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Festival de Cannes 2025: Juliette Binoche será presidente do júri da 78ª edição

por: Cinevitor
Juliette Binoche: confirmada no festival francês

A 78ª edição do Festival de Cannes, que acontecerá entre os dias 13 e 24 de maio, acaba de anunciar o nome da consagrada atriz francesa Juliette Binoche como presidente do júri da mostra competitiva de longas-metragens, a principal do evento.

Em comunicado oficial, Binoche, que terá a missão de escolher o vencedor da Palma de Ouro ao lado de seus colegas de júri, disse: “Estou ansiosa para compartilhar essas experiências de vida com os membros do júri e com o público. Em 1985, subi os degraus pela primeira vez com o entusiasmo e a incerteza de uma jovem atriz. Nunca imaginei que voltaria 40 anos depois no papel honorário de presidente do júri. Agradeço o privilégio, a responsabilidade e a necessidade absoluta de humildade”.

Exatamente 40 anos depois de sua primeira aparição no festival, quando exibiu, em 1985, Rendez-vous, de André Téchiné, Juliette Binoche sucederá a diretora americana Greta Gerwig. Assim, pela segunda vez na história de Cannes, uma mulher assumirá o cargo de outra.

Todos os anos, o Festival de Cannes reúne e explora nacionalidades, cinematografias, sensibilidades, gêneros e assuntos. Foi exatamente isso que Juliette Binoche escolheu fazer desde o início de uma carreira que já acumula mais de 70 filmes e 40 anos de curiosidade artística. Quatro décadas depois, ela se tornou uma estrela internacional. Sua jornada instintiva pela cena criativa mundial logo lhe deu uma aura que atraiu cineastas de uma constelação sem fronteiras, como: Michael Haneke (Áustria), David Cronenberg e Abel Ferrara (EUA), Olivier Assayas, Leos Carax e Claire Denis (França), Amos Gitaï (Israel), Naomi Kawase e Hirokazu Koreeda (Japão), Krzysztof Kieślowski (Polônia), Hou Hsiao-hsien (Taiwan), Patricia Riggen (México), entre muitos outros.

Nenhum filme expressa melhor esse apetite sem limites do que Cópia Fiel, de Abbas Kiarostami, que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz em Cannes em 2010. Após seu quinto filme na Seleção Oficial, mais quatro se seguiram, até O Sabor da Vida, de Trần Anh Hùng, em 2023.

Binoche em Cannes, em 2023, na exibição de O Sabor da Vida

Vencedora dos prêmios mais prestigiosos, como Oscar (melhor atriz coadjuvante por O Paciente Inglês), BAFTA (melhor atriz coadjuvante por O Paciente Inglês), César (melhor atriz por A Liberdade é Azul), prêmios nos festivais de Berlim (melhor atriz por O Paciente Inglês) e Veneza (melhor atriz por A Liberdade é Azul), Juliette Binoche também se destacou em diversos trabalhos, como os filmes Perdas e Danos, de Louis Malle, Camille Claudel 1915 e Mistério na Costa Chanel, de Bruno Dumont; as séries The Staircase, Dix pour cent e The New Look; além de peças teatrais, dança, música e pintura.

Além disso, em 2001 foi indicada ao Oscar por seu trabalho em Chocolate, um dos mais aclamados de sua carreira, que também lhe rendeu uma indicação ao SAG Awards. Nas telonas, seguiu com: Invasão de Domicílio, Entre Dois Mundos, Deixe a Luz do Sol Entrar, Acima das Nuvens, A Viúva de Saint-Pierre, A Espera, Caché, Ninguém Deseja a Noite, Os 33, Quem Você Pensa que Sou, Mil Vezes Boa Noite, Vidas Duplas, Cosmópolis, entre muitos outros. Já foi homenageada nos festivais de Locarno, San Sebastián, Cairo, Thessaloniki, Valladolid, Marrakech, Zurich, Lisboa e Málaga; e no Goya e no European Film Awards.

Ao longo de sua carreira, também se destacou em outros momentos: é presidente da European Film Academy, protestou em Cannes contra a prisão de Jafar Panahi, faz parte do movimento #MeToo e também usa sua influência para aumentar a conscientização sobre os perigos ecológicos que ameaçam nosso planeta.

Seus compromissos de longo alcance lembram aqueles de Olivia de Havilland, conhecida por desafiar a onipotência dos estúdios americanos. Essa lenda de Hollywood foi presidente do júri do Festival de Cannes em 1965, passando o bastão pela primeira vez para outra mulher, também uma lenda da Cinecittà, Sophia Loren, há 60 anos. Como em uma longa e bela linhagem familiar, a presidência de Juliette Binoche no festival deste ano celebra e reúne as estrelas do passado.

Fotos: Gisela Schober e Daniele Venturelli/Getty Images.

28ª Mostra de Cinema de Tiradentes: conheça os vencedores

por: Cinevitor
Um Minuto é uma Eternidade para Quem Está Sofrendo: filme premiado

Foram anunciados neste sábado, 01/02, os vencedores do Troféu Barroco da 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, em cerimônia realizada no Cine-Tenda. O filme sergipano Um Minuto é uma Eternidade para Quem Está Sofrendo, de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro, venceu como melhor longa-metragem da Mostra Aurora.

O Júri Jovem, formado por Clara Prado, Duds Tuts, Giulia Belmonte, Otávio Osaki e Sofia Carlos, justificou a escolha por ser “um filme que nos incita à vulnerabilidade que é própria do erro” e que “abre casa, corpo e palavras para toda a significação possível a partir do princípio do desejo”.

O longa-metragem mineiro Deuses da Peste, da dupla Tiago Mata Machado e Gabriela Luíza, foi o vencedor do Prêmio Carlos Reichenbach, concedido pelo Júri Oficial da Mostra Olhos Livres. O time de jurados, composto por Juçara Marçal, Carlos Francisco, Cíntia Gil, Rita Vênus e Paulo Maya, destacou que o filme “começa do meio e não se estabiliza em lugar nenhum, com a coragem de experimentar o desvio”. Além disso, a obra foi elogiada por “usar múltiplas materialidades e ferramentas de linguagem para expandir a percepção da matéria filmada”.

O Júri Popular votou em sua maioria no documentário 3 Obás de Xangô, de Sérgio Machado, como o melhor longa-metragem. Já o prêmio de melhor curta pelo Júri Popular ficou com Dois Nilos, de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro.

O Prêmio da Crítica foi para o mineiro Parque de Diversões, de Ricardo Alves Jr. O júri da Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, contou com André Guerra, Barbara Demerov e Ismaelino Pinto, e destacou a “originalidade e ousadia ao revelar uma realidade oculta” e a “capacidade de ressignificar um espaço de lazer a partir de uma lógica de prazer em suas múltiplas camadas”.

O Prêmio Helena Ignez, dedicado ao destaque feminino da Mostra e dado pelo Júri Oficial, foi entregue à atriz Ticiane Simões, por sua atuação no curta-metragem Entre Corpos. O júri destacou sua “precisão nos gestos, postura e olhar impenetrável”, comparando sua presença cênica a “um enigma, uma esfinge irresistível”.

