O Films, que também fará a distribuição. Quase 25 anos depois do estrondoso sucesso de O Auto da Compadecida, no cinema e na TV, a sequência reflete o prazer em ser brasileiro, um sentimento perdido por parte da sociedade nos últimos anos, como comenta o diretor: “Achamos interessante fazer um filme sobre amizade neste momento do Brasil”. Os diretores encontraram uma brecha durante os ensaios para gravar um vídeo especial para falar sobre a produção; clique aqui e assista.
 
Para Guel Arraes, o maior desafio da continuação foi o novo roteiro, uma história original, construída a partir de alguns personagens da peça O Auto da Compadecida. O roteiro é também assinado por João Falcão com a colaboração de Adriana Falcão e Jorge Furtado: “Não se passaram 25 anos somente na vida real, mas na própria narrativa fictícia. Mesmo que seja um filme de época, temos que falar de assuntos de hoje, assim como Ariano foi extremamente atual em 1955 ao escrever sobre a religião e a sobrevivência dos mais pobres”, disse Guel.
 
O reencontro de Chicó e João Grilo vem atualizado, com a aprovação e a bênção da família de Ariano. Como Flávia Lacerda reflete: “Nesses 25 anos, a história amadureceu, os atores amadureceram, os personagens amadureceram. Então, o público vai perceber que o novo filme tem muito mais camadas e temas”. Dessa maneira, O Auto 2 ganhou reforços de peso no elenco, como a já anunciada Taís Araujo interpretando Nossa Senhora: “A gente precisava dar uma virada no que significava a Compadecida nessa nova versão, e Taís encaixou perfeitamente”, comentou a diretora. 
 
Outras novidades são Eduardo Sterblitch no papel de Arlindo, um comerciante e radialista poderoso; Humberto Martins como Coronel Ernani; Fabiula Nascimento como Clarabela; Luis Miranda como Antônio do Amor; Juliano Cazarré como Omar; Luellem de Castro como Iracema; e Virginia Cavendish, que permanece como a icônica personagem Rosinha, e Enrique Diaz, que dará vida mais uma vez a Joaquim Brejeiro
 
As escolhas estéticas da direção também se modernizaram. Assim como a obra de Ariano é extremamente visual, a escolha dos diretores para a nova versão é levar o universo de Suassuna de forma ainda mais fabular para as telonas: “O cinema andou, a tecnologia andou, então a gente tem a possibilidade de trazer um Nordeste ainda mais encantador”, pontua Guel. A produção virtual vai recriar a cidade de Taperoá nos anos 1950, 25 anos depois da história original.

Mas a essência dos personagens e do mundo ao mesmo tempo real e farsesco criado por Ariano Suassuna permanecem intactas. Ou melhor, vão ganhar ainda mais força por causa do reencontro dessa amizade e do reencontro dos criadores do filme original tanto tempo depois, como comenta Virginia Cavendish: “As pessoas estão muito curiosas com o que aconteceu com o casal Rosinha e Chicó e acho que a história vai surpreender a todos. Na nova versão, a Rosinha virou uma mulher avançada para época”. E Selton Mello celebra: “Fazer o Chicó de novo é uma emoção gigante, que nunca imaginei reviver. Nosso time é de craques, faremos ‘O Auto 2’ à altura da grandeza do nosso filme do peito e celebrando a memória de Ariano Suassuna. O Brasil esperava e merecia este presente”.
 
Para Matheus Nachtergaele, o envelhecimento dos personagens provoca algumas mudanças em seus arquétipos, mas a trama não perde a delicadeza: “Há uma homenagem ao primeiro, muita coisa vai ser revisitada e o público quer isso, mas há novidades. Éramos trintões, jovens atores, agora somos cinquentões. No que isso vai atingir e transformar os personagens, não sei, mas alguma coisa deve acontecer. O novo roteiro é muito bonito”.

Para entrar no clima do novo filme, assista também (clique aqui) ao nosso programa especial gravado em Cabaceiras, na Paraíba, cidade que serviu de locação para O Auto da Compadecida, em 2000.

Foto: Laura Campanella.

CINEVITOR #441: Entrevista com Vera Holtz | Tia Virgínia | 51º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
Vera Holtz no tapete vermelho do Festival de Gramado

Dirigido e escrito por Fabio Meira, do premiado As Duas Irenes, o longa-metragem Tia Virgínia foi exibido no domingo, 13/08, em competição, na 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado.

Na trama, Vera Holtz dá vida à personagem título, uma mulher de 70 anos, que nunca se casou ou teve filhos. Foi convencida pelas irmãs Vanda e Valquíria, interpretadas por Arlete Salles e Louise Cardoso, a deixar a vida que tinha para cuidar da mãe idosa. O filme se passa em um único dia quando Virgínia se prepara para receber as irmãs, que viajam para celebrar o Natal em família. 

Com produção da Roseira Filmes e da Kinossaurus, produtora de Ruy Guerra e de Janaina Diniz Guerra, a distribuição é da Elo Studios. A direção de fotografia é de Leonardo Feliciano; Ana Mara Abreu assina a direção de arte e o figurino é de Rô Nascimento. Cesar Camargo Mariano é o responsável pela música original. O elenco conta também com Antonio Pitanga, Vera Valdez, Amanda Lyra, Daniela Fontan e Iuri Saraiva

Para falar mais sobre o filme, conversamos com a protagonista Vera Holtz no dia seguinte à exibição. A atriz falou sobre sua personagem, reação do público no Palácio dos Festivais, encontros familiares, entrosamento do elenco e direção, bastidores, rotina de filmagem, entre outros assuntos.

