Todos os posts de Cinevitor

O Clube das Mulheres de Negócios, de Anna Muylaert, abre a mostra competitiva do 52º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
A equipe do filme no tapete vermelho de Gramado

A mostra competitiva de longas-metragens brasileiros da 52ª edição do Festival de Cinema de Gramado começou neste sábado, 10/08, com a exibição de O Clube das Mulheres de Negócios, novo longa-metragem da consagrada cineasta Anna Muylaert. O filme traz inversão de papéis de gênero em uma narrativa bem-humorada que conta com um grande elenco.

A gênese do projeto se deu no final de 2015, na efervescência de movimentos feministas, quando Anna Muylaert teve a ideia de realizar um filme de inversão de papéis de gênero, que mostrasse como as mulheres são desprivilegiadas em muitas situações. Nesses nove anos desde o início da criação do filme, muitas movimentações sociopolíticas aconteceram, inclusive o #MeToo, fazendo com que Anna atualizasse o roteiro, em parceria com a Glaz Entretenimento, para incorporar também as mudanças sociais e o recente momento de extremismo político vivido pela sociedade brasileira.

Com tom de sátira e bom humor, mas sem deixar de lado as críticas sociais, O Clube das Mulheres de Negócios traz situações absurdas que fazem o espectador se questionar sobre as estruturas de poder vigentes, problematizando o machismo e classismo enraizados na sociedade. Anna Muylaert, que já fez o público rir e chorar com Que Horas Ela Volta? e Mãe Só Há Uma, agora traz diversão, reflexão e catarse para os espectadores em uma obra que dialoga diretamente com o momento cultural vivido no Brasil e no mundo.

A inversão dos papéis de gênero, com as mulheres exercendo autoridade enquanto os homens são moldados para uma postura de submissão, é apenas o começo de uma série de imagens e reflexões propostas ao longo do filme. À medida que a história vai escalando, surgem as onças que conectam todas as outras instâncias da narrativa, simbolizando o poder que transcende às rígidas divisões estabelecidas pela sociedade. 

O longa conta com um grande elenco composto por nomes conhecidos do teatro, cinema e televisão brasileiros, sobretudo no universo da comédia. Entre eles estão os protagonistas Luis Miranda dando vida ao renomado fotógrafo homem Jongo e Rafael Vitti como seu inexperiente e ingênuo colega, Candinho. Eles serão as presas das mulheres de negócios: Cristina Pereira interpretando Cesárea, presidente do Clube e Louise Cardoso como sua fiel escudeira, Brasília. Irene Ravache interpreta a quatrocentona Norma com seu marido submisso, vivido por André Abujamra, 20 anos mais novo.

Também fazem parte do Clube: Katiuscia Canoro vivendo Zarife, uma mulher destemperada que quer ser presidente do Brasil e suas obedientes sobrinhas Maria Bopp e Veronica Debom. Grace Gianoukas dá vida à vaqueira predadora Yolanda, que traz a tiracolo seu marido troféu, Jadeson, interpretado por Tales Ordakji, 40 anos mais jovem. Shirley Cruz interpreta a milionária líder evangélica Bispa Patrícia, Polly Marinho é a cantora de funk hypada Kika e Helena Albergaria faz a misteriosa advogada Fay Smith. Aos 80 anos de idade, Ítala Nandi volta às telas como a conquistadora Donatella.

A diretora Anna Muylaert no tapete vermelho

Na apresentação do filme no Palácio dos Festivais, Muylaert subiu ao palco com diversas integrantes do elenco: “Nós estamos felizes em participar desse festival depois de toda a tragédia climática que aconteceu no Rio Grande do Sul. Todos nós, do elenco e equipe, estamos solidários a todos”.

No seu discurso, Anna aproveitou para relembrar sua história com Gramado: “A primeira vez que eu vim ao festival foi na década de 1980 como crítica do Estadão. Foi o ano que passou o filme Anjos da Noite, do Wilson Barros, que era meu professor de direção. E foi o ano que ganhou Anjos do Arrabalde, de Carlos Reichenbach, que estava aparecendo para o público. A segunda vez que eu vim foi nos anos 1990 como curta-metragista na era Collor quando não tinha quase filme brasileiro. Em 2002, no início da retomada, eu participei com Durval Discos, que mudou a minha vida e por isso tenho um carinho por esse festival. Foi o ano que foi lançado Amarelo Manga, Cidade de Deus e Madame Satã. Foi o início fervoroso da retomada, um momento muito especial que dava alegria de fazer parte do clube do cinema brasileiro. No ano seguinte eu fui júri”.

E seguiu: “Em 2015 eu abri o festival com Que Horas Ela Volta? em um momento que o cinema brasileiro estava bombando pelo mundo. Agora, em 2024, voltando com O Clube das Mulheres de Negócios que, não por acaso, é o meu filme que mais dialoga com Durval Discos”.

Anna também trouxe uma reflexão importante sobre o atual momento do cinema: “Acho que estamos em um momento difícil para o cinema devido ao fato que as pessoas estão vendo narrativas curtas nos celulares e em suas telas pequenas. E também porque houve uma invasão das multinacionais americanas do audiovisual que estão fazendo produções a partir de outros parâmetros do que o cinema faz. Eles trabalham muito a partir de números e estão mudando a forma de ver filmes e a forma de produzir filmes. Eu tenho a impressão que eles estão diminuindo a importância da autoria cinematográfica. Sendo mais importante a empresa e a multinacional do que o diretor, o autor. Essa importância está sendo rebaixada”.

A cineasta seguiu seu discurso: “Neste momento, queria dizer o quanto esse festival é mais importante do que nunca. Porque aqui temos sete autores, dos quais quatro são mulheres, o que eu acho algo muito bom. Queria celebrar o festival e também a Ancine. Sem a Ancine não haveria cinema brasileiro dos últimos anos. E essa ideia de autor eu acho fundamental porque qualquer obra de arte, seja cinema, teatro ou literatura, demanda humanidade, sangue, cuspe. Como diria Claudio Assis em Amarelo Manga: estômago e sexo. E eu acho que essa baixada de bola da autoria faz com que as coisas fiquem menos vivas e menos importantes. Eu acho que o cinema brasileiro, como disse Paulo Emílio Sales Gomes: o cinema brasileiro, independente da qualidade, sempre será mais interessante para nós do que qualquer filme estrangeiro. E eu acredito nisso. Eu acredito no cinema brasileiro e na autoria! Que o cinema brasileiro tenha vida longa e que tenha sangue!”.