Pela Mostra Foco, o Júri Oficial premiou o curta alagoano Entre Corpos, de Mayra Costa, por ser “sensualmente prosaico, numa colagem obsessivamente erótica dos corpos masculinos”. Já o Prêmio Canal Brasil de Curtas foi para Marmita, de Guilherme Peraro, num júri formado pelas jornalistas Viviane Pistache, Elisabetta Mazocoli e Marília Barbosa. Para elas, o curta tem “conexão com a poesia de Manoel de Barros” e é “despretensioso como quem apanha desperdícios, respeitando os seres (des)importantes”.

O júri da Mostra Formação, composto por Ivo Lopes Araújo, Sheila Schvarzman e Eduardo Valente, escolheu Desconstruindo Lene, de Guilherme Maia, como melhor curta. Segundo eles, o filme “enxerga o ambiente acadêmico como um espaço de experiência coletiva de construção” e “afirma-se plenamente no contexto mais amplo da produção audiovisual brasileira”.

Na categoria Work in Progress (WIP) do programa Conexão Brasil CineMundi, A Voz de Deus, de Miguel Antunes Ramos, recebeu os prêmios Cinecolor e O2 Pós, em escolha do crítico e programador Roger Koza. Ele defendeu que o filme “investiga cuidadosamente várias personagens sem se apressar a julgá-las” e que “nada é mais necessário do que filmar as condições de possibilidade do pensamento reacionário”. Já o Prêmio Málaga WIP, definido por Walter Tiepelmann, diretor artístico do FIDBA, International Documentary Film Festival, foi para Morte e Vida Madalena, de Guto Parente, por “contar de modo eficaz a construção de laços de amizade, família e amor pelo cinema”.

A cerimônia contou também com o Prêmio Retrato Filmes, que foi para Prédio Vazio, de Rodrigo Aragão, que recebeu um contrato de distribuição no valor de cem mil reais. Além disso, a Universo Produção, em parceria com a plataforma Festival Scope Pro, premiou filmes da 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes visando ampliar sua distribuição e visibilidade internacional. O prêmio disponibiliza os filmes para profissionais da indústria, como programadores, distribuidoras e imprensa. Foram premiados 20 filmes, incluindo os longas das mostras Aurora e Olhos Livres, além dos vencedores das mostras Autorias, Foco e Formação, dos prêmios Canal Brasil de Curtas e Helena Ignez e das escolhas do Júri Popular. Prêmios de parceiros, como Mistika, Naymovie, The End, Dot, e o Prêmio Edina Fujii, também foram entregues.

Confira a lista completa com os vencedores da 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes:

MELHOR LONGA-METRAGEM | MOSTRA AURORA | JÚRI JOVEM
Um Minuto é uma Eternidade para Quem Está Sofrendo, de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro (SE)

MELHOR LONGA-METRAGEM | JÚRI POPULAR
3 Obás de Xangô, de Sérgio Machado (BA)

MELHOR CURTA-METRAGEM | JÚRI POPULAR
Dois Nilos, de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro (RJ)

TROFÉU CARLOS REICHENBACH | MELHOR LONGA | MOSTRA OLHOS LIVRES | JÚRI OFICIAL
Deuses da Peste, de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado (SP/MG)

MELHOR CURTA-METRAGEM | MOSTRA FOCO | JÚRI OFICIAL
Entre Corpos, de Mayra Costa (AL)

PRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS
Marmita, de Guilherme Peraro (PR/SP)

MELHOR LONGA | MOSTRA AUTORIAS | PRÊMIO ABRACCINE
Parque de Diversões, de Ricardo Alves Jr. (MG)

PRÊMIO HELENA IGNEZ | DESTAQUE FEMININO
Ticiane Simões, atriz de Entre Corpos

MELHOR CURTA | MOSTRA FORMAÇÃO
Desconstruindo Lene, de Guilherme Maia (BA)

PRÊMIO RETRATO FILMES
Prédio Vazio, de Rodrigo Aragão (ES)

CONEXÃO BRASIL CINEMUNDI | MOSTRA WIP | CORTE FINAL
Prêmio Cinecolor e O2 Pós: A Voz de Deus, de Miguel Antunes Ramos (SP)
Prêmio Festival de Málaga: Morte e Vida Madalena, de Guto Parente (CE)

*O CINEVITOR está em Tiradentes e você acompanha a cobertura do evento por aqui, pelo canal do YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Foto: Leo Lara/Universo Produção.

Marcelo Freixo na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes: audiovisual, turismo, políticas públicas e anúncio de edital

por: Cinevitor
Marcelo Freixo: presidente da Embratur na Mostra de Tiradentes

Reafirmando seu compromisso com o fortalecimento da economia criativa, do turismo e do audiovisual brasileiro, a Embratur, Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo, marcou presença na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes com a participação de Marcelo Freixo, presidente da Embratur, e Christiano Braga, supervisor de Audiovisual e Economia Criativa na Gerência de Inovação da Embratur, no evento mineiro.

Dentro deste cenário, a Embratur destaca-se com iniciativas que conectam cinema, economia criativa e o turismo, consolidando o audiovisual como uma ferramenta para promover a imagem do Brasil no cenário global.

Em entrevista exclusiva ao CINEVITOR, Marcelo Freixo, presidente da Embratur, falou sobre essa parceria: “Acho que juntar o turismo com o audiovisual é um casamento bom demais. Porque você pega um Brasil que tem uma potência turística gigantesca para transformar essa potência turística em números, em realidade, com geração de emprego e renda. O turismo pode ser uma grande solução de modelo de desenvolvimento econômico do Brasil durante o século 21. E o audiovisual brasileiro vive seu melhor momento: indicação ao Oscar, orgulho do povo brasileiro com a cultura. Muito diferente do que vivemos em tempos recentes e sombrios”.

Freixo continuou: “Queremos aproximar o audiovisual como uma ferramenta de promover esse Brasil; essa diversidade brasileira, essa cultura, essa democracia. Queremos que as pessoas venham! Hoje, 44% dos norte-americanos escolhem para onde vão viajar a partir do que assistem em séries e filmes. Essa é uma tendência mundial. Vários países já juntaram o audiovisual com o turismo, como a Colômbia e o Uruguai, aqui do lado. Mas tem também a Coreia, Nova Zelândia, Espanha. São muitas experiências bem sucedidas. E isso a gente tem que copiar”.

Com exemplos bem sucedidos, como a São Paulo Film Commission e a Rio Film Commission, Marcelo Freixo detalhou o projeto de criar algo nacional: “O Brasil tem um potencial audiovisual enorme e temos também um potencial turístico muito grande. Para isso, estamos trabalhando há dois anos com a ideia de uma Film Commission Nacional, uma ferramenta pública que vai poder operacionalizar e fazer com que isso aconteça de fato. Esse é um salto muito grande e concreto nessa relação entre esses dois universos do turismo e do audiovisual”.

Além de fomentar a criação artística, a Embratur trabalha ativamente na construção de políticas públicas para o fortalecimento do setor audiovisual. A viabilização de uma Film Commission Nacional será fundamental para atrair produções internacionais, fortalecer a presença dos filmes brasileiros em mercados mundiais e consolidar o Brasil como destino film friendly. Vale lembrar que Film Commission trata-se de uma organização criada com o objetivo de estimular o turismo, auxiliar as equipes com informações e suportes práticos e atrair produções para gerar movimentação econômica, criando empregos e oportunidades para profissionais e empresas locais. Também contribui para fortalecer a sinergia entre trade turístico e o setor audiovisual, aumentando o interesse estrangeiro em conhecer, por exemplo, cenários e paisagens.