Aperte o play e confira:

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Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto.

Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini apresentam Uma Família Feliz no 51º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
Diretor e protagonistas no tapete vermelho

O tapete vermelho da 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado desta quarta-feira, 16/08, causou alvoroço com a presença de Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini, que chegaram ao evento para a estreia de Uma Família Feliz, novo filme de José Eduardo Belmonte.

Exibido em competição, o thriller psicológico, rodado em Curitiba, no Paraná, é o 15º longa da carreira do diretor. Na trama, Grazi é Eva, uma mulher acusada pela sociedade de ser a principal suspeita dos estranhos acontecimentos que envolvem suas duas filhas gêmeas e seu filho recém-nascido. Para provar sua inocência e ter seu marido, interpretado por Gianecchini, e sua família feliz de volta, ela começa a investigar a situação.  

No palco do Palácio dos Festivais, Belmonte subiu ao lado de vários integrantes da equipe e discursou: “Eu admiro esse festival há muito tempo desde quando era estudante de cinema. Hoje é um dia de reencontro com essa equipe incrível. Agradeço também ao festival por ter acolhido um filme de gênero, que mostra a diversidade da produção brasileira. É um thriller intenso que traz um pouco do horror que nasce em nosso cotidiano, dentro de casa e da gente”.

Uma Família Feliz marca o reencontro entre o diretor e a atriz Grazi Massafera nas telonas depois de Billi Pig, lançado comercialmente em 2012: “É minha primeira vez no Festival de Gramado. Obrigada, Zé, por abrir mais uma vez as portas do cinema para mim. Sou de televisão e estou nessa função há um tempo. Aqui, é um espaço muito importante que renova meu desejo de atuar. Eva, minha personagem, é fenomenal, cheia de camadas, sutilezas. O Zé me deixou quase louca… no bom sentido da criatividade. A personagem é racional com uma grande parte intuitiva”, disse a protagonista no palco.

Reynaldo Gianecchini também discursou: “Eu adoro esse festival, que é uma celebração do audiovisual. O cinema é magia e é algo que eu fiz pouco. Então, é sempre especial. Além disso, esse time é demais! Foi um processo intenso e delicioso. Belmonte nos colocou fora da zona de conforto”. O autor Raphael Montes, que assina o roteiro e também estreia como diretor assistente, disse: “Estou emocionado por estar aqui. Venho da literatura e escrevo histórias de suspense. Há sete anos tive a ideia de fazer esse filme, um suspense psicológico”.

A equipe do filme no tapete vermelho

No dia seguinte à exibição, a equipe do filme, que será lançado comercialmente no primeiro semestre de 2024, participou de um debate com a imprensa e com o público, que foi realizado na Sociedade Recreio Gramadense e mediado pelo jornalista Roger Lerina: “Eu comecei nessa carreira sem saber o que estava fazendo, mas sempre me dediquei e estudei. Hoje, acredito que posso fazer outro tipo de interpretação e me jogar no escuro. Já trabalhei por dinheiro e por vaidade. Hoje, trabalho por prazer”, disse Grazi Massafera.

A atriz também falou sobre sua entrega: “É uma personagem feita em grupo. O olhar do outro constrói essa mulher. Eu gosto de conquistar a empatia do público e isso é muito importante para TV. No caso da Eva, era ao contrário. Eu não podia estar tão disposta a defendê-la. É sentir tudo e esconder o que está sentindo o tempo inteiro. Meu maior desafio foi deixar as pistas e ao mesmo tempo se colocar nesse lugar de condenada ou não”. Uma Família Feliz é produzido pela Barry Company, coproduzido pela Globo Filmes e pelo Telecine e tem distribuição da Pandora Filmes

Ainda na noite de quarta-feira, também foram exibidos os curtas-metragens Pássaro Memória, de Leonardo Martinelli, e Casa de Bonecas, de George Pedrosa; além do longa documental Roberto Farias: Memórias de um Cineasta, de Marise Farias.

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Fotos: Edison Vara e Cleiton Thiele/Agência Pressphoto.

Fale Comigo

por: Cinevitor

Talk to Me

Direção: Danny Philippou, Michael Philippou

Elenco: Sophie Wilde, Miranda Otto, Alexandra Jensen, Joe Bird, Otis Dhanji, Marcus Johnson, Ari McCarthy, Hamish Phillips, Kit Erhart-Bruce, Sarah Brokensha, Jayden Davison, Sunny Johnson, Kidaan Zelleke, James Oliver, Jett Gazley, Helene Philippou, Jude Turner, Zoe Terakes, Chris Alosio, Jess Kuss, Demi Van Kasteren, Joe Romeo, Alex Noel McCarthy, Leeanna Walsman, Alexandria Steffensen, Cass Cumerford, Jacek Koman, Catherine Purling, Alice Scheid, Anita Kimber, Daniel Pitt, Jason Moore, Sarah Baber, Mark Duncan, Ella Fenwick, Michael Harpas, Nikolas Gelios, Todd Gray, Tegan Nottle, Ognjen Trisic.