Elenco e equipe no palco do Palácio dos Festivais

Ao final do discurso, Muylaert falou sobre o longa em competição: “Esse é um filme muito provocativo e tem múltiplas formas de ser visto e lido. Mas eu posso dizer uma coisa: todo mundo que está aqui fez esse filme com sangue, muito amor e de mãos dadas. Recebam nosso amor!”.

No dia seguinte à exibição, a diretora e o elenco participaram de um debate na Sociedade Recreio Gramadense, que foi mediado pelo jornalista gaúcho Roger Lerina. Entre diversas questões levantadas entre o público presente e a equipe do filme, a coletiva foi marcada por um momento emocionante com o forte depoimento da atriz Cristina Pereira, que revelou, pela primeira vez, publicamente, que foi estuprada aos 12 anos: “Cheguei no colégio com o uniforme aberto e ninguém se preocupou. Só queriam saber porque eu estava chegando atrasada”.

A revelação aconteceu quando debatiam uma das cenas do filme em que o personagem Candinho, interpretado por Rafael Vitti, sofre um assédio: “Quando o Candinho chora, sou eu que choro e são muitas meninas de 12 anos como aquela que estava a caminho do colégio e mataram aquela menina. É a primeira vez que falo publicamente sobre isso. Aconteceu comigo, mas está acontecendo com muitas meninas. Eu estava entrando na puberdade, nem tinha ficado menstruada. Eu não sabia nada sobre sexo, não sabia o que aquele homem tinha feito comigo, uma coisa horrível. Na minha época, não tinha educação sexual nas escolas”. Depois da fala, Cristina foi amparada pelas colegas de elenco que também estavam muito emocionadas e a abraçaram com muito carinho.

Além disso, outras questões também foram abordadas no início da coletiva. A atriz Maria Bopp comentou o entrosamento do elenco: “Esse filme tem muito do coletivo. Eu acho que é proposital um elenco tão grande. Nós somos um organismo. Estamos vivendo uma era de individualidade e individualismo e o interessante é que somos um grupo, vários tentáculos de um monstro. O coletivo faz sentido. Não acho que teria que ter um espaço individual de brilho para cada atriz, apesar de que todas são brilhantes. Brilhamos juntas”.

Katiuscia Canoro também debateu: “Eu sou uma atriz comediante aos olhos de vocês porque acho que todo mundo me conhece de uma comédia muito popular, como Zorra Total e Vai que Cola. O máximo que eu fiz da TV Globo foi A Grande Família. Todo mundo espera de mim uma comédia muito rasgada. Como palhaça, já que sou formada em palhaçaria, entende-se que nós somos o fracasso. Como fracasso, entrar num lugar desses, sendo o palhaço a única pessoa que pode dar um tapa na cara do rei, falar de coisas tão importantes e colocar várias críticas é um privilégio”.

Além da exibição de O Clube das Mulheres de Negócios, a noite de sábado contou também com a homenagem especial a Matheus Nachtergaele, que recebeu o Troféu Oscarito; e a exibição do primeiro episódio da série Cidade de Deus: A Luta Não Para, de Aly Muritiba

*O CINEVITOR está em Gramado e você acompanha a cobertura do evento por aqui, pelo canal do YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Fotos: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto.

Festival de Gramado 2024: Matheus Nachtergaele é homenageado com o Troféu Oscarito

por: Cinevitor
Matheus Nachtergaele: consagrado no Palácio dos Festivais

Ator, diretor, roteirista e autor, Matheus Nachtergaele é um dos maiores nomes das artes brasileiras. O multiartista de 56 anos, que está no ar como Norberto, na novela Renascer, após um hiato de dez anos sem atuar no segmento, foi homenageado na 52ª edição do Festival de Cinema de Gramado com o Troféu Oscarito.

Na noite de sábado, 10/08, Nachtergaele foi ovacionado no palco do Palácio dos Festivais por sua trajetória de sucesso: “Eu tô bem nervoso. É muito difícil me fazer aceitar ser merecedor dessa honraria. O Festival de Gramado é o festival mais longevo do Brasil. Ele é a casa tradicional do cinema brasileiro. Essa homenagem é um dos pontos culminantes de uma caminhada dentro do cinema para um ator no Brasil”, disse no início do seu discurso.

Depois de receber o Troféu Oscarito das mãos do jornalista Marcos Santuario, também curador do festival, emocionou o público com suas palavras: “Eu apostei todas as minhas fichas em ser ator. Eu não tenho um plano B. Não fiz família, não tenho hobby, não escalo montanhas, não faço aeromodelismo nas horas vagas. Eu estou sempre pensando em um próximo personagem. E eu fui ator na hora do cinema brasileiro se retomar, fui recrutado para essa reconstrução e passei a ser um dos construtores do cinema que a gente tem hoje em dia no Brasil. Quero me sentir merecedor dessa homenagem. Quero abrir meu peito para essa alegria. Quero dizer também que se alegria e carinho fossem algo bem concreto, eu dividiria em 206 mil partes e daria um bocadinho para as famílias que continuam desabrigadas após a tragédia das águas aqui no Rio Grande do Sul. Mas como carinho não é tão palpável, eu só espero que essa noite expanda a resistência e o brilho dos gaúchos por toda essa região. O festival esse ano merece um aplauso a mais!”

Nascido em São Paulo, iniciou sua trajetória no Centro de Pesquisa Teatral, de Antunes Filho, e na companhia Teatro da Vertigem, com o seu trabalho em O Livro de Jó, de 1995. A estreia nas telonas veio dois anos depois, com dois filmes antológicos: o clássico gaúcho Anahy de las Misiones, de Sérgio Silva, e O que é Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto, que concorreu ao Oscar de melhor filme internacional. Também em 1997, fez sua estreia na TV Globo, na minissérie Hilda Furacão. Dando vida à Cintura Fina, personagem que se identificava como mulher, embora tivesse nascido com um corpo masculino, Matheus desafiava as noções de gênero vigentes. Esse papel levou reconhecimento ao ator, que viria a protagonizar a minissérie O Auto da Compadecida (1999), posteriormente lançada, em formato reduzido, para os cinemas, rendendo-lhe o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro como melhor ator.

No ano de 2002, participou de outro clássico do cinema nacional: Cidade de Deus, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, que concorreu ao Oscar em quatro categorias. Atrás das câmeras, mostrou um novo talento ao dirigir A Festa da Menina Morta. O longa foi selecionado para a mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes, e venceu os prêmios de melhor filme pelo Júri Popular e pela Crítica, melhor ator, fotografia e música no Festival de Gramado; a obra ainda arrematou os prêmios de melhor direção de ficção e melhor ator no Festival do Rio.