Freixo em Tiradentes: conversa sobre cinema e turismo

Ao final da entrevista, questionado sobre as indicações brasileiras ao Oscar 2025 com Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, Freixo brincou: “Nós vamos ter um problema muito grande. A Fernanda Torres é uma amiga querida e, como eu, ela é mangueirense. E o resultado do Oscar vai ser na hora do desfile da Mangueira. Pensa um negócio desses… o Rio de Janeiro vai estar com a Mangueira na Sapucaí e a Fernanda pode ser anunciada no momento do desfile. Eu vou dizer É de arerê, força de Matamba, que é o samba da Mangueira. Vamos pra festa!”.

Durante a Mostra de Tiradentes, Freixo também participou de uma coletiva de imprensa, ao lado de Christiano Braga, supervisor de Audiovisual e Economia Criativa na Gerência de Inovação da Embratur: “Estamos muito felizes por marcar presença aqui em Tiradentes, nesta mostra de cinema consolidada e importante. E pela primeira vez com a Embratur como parceira. Conseguimos fazer uma mudança grande na Embratur, que deixa de ser uma autarquia e passa a ser uma Agência. Deu muito trabalho fazer isso porque pegamos uma Embratur muito destruída. E agora, o turismo vive o seu melhor momento”.

E continuou: “É a primeira vez que a Embratur entra como algo que auxilia na própria realização do festival. Agora isso depende de uma mudança legislativa muito grande, que ficamos mais de um ano operando para que a Embratur virasse uma Agência. Quando assumimos a Embratur, ela tinha um orçamento para funcionar quatro meses e fechar. Foi uma reviravolta de muito trabalho para conseguir manter o formato de Agência, voltar para o orçamento público, poder receber valores e patrocinar eventos. Temos um orçamento que permite fazer tudo que queríamos? Não. Mas hoje a gente consegue”.

Na ocasião, Freixo também anunciou a segunda edição do edital Brasil com S. Com um investimento de R$ 100 mil por curta-metragem, o programa apoiará a produção de quatro filmes inéditos focados no bioma Amazônia: “Qualquer projeto original é um projeto de estudo e avaliação. Começamos com uma determinada capacidade orçamentária, que já melhoramos para o segundo. O primeiro foi 60 mil e agora teremos 100 mil para cada curta-metragem. Melhoramos os critérios e temos feito muito trabalho em parceria com a produção cinematográfica do Brasil fora dele. Ajudamos Montreal, Montevidéu, Buenos Aires, Paris, Nova York… festivais de cinema brasileiros fora do país. Estamos em todos eles, onde exibimos esses curtas. Passamos nas feiras internacionais também”.

E continuou: “Essa iniciativa reforça o compromisso da Agência em promover a internacionalização do audiovisual brasileiro, estimulando produções que dialoguem com o turismo e a valorização das belezas naturais e culturais do país. Sabemos do poder transformador do cinema para a promoção do Brasil no cenário internacional. Ao investir no audiovisual, fomentamos o turismo, impulsionamos economias locais e projetamos nossa cultura para o mundo”.

Com inscrições entre 1º de fevereiro e 7 de março, o edital está alinhado aos esforços da Agência na COP 30, que acontecerá em Belém, no Pará, em novembro, e integra as iniciativas para promover a Amazônia como destino sustentável. As produções deverão destacar aspectos como a diversidade urbana e natural, sustentabilidade, tradições culturais, gastronomia, música, artesanato, pessoas e paisagens singulares da Amazônia. Clique aqui e saiba mais.

Marcelo Freixo e o cineasta Gabriel Martins no debate em Tiradentes

Além disso, a programação da 28ª edição da Mostra de Tiradentes exibiu no sábado, 01/02, no Cine Petrobras na Praça, a Sessão Cine Embratur LAB, uma seleção especial de curtas-metragens que exploram a diversidade e a riqueza do turismo brasileiro. Os quatro filmes exibidos foram selecionados na primeira edição do edital Brasil com S. Os filmes foram escolhidos por sua capacidade de promover destinos turísticos e histórias brasileiras, destacando a diversidade cultural, natural e humana do país. Cada filme oferece um olhar único sobre diferentes aspectos do turismo no Brasil, desde a cultura e as tradições até a história e a natureza exuberante do país.

Adriana Farias e Maxwell Polimanti dirigem O Carimbó da Amazônia, um documentário que mergulha nas tradições do carimbó e nas paisagens de Alter do Chão, no Pará, revelando a beleza e a riqueza cultural da região amazônica; João Gabriel Ferreira e João Gabriel Kowalski apresentam Entre Sinais e Mares, uma ficção que conta uma história de amor na Ilha do Mel, em Maringá, no Paraná, abordando temas como inclusão e diversidade LGBTQIAP+, com a participação de atores surdos; do Acre, Tatiana Sager e Gabriel Sager Rodrigues apresentam Huni Kuï: O Povo Verdadeiro, um retrato do turismo etnográfico e da cultura indígena Huni Kuï; e Juliano De Paula e Bruna Steudel, em Caminhos do Peabiru, ressignificam e redescobrem a história da estrada transcontinental mais importante da América do Sul antes da chegada dos europeus, revelando um patrimônio histórico e cultural fascinante.

Ainda na Mostra, Marcelo Freixo também participou, na sexta-feira, 31/01, do debate O Brasil nas Telas do Mundo, que aconteceu no Cine-Teatro dentro da programação do Seminário do Cinema Brasileiro. O evento contou também com Gabriel Martins, produtor e cineasta mineiro, e Luana Melgaço, produtora da Anavilhana, também de Minas Gerais. A mediação foi realizada por Pedro Butcher, colaborador do Brasil CineMundi, trazendo uma perspectiva aprofundada sobre a expansão internacional do cinema nacional.

O debate discutiu o reconhecimento crescente do cinema brasileiro no exterior, impulsionado por premiações e seleções em festivais internacionais. A produção nacional tem se destacado por sua originalidade e qualidade artística, atraindo parcerias estratégicas e cooperação internacional. Além de fortalecer a identidade global do Brasil, o setor audiovisual também impulsiona investimentos, gera negócios e fomenta o turismo.

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Fotos: Leo Lara/Universo Produção.

28ª Mostra de Cinema de Tiradentes: Raquel Hallak reflete sobre saldo positivo e diversidade do cinema brasileiro

por: Cinevitor
Raquel Hallak: bate-papo com os jornalistas

Depois de nove dias de intensas atividades e discussões, a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes segue consolidada como um dos principais espaços de reflexão e perspectivas do cinema brasileiro contemporâneo.

O tema Que Cinema é Esse?, adotado na edição de 2025, provocou discussões sobre desafios, contradições e oportunidades para o setor audiovisual brasileiro e tratou questões como sua internacionalização, políticas públicas de fomento, distribuição e relação entre cinema e identidade cultural.