Ano: 2022

Sinopse: Um grupo de jovens descobre como invocar espíritos usando uma mão embalsamada. Procurando uma forma de se comunicar com a mãe morta, Mia se reúne com os amigos para mais uma sessão, até que um deles vai longe demais e liberta terríveis forças sobrenaturais.

Nota do CINEVITOR:

Passagens

por: Cinevitor

Passages

Direção: Ira Sachs

Elenco: Franz Rogowski, Ben Whishaw, Adèle Exarchopoulos, Erwan Kepoa Falé, Arcadi Radeff, Léa Boublil, Théo Cholbi, William Nadylam, Tony Daoud, Sarah Lisbonis, Anton Salachas, Thibaut Carterot, Theo Gabilloux, Caroline Chaniolleau, Jérôme Dauchez, François Boisrond, Kylian Moison, Chloé Granier, Juliette Mourlon, Malika Bejaoui, Olivier Rabourdin.

Ano: 2023

Sinopse: Situado em Paris, o drama conta a história de Tomas e Martin, um casal gay que tem o relacionamento abalado quando Tomas começa um caso apaixonado com Agathe, uma mulher mais nova, que ele conhece após terminar seu último filme.

Nota do CINEVITOR:

Com Emanuelle Araujo, O Barulho da Noite, de Eva Pereira, é exibido no 51º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
Equipe do filme no tapete vermelho

Primeiro longa-metragem de Tocantins a participar do Festival de Cinema de Gramado, O Barulho da Noite, da cineasta Eva Pereira, foi exibido na noite desta terça-feira, 15/08, em competição.

Ambientada em um lugar remoto, no sertão, a história se apresenta a partir da relação delicada das irmãs Maria Luiza e Ritinha, interpretadas por Alícia Santana e Anna Alice Dias, com Agenor, interpretado por Marcos Palmeira, seu dedicado e afetuoso pai. Castigada pelas lembranças e traumas da infância e sobrecarregada com as tarefas que lhe cabem, Sônia, papel de Emanuelle Araujo, vive à flor da pele. A fragilidade daquela estrutura familiar é profundamente abalada com a chegada de Athayde, vivido por Patrick Sampaio, suposto sobrinho de Agenor que vem para ajudar na lavoura.

Agricultor e folião do Divino Espírito Santo, Agenor parte em viagem para cumprir seus deveres religiosos na Festa do Divino, deixando sua mulher e filhas aos cuidados do intruso. Ao tratar de temas delicados e retratar o cotidiano rural do Brasil profundo, O Barulho da Noite revela uma história dramática contada por não ditos, pelo olhar da menina que se cala e se encolhe pela dor silenciada e pelo pedido mudo de socorro, nunca atendido. O elenco conta também com Tonico Pereira no papel do caixeiro-viajante Chico Mascate.

No palco do Palácio dos Festivais, a diretora Eva Pereira subiu ao lado de vários integrantes da equipe e fez um discurso emocionante: “Estrear em Gramado no dia em que Léa Garcia e dona Laura Cardoso seriam homenageadas… é muito grande isso. A vida não nos permite ensaios e aí vem o roteirista do Universo e muda tudo de lugar. Esse filme me escolheu e abriu seu próprio caminho”, disse.

Atriz e diretora no palco do Palácio dos Festivais

A protagonista Emanuelle Araujo, também emocionada, falou: “O primeiro telefonema que eu recebi foi da produtora Vania Catani. Eu estava exausta terminando um trabalho e disse que achava que não ia conseguir emendar um outro trabalho. Logo li o roteiro e decidi contar essa história. Eu disse que iria descansar no cansaço dessa mulher”.

E continuou seu discurso no palco: “Eu tenho muito orgulho de estar aqui contando a história dessa diretora, dessa roteirista, dessa equipe genial. O cinema é coletivo. O Barulho da Noite é um filme absolutamente coletivo. De profissionais geniais. Vivemos 60 dias ao redor de Palmas, no Tocantins, mergulhados nesse universo. Só tenho gratidão a esse processo e muito orgulho de apresentar para vocês a história de um Brasil profundo, cheio de dores e cheio de poesia. E viva dona Léa Garcia!”, finalizou sob aplausos.

Na mesma noite, além da homenagem para Léa Garcia, que morreu na manhã desta terça-feira, mesmo dia em que receberia o Troféu Oscarito na 51ª edição do Festival de Gramado, a programação contou com a exibição dos curtas-metragens Ela Mora Logo Ali, de Fabiano Barros e Rafael Rogante, e Remendo, de Roger Ghil; além do longa documental Da Porta pra Fora, de Thiago Foresti.

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Fotos: Edison Vara e Cleiton Thiele/Agência Pressphoto.

Da Porta pra Fora: Thiago Foresti exibe documentário no 51º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
Os protagonistas do filme no tapete vermelho

Depois de tantas emoções na noite desta terça-feira, 15/08, no Palácio dos Festivais, por conta da homenagem para a consagrada atriz Léa Garcia, a programação das mostras competitivas da 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado seguiu com as exibições de seus títulos.

