Boa Sorte

por: Cinevitor

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Direção: Ben Russell

Ano: 2017

Sinopse:  Uma investigação de duas comunidades de mineradoras em lados opostos de um mundo hostil: os empregados estatais de uma mina de cobre na Sérvia e os trabalhadores de uma mina ilegal de ouro nas paisagens tropicais do Suriname. Das entranhas da terra à densa selva tropical, o longa opera na intersecção entre etnografia e experimentação audiovisual, reconhecendo a distância que separa modos distintos de vida e de trabalho, assim como quem filma e quem é filmado. Tais retratos especulares constroem uma radical imersão no universo do trabalho, investigando com paciência o desgaste dos corpos e a relação entre o tempo das máquinas e o dos homens.

Crítica do CINEVITOR: Depois de rodar o mundo com seus filmes, o cineasta americano Ben Russell chega ao Olhar de Cinema com Boa Sorte, exibido no Festival de Locarno. O documentário, dividido em duas partes, mostra empregados estatais de uma mina de cobre na Sérvia e trabalhadores de uma mina ilegal de ouro no Suriname. Durante seus 143 minutos, o filme propõe ao espectador uma imersão no universo de seus protagonistas. Com planos de longa duração, Russel detalha o dia a dia desses trabalhadores com uma câmera próxima aos personagens, criando uma sensação de intimidade com aquilo que está sendo mostrado. Na primeira parte, em que destaca os mineradores da Sérvia, há uma sensação de claustrofobia quando a câmera segue parada acompanhando a chegada de todos à mina. No elevador, que os leva ao ponto final, observamos o entrosamento entre eles e a divisão de tarefas. Há também uma conversa rápida sobre questões políticas, que logo é desviada para outro assunto. Em Boa Sorte, Russell comanda com maestria um exercício de pura observação do ser humano. O mesmo acontece quando o longa anuncia sua segunda parte, agora no Suriname. Em situações bem diferentes da Sérvia, aqui os trabalhadores buscam ouro em troca de sobrevivência. Com condições precárias de trabalho, dividem suas atividades em conjunto para alcançar o objetivo final. Boa Sorte apresenta retratos de mundos diferentes com enquadramentos intimistas, planos longos que causam incômodo, porém coerentes à narrativa, e faz uma crítica social importante sobre questões trabalhistas ao evidenciar homens que trabalham como máquinas em troca de sobrevivência e esperança. (Vitor Búrigo)

*Filme assistido no 7º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.

Nota do CINEVITOR:

nota-4-estrelas

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