Foram anunciados nesta quarta-feira, 28/08, os vencedores da 23ª edição do Prêmio Grande Otelo, antes chamado de Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, conhecido como a mais importante festa do audiovisual brasileiro.
Neste ano, Pedágio, dirigido por Carolina Markowicz, se destacou com os prêmios de melhor longa-metragem de ficção, melhor direção e melhor roteiro original. O filme O Sequestro do Voo 375, de Marcus Baldini, levou o maior número de troféus Grande Otelo da noite: seis, entre eles, melhor roteiro adaptado.
Realizada anualmente pela Academia Brasileira de Cinema, a cerimônia aconteceu na Cidade das Artes Bibi Ferreira, no Rio de Janeiro, com apresentação de Dira Paes e Toni Garrido. O evento foi transmitido ao vivo para todo o país pelo Canal Brasil e pelo YouTube da Academia.
Foram anunciados 30 prêmios para longas-metragens, curtas e séries brasileiras: 29 produções escolhidas por profissionais associados à Academia Brasileira de Cinema, além do prêmio de melhor filme pelo Júri Popular, que teve votação do público pelo site da instituição. Como é tradição, a abertura dos envelopes foi ao vivo, auditada pela PwC Brasil. A lista de finalistas reuniu este ano mais de 200 profissionais, 39 longas-metragens brasileiros, 5 longas ibero-americanos e 15 curtas-metragens brasileiros.
O Cinema Novo foi o grande homenageado da edição de 2024, quando se comemora os 60 anos do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. Com projeções e performances musicais, a cerimônia, dirigida por Batman Zavareze e com roteiro de Bebeto Abrantes, levou o público a revisitar obras emblemáticas que marcaram a história do Brasil. Representantes do Cinema Novo, os cineastas Cacá Diegues, Ruy Guerra, Walter Lima Jr. e Zelito Viana, assim como a produtora Lucy Barreto, subiram ao palco para receber seus troféus Grande Otelo das mãos dos dois mais icônicos atores do Cinema Novo: Antonio Pitanga (o inesquecível Firmino, de Barravento) e Othon Bastos (o eterno Corisco, de Deus e o Diabo na Terra do Sol, ambos de Glauber Rocha).
A noite de celebração ao movimento que renovou a linguagem cinematográfica brasileira nos anos 1960 e 1970 teve performances musicais dos compositores e instrumentistas Pedro Luis e Yuri Queiroga, que apresentaram temas marcantes e trilhas, como a composição de Sérgio Ricardo para Deus e o Diabo na Terra do Sol; e Joanna Francesa, canção de Chico Buarque para o filme homônimo de Cacá Diegues. A cerimônia também contou com a performance de Toni Garrido, Pedro Luis, Ava Rocha e Caio Prado interpretando Macunaíma (1975), samba-enredo da Portela, com a intervenção da guitarra de Yuri Queiroga.
Renata Almeida Magalhães, presidente da Academia Brasileira de Cinema, falou sobre a mudança de nome da premiação, que até o ano passado se chamava Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, e celebrou a importância histórica do Cinema Novo: “Esse ano, nosso Grande Prêmio do Cinema Brasileiro passou a se chamar Prêmio Grande Otelo: assim celebramos o nome do nosso troféu. Grande Otelo, nosso eterno Macunaíma, passeou das Chanchadas ao Cinema Novo, sem nenhum preconceito e sempre brilhante. E hoje a homenagem da Academia Brasileira de Cinema é ao Cinema Novo, que mudou definitivamente nosso cinema. Orgulho eterno e sempre um farol para que a gente jamais deixe de lembrar o que nosso cinema foi, é e ainda pode ser: aquele que só precisa de uma câmera na mão, uma ideia na cabeça e, claro, muita liberdade”.