Entre curtas e longas de ficção, o documentário Da Porta pra Fora, de Thiago Foresti, foi exibido na última sessão da noite. O longa retrata, a partir de uma perspectiva bastante pessoal, a rotina de três entregadores de aplicativo desde os primeiros dias, após a decretação do lockdown, em março de 2020 na Capital Federal. A direção de fotografia é de Attilio Zolin, com direção de arte de Daniel Sena e trilha sonora assinada por Sascha Kratzer e Rafael Maklon.

Para o filme, os entregadores foram equipados com câmeras e foram responsáveis pela gravação do dia a dia deles. Thiago também registrou algumas manifestações que ocorreram em pleno período pandêmico. A sinopse diz: durante a maior pandemia dos últimos tempos, a sociedade aguarda confinada o desenrolar dos eventos sem saber quanto tudo voltará ao normal. Do lado de fora, o aplicativo não para de apitar e três entregadores de apps arriscam suas vidas.

A equipe do filme no tapete vermelho

No palco do Palácio dos Festivais, Thiago Foresti subiu acompanhado por alguns integrantes da equipe, entre eles, o montador Daniel Sena: “Foram quase dois de uma jornada intensa e agora estamos aqui. Nosso filme fala sobre a vida dos motoboys durante a pandemia. Se tem uma palavra que define esse longa é a palavra coragem. Todos que se envolveram nessa produção demonstraram uma entrega muito grande e uma vontade muito forte de ver esse filme pronto”, disse o diretor.

Keliane Alves, uma das personagens do longa, discursou e cantou para o público: “Algumas vezes, vocês me verão cantando no filme porque esse é o meu verdadeiro sonho; um dia viver da música e ser uma cantora mundialmente conhecida. Assim como eu tenho esse sonho, outro motoboy pode ter outro sonho”. Alessandro da Conceição, conhecido como Sorriso, outro personagem do filme, falou: “Hoje eu sou presidente da AMAE DF, Associação de Motoboys do Distrito Federal. Lutamos por respeito e valorização do trabalhador motofretista, que é uma profissão de risco e perigo”.

Marcos Nunes, também protagonista, finalizou o discurso: “Faço parte desse documentário, que contou com uma equipe maravilhosa. Agradeço cada um de vocês que tiraram um tempo para assistir ao nosso filme. Eu nunca pensei que chegaríamos até aqui e que a câmera do meu celular, por conta das minhas filmagens, me colocaria aqui. Sou muito grato a todos. Espero que vocês gostem!”.

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Foto: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto.

Memórias da Chuva: Wolney Oliveira apresenta documentário no 51º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
O cineasta Wolney Oliveira no palco do Palácio dos Festivais

Dirigido pelo cineasta cearense Wolney Oliveira, de Soldados da Borracha, Memórias da Chuva foi exibido nesta segunda-feira, 14/08, na 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado e abriu a mostra competitiva de longas-metragens documentais.

O filme revisita a história da construção do Açude Castanhão, projetado para garantir recursos hídricos para Fortaleza, no Ceará, e região metropolitana, e o consequente deslocamento da população da cidade de Jaguaribara, que foi demolida para dar lugar à barragem, para um novo espaço de habitação.

No Palácio dos Festivais, Wolney subiu ao palco acompanhado por alguns integrantes da equipe, como: Mayara Magalhães, responsável pela pesquisa; Rogerio Resende, diretor de fotografia; Tiago Therrien, montador; Lucas Hernández, assistente de montagem; e os personagens Vauvernagues Almeida e Livia Barreto, moradores de Jaguaribara.

“Agradeço ao festival por selecionar nosso filme e também parabenizo pelo fato do cinema documental voltar a ser presencial. Dedico essa exibição a três mestres do documentário: dois deles foram meus professores em Cuba, o Fernando Pérez e o Gerardo Chijona; e o outro que é um mestre mundial, Eduardo Coutinho”, disse Wolney em seu discurso. Vauvernagues Almeida, um dos personagens do filme, também falou: “É um prazer participar desse festival tão falado no Brasil. Com esse filme, vocês terão a oportunidade de conhecer o maior luto que até hoje vivenciamos na nossa terra, no nosso estado”, disse.

Lívia Barreto, Secretária de Desenvolvimento Econômico de Jaguaribara e uma das personagens do filme, relembrou, no palco, o ocorrido em sua cidade: “Há 21 anos estávamos em processo de mudança. É emocionante relembrar tudo isso. O documentário volta nossa emoção como um povo que se sacrificou e deixou para trás sua história e sua cidade para dar mais água ao Ceará”, disse.

Memórias da Chuva é narrado pelo ponto de vista dos moradores da cidade e utiliza entrevistas e imagens de arquivo produzidas por eles no decorrer dos anos. O material reunido apresenta os impactos sociais, políticos, econômicos, ambientais e afetivos causados pelo ambicioso projeto governamental que, desde os anos 1980, já indicava a submersão de Jaguaribara. Nessa época, os moradores se uniram na formação de uma frente de resistência para tentar impedir o projeto. A criação de uma cidade substituta, a primeira planejada do Ceará, surgiu como uma demanda dessa articulação popular, já que a proposta original previa apenas indenizar os moradores pela remoção.

Cena do documentário

O Castanhão, a Nova Jaguaribara e o canal de integração que leva água para Fortaleza começaram a ser construídos em 1995, mas foi apenas em 2001 que as pessoas foram definitivamente deslocadas para suas novas moradas. Mais de 20 anos depois, o filme desperta as memórias do povo jaguaribarense e discute a relação de pertencimento com a cidade do passado e a do presente.