A 28ª edição da Mostra de Tiradentes chegou ao fim com um saldo positivo, deixando um legado de filmes inspiradores, debates engajados e um público vibrante que celebrou a diversidade e a força do cinema brasileiro. Foram nove dias de programação abrangente, intensa e gratuita com atrações para todas as idades.

A cidade histórica recebeu a instalação de três cinemas: Cine Petrobras na Praça, Cine-Teatro e Cine-Tenda. Foram contratadas mais de 250 empresas mineiras e o evento gerou mais de 2.500 empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia local, regional, de Minas Gerais e do Brasil. Mais de 180 pessoas integraram a equipe de trabalho do evento nas etapas de montagem, execução e pós-produção. Esta edição contou com a parceria de 20 pousadas e hotéis e 15 restaurantes. Estima-se que o evento injetou mais de 15 milhões na economia local e mais de 38 mil pessoas foram beneficiadas pela ação cultural.

Durante a campanha de divulgação da Mostra, as plataformas digitais do evento registraram mais de 4 milhões de visualizações. Mais de 500 mil acessos foram contabilizados no site, vindos de 81 países. A Mostra também se consolida como um evento de grande relevância para a imprensa, com recorde de 107 jornalistas credenciados, do Brasil e do exterior, e a atenção de mais de 480 veículos de comunicação.

Antes do encerramento, no sábado, 01/02, Raquel Hallak, CEO da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra, conversou com a imprensa no Centro Cultural Yves Alves e, como de costume, fez um balanço geral da edição: “A Mostra Tiradentes se propõe a mostrar a diversidade do cinema brasileiro. Como que o público vai reagir a esses filmes? É sempre uma caixinha de surpresa! Essa edição deu um salto muito grande na internacionalização do cinema brasileiro, que desperta atenção do mundo. Eles querem conhecer, querem fazer negócio. É muito importante ter o entendimento que o audiovisual é uma indústria muito poderosa”.

Na conversa com os jornalistas, ela falou sobre a temática deste ano: “O que está acontecendo nesse cinema? Se mudou o consumo, se a sala de cinema está esvaziada, se tem uma disparidade entre o Oscar e a invisibilidade de vários filmes. Vamos levar isso para as telas, para os debates, vamos tratar isso com o público. Vamos perguntar para todo mundo: que cinema é esse?”.

Imprensa reunida com Raquel Hallak

Raquel também comentou as mudanças na programação: a Mostra Olhos Livres passou a ser avaliada pelo Júri Oficial enquanto a Mostra Aurora foi avaliada pelo Júri Jovem. Além disso, a Aurora passou a contar com filmes exclusivamente de cineastas em seu primeiro longa-metragem. A decisão reflete mudanças observadas no panorama do cinema independente ao longo dos últimos anos: “Quando a Mostra Aurora surgiu, dezoito anos atrás, tínhamos uma cena no audiovisual que tinha um recorte de destacar e dar visibilidade para quem estava em início de carreira. Ao longo dos anos, vimos que essa nova cena foi se ampliando. Essa mudança foi em função desse retrato, dessa produção; inclusive de quem nasceu em Tiradentes. Por isso criamos a mostra Clássicos de Tiradentes para não esquecer dos filmes que nasceram aqui”.

Outra questão abordada foi a construção de um espaço físico dedicado à Mostra, ideia antiga de Raquel para concentrar as exibições dos filmes em um Palácio dos Festivais. Segundo a coordenadora geral, o terreno já existe e estão em negociações com a prefeitura. Seria um sonho realizado para celebrar a 30ª edição, em 2027: “Esse espaço que temos aqui, que é o Centro Cultural e que deu origem à Mostra, já ficou pequeno. Temos essa missão, junto com a prefeitura. Para isso, estamos criando uma associação aqui em Tiradentes de eventos culturais. É uma cidade que está sendo muito impactada por iniciativas isoladas; de shows, por exemplo, que recebem em um dia 30 mil pessoas, mas que não trazem nada para a cidade no sentido de deixar algum recurso por aqui. Tiradentes é muito desafiadora. É uma cidade de 7 mil habitantes e temos que ter a consciência que recebemos cinco vezes sua população”.

Hallak também falou da importância da imprensa na Mostra de Tiradentes: “Vocês são a alma do evento porque se vocês não noticiarem, a Mostra não estaria acontecendo. Faz parte da nossa cadeia produtiva contar com a presença de todos vocês. Muitas pessoas querem vir e estamos num desafio grande porque ainda tem a questão dos influencers. Estamos tentando privilegiar a cobertura mesmo, de qualificar essa cobertura, fazer essa distinção porque quem é jornalista sabe a diferença que isso faz. A participação da imprensa é fundamental para o cinema brasileiro. É isso que a gente precisa, pois o cinema precisa encontrar seu público”

E finalizou: “O Governo Federal precisa fazer uma campanha de comunicação para o cinema brasileiro. Precisamos aprender a comunicar e valorizar o que é nosso. É maravilhoso quando a gente vê essas notícias saindo, mostrando esse cinema: seja inventivo ou criativo; essa conjugação entre o cinema jovem e experiente. Porque eu acho que esse é o ambiente de Tiradentes: quando eu vejo um Julio Bressane e um Guilherme de Almeida Prado com outro realizador que está estreando. Todo mundo junto e sem disputa porque não é uma mostra competitiva no sentido de gerar disputa de qual filme vai ganhar. As mostras que são competitivas são mais no sentido de prestar atenção que aquele filme existe”.

A programação da 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes foi um banquete para os amantes da sétima arte. Foram 63 sessões de cinema que exibiram 140 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, vindos de 21 estados brasileiros. A 29ª edição já tem data confirmada: entre os dias 23 e 31 de janeiro de 2026.

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Fotos: Jackson Romanelli e Marcela de Paula/Universo Produção.

Carta de Tiradentes 2025: documento apresenta recomendações para o futuro do audiovisual brasileiro

por: Cinevitor
Plenária e leitura da Carta de Tiradentes 2025

A 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes sediou, entre os dias 25 e 29 de janeiro, a terceira edição do Fórum de Tiradentes – Encontros pelo Audiovisual, que a cada ano se consolida como um espaço de debate e articulação do setor.

Com 89 participantes representando diversos segmentos do ecossistema audiovisual, o evento destacou a necessidade de políticas públicas sustentáveis, reforçou a importância do audiovisual como setor estratégico e reafirmou demandas para os próximos anos. A Carta de Tiradentes 2025, documento resultante das discussões, sintetiza diretrizes e reivindicações que serão encaminhadas às instâncias governamentais.

A leitura da Carta de Tiradentes 2025 aconteceu nesta quarta-feira, 29/01, no Cine-Teatro, e contou com a presença da coordenação geral do Fórum, composta por Mario Borgneth e Raquel Hallak, além da coordenação executiva, representada por Alessandra Meleiro, Débora Ivanov e Tatiana Carvalho Costa. Representantes dos GTs também estavam presentes, incluindo nomes como Adriana Fresquet (Formação), Cíntia Domit Bittar (Produção), Lia Bahia (Distribuição/Circulação), Márcia Vaz (Exibição e Difusão), José Quental (Preservação) e Alessandra Meleiros (Observatórios).