Ano passado, durante a 51ª edição do Festival de Gramado, na qual exibiu Mais Pesado é o Céu, de Petrus Cariry, foi eternizado na Calçada da Fama da cidade. Matheus possui indicações e vitórias nos mais importantes festivais e premiações do cinema brasileiro e mundial: Festival de Cannes, Prêmio Platino, Festival de Cinema de Lisboa, Uruguay International Film Festival, Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, Festival do Rio, Festival de Brasília, Cine Ceará e Cine PE são alguns exemplos.

Homenagem na serra gaúcha pela carreira consagrada

Nas telonas, Nachtergaele também é conhecido por trabalhos como Central do Brasil (1998), Amarelo Manga (2002) e Febre do Rato (2011), e muitos outros projetos para a TV, como Sob Pressão (2017), Cordel Encantado (2011) e Todas as Mulheres do Mundo (2020). Em 2024, Matheus retorna aos cinemas como João Grilo, personagem emblemático de sua carreira, para a continuação de O Auto da Compadecida, de Guel Arraes; a sequência estreia no dia 25 de dezembro. Matheus Nachtergaele se junta à Mariëtte Rissenbeek e Jorge Furtado, que serão homenageados com o Kikito de Cristal e Eduardo Abelin, respectivamente.

Emocionado no palco, Matheus continuou seu discurso: “Eu tenho um sonho, que já não é mais íntimo porque às vezes eu falo dele: de que um dia, no homem mais evoluído, a oração vai ser feita no bom teatro, no bom cinema, no bom show de música. Eu acho que as artes do espetáculo, que se apresentam para o coletivo, em qualquer gênero, comédia, tragédia, drama, musical, é a oração dos homens mais livres. É quando a gente se encontra para celebrar, para fazer a catarse de espanto, de alegria, de horror, de arrepio, de calafrio”.

E seguiu: “Os filmes agora moram pouco nos cinemas. Vão logo para as televisões, para os streamings. O cinema tá mudando e isso pode ser muito bom… vamos ver! Mas os lindos filmes de cinema serão como orações: um dia ocuparão o lugar das igrejas que ainda utilizam de dogma para cativar as pessoas. Vamos orar juntos e livremente. E neste sentido, os festivais de cinema serão igrejas onde pessoas bem livres estarão prontas para rezar com liberdade total. E rir e chorar o mundo juntas. Eu sonho com isso! Toda vez que eu entro em cena eu posso dizer que estou rezando”.

No palco, Nachtergaele também declamou o poema Eros e Psique, de Fernando Pessoa, e contou com a ajuda da plateia para a interação. Depois, finalizou seu discurso: “Eu não quero ocupar muito tempo, mas vou ocupar um pouco porque é o dia de ganhar o Oscarito. O ator é um ser bem perdido mesmo e essa doença de alma, quando bem utilizada, é uma coisa boa para a sociedade como um todo. Tem uma função de limpeza mesmo, uma coisa sanitária das almas. O ator, por estar se procurando por não saber quem ele é, vai pegando carona em cada personagem e vai encontrando temporariamente em si coisas que ele desconhecia. E durante aquele período fica confortável em cena sendo algo. Depois que aquilo acaba, ele tá de novo na perdição. Precisa do aplauso, precisa do amor. Ele é um perdido esfacelado que tá se procurando. Mesmo. Ele tá em sofrimento”.

Depois da homenagem a Matheus Nachtergaele, aconteceu a exibição especial do primeiro episódio da série Cidade de Deus: A Luta Não Para, que contou com a presença do diretor Aly Muritiba e integrantes do elenco, entre eles, a atriz Roberta Rodrigues, que elogiou o colega: “É uma honra estar aqui no dia em que Matheus é homenageado. Eu sou uma grande fã, somos todos. E você definiu muito o que é arte. Você é um gênio e eu fiz Cidade de Deus ao seu lado. Eu vi você atuando e isso é uma honra”.

*O CINEVITOR está em Gramado e você acompanha a cobertura do evento por aqui, pelo canal do YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Fotos: Edison Vara/Agência Pressphoto.

Motel Destino, de Karim Aïnouz, abre o 52º Festival de Cinema de Gramado

por: Cinevitor
Equipe do filme no tapete vermelho

A 52ª edição do Festival de Cinema de Gramado começou nesta sexta-feira, 09/08, com a exibição, fora de competição, do thriller erótico Motel Destino, do cineasta cearense Karim Aïnouz, que disputou a Palma de Ouro no Festiva de Cannes.

Motel Destino carrega o nome de um local numa beira de estrada do litoral cearense, palco de jogos perigosos de desejo, poder e violência. Uma noite, a chegada de um jovem transforma em definitivo o cotidiano do motel. O rapaz em fuga, totalmente vulnerável, cruza seu caminho com o de uma mulher aprisionada pelas dinâmicas de um casamento abusivo.

Elemento recorrente na filmografia de Aïnouz, o erotismo é o pano de fundo de Motel Destino, que chega aos cinemas brasileiros no dia 22 de agosto. As cores fortes e vibrantes do litoral nordestino dão a tônica visual-narrativa da nova obra, o primeiro projeto do diretor rodado inteiramente no Ceará desde O Céu de Suely (2006). O longa é um retrato íntimo de uma juventude que teve seu futuro roubado por uma elite tóxica e esmagadora, contra a qual a insubordinação e revoltas são, não raramente, a saída possível.

Estrelado por Iago Xavier, Fabio Assunção e Nataly Rocha, a coprodução entre Brasil, França e Alemanha tem roteiro assinado por Karim Aïnouz, Mauricio Zacharias e Wislan Esmeraldo. O elenco conta também com Renan Capivara, Yuri Yamamoto, Fabíola Líper, Isabela Catão, Jupyra Carvalho, David Santos e Bruna Beserra.

Por trás das câmeras, a diretora de fotografia Hélène Louvart, renomada por seus trabalhos em A Vida Invisível e Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre, captura com sutileza as nuances visuais do filme. A montadora Nelly Quettier, reconhecida por Beau Travail e Lazzaro Felice, imprime uma precisão rítmica à narrativa. O diretor de arte Marcos Pedroso, de Madame Satã e Praia do Futuro, agrega uma rica expressão artística à obra. A produção foi liderada por Janaina Bernardes (Cinema Inflamável) e Fabiano Gullane e Caio Gullane (Gullane).