No dia seguinte à exibição, Wolney Oliveira participou de um debate com a imprensa e com o público, que aconteceu na Sociedade Recreio Gramadense e foi mediado pelo jornalista Roger Lerina: “É uma história de dor e sofrimento. Politicamente não se cumpriu nada. Era uma cidade com mais de nove mil habitantes que deu lugar para a construção do Açude Castanhão quando existia uma possibilidade que pouparia aquele lugar. Até hoje, quando a água baixa e a cidade antiga aparece, todos da cidade nova voltam. É uma romaria, de geração para geração”, disse Wolney.

A pesquisa do filme foi realizada pela cientista social Mayara Magalhães, que trabalhou de forma coletiva com os produtores para coletar os arquivos e localizar os personagens essenciais para as entrevistas: “A própria população montou um acervo riquíssimo e tudo é muito acessível”, disse a pesquisadora no debate. E continuou: “O filme conta uma história recente, que aconteceu em um momento de fácil acesso às câmeras domésticas. Por isso, os jaguaribarenses conseguiram registrar momentos importantes de forma amadora”. Wolney Oliveira finalizou: “A interferência na vida de mais de nove mil pessoas teve grande repercussão na mídia local e nacional, o que me interessou como cineasta”.

Além do documentário, o cinema cearense também marcou presença na competitiva de longas brasileiros de ficção do 51º Festival de Gramado na noite de segunda-feira com Mais Pesado é o Céu, de Petrus Cariry; clique aqui e confira o pôster e uma cena do filme. Os curtas-metragens Sabão Líquido, de Fernanda Reis e Gabriel Faccini, e Jussara, de Camila Cordeiro Ribeiro, também foram exibidos, assim como o primeiro episódio da série Cangaço Novo.

Rodada no sertão nordestino, a trama de Mais Pesado é o Céu acompanha o encontro de Antônio, vivido por Matheus Nachtergaele, e Teresa, interpretada por Ana Luiza Rios, que, por motivos diferentes, pegam a estrada em busca de reconstruir a vida. Diante de um Brasil devastado pela crise moral e política, os dois acolhem um bebê abandonado e formam uma família improvável sob o sol escaldante do interior do Ceará. Clique aqui e confira nosso bate-papo com o ator Matheus Nachtergaele, que falou sobre a exibição em Gramado e também sobre a morte da atriz Léa Garcia.

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Fotos: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto/Divulgação.

Morre, aos 90 anos, Léa Garcia; atriz é homenageada no 51º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
Atriz consagrada no tapete vermelho do festival

A consagrada atriz Léa Garcia, que estava em Gramado para ser homenageada, morreu na manhã desta terça-feira, 15/08, aos 90 anos, dia em que receberia o Troféu Oscarito ao lado de Laura Cardoso. Em comunicado oficial divulgado pela organização da 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado, ela faleceu no hotel que estava hospedada e, de acordo com o Hospital Arcanjo São Miguel, a causa da morte foi um infarto agudo do miocárdio.

Dona Léa Garcia havia chegado a Gramado no último sábado, 12/08, acompanhada do filho, Marcelo Garcia. A atriz circulava diariamente pelo evento, onde acompanhou diversas sessões no Palácio dos Festivais. Em uma de suas passagens pelo tapete vermelho, disse ao portal Acontece Gramado: “É um enorme prazer estar mais uma vez em Gramado. Esse calor, essa receptividade com a qual a cidade nos recebe. Aqui tem um leve sabor de chocolate no ar. Obrigada a todos que fazem o festival, que participam e que concorrem. Aqui me sinto sempre prestigiada”.

Considerada uma das maiores atrizes brasileiras, Léa Garcia começou sua carreira na década de 1950 no Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento, um dos maiores expoentes da cultura negra no Brasil. Dos palcos, ganhou destaque nas telonas ao interpretar Serafina em Orfeu Negro, do cineasta francês Marcel Camus, uma coprodução entre Brasil, França e Itália. O longa foi premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes e levou o Globo de Ouro e o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Sua estreia na TV aconteceu no Grande Teatro, da TV Tupi, na década de 1950. Depois, atuou na novela Acorrentados, exibida na a TV Rio. Estreou na Rede Globo em 1970, na novela Assim na Terra como no Céu, de Dias Gomes. Na emissora carioca, participou de diversas produções, como: Minha Doce Namorada, O Homem que Deve Morrer, Selva de Pedra, Os Ossos do Barão, Fogo Sobre Terra, A Moreninha, Araponga, A Viagem, Anjo Mau, Suave Veneno, O Clone, Sol Nascente, entre outras. A atriz também passou pela TV Manchete, em Xica da Silva e Tocaia Grande, e outras emissoras.

A novela Escrava Isaura, exibida em 1976 na Rede Globo, foi um fenômeno de audiência no Brasil e no exterior e é considerado um dos trabalhos mais marcantes na carreira de Léa Garcia, que interpretava a vilã Rosa. Recentemente, estava em negociações com a TV Globo para atuar no remake da novela Renascer.