A conjuntura do audiovisual brasileiro tem passado por transformações desde a primeira edição do Fórum, realizada em 2023, impulsionada pela retomada do Ministério da Cultura e da Secretaria do Audiovisual. Apesar de avanços significativos, como a renovação das cotas de tela e o fortalecimento do FSA, Fundo Setorial do Audiovisual, desafios persistem, especialmente no que diz respeito à regulação do vídeo sob demanda (VoD), ao fortalecimento dos polos regionais e à ampliação do acesso ao cinema brasileiro. A Carta de Tiradentes enfatiza a urgência de uma política de desenvolvimento do audiovisual que contemple todas as etapas da cadeia produtiva, desde a formação e produção até a distribuição e exibição.

Em 2025, a Mostra trouxe como tema Que Cinema é Esse?, de forma a explorar a diversidade cinematográfica brasileira, a partir do pressuposto da construção de uma “soberania imaginativa”. Para participantes do Fórum, essa diversidade deve constituir o foco das políticas públicas, e consideradas nas dimensões políticas, culturais, sociais e econômicas.

Mario Borgneth: coordenação geral do Fórum

Hoje, os desafios que abrangem os segmentos de Produção, Distribuição e Circulação, Exibição e Difusão, Formação e Educação, Pesquisa e Preservação têm encontrado ressonância no processo liderado pelo Ministério da Cultura, visando a formulação do Plano de Diretrizes e Metas do Audiovisual, atualmente em construção.

Especialistas enfatizaram a necessidade de reconhecer o audiovisual como um setor econômico estratégico. A relação entre cultura e desenvolvimento foi um dos pontos centrais das discussões, com participantes defendendo medidas para garantir previsibilidade e continuidade dos investimentos públicos: “O Fórum é um espaço colaborativo de encontro entre representações de vários setores do audiovisual. Foram cinco dias de articulações e definições de perspectivas para a política pública”, destacou Raquel Hallak, uma das coordenadoras, que divide a função com Mario Borgneth.

A transversalidade das pautas abordadas durante o Fórum refletiu a complexidade do setor, abrangendo temas como formação, preservação, democratização do acesso e descentralização dos investimentos. Uma das propostas discutidas foi a revitalização do Programa Nacional de Cinema na Escola, visto como uma estratégia essencial para a formação de público e a valorização do cinema brasileiro. Alice Muniz, presidenta da Associação de Profissionais Trans do Audiovisual, destacou a importância de aproximar o debate setorial da sociedade: “A gente precisa pensar em como mobilizar para além das salas fechadas dos festivais. Eu, como pessoa da periferia, nunca imaginei fazer cinema, mas foi a educação que abriu esse caminho para mim”.

Outro ponto de destaque do Fórum foi a articulação para a aprovação da regulação do VoD, medida considerada fundamental para equilibrar o mercado e garantir espaço para produções nacionais nas plataformas de streaming. A proposta, que já tramita em instâncias governamentais, enfrenta resistência, mas tem sido defendida como essencial para fortalecer a indústria audiovisual brasileira e garantir maior autonomia às produções independentes.

Cíntia Domit Bittar na leitura da Carta de Tiradentes 2025

A Carta de Tiradentes cita ainda a necessidade de medidas para garantir o não contingenciamento dos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, além da criação de um calendário plurianual de editais que contemple a diversidade de agentes do setor. Outras ações, como a ampliação do circuito de salas de cinema e o fortalecimento da presença do audiovisual nas escolas, foram apontadas como estratégicas para consolidar uma política de longo prazo.

Além disso, a Carta destaca a importância da governança e participação social no setor, propondo a criação de Câmaras Técnicas na Ancine, Agência Nacional do Cinema, e de um Conselho Consultivo na Secretaria do Audiovisual. A implementação de uma Comissão Tripartite, envolvendo estados, municípios, o Distrito Federal e o Ministério da Cultura, foi apontada como uma estratégia essencial para fortalecer a descentralização e a efetividade das políticas públicas. A necessidade de regulamentação dos direitos autorais dos profissionais criadores também foi enfatizada, como forma de garantir segurança jurídica e valorização dos trabalhadores do setor.

Outro eixo central do documento trata a expansão e fortalecimento do circuito de exibição e defende investimentos na manutenção e ampliação de salas de cinema, com especial atenção às regiões fora dos grandes centros. A proposta de um sistema oficial de dados e indicadores para contabilizar a audiência e a circulação de obras em espaços não comerciais também foi ressaltada como essencial para qualificar políticas de fomento e distribuição

O documento final será encaminhado ao Ministério da Cultura, à Ancine e a outras instâncias federativas, buscando transformar as reivindicações em políticas efetivas

*O CINEVITOR está em Tiradentes e você acompanha a cobertura do evento por aqui, pelo canal do YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Foto: Leo Fontes/Universo Produção.

Luiza Lemmertz exibe filme na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes e reflete sobre trajetória artística

por: Cinevitor
Luiza Lemmertz: bate-papo com o público em Tiradentes

No dia seguinte à cerimônia de abertura, a programação da 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes seguiu com diversos filmes e atividades paralelas, entre elas, uma roda de conversa com o cineasta mineiro Eder Santos e a atriz Luiza Lemmertz, que exibiram na noite anterior o longa inédito Girassol Vermelho.

No programa Encontros de Cinema, realizado no sábado, 25/01, no Cine-Lounge, o público participou da Roda de Conversa com o tema Eder Santos e Luiza Lemmertz: Reflexões Sobre um Mundo Moderno da Arte. Pioneiro na fusão entre arte, cinema e tecnologia, criando obras que desafiam os limites da linguagem audiovisual, o mineiro Eder Santos é referência em videoarte no Brasil. Seu novo filme, Girassol Vermelho abriu a Mostra de Tiradentes 2025 e traz a atriz Luiza Lemmertz no elenco. Ela e Eder discutiram, neste bate-papo mediado pelo jornalista Marcelo Miranda, a experiência do novo trabalho, as imbricações entre formas e estéticas e as perspectivas do audiovisual diante das contradições entre novas tecnologias e a sensibilidade criativa.

Durante a conversa, Luiza Lemmertz, já acostumada com o meio artístico desde cedo e filha da consagrada atriz Julia Lemmertz com o produtor Álvaro Osório, relembrou sua trajetória nos palcos e sua experiência no longa O Diabo na Rua no Meio do Redemunho, de Bia Lessa, adaptação cinematográfica da renomada obra Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa: “Eu cheguei nos ensaios e a Bia pedia pra eu fazer masculino, o máximo de masculino que eu conseguisse.  E eu tava com os peitos cheios de leite, meu filho bebê em casa. Eu estava no máximo de feminino da minha vida, tinha acabado de ser mãe… como que eu faria isso? Eu acho que a arte tem isso”, disse Luiza, que interpretou Diadorim nos palcos e nas telonas, sob direção de Bia Lessa.

Sobre Girassol Vermelho e O Diabo na Rua no Meio do Redemunho, Luiza falou: “São filmes completamente diferentes, de naturezas e estéticas diferentes. Mas eles têm esse caráter artesanal da criação dos artistas de diversas frentes que se unem para fazer um novo cinema. E o filme da Bia também: entramos em um cubo preto, com uma trupe de teatro adentrando o cinema e invertendo as regras”.