O secretário Municipal de Cultura do Rio, Marcelo Calero, esteve na cerimônia e destacou a importância do audiovisual nacional na expressão da diversidade da cultura brasileira: “O Prêmio Grande Otelo é não só um tributo aos profissionais do cinema brasileiro, mas também um símbolo de resiliência de uma indústria que não se curva diante das adversidades”.
Conheça os vencedores do 23º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro:
MELHOR LONGA-METRAGEM | FICÇÃO
Pedágio, de Carolina Markowicz
MELHOR LONGA-METRAGEM COMÉDIA | VOTO POPULAR
Pérola, de Murilo Benício
MELHOR LONGA-METRAGEM | DOCUMENTÁRIO
Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você, de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay
MELHOR LONGA-METRAGEM ANIMAÇÃO
Perlimps, de Alê Abreu
MELHOR LONGA-METRAGEM INFANTIL
Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo, de Mauricio Eça
MELHOR DIREÇÃO
Carolina Markowicz, por Pedágio
MELHOR PRIMEIRA DIREÇÃO DE LONGA-METRAGEM
Silvio Guindane, por Mussum, o Filmis
MELHOR ATRIZ | LONGA-METRAGEM
Vera Holtz, por Tia Virgínia
MELHOR ATOR | LONGA-METRAGEM
Ailton Graça, por Mussum, o Filmis
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE | LONGA-METRAGEM
Arlete Salles, por Tia Virgínia
MELHOR ATOR COADJUVANTE DE LONGA-METRAGEM
Jorge Paz, por O Sequestro do Voo 375
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Pedágio, escrito por Carolina Markowicz
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
O Sequestro do Voo 375, escrito por Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque; adaptado do documentário Sequestro do Voo 375, de Constâncio Viana
MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
O Rio do Desejo, por Adrian Teijido
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
O Sequestro do Voo 375, por Rafael Ronconi
MELHOR FIGURINO
Mussum, o Filmis, por Cassio Brasil
MELHOR MAQUIAGEM
Mussum, o Filmis, por Mari Pin e Martín Macías Trujillo
MELHOR EFEITO VISUAL
O Sequestro do Voo 375, por Marcelo Cunha e Joaquim Moreno
MELHOR MONTAGEM
O Sequestro do Voo 375, por Lucas Gonzaga e Gustavo Vasconcelos
MELHOR SOM
O Sequestro do Voo 375, por Sérgio Scliar, Miriam Biderman e Ricardo Reis
MELHOR TRILHA SONORA
Aumenta que é Rock’n Roll, por Dado Villa-Lobos
MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO
A Menina e o Mar, de Gabriel Mellin (RJ)
MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
Thuë pihi kuuwi: Uma Mulher Pensando, de Aida Harikariyoma Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yanomami (RR)
MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMAÇÃO
Mulher Vestida de Sol, de Patrícia Moreira (BA)
MELHOR LONGA-METRAGEM IBERO-AMERICANO
A Sociedade da Neve, de J.A. Bayona (Espanha/Uruguai/Argentina/Chile); indicação: Academia de las Artes y las Ciencias Cinematográficas de España
MELHOR SÉRIE | FICÇÃO | PRODUÇÃO INDEPENDENTE | TV ABERTA, PAGA OU STREAMING
Cangaço Novo (Prime Video)
MELHOR SÉRIE | DOCUMENTÁRIO | PRODUÇÃO INDEPENDENTE | TV ABERTA, PAGA OU STREAMING
O Caso Escola Base (Canal Brasil)
MELHOR SÉRIE | ANIMAÇÃO | PRODUÇÃO INDEPENDENTE | TV ABERTA, PAGA OU STREAMING
Esquadrão do Mar Azul (TV Rá Tim Bum)
MELHOR ATRIZ | SÉRIE DE FICÇÃO
Alice Carvalho, por Cangaço Novo
MELHOR ATOR | SÉRIE DE FICÇÃO
Julio Andrade, por Betinho: No Fio da Navalha
Foto: Bruno de Lima.