No cinema, a atriz também ganhou reconhecimento: foi premiada no Festival de Gramado pelo longa As Filhas do Vento e pelo curta Acalanto, que também lhe rendeu prêmios no Brazilian Film Festival of Toronto e no Festival de Cuiabá; com Memórias da Chibata foi consagrada na Jornada Internacional de Cinema da Bahia; no Festival de Natal levou o prêmio de melhor atriz por Dias Amargos. Além disso, atuou em Ganga Zumba, Ladrões de Cinema, A Deusa Negra, Quilombo, Viva Sapato!, Mulheres do Brasil, O Maior Amor do Mundo, Billi Pig, Sudoeste, Boca de Ouro, Barba, Cabelo e Bigode, Um Dia com Jerusa, Pacificado, O Pai da Rita, entre outros.

Marcelo Garcia, filho de Léa, no palco com o Troféu Oscarito

Sobre a homenagem para Léa Garcia, a organização do Festival de Cinema de Gramado informou que, a pedido da família, o Troféu Oscarito seria entregue na noite desta terça-feira no início da primeira sessão, com a presença do filho da atriz, Marcelo Garcia.

Sendo assim, a noite de terça-feira no Palácio dos Festivais começou com muita emoção. As apresentadoras Renata Boldrini e Marla Martins leram um texto sobre a atriz: “Noite que estava planejada de um jeito bem diferente. Quis o destino que Léa Garcia nos deixasse na manhã desta terça-feira. Essa grande atriz, que receberia, daqui a pouco, nesse palco, o Troféu Oscarito, ao lado de Laura Cardoso”. Léa foi peça fundamental na quebra da barreira dos personagens tradicionalmente destinados à atrizes negras e tornou-se, assim, uma referência para jovens atores e admirada pela qualidade de suas atuações.

Entre muitos aplausos, o filho Marcelo Garcia subiu ao palco para receber, em nome de sua mãe, a honraria concedida pelo Festival de Gramado: “O que falar desse momento? Para muitos, seria muito difícil. Mas uma coisa eu tenho certeza: minha mãe morreu no glamour. Eu fiz questão de vir aqui hoje porque o objetivo dela era receber esse prêmio. Dona Léa me deixou um legado muito grande. Essa homenagem foi feita em vida porque a Léa vive, ela está aqui, ela vai continuar. Ela morreu sob os holofotes e queria que eu fizesse isso aqui, tenho certeza. Eu nunca mais dormiria tranquilo se não subisse aqui, hoje, para receber esse prêmio”.

E continuou seu discurso emocionante: “Dentro dessa história toda, agradecer vocês pelo carinho e por tudo que foi feito pela Dona Léa. Minha mãe me deu essa história, da cultura, da arte. Mas, o show não pode parar. As pessoas queriam parar o festival, mas eu não aceitei. A Léa nasceu no palco, ela ama o palco. Ela deixa um legado para todos. E eu só tenho uma coisa para falar que ela falaria aqui: não desistam!”.

A entrega do Troféu Oscarito para Laura Cardoso será realizada na próxima sexta-feira, dia 18 de agosto, no Palácio dos Festivais.

*Clique aqui e relembre nossa entrevista com Léa Garcia na 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes

*O CINEVITOR está em Gramado e você acompanha a cobertura do evento por aqui, pelo canal do YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Fotos: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto.

51º Festival de Cinema de Gramado: conheça os vencedores da Mostra Gaúcha de Curtas

por: Cinevitor
Os vencedores no palco do Palácio dos Festivais

Foram anunciados neste domingo, 13/08, no Palácio dos Festivais, os vencedores do 20º Prêmio Assembleia Legislativa de Cinema – Mostra Gaúcha de Curtas da 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado.

O filme Concha de Água Doce, de Lau Azevedo e João Pires, realizado em Porto Alegre, se destacou com dois prêmios: melhor curta-metragem gaúcho e melhor ator para Aren Gallo. Enquanto isso, Centenário da Minha Bisa, de Cristyelen Ambrozio, foi premiado pelo Júri da Crítica.

A primeira edição do Troféu Sirmar Antunes foi entregue para Vera Lopes. Atriz e autora de relevante atuação no teatro, cinema e cenário cultural do Rio Grande do Sul e do Brasil, que tem entre seus trabalhos produções como: o curta-metragem O Dia em que Dorival Encarou a Guarda, de José Pedro Goulart e Jorge Furtado; e os longas Netto Perde sua Alma, de Tabajara Ruas e Beto Souza, e O Caso do Homem Errado, de Camila de Moraes.

O Prêmio Sedac/Iecine: O Futuro Nos Une reconheceu três talentos do audiovisual que se destacaram no desenvolvimento da arte e da indústria cinematográfica: Valéria Barcellos, Glênio Póvoas e Jorge Henrique “Boca”. Valéria é artista, cantora, atriz de teatro, televisão e cinema e abriu espaço para outras mulheres, principalmente por sua contribuição na visibilidade de mulheres trans. Também premiado, Glênio Póvoas é reconhecido por sua dedicação e valorização à memória do cinema gaúcho. O terceiro homenageado, Jorge Henrique “Boca”, foi escolhido por sua dedicação através de gerações e por entregar excelência em imagens.   

Outra homenagem entregue na noite de domingo foi o Troféu Leonardo Machado, que destaca uma atriz ou ator que tenha prestado importante contribuição ao desenvolvimento da arte e da indústria cinematográfica local e brasileira; nesta edição quem recebeu foi Clemente Viscaíno

Conheça os vencedores da Mostra Gaúcha de Curtas 2023:

MELHOR FILME
Concha de Água Doce, de Lau Azevedo e João Pires (Porto Alegre)

MELHOR FILME | JÚRI DA CRÍTICA
Centenário da Minha Bisa, de Cristyelen Ambrozio (Alvorada)

MELHOR DIREÇÃO
Fernanda Reis e Gabriel Faccini, por Sabão Líquido

MELHOR ROTEIRO
O Tempo, escrito por Ellen Correa

MELHOR ATOR
Aren Gallo, por Concha de Água Doce

MELHOR ATRIZ
Denizeli Cardoso e Gabriela Greco, por Colapso

MELHOR FOTOGRAFIA
Fiar o Vento, por Mari Moraga

MELHOR MONTAGEM
Messi, por André Berzagui

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Colapso, por Vanessa Rodrigues e Richard Tavares

MELHOR TRILHA SONORA
O Tempo, por Gabriel Araújo, Nina Fola e Malyck Badu

MELHOR DESENHO DE SOM
Carcinização, por Ana Ambrosano e Mari do Prado

MELHOR PRODUÇÃO EXECUTIVA
Pam Hauber e Edu Rabin, por Nau

MENÇÃO HONROSA
Rasgão, de Victor Di Marco e Márcio Picoli (Porto Alegre); por aliar a narrativa cinematográfica aos recursos de acessibilidade de uma forma inventiva, inovadora e criativa, contribuindo para a expansão da linguagem cinematográfica e apontando novos caminhos que podem ser utilizados nas mais diversas temáticas

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Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto.

Com Isis Valverde, Angela, de Hugo Prata, abre a mostra competitiva de longas do 51º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
Protagonista: Isis Valverde no tapete vermelho

A mostra competitiva de longas-metragens brasileiros da 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado começou neste sábado, 12/08, com a exibição de Angela, dirigido por Hugo Prata, que é focado nos últimos meses de vida da socialite Angela Diniz, que foi assassinada em dezembro de 1976, aos 32 anos.

Protagonizado por Isis Valverde, o filme se passa no final da década de 1970 e narra acontecimentos da mulher que ficou conhecida como A Pantera de Minas e as consequências de sua conturbada relação amorosa com o empresário Raul Street, também conhecido como Doca Street, interpretado por Gabriel Braga Nunes. O elenco ainda traz Bianca Bin, Emilio Orciollo Netto, Chris Couto, Gustavo Machado, Carolina Manica e Alice Carvalho.

No palco do Palácio dos Festivais, Hugo Prata, que passou por Gramado em 2016 com Elis, apresentou o longa: “Esse filme foi feito com muita bravura e teimosia. Cruzamos a pandemia e um governo que não gostava da cultura. Foi muito difícil. Tratamos de um assunto que também irritava bastante aquele pessoal. Resolvemos contar de novo algumas partes dessa história que vinha sendo um pouco mal contada”.

Depois de ser elogiada pelo diretor, Isis Valverde também discursou: “Eu quero agradecer a chance de contar a história dessa mulher incrível. Foi fenomenal estar ali e gritar, por todas nós, o que ela não conseguiu gritar. Obrigada aos familiares da Angela, ao Hugo e todos da equipe”. Também marcaram presença na estreia: o ator Emilio Orciollo Netto, o produtor Fabio Zavala, a roteirista Duda de Almeida, a atriz Carolina Manica, entre outros.

A sinopse de Angela diz: após uma tumultuada separação e ter que ceder a guarda dos seus três filhos, a famosa socialite Angela Diniz conhece Raul e acredita ter encontrado alguém que ama seu espírito livre tanto quanto ela. A atração avassaladora fez o casal largar tudo e viver o sonho de reconstruir suas vidas regadas à paixão na casa de praia. Mas a vida tranquila rapidamente se transforma quando Raul começa a se mostrar um homem agressivo, violento e controlador. A relação declina para o abuso e a violência, dando origem a um dos casos de assassinato mais famosos de todos os tempos no Brasil.

Diretor, roteirista e elenco no Palácio dos Festivais

No dia seguinte à exibição, integrantes da equipe do filme participaram de uma coletiva de imprensa na Sociedade Recreio Gramadense, que foi mediada por Carlos Eduardo Lourenço Jorge: “Eu tentei uma coisa diferente na minha carreira. Angela foi um passo a mais que eu dei como atriz. Eu tentei caminhos diferentes na minha interpretação. E fui surpreendida porque a personagem, muito bem escrita, começou a andar sozinha. E me deu possibilidade para ser o não óbvio e surpreender”, disse Isis Valverde.

A atriz também falou da sua pesquisa para a composição da personagem: “Eu conversei com algumas pessoas que conheceram Angela e se envolveram com ela. Cada um me falava uma coisa. Mas uma pessoa me disse algo que me marcou: ela era apaixonante, um poço sem fundo e tinha o sorriso mais triste que já tinha visto. Isso ficou na minha cabeça. Foi muito forte quando ouvi isso”.

Carolina Manica, que interpreta Adelita Scarpa, também falou: “Existiu um cuidado muito grande na construção dessas personagens e nas relações dessas pessoas. Isso aparece com muita força. Além de ter um roteiro que já te entrega uma possibilidade de trabalho muito grande”. Emilio Orciollo Netto completou: “O artista se envolve. Quando se faz um trabalho sério e comprometido, não dá pra fazer pela metade. Não é 50%. O ator é 100%. Meu personagem é o retrato de uma figura decadente, um homem machista, quatrocentão, fanfarrão. Quantas pessoas conhecemos assim até hoje?”.

Angela, que é uma produção da Bravura Cinematográfica, com coprodução da Star Productions, chega aos cinemas brasileiros no dia 31 de agosto com distribuição da Downtown Filmes

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Fotos: Ticiane da Silva/Edison Vara/Agência Pressphoto.

Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, abre o 51º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
A equipe do filme no tapete vermelho

A 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado começou neste sábado, 12/08, com a exibição, fora de competição, do documentário Retratos Fantasmas, quinto longa-metragem do cineasta e roteirista pernambucano Kleber Mendonça Filho.

Os curtas-metragens Yãmî Yah-Pá: Fim da Noite, de Vladimir Seixas, e Deixa, de Mariana Jaspe, também foram exibidos no primeiro dia, na mostra competitiva, assim como o longa brasileiro, em competição, Angela, de Hugo Prata, protagonizado por Isis Valverde.

Após apresentar seus últimos filmes, Crítico, O Som ao Redor, Aquarius e Bacurau em Gramado, o diretor pernambucano voltou ao Palácio dos Festivais com seu segundo documentário, fruto de sete anos de trabalho e pesquisa, filmagens e montagem. Kleber subiu ao palco ao lado de outros integrantes da equipe, como: a produtora Emilie Lesclaux, o montador Matheus Farias, o ator Rubens Santos, Silvia Cruz e Felipe Lopes, da Vitrine Filmes, e Enock Carvalho, responsável pelo tratamento de imagens de arquivo e design de créditos; os gêmeos Tomás e Martin, filhos de Kleber e Emilie, estavam na plateia.

“Queria agradecer pelo convite e pelo carinho que o festival sempre teve conosco. Fiquei sabendo que Retratos Fantasmas é o primeiro documentário que abre o Festival de Gramado e isso me deixa muito honrada”, disse a produtora Emilie Lesclaux na apresentação do longa. Kleber também falou: “Minha história com Gramado não começa hoje. Comecei a vir pra cá como crítico, há 25 anos. Nessa sala, vi filmes que eu nunca esqueci. O cinema funciona de muitas maneiras. Espero que vocês se conectem com esse filme”.

Retratos Fantasmas, que estreia no dia 24 de agosto, tem como personagem principal o centro da cidade do Recife como local histórico e humano, revisitado através dos grandes cinemas que atravessaram o século 20 como espaços de convívio. Foram lugares de sonho e de indústria; e a relação das pessoas com esse universo é um marcador de tempo para as mudanças dos costumes em sociedade.

Cerca de 60% de Retratos Fantasmas é composto por material de arquivo, com fotografias e imagens em movimento encontradas em acervos pessoais, na produção pernambucana de cinema, televisão e de instituições como a Cinemateca Brasileira, o CTAv, Centro Técnico do Audiovisual, e a Fundação Joaquim Nabuco. O trabalho de montagem, ao lado de Matheus Farias, reúne imagens dos mais variados formatos.

A produtora Emilie Lesclaux no Palácio dos Festivais com a equipe

No dia seguinte à exibição, a equipe do filme participou de uma coletiva de imprensa na Sociedade Recreio Gramadense, que foi mediada pelo curador Marcos Santuario: “Esse filme teve todo o tempo que ele precisava. Aliás, eu geralmente dou tempo aos filmes. É muito importante isso”, disse Kleber.

Questionado sobre uma das cenas em que aparece como ator, o diretor comentou: “Atuação tem muito a ver com você se sentir à vontade. Eu não sou ator. Já me chamaram para fazer filmes e eu recusei porque não gostei do roteiro. Mas, se um dia eu ler uma história que me deixe à vontade talvez eu faça. Em Retratos Fantasmas, escrevi aquela situação que já vivi muitas vezes. E consegui fazer bem a cena. Eu gosto como ela entra no filme. Mas, é claro, que eu acho que a cena é de Rubens e do carro”.

O ator Rubens Santos completou: “Foi incrível e fiquei muito feliz. Eu sempre fico me gabando por aí que sou o único ator que fiz os quatro filmes do Kleber. Agora, sou o único que atuei com o Kleber. E descobri que, além de um grande diretor, ele é também um grande ator. Muito bom!”.

Entre tantos assuntos, Kleber também falou sobre o processo de montagem: “A minha relação com a cidade é um pouco como se fosse a sua casa. Você sabe que à direita tem um banheiro e depois o quarto. Na cidade você também tem seu próprio mapa. E, pra mim, fazia completo sentido montar o filme dessa maneira, começando no meu apartamento”.

Retratos Fantasmas foi exibido no Festival de Cannes deste ano fora de competição. Recentemente, foi selecionado para o Festival de Toronto, Nova York, Sydney, Munich Film Festival, Santiago Festival Internacional de Cine, New Zealand International Film Festival, Melbourne International Film Festival, Lima International Film Festival, entre outros.

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Fotos: Cleiton Thiele/Edison Vara/Agência Pressphoto.