No Palácio dos Festivais, a equipe subiu ao palco para apresentar o filme de abertura desta edição: os produtores Fabiano Gullane e Janaina Bernardes; e os atores Iago Xavier, Fabio Assunção e Nataly Rocha. O diretor Karim Aïnouz, por motivos de trabalho, não compareceu ao evento, mas enviou um vídeo: “Infelizmente não consegui estar nesta noite tão especial, mas meu coração está aí. Eu queria desejar uma boa projeção de Motel Destino. Estou muito honrado de estar no Festival de Gramado com diretores tão especiais, que também estão na programação este ano. Queria dedicar essa projeção de hoje ao povo gaúcho, que lutou e se uniu para poder enfrentar uma tragédia tão grande que aconteceu este ano. Fico muito feliz que o festival está acontecendo. Espero que Motel Destino seja uma faísca de alegria nesta noite. Espero que vocês gostem do filme e viva o cinema brasileiro!”.

Os atores do filme na entrada do Palácio dos Festivais

Ainda no palco, a protagonista Nataly Rocha também celebrou a exibição do filme no festival: “É um prazer imenso estar aqui. Eu faço mais filmes experimentais e malucões lá no Ceará. É a primeira vez que estou aqui e estou muito feliz. Achei a programação chiquérrima, como sempre. Eu acho chique ganhar o kikito. Eu queria ganhar, mas não estamos concorrendo. Espero vir mais vezes, a cidade é linda. Pra quem fez o filme, é outro filme que passa na nossa cabeça nos bastidores. Mas tudo só faz sentido quando a gente está na plateia com vocês assistindo e recebendo essa troca. Motel Destino é muito calor e pulsão de vida”.

Em seu primeiro longa-metragem, o estreante Iago Xavier também discursou: “Nossa, que honra estar neste palco! Trabalhamos tanto para fazer esse filme… é uma loucura! Não imaginei estar aqui no Festival de Gramado, que é absurdamente enigmático e importante para a cultura nacional. Eu só acompanhava o festival pelas redes e estar aqui no meu primeiro longa é uma honra muito grande. Estar aqui é uma resiliência absurda para todo mundo!”. Ao final, o ator alegrou o público com uma dança, que faz referência à uma das cenas do filme.

Também no palco, o consagrado ator Fabio Assunção relembrou sua trajetória no Festival de Gramado: “Estou muito feliz de estar aqui. Eu já vim cinco vezes para cá, mas eu também, quando era mais novo, não poderia imaginar que estaria abrindo o festival. É uma honra estar aqui”. E falou também sobre o longa: “Esse filme traz um retrato do Brasil porque é a história de um homem branco do Sudeste que vai para o Nordeste e conhece uma mulher cearense. Tem um aspecto sociológico de todo esse degrau, de todo esse preconceito; e como esse casamento passa a ser um espaço de abuso e humilhação. Isso existe no Brasil. O Karim traz isso no filme de uma maneira muito autoral e com muita propriedade”.

Fabio também falou da sua experiência no set: “Pra mim, foi um processo árduo. Mas dentro de um processo de muita confiança com o Karim, com o elenco, com os nossos produtores. Dentro de um ambiente protegido e um ambiente bastante confiante. Fizemos essa jornada para contar essa história cruel que, no fundo, é uma história de amor. O segredo do filme é exatamente esse: mostrar uma realidade brasileira sem nenhum problema de dizer isso claramente porque isso é um transformador social”.

Para encerrar, Fabio destacou a resistência do Festival de Gramado em 2024: “Passa tanta coisa pela minha cabeça. É importante destacar que o festival, mesmo em um ano tão difícil para o Rio Grande do Sul, permanece firme porque o cinema também é um espaço de resistência, força, resiliência, guerrilha e, sobretudo, em momentos de dificuldade, o cinema sempre se fez muito forte. Queria parabenizar o festival por manter a edição deste ano”. Com distribuição da Pandora Filmes, Motel Destino chega aos cinemas brasileiros no dia 22 de agosto.

*O CINEVITOR está em Gramado e você acompanha a cobertura do evento por aqui, pelo canal do YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Fotos: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto.

CINEVITOR #469: Entrevistas com Lucia Murat + Valentina Herszage + Shi Menegat + Floriano Peixoto | O Mensageiro

por: Cinevitor
Shi Menegat e Valentina Herszage em cena

Depois de ser exibido no Festival de Lima e passar pela Mostra de São Paulo e pelo Festival do Rio, o filme O Mensageiro, dirigido por Lucia Murat, chega aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, 15/08. Com uma trama que se passa durante a ditadura militar no país, em 1969, o longa narra a história de um soldado que aceita levar uma mensagem de uma presa política para sua família.

Filmado no final da pandemia, O Mensageiro tem Valentina Herszage no papel de Vera, presa política durante a ditadura militar. Na prisão, a jovem de classe média conhece o soldado Armando, interpretado por Shi Menegat, que decide levar uma mensagem para sua família; Georgette Fadel interpreta a mãe de Vera e Floriano Peixoto, seu pai.

Com produção da Taiga Filmes, coprodução do Canal Brasil, do Telecine e da produtora argentina Cepa, e distribuição da Imovision, o filme conta também com Higor Campagnaro, Bruce Gomlevsky, Eduardo Speroni, Javier Drolas, Rose Germano, Francisco Paes, entre outros, no elenco.

Durante os meses de junho e julho, a diretora Lucia Murat promoveu sessões exclusivas para estudantes de escolas públicas de ensino médio e universitários do Estado do Rio, com debates com equipe e elenco sobre a memória da ditadura nos tempos atuais. Ao todo, foram realizadas 20 exibições gratuitas antes do lançamento oficial.

Para falar mais sobre O Mensageiro, conversamos com a diretora e com os protagonistas Valentina Herszage, Shi Menegat, que se identifica como uma pessoa trans não-binária, e Floriano Peixoto. No bate-papo, falaram sobre preparação de elenco, referências e ensaios virtuais, entrosamento com a equipe, questões políticas e expectativa para o lançamento.

Aperte o play e confira:

Foto: Divulgação/Taiga Filmes.

Festival de San Sebastián 2024 anuncia novos títulos; filmes brasileiros são selecionados

por: Cinevitor
Mirella Façanha e Marcos de Andrade em Cidade; Campo, de Juliana Rojas

Depois de anunciar os primeiros filmes selecionados, entre eles, os títulos que disputarão a Concha de Ouro, a 72ª edição do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, considerado o mais importante festival de cinema da Espanha e um dos mais antigos da Europa, revelou novas obras em sua programação.

Na mostra Horizontes Latinos, que será exibida durante o festival, entre os dias 20 e 28 de setembro, o cinema brasileiro ganha destaque; a seção apresenta uma seleção de longas-metragens ainda não lançados na Espanha, produzidos na América Latina, dirigidos por cineastas de origem latina ou que abordem temas sobre comunidades latinas no resto do mundo.

Entre os selecionados, destaca-se: Cidade; Campo, de Juliana Rojas. Rodado na cidade de São Paulo e na zona rural do Mato Grosso do Sul, o filme fala sobre migração entre o meio urbano e o rural. Na primeira história, a trabalhadora rural Joana migra para São Paulo, após o rompimento de uma barragem de dejetos de mineração inundar sua cidade natal. Ela vai ao encontro de sua irmã Tânia, que mora em um bairro periférico junto com seu neto Jaime. Joana busca prosperar na maior cidade da América do Sul, conhecida como a “cidade do trabalho”. Ela adentra o universo dos subempregos por aplicativos, trabalhando como faxineira.

Na segunda história do filme, Flávia se muda com Mara, sua companheira, para a fazenda que herdou do pai, falecido recentemente. As duas mulheres buscam uma nova oportunidade de vida no campo. O contato com a casa abandonada revela a Flávia aspectos desconhecidos de seu pai, com quem mantinha uma relação distante. O casal sofre um choque de realidade ao enfrentar a dureza do cotidiano rural. A natureza as obriga a enfrentar frustrações e a lidar com memórias e fantasmas.

O longa, que tem distribuição da Vitrine Filmes, conta com Fernanda Vianna, Mirella Façanha, Bruna Linzmeyer, Andrea Marquee, Preta Ferreira, Marcos de Andrade, Raquel Ferreira, Nilcéia Vicente e Kalleb Oliveira no elenco.

Outro título brasileiro que se destaca é o longa Dormir de Olhos Abertos, de Nele Wohlatz, uma coprodução entre Brasil, Argentina, Taiwan e Alemanha. Filmado no Recife entre outubro e novembro de 2022, o elenco conta com Chen Xiao Xin, Wang Shin-Hong, Liao Kai Ro, Nahuel Pérez Biscayart e Lu Yang Zong. Com distribuição da Vitrine Filmes, a produção é da Cinemascópio, Ruda Cine, Yi Tiao Long Hu Bao Taipei e Blinker Filmproduktion; assinada por Emilie Lesclaux, Kleber Mendonça Filho, Justine O., Roger Huang, Violeta Bava, Rosa Martínez Rivero, Meike Martens e Nele Wohlatz.

Além disso, o Brasil também aparece como coprodutor em Zafari, dirigido pela cineasta venezuelana Mariana Rondón. Vale lembrar que todos os filmes da Horizontes Latinos concorrem ao Prêmio Horizontes no valor de 35 mil euros para o realizador e o distribuidor na Espanha.

[ATUALIZADO: 16/08]

A seleção segue com outro título brasileiro em competição: Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, será exibido na mostra Perlak, que conta com filmes aclamados pela crítica ou premiados em outros festivais internacionais, e concorre ao Prêmio do Público.

Estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello e com participação especial de Fernanda Montenegro, o filme é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua família. O relato começa no início dos anos 70, quando um ato de violência muda a história da família Paiva para sempre. O livro e o filme abraçam o ponto de vista daqueles que sofrem uma perda em um regime de exceção, mas não se dobram; o roteiro é de Murilo Hauser, de A Vida Invisível, e Heitor Lorega.

Na mostra Foro de Coproducción, projetos são apresentados em busca de potenciais parceiros para completarem seu financiamento e melhorarem seu acesso no mercado internacional. Aqui, o Brasil aparece com Crocodila, de Gabriela Amaral Almeida, uma coprodução com Portugal; e também com Animales del desierto, de Santiago Loza (Argentina/Brasil/Uruguai), La escuela pesada, de Hernán Rosselli (Argenrtina/Uruguai/Áustria/Brasil/Portugal/França/Chile/Peru), Los Dos Paisajes, de Francisco Lezama (Argentina/Brasil) e Remanso, de Pablo Lamar (Paraguai/Argentina/Uruguai/Brasil/França).

Além dos filmes, também foi revelado que o cineasta e roteirista espanhol Pedro Almodóvar será homenageado com o Prêmio Donostia e exibirá, depois da cerimônia, seu mais novo trabalho: The Room Next Door, com Tilda Swinton e Julianne Moore no elenco.

Conheça os novos filmes selecionados para o Festival de San Sebastián 2024:

HORIZONTES LATINOS

Cidade; Campo, de Juliana Rojas (Brasil/Alemanha/França)
Cuando las nubes esconden las sombras, de José Luis Torres Leiva (Chile/Argentina/Coreia do Sul) (filme de abertura)
Dormir de Olhos Abertos, de Nele Wohlatz (Brasil/Argentina/Taiwan/Alemanha)
El aroma del pasto recién cortado, de Celina Murga (Argentina/Uruguai/EUA/México/Alemanha) (filme de encerramento)
El Jockey, de Luis Ortega (Argentina/México/Espanha/Dinamarca/EUA)
La piel en primavera, de Yennifer Uribe Alzate (Colômbia/Chile)
Los domingos mueren más personas, de Iair Said (Argentina/Itália/Espanha)
Querido Trópico, de Ana Endara (Panamá/Colômbia)
Quizás es cierto lo que dicen de nosotras, de Sofía Paloma Gómez e Camilo Becerra (Chile/Argentina/Espanha)
Ramón y Ramón, de Salvador Del Solar (Peru/Espanha/Uruguai)
Reas, de Lola Arias (Argentina/Alemanha/Suíça)
Simón de la montaña, de Federico Luis (Argentina/Chile/Uruguai/México)
Sujo, de Astrid Rondero (México/EUA/França)
Zafari, de Mariana Rondón (Peru/Venezuela/México/França/Brasil/Chile/República Dominicana)

PERLAK

Ainda Estou Aqui, de Walter Salles (Brasil/França)
All We Imagine as Light, de Payal Kapadia (França/Índia/Holanda/Luxemburgo)
Anora, de Sean Baker (EUA)
Bird, de Andrea Arnold (Reino Unido)
Daney anjir maabed (The Seed of the Sacred Fig), de Mohammad Rasoulof (Irã/Alemanha/França)
Emilia Pérez, de Jacques Audiard (França) (filme de abertura)
En fanfare, de Emmanuel Courcol (França)
Marco, de Jon Garaño e Aitor Arregi (fora de competição)
Maria Callas: Letters and Memories, de Tom Volf e Yannis Dimolitsas (França/Itália/Grécia) (fora de competição)
Megalopolis, de Francis Ford Coppola (EUA)
Memoir of a Snail, de Adam Elliot (Austrália)
Oh Canada, de Paul Schrader (EUA)
Parthenope, de Paolo Sorrentino (Itália/França)
The Substance, de Coralie Fargeat (Reino Unido)
The Wild Robot, de Chris Sanders (EUA) (fora de competição)
Yeohaengjaui pilyo (A Traveler’s Needs), de Hong Sangsoo (Coreia do Sul)

Foto: Alice Andrade Drummond.

Mais Pesado é o Céu

por: Cinevitor

Direção: Petrus Cariry

Elenco: Matheus Nachtergaele, Ana Luiza Rios, Silvia Buarque, Danny Barbosa, Buda Lira, Marcos Duarte, Magno Carvalho, Pedro Domingues, Galba Nogueira.

Ano: 2023

Sinopse: Após acolher uma criança abandonada, Teresa conhece Antônio e os dois iniciam uma jornada pelas estradas. O passado em comum, para eles, são as memórias de uma cidade submersa no fundo de uma represa. A vida é sonho, mas o futuro é a incerteza.

*Filme visto no 51º Festival de Cinema de Gramado

*Clique aqui e assista ao programa especial sobre o filme com entrevista com a atriz Silvia Buarque

Nota do CINEVITOR:

52º Festival de Cinema de Gramado: conheça os integrantes dos júris

por: Cinevitor
Emanuelle Araujo no tapete vermelho do festival na edição passada

A 52ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que começa nesta sexta-feira, 09/08, e segue até 17 de agosto, revelou os nomes dos profissionais que escolherão os vencedores dos kikitos deste ano.

Como de costume, realizadores, produtores, atores e atrizes, pesquisadores, acadêmicos, profissionais do audiovisual e críticos de cinema têm a missão de escolher quem leva os prêmios do 52º Festival de Cinema de Gramado. Cada categoria tem um júri próprio que define os vencedores, além do Júri da Crítica, que escolhe os melhores do ponto de vista dos jornalistas especializados, e do Troféu Assembleia Legislativa.

Os membros do júri de longas-metragens brasileiros são: o diretor e produtor alemão Ansgar Ahlers; a atriz e cantora Emanuelle Araujo; a roteirista e diretora Liliana Sulzbach; o ator Samuel de Assis; e a produtora Vania Catani. O júri de longas-metragens documentais é composto por: Renato Dornelles, jornalista, escritor, produtor, diretor e roteirista; e Maria Henriqueta Creidy Satt, jornalista, pesquisadora e documentarista. Os kikitos dos curtas-metragens brasileiros serão entregues aos escolhidos pelos cineastas Clementino Junior e Luiz Alberto Cassol e pela produtora executiva e criativa Marília Garske.

Os vencedores da mostra competitiva de longas-metragens gaúchos serão escolhidos por: Lorenna Montenegro, jornalista; Renata Sofia, autora e roteirista; e Rodrigo de Oliveira, jornalista. O júri de curtas-metragens gaúchos é composto: pela cineasta Cibele Amaral; pela roteirista e produtora criativa Mirtes Santana; pela roteirista Kariny Martins; pelo diretor e roteirista Marton Olympio; e pelo professor universitário Marcelo Ikeda. O Júri da Crítica é composto pelos críticos de cinema: Carla Oliveira, Diego BenevidesMariane Morisawa, Ticiano Osório e Vitor Búrigo, aqui do CINEVITOR.

Além disso, vale destacar que já é tradicional para a noite que antecede a abertura do Festival de Cinema de Gramado receber os trabalhos do Educavídeo, Programa Municipal Escola de Cinema. Como forma de estimular a realização audiovisual, as produções realizadas pelos estudantes serão novamente exibidas no Palácio dos Festivais, em uma première que prestigia o potencial criativo dos realizadores. O projeto, que está em sua 13ª edição, fornece capacitação audiovisual para alunos da rede municipal e demais interessados residentes em Gramado. Ao total, serão exibidos dez curtas-metragens produzidos pelos alunos. Como no ano passado, os melhores projetos serão premiados com um kikito de madeira.

Foto: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto.

CINEVITOR #468: Entrevistas com Juan Paiva, Marco Ricca e Miá Mello | De Pai para Filho

por: Cinevitor
Marco Ricca e Juan Paiva em cena: relação entre pai e filho nas telonas

Dirigido por Paulo Halm, autor das novelas Totalmente Demais e Bom Sucesso, o longa De Pai para Filho, recentemente premiado na primeira edição do Festival de Cinema de Paraty, chega aos cinemas nesta quinta-feira, 08/08.

O filme é um drama com humor sobre o duro acerto de contas entre pai e filho, envolvendo perdão, reconciliação e descoberta do amor. Com Marco Ricca, Juan Paiva e Miá Mello no elenco, a trama narra um inusitado reencontro entre pai e filho. Machado, pop star de uma banda de rock dos anos 80 agora fracassado e esquecido, decide se matar. Ao saber da morte do pai, José chega atrasado ao enterro e não sabe o que fazer com os pertences do pai, uma vez que nunca tiveram uma boa relação ao longo dos anos. No apartamento que recebeu como herança, José pela primeira vez conhece o universo do pai até que o próprio Machado reaparece em busca de reconciliação.

De Pai para Filho tem um forte componente musical a partiŕ do personagem Machado, que era tecladista e líder do Capa Preta, uma banda de rock que fez sucesso nos anos 80. O próprio diretor e roteirista Paulo Halm, ao lado de Felipe Rodarte, compuseram as canções que são tocadas e cantadas no filme. O piano é quase um personagem também: a personagem Kat é uma jovem virtuose, que foi aluna do Machado; para interpretá-la, a atriz Valentina Vieira teve aulas de piano na preparação. Ela chega a tocar em alguns trechos, mas foi dublada por pianistas profissionais.

Com exibições no Festival Mundial de Cine de Veracruz, no México, e no Festival de Petrópolis, o longa conta também com Thiago Fragoso, Pablo Sanábio, Charles Fricks, Xando Graça, Sergio Medeiros, Tati Vilella, Marcos França, Claudia Sardinha e Fabrício Santiago no elenco. Produzido pela Canhota Filmes, com coprodução da Globo Filmes, RioFilme e SECEC-RJ através dos recursos da Lei Paulo Gustavo via edital de apoio à distribuição, De Pai para Filho será distribuído pela ArtHouse e Filmes do Estação.

Para falar mais sobre o longa, que estreia na semana do Dia dos Pais, conversamos com os atores Juan Paiva, Marco Ricca e Miá Mello, que falaram sobre preparação, entrosamento com o elenco e expectativas para o lançamento.

Aperte o play e confira:

Foto: Divulgação.

FAM 2024: conheça os filmes selecionados

por: Cinevitor
Cena de Retrato de um Certo Oriente, de Marcelo Gomes: em competição

A 28ª edição do FAM, Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul, acontecerá entre os dias 5 e 11 de setembro na capital catarinense com 52 produções na programação, vindas de 15 países.

Considerado um dos mais tradicionais festivais de cinema do país e realizado pela Associação Cultural Panvision, o FAM 2024 exibirá obras de animação, ficção, documentários, videoclipes, curtas e longas-metragens, em mostras competitivas e especiais, além dos cinco filmes da Mostra Projeto Rally Panvision, que serão produzidos em tempo real na Maratona Cinematográfica durante a semana do festival.

A mostra com maior participação internacional é a Mostra Curtas, que concentra 10 produções. Para as mostras de longas foram selecionados 6 filmes, sendo 4 ficções e 2 documentários; na Mostra Curtas Catarinenses são 6 filmes; na Mostra Infantojuvenil são nove; a Mostra Videoclipes traz cinco títulos; na Mostra On-line, novidade deste ano, são seis; e na Mostra Work in Progress, composta pelos filmes em pós-produção, 5 obras.

O FAM 2024 teve mais de 800 produções inscritas e 17 curadores do Mercosul participaram da seleção: “Os curadores foram bem diversificados e tivemos boas conversas no processo de seleção, agora ficamos na expectativa de ouvir também do público como cada um dos filmes os toca. São distintas emoções, prezamos por tentar um equilíbrio em representação temática, de países, de perfil de diretores, de estreias e de filmes essenciais”, explica a diretora de programação da Panvision, Marilha Naccari

“Temos 46% de filmes inéditos no Brasil e 78% inéditos em Santa Catarina, incluindo ineditismo mundial e filmes com única e exclusiva exibição no FAM que passarão por teste de audiência. As exceções estão em especial nas obras de videoclipe e filmes para a infância, as quais damos preferência à experiência da tela grande. O ineditismo é importante para dar mais espaços de oportunidades de lançamento, mas também precisa sempre ser notada a pluralidade das histórias e de quem as conta”, explica Marilha.

As exibições serão no CineShow do Beiramar Shopping, e as demais atividades do festival no Majestic Palace Hotel. As questões sociais, música, meio ambiente e espiritualidade são os temas mais presentes nos filmes este ano. A Panvision destaca que 27 filmes possuem o Selo Marias de Cinema; o título simboliza o reconhecimento de filmes que retratam mulheres de maneira mais complexa, que traçam seus próprios caminhos e que, fugindo dos padrões, saem da sombra de personagens masculinos.

Os filmes concorrem ao Troféu Panvision pelo Júri Popular e Oficial, além de mais de R$ 100 mil em produtos e serviços das empresas especializadas em audiovisual parceiras da Panvision: Aktoro, CoolTunes, DOT, JLS, Link Digital, Media Mundus, Mistika, Naymovie e PluralTec. O melhor curta-metragem brasileiro escolhido por um júri formado por jornalistas e críticos de cinema ganhará o Prêmio Canal Brasil de Curtas e, além do troféu Canal Brasil, receberá R$ 15 mil em dinheiro. Os cinco filmes da Mostra Projeto Rally Panvision serão conhecidos pelo público somente na noite de premiação do 28º FAM.

Conheça os filmes selecionados para o FAM 2024:

MOSTRA LONGAS

Aldo Baldin: Uma Vida pela Música, de Yves Goulart (Brasil, SC/RS/SP/MG/RJ/Alemanha/Argentina/Inglaterra/Israel/EUA)
Black Rio! Black Power!, de Emílio Domingos (Brasil)
La Estrella que Perdí, de Luz Orlando Brennan (Argentina)
Los Últimos, de Sebastián Peña Escobar (França/Paraguai/Uruguai)
Por tu Bien, de Axel Monsú (Argentina)
Retrato de um Certo Oriente, de Marcelo Gomes (Brasil, RJ/Itália)

MOSTRA CURTAS CATARINENSES

A Última Primavera, de Michelly Hadassa (Garopaba)
CadaFalso, de Yohana Fukui (Itapema/Porto Belo)
Lições Marginais de um Manuscrito Clandestino, de François Muleka (Florianópolis/Brasília)
No Mundo da Lua, de Cleiton Schlindwein (Timbó)
O que Fica, de Fabiane Bardemaker e Daniel Edu Mayer (Chapecó/Cunha Porã)
Sangria, de Henrique Schlickmann (Florianópolis/Palhoça)

MOSTRA CURTAS

Buraco de Minhoca, de Marília Hughes Guerreiro e Cláudio Marques (Brasil, BA)
Engole o Choro, de Fabio Rodrigo (Brasil, SP)
Hoje Eu Só Volto Amanhã, de Diego Lacerda (Brasil, PE)
La Hija de la Azafata, de Sofía Brihet (Argentina)
La Trampa, de Ferney Iyokina Gittoma (Colômbia/Portugal)
Los Desastres del Naufragio, de Hernán Velit (Peru)
Luthier, de Carlos González Pénagos (Colômbia)
Movimentos Migratórios, de Rogério Cathalá (Brasil, BA)
Quarta-feira, de Maria Odara (Brasil, PE)
Voz de Trompeta, de Pilar Smoje Gueico e David Monarte Serna (Chile)

MOSTRA INFANTOJUVENIL

Casa na Árvore, de Guilherme Lepca (Brasil, PR)
Felícia e os Super-resíduos do Bem, de Laly Cataguases (Brasil, MG/SP/RJ/GO/PA)
Festa para Duas, de Marina Polidoro (Brasil, MG)
Juzé, de Raquel Garcia (Brasil, CE)
Malu e a Máquina, de Ana Luiza Meneses (Brasil, DF)
Maréu, de Nicole Schlegel (Brasil, RJ)
O Último é Mulher do Padre, de Yasser Socarrás (Brasil, SC)
Pororoca, de Fernanda Roque e Francisco Franco (Brasil, MG)
Raffi, de Ricardo Villavicencio (Chile)

MOSTRA ON-LINE 

Apuntes Sobre La Muerte de Un Cine, de Iñaki Oñate (Argentina)
Diario de un Hombre a la Deriva, de Jose Ibañez (Chile)
Feira da Ladra, de Diego Migliorini (Brasil, SP)
Hélio Melo, de Leticia Rheingantz (Brasil, AC/SP)
Javyju: Bom Dia, de Cunha Rete e Carlos Eduardo Magalhães (Brasil, SP)
Pano pra Caetano, de Gabriel Lachowski (Brasil, PR)

MOSTRA VIDEOCLIPES

Gauchito Gil, de Nacho Rocha; direção: Florencia Calcagno (Argentina/Uruguai)
Indivíduo: vida-morte-vida, de Binarious feat. Tom Suassuna; direção: Andressa Munizo (Brasil, DF)
Laguna Plena, de Rimon Guimarães feat. Tuyo; direção: Carlon Hardt e Rimon Guimarães (Brasil, PB)
O Invisível, de André Abujamra; direção: André Abujamra, Guga Lemes, Marcelo Nobre e Wagui Almeida (Brasil, AP/SP)
Y Si Mañana Me Dan Muerte, de DHOGO; direção: Pierina Espinoza e Edgar Tuaty (Venezuela)

MOSTRA WORK IN PROGRESS

El Claro, de Maira Carrasco (Chile)
Mala Sangre, de Gisela Sanchez (Argentina)
Muña Muña, de Paula Morel Kristof (Argentina)
Nem, de Juan Manuel Benavides (Colômbia)
Verde Oliva, de Wellington Sari (Brasil, PR)

Foto: Divulgação.

CINEVITOR #467: Entrevista com Silvia Buarque | Edição Especial | Mais Pesado é o Céu

por: Cinevitor
Silvia Buarque no longa cearense Mais Pesado é o Céu

Prestes a completar quarenta anos de carreira, entre teatro, TV e cinema, Silvia Buarque segue sua trajetória artística em evidência. Na próxima semana, chega às telonas em Mais Pesado é o Céu, premiado longa do cineasta cearense Petrus Cariry.

O filme, consagrado no Festival de Cinema de Gramado com quatro kikitos, entre eles, melhor direção, conta a história de Teresa, interpretada por Ana Luiza Rios, que depois de acolher uma criança abandonada, conhece Antônio, papel de Matheus Nachtergaele, e os dois iniciam uma jornada pelas estradas. O passado em comum, para eles, são as memórias de uma cidade submersa no fundo de uma represa. A vida é sonho, mas o futuro é a incerteza.

Sétimo longa-metragem de Petrus Cariry, com produção de Bárbara Cariry e distribuição da Sereia Filmes, o filme se passa no Nordeste, mas os temas abordados são universais. Além de Gramado, Mais Pesado é o Céu também foi exibido na Mostra de São Paulo, no LABRFF, Los Angeles Brazilian Film Festival, no Cine Ceará, entre outros. O elenco conta também com Danny Barbosa, Buda Lira e Marcos Duarte.

Para falar mais sobre o filme, conversamos com a atriz Silvia Buarque, que interpreta Fátima. No bate-papo, ela falou sobre sua relação carinhosa com a família Cariry, que começou quando assistiu Corisco & Dadá, e relembrou alguns trabalhos realizados com eles, como: Os Pobres Diabos e Os Escravos de Jó, ambos dirigidos por Rosemberg Cariry. Silvia também relembrou outros trabalhos, entre eles, o longa Homem Onça, de Vinícius Reis, a novela América, de Gloria Perez e as séries Impuros e Betinho: No Fio da Navalha; e destacou sua trajetória nos palcos: recentemente reestreou, no Rio de Janeiro, a peça A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe, com Guida Vianna.

Sobre Mais Pesado é o Céu, Silvia falou dos bastidores, preparação para sua personagem, sotaque, entrosamento com a equipe e expectativa para o lançamento; além de elogiar o trabalho do diretor. Ao final da conversa, refletiu sobre sua carreira, que começou na TV Manchete e na Rede Globo, escolhas profissionais e o que deseja realizar no futuro.

Aperte o play e confira:

Foto: Ingred Xavier.

Estranho Caminho

por: Cinevitor

Direção: Guto Parente

Elenco: Lucas Limeira, Carlos Francisco, Tarzia Firmino, Rita Cabaço, Renan Capivara, Ana Marlene, Fab Nardy, Noá Bonoba, Jennifer Joingley, Déo Cardoso, Larissa Goés, Mumutante, Solon Ribeiro, David Santos, Pedro Breculê, Gabriel de Sousa.

Ano: 2023

Sinopse: Um jovem cineasta que visita sua cidade natal é surpreendido pelo rápido avanço de uma pandemia e precisa encontrar seu pai, com quem não fala há mais de dez anos. Depois do primeiro encontro, coisas estranhas começam a acontecer.

*Filme visto na 47ª Mostra de São Paulo

*Clique aqui e leia a matéria especial sobre a exibição do filme na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

Nota do CINEVITOR:

Bruna Surfistinha 2: com Deborah Secco, sequência do longa é confirmada

por: Cinevitor
Deborah Secco e Bruna Surfistinha: dupla de sucesso nas telonas

Depois de 13 anos de intervalo, a garota de programa mais famosa do Brasil está de volta às telonas. A  TvZero, em parceria com a Imagem Filmes, anunciou nesta quarta-feira, 31/07, a produção do longa-metragem Bruna Surfistinha 2, filme que em sua  primeira versão levou mais de 2 milhões de brasileiros aos cinemas.

A atriz Deborah Secco volta às telas como a protagonista. Na coprodução e direção estará Marcus Baldini, de O Sequestro do Voo 375, que também assinou o primeiro longa, que chegava às telas dos cinemas brasileiros no dia 25 de fevereiro de 2011

Deborah, também coprodutora do filme, define Bruna Surfistinha como um dos personagens mais importantes da sua vida: “Me fez ser uma pessoa completamente diferente, um dos mergulhos artísticos mais profundos que eu já tive. Ela tem muita história pra contar ainda, mas eu imaginei que não fosse acontecer”.

A primeira versão do filme Bruna Surfistinha, uma adaptação cinematográfica do bestseller literário O Doce Veneno do Escorpião: o Diário de uma Garota de Programa, de Raquel Pacheco, conta a história da jovem Raquel, filha de classe média paulistana que um dia sai de casa e toma uma decisão surpreendente: virar garota de programa. Em pouco tempo, Raquel se transforma em Bruna Surfistinha e passa a ser uma celebridade nacional, contando sua rotina em um blog na internet.

Para o diretor Marcus Baldini, o longa continua vivo na memória do público: “É impressionante ver como o primeiro Bruna é um filme que permanece vivo e continua atraindo atenção dos espectadores. Olhando para o mundo de hoje, muito diferente do que era 15 anos atrás, vejo como vai ser um desafio grande dar continuidade a essa história. Ao mesmo tempo, me parece uma grande oportunidade visitar de novo essa personagem junto com a Deborah. Agora, de um ponto de vista mais maduro tanto do lado pessoal como profissional”.

No momento que comemora os 30 anos da sua produtora, Roberto Berliner, sócio-fundador da TvZero, se mostra empolgado com a sequência de Bruna Surfistinha: “O primeiro filme mostrou de forma humana a vida de uma garota de programa, que encara, muitas vezes, homens desumanos que as contratam. Agora vamos voltar com a Bruna trazendo outros temas. Muito bom estar ao lado da Deborah, do Baldini e da Imagem, todos mais maduros, para provocar novas sensações nas plateias”.

Foto: Nico Rocha.