No ano passado, na 27ª edição, O Diabo na Rua no Meio do Redemunho foi exibido na Mostra Autorias: “Interessante o filme ter passado aqui no ano passado e o tema deste ano ser Que Cinema é Esse? porque eu acho que, de fato, esses filmes levam um pouco além do que se pode fazer no cinema que não é o que a gente está acostumado a ver; que cria novos códigos, que imagina novas formas de se fazer arte como um todo”.

Luiza Lemmertz e Eder Santos no Encontros de Cinema

O cineasta Neville d’Almeida, que também participou da Roda de Conversa, enalteceu o talento de Luiza Lemmertz: “O Eder usou a Luiza como uma mulher espetacular, uma mulher fatal, sedutora, buscando dela um grande desempenho. Não se esqueçam dessa figura: tesouro escondido que vai ser revelado a partir deste ano no filme do Eder. Umas das nossas grandes atrizes e grandes estrelas, de grande sensibilidade e capacidade. Uma mulher simples, poderosa e com toda a força dramática necessária para o trabalho. Girassol Vermelho revela essa atriz”.

Sobre os elogios, Luiza comentou: “Quando o Neville fala isso, de ser descoberta e ser um tesouro escondido, é porque eu sou uma atriz originalmente do teatro. Talvez seja um pouco isso. Na minha carreira, eu fiz muito teatro e estou chegando aos poucos no audiovisual, que é outra linguagem maravilhosa de se explorar. Estou neste processo”.

Luiza, neta da atriz Lilian Lemmertz e que cresceu no teatro, nas coxias de peças como Orlando e Hamlet, já trabalhou com nomes como Zé Celso, do Teatro Oficina, em Cacilda!, Dionisíacas, entre outras. Recentemente, dividiu os palcos com a mãe no espetáculo Tempestade e também na TV, em uma participação na novela Elas por Elas. Foi dirigida por Jô Soares na peça O Libertino e aparece no longa Um Copo de Cólera, de Aluizio Abranches, ainda criança.

Sobre projetos futuros, Luiza revela: “O mais legal da vida é você fazer as coisas mais diferentes. Uma femme fatale no filme do Eder, Diadorim no filme da Bia… Esse ano eu vou filmar um longa em Porto Alegre [ao lado de sua mãe]. Estou feliz que é um projeto em Minas, um em São Paulo, outro no Rio Grande do Sul. Quero filmar pelo Brasil inteiro. E tem projeto de teatro para fazer também”, finalizou.

A 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes segue até 1º de fevereiro com 140 filmes brasileiros: 43 longas, 1 média e 96 curtas-metragens, vindos de 21 estados. Os títulos serão exibidos, com programação gratuita, em 62 sessões divididas em vários recortes, além de debates, encontros e rodas de conversa.

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Fotos: Jackson Romanelli/Universo Produção.

Antonio Pitanga exibe Malês na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes

por: Cinevitor
Rocco Pitanga, Samira Carvalho, Antonio Pitanga e Mariana Queen Nwabasili na praça

Depois de passar pelo Festival do Rio e pela Mostra de São Paulo, o longa Malês, dirigido por Antonio Pitanga, foi exibido na 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes no sábado, 25/01, no Cine Petrobras na Praça.

Rodado em Cachoeira e Salvador, na Bahia, e em Maricá, no Rio de Janeiro, o filme mostra as difíceis condições de vida de homens e mulheres negros na Bahia do século XIX, no combate ao racismo extremo, à pobreza e à intolerância religiosa. O filme conta com Rocco e Camila Pitanga no elenco, além de Bukassa Kabengele, Samira Carvalho, Rodrigo de Odé, Heraldo de Deus, Wilson Rabelo, Edvana Carvalho, Indira Nascimento, Thiago Justino e Patricia Pillar, além do diretor. O roteiro é assinado por Manuela Dias e a direção de fotografia é de Pedro Farkas.

Malês, que marca o retorno de Antonio Pitanga à direção 46 anos depois de seu primeiro filme, Na Boca do Mundo, lançado em 1978, é baseado em fatos históricos e retrata a Revolta dos Malês, o maior levante organizado por pessoas escravizadas da história do Brasil. A insurreição mobilizou a população negra, escravizada e liberta pelas ruas de Salvador contra a escravidão, em 1835. Encabeçada por africanos muçulmanos, chamados de malês, a rebelião aconteceu no final do Ramadã, celebrado em janeiro pelo Islã. Após o fracasso da revolta, os manifestantes foram duramente punidos e a repressão contra os negros no Brasil aumentou.

No longa, Antonio Pitanga interpreta Pacífico Licutan, um dos líderes do levante que reforçava a importância da participação de diferentes tribos e religiões para o sucesso da revolta e o fim da escravidão. O filme também apresenta outros nomes reais envolvidos na rebelião, como Ahuna, Manoel Calafate, Vitório Sule e Luís Sanim, além de personagens fictícios que retratam dramas reais.

Antonio Pitanga em cena: ator e diretor

A sessão na Mostra de Tiradentes abriu a programação do Cine Petrobras na Praça e contou com a presença de Raquel Hallak, CEO da Universo Produção, que prestou uma homenagem para a Petrobras, que em 2025 celebra os 30 anos da retomada do cinema brasileiro. Milton Bittencourt, gerente de Patrocínio Cultural da Petrobras, subiu ao palco para agradecer e firmar a parceria com o evento.

Depois disso, Antonio Pitanga, ao lado do filho e ator Rocco Pitanga, da atriz Samira Carvalho e do produtor Flávio R. Tambellini, apresentou o filme e foi ovacionado pelo público; a deputada federal Benedita da Silva, casada com Pitanga, também estava na plateia: “Importante trazer Malês neste momento em que a Petrobras está de volta… na praça, que é do povo! Eu sou filho de Tiradentes, filho desse movimento. Malês tinha que estar nesta praça para mostrar para o povo essa história”, disse o diretor, que foi homenageado na 23ª edição do evento, em 2020, ao lado da filha, a atriz Camila Pitanga.

Sobre a trajetória do filme, Pitanga disse: “As universidades americanas estão exibindo Malês. Estamos indo agora para a África, em Burkina Faso. Todo mundo quer conhecer essa história”. E continuou: “Agradeço à população de Tiradentes por nos receber mais uma vez. Esse senhor de 85 anos, já em véspera de 86, está como uma criança. Com esse filme, quero desvendar e trazer a história que a história não conta, que estava guardada a sete chaves, debaixo do tapete. A história deste país. Nesta noite, vocês verão negros escravizados e sequestrados”.

Depois da sessão de Malês na praça, aconteceu um bate-papo com o público e equipe, que foi mediado pela curadora Mariana Queen Nwabasili.

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Foto: Vantoen Pereira Jr./Helena Leão/Universo Produção.

Bruna Linzmeyer é homenageada na abertura da 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes

por: Cinevitor
Homenageada de 2025 com o Troféu Barroco

Entre apresentações artísticas e discursos potentes, a cerimônia de abertura da 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes também foi marcada por um momento emocionante: a homenagem para a atriz catarinense Bruna Linzmeyer, um dos nomes mais representativos de sua geração.

Com uma carreira marcada pela coragem e versatilidade, Bruna transita entre o cinema independente e produções televisivas de grande alcance. A homenagem celebra não apenas sua trajetória como atriz, mas também o engajamento com um cinema inventivo, poético e provocador. Sendo assim, a Mostra vai promover um recorte de títulos com a atriz para ser exibido ao longo do evento; os filmes são: o recente e premiado Baby, de Marcelo Caetano; A Frente Fria que a Chuva Traz, de Neville d’Almeida; Cidade; Campo, de Juliana Rojas; o sexto episódio da série Notícia Populares, de Marcelo Caetano; Uma Paciência Selvagem me Trouxe até Aqui, de Eri Sarmet; Se Eu to Aqui é por Mistério, de Clari Ribeiro; Medusa, de Anita Rocha da Silveira; O Filme da Minha Vida, de Selton Mello; O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues; e Alfazema, de Sabrina Fidalgo.

Ovacionada pelo público presente no Cine-Tenda, a homenageada subiu ao palco ao lado dos pais Gerson Linzmeyer e Rosilete dos Santos Linzmeyer, que entregaram o Troféu Barroco para a filha; além de receber o carinho de alguns colegas e amigos com quem já trabalhou, entre eles, Marcelo Caetano, Neville d’Almeida e Clari Ribeiro.

Emocionados, os pais de Bruna discursaram: “Participamos da vida dela e sabemos que não foi tão fácil assim. Você vê as novelas e os filmes e parece tudo muito simples, mas ela se dedica muito. Parabéns, filha! Te amo!”, disse Gerson. Rosilete completou: “Ela é um exemplo e é meu orgulho. Eu sei o começo, meio e tudo que ela passou para estar aqui hoje. Te amo muito!”, disse a mãe.

Depois desse momento familiar, Bruna começou seu discurso: “Eu tô muito feliz e emocionada de estar aqui. Peço licença para pisar nesse palco. Eu já vi muita gente incrível subir aqui. Eu honro essa linha do tempo”. E continuou: “Eu recebo essa celebração como um alimento, como um afago e com carinho para continuar seguindo as minhas escolhas. Para ter fé nas minhas esquisitices e seguir esse caminho. Eu já estive aqui com filmes meus, vim de rolé com minhas amigas só para ver filmes. É um festival que me provoca, que mexe com meu olhar, com a maneira como eu olho para o nosso país e para o nosso cinema. Um olhar inventivo, esquisito também. De filmes que muitas vezes a gente só vê aqui. É um imenso privilégio e uma honra muito grande receber essa homenagem aqui”.

Bruna, seus pais e Joelma Gonzaga, da Secretaria do Audiovisual

Bruna seguiu com seu discurso: “Que bonito receber a primeira homenagem da minha carreira em uma cidade do interior, talvez tão pequena quanto a cidade do interior de onde a gente veio. Se chama Corupá e fica no interior de Santa Catarina”. E completou: “Eu nunca imaginei viver tudo que eu vivo hoje e estar aqui. Eu nunca sonhei em ser atriz, eu nunca sonhei sem ser artista. É muito louco sonhar isso quando vem de uma cidade muito pequena. E por mais que seja muito difícil e muito frustrante estar longe dos grandes centros, de algum jeito eu agradeci muito por ter crescido no interior porque isso formou o meu olhar para o mundo e formou a maneira como eu lido com as pessoas, com meu jeito de sonhar e desejar as coisas”.

A homenageada também refletiu sobre sua profissão: “O ofício do ator e da atriz demanda curiosidade e pesquisa, que demanda interesse pelo mundo e pelas pessoas. Pelo jeito que as pessoas se mexem, pelo jeito que as pessoas se emocionam, pelo jeito que elas escondem as emoções. Mas em algum lugar sempre vaza o que está dentro da gente. Ser atriz requer um olhar atento para mim mesma, para o que eu carrego com o meu corpo e para o que eu possa oferecer com ele. É um trabalho de uma vida inteira, é um olhar pro mundo”.

E finalizou: “Queria agradecer todos vocês e todas as pessoas que atravessaram a minha trajetória e que me deram oportunidade de fazer uma das coisas mais bonitas que eu sei fazer: que é construir personagens e contar histórias. Muito obrigada!”.

A 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes segue até 1º de fevereiro com 140 filmes brasileiros: 43 longas, 1 média e 96 curtas-metragens, vindos de 21 estados. Os títulos serão exibidos, com programação gratuita, em 62 sessões divididas em vários recortes, além de debates, encontros e rodas de conversa.

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Fotos: Leo Lara/Universo Produção.

28ª Mostra de Cinema de Tiradentes começa com performance audiovisual, homenagem e filme inédito

por: Cinevitor
Werymehe Pataxoop, Célia Xakriabá e Eda Costa na abertura da Mostra Tiradentes 2025

A abertura da 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes aconteceu nesta sexta-feira, 24/01, no Cine-Tenda, no Centro Histórico, com apresentações artísticas exaltando os povos originários brasileiros e a defesa do meio ambiente

Com participação de Célia Xakriabá, primeira deputada federal indígena eleita por Minas Gerais, e outros artistas, a cerimônia destacou a temática deste ano Que Cinema é Esse? e contou com discursos potentes: “Nós precisamos descolonizar o cinema porque muitas mentes estão doentes. Hoje nós estamos reflorestando o cinema de Tiradentes. Mulher no poder, floresta de pé. Parem de destruir as nossas florestas. Salve a Serra de São José! Nós estamos aqui hoje para dizer: Que Cinema é Esse?. Nós somos o povo que insiste na luta. Essas telas não serão mais transparentes. Vamos ajudar a transformar o cinema em telas verdes. Vamos aprender e fazer com que o cinema também seja floresta”, disse Xakriabá em apresentação no palco.

A cerimônia contou também com participação de renomados artistas, como Eda Costa, Johnny Herno, Manu Dias, Rodrigo Negão e Sérgio Pererê, que trouxeram elementos visuais e sonoros para ilustrar e transmitir, por sons, imagens e letras, a ideia de um cinema brasileiro singular e inventivo, como é característica da produção exibida em Tiradentes. A trilha sonora foi conduzida ao vivo pela DJ Fê Linz, com projeções assinadas pelo VJ Lucih e figurinos desenvolvidos pela estilista Virgínia Barros. A apresentação foi de Grazi Medrado e David Maurity.

A noite ainda foi marcada pelo emocionante discurso da coordenadora geral da Mostra, Raquel Hallak, que subiu ao palco ao lado de Quintino Vargas Neto e Fernanda Hallak d’Angelo: “Começa hoje a nossa viagem de luzes que revela na tela quem nós somos. Vamos juntos desbravar os territórios da arte e da vida. Vamos nos inspirar na nossa homenageada [Bruna Linzmeyer], que é uma mulher jovem, artista de coragem e de muito talento. Vamos descobrir os caminhos que nos revelam novas perspectivas de Brasil e de mundo. Vamos conhecer o cinema brasileiro, que é rico, plural e audacioso que nos conduz para um lugar que a imaginação não tem limite”.

E reforçou o protagonismo da Mostra como espaço de encontros e fomento ao cinema contemporâneo: “Mais que uma mostra de cinema e um espaço de encontros e afetos, a Mostra Tiradentes é um ponto de convergência entre sonhos e realidade, entre o imaginário e o visceral, entre a soma de todos os tempos que faz do cinema brasileiro contemporâneo um retrato autêntico de país”.

Rocco Pitanga, Raquel Hallak, Antonio Pitanga e Benedita da Silva na abertura

Ainda em seu discurso, citou Guimarães Rosa e refletiu: “O cinema, assim como o sertão, é vasto e infinito. É de quem se permite viajar por ele, de quem se entrega ao seu poder de revelação e transformação. Cada filme é um pedaço deste mundo”. Raquel também abordou a pauta regulatória das plataformas de conteúdo digital, as plataformas de streaming: “Não dá mais para adiar essa conquista. Acreditamos que o marco regulatório, bem estruturado e adequado, vai equilibrar interesses comerciais com responsabilidade e transparência”.

Outro momento importante do discurso de Hallak foi sobre a realização do evento, as dificuldades e sua importância: “Somos uma mostra de cinema que celebra, em 2025, 28 anos de existência. E o percurso para chegar até aqui ainda é complexo e desafiador. Dependemos de patrocínio e parcerias. Dependemos de lideranças. A programação é toda gratuita, não vendemos ingressos, não vendemos estandes, não vendemos espaços publicitários. E todo ano começa a saga e nunca se sabe qual será o resultado… se será possível esse encontro anual. E é inacreditável se pensarmos que já são quase três décadas de realização. Se pensarmos o quanto essa Mostra é necessária para o fazer cinematográfico. Se pensarmos que ela foi precursora da descoberta da vocação turística de Tiradentes e projetou essa cidade mundo afora, atraiu investimentos e impulsionou outras iniciativas na cidade. Se pensarmos que ela representa uma referência histórica na valorização da diversidade artística e na renovação da linguagem do cinema brasileiro nos últimos 28 anos”.

E seguiu: “A Mostra é incubadora de novos protagonistas que ocupam e reinventam as telas com cineastas indígenas, periféricos e emergentes das cinco regiões do país. A Mostra de Tiradentes consolidou-se como o maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão”.

Emocionada, Hallak finalizou o discurso: “Se estamos aqui reunidos, em nome do cinema brasileiro, é porque existe uma força e um propósito que nos une. Equipes que se dedicam incansavelmente, lideranças políticas e empresariais que abrem portas pra gente se apresentar. Patrocinadores e parceiros que têm compromisso com a cultura brasileira e que viabilizam essa edição”.

Dois atos simbólicos também marcaram a abertura oficial da Mostra. O primeiro foi a assinatura de um termo de cooperação para a realização do programa Cinema sem Fronteiras, firmada pelo procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Dr. Jarbas Soares Júnior, representado no evento pelo Dr. Hugo Barros de Moura Lima, e a presença de diversas autoridades, como o prefeito em exercício de Belo Horizonte, Álvaro Damião, o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, o prefeito de Tiradentes, José Antônio do Nascimento, e a secretária municipal de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras.

Chico Diaz e Luiza Lemmertz em Girassol Vermelho: filme de abertura

A secretária do Audiovisual Joelma Gonzaga também esteve presente e abriu oficialmente o calendário audiovisual brasileiro, celebrando as conquistas do setor. Em seu discurso, destacou as indicações ao Oscar de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, e reforçou a visibilidade e relevância internacional que o filme vem firmando para o país diante do mundo. Tanto Joelma quanto Raquel Hallak reivindicaram a urgência de regulamentar as plataformas de streaming, uma das bandeiras do setor para 2025, com o propósito de garantir práticas justas e sustentáveis para fortalecer o ecossistema audiovisual.

Depois disso, o público se emocionou com a entrega do Troféu Barroco para a grande homenageada desta 28ª edição: Bruna Linzmeyer, que recebeu a honraria das mãos dos pais, Gerson Linzmeyer e Rosilete dos Santos Linzmeyer. Clique aqui e leia mais.

Fechando a noite de abertura, foi exibido, em pré-estreia, o longa-metragem Girassol Vermelho, dirigido por Eder Santos e codireção de Thiago Villas Boas. O filme mineiro tem no elenco Daniel de Oliveira, Chico Diaz e Luiza Lemmertz, que também marcaram presença. Inspirado no escritor Murilo Rubião, o longa segue a jornada de Romeu, um homem que deixa seu passado  e parte numa busca pela liberdade. Ele chega a uma estranha cidade onde um sistema opressor que não permite questionamentos o arrasta a uma sequência de interrogatórios e torturas.

No palco, o diretor Eder Santos discursou ao lado de sua equipe: “As pessoas que estão aqui são super generosas e acreditaram nesse trabalho. Filmamos em 2017 e tá saindo hoje, oito anos depois. É a nossa estreia e tá todo mundo curioso para assistir”.

A 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes segue até 1º de fevereiro com 140 filmes brasileiros: 43 longas, 1 média e 96 curtas-metragens, vindos de 21 estados. Os títulos serão exibidos, com programação gratuita, em 62 sessões divididas em vários recortes, além de debates, encontros e rodas de conversa.

*O CINEVITOR está em Tiradentes e você acompanha a cobertura do festival por aqui, pelo canal do YouTube e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Fotos: Leo Lara/Leo Fontes/Universo Produção/Divulgação.

Oscar 2025: Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, é indicado em três categorias; Fernanda Torres está na disputa

por: Cinevitor
Fernanda Torres em Ainda Estou Aqui: indicada a melhor atriz

Foram divulgados na manhã desta quinta-feira, 23/01, os indicados ao Oscar 2025. O anúncio, transmitido ao vivo, foi apresentado pelos atores e comediantes Bowen Yang e Rachel Sennott no Samuel Goldwyn Theater; e contou também com a participação de Janet Yang, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, e Bill Kramer, CEO da AMPAS.

Dirigido por Jacques Audiard, o francês Emilia Pérez lidera a lista com 13 indicações, entre elas, a de melhor atriz para Karla Sofía Gascón, sendo a primeira mulher transgênero na história a ser indicada nesta categoria. Na sequência, O Brutalista e Wicked se destacam com dez indicações cada.

Neste ano, o Brasil se destaca com três indicações para Ainda Estou Aqui, de Walter Salles: melhor filme, sendo o primeiro longa brasileiro a ser indicado nesta categoria; melhor atriz para Fernanda Torres, a segunda brasileira indicada a este prêmio (a primeira foi sua mãe, Fernanda Montenegro, por Central do Brasil, em 1999); e melhor filme internacional.

Vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza deste ano e estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, com participação especial de Fernanda Montenegro, o filme é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua família. O relato começa no início dos anos 70, quando um ato de violência muda a história da família Paiva para sempre. O livro e o filme abraçam o ponto de vista daqueles que sofrem uma perda em um regime de exceção, mas não se dobram; o roteiro é de Murilo Hauser, de A Vida Invisível, e Heitor Lorega.

A sinopse diz: Rio de Janeiro, início dos anos 70. O país enfrenta o endurecimento da ditadura militar. Estamos no centro de uma família, os Paiva: Rubens, Eunice e seus cinco filhos. Vivem na frente da praia, numa casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice , cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas, é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos.

O longa, que já alcançou mais de três milhões de espectadores nos cinemas, promove o reencontro entre Fernanda Torres e Walter Salles depois de Terra Estrangeira e O Primeiro Dia. Na última parte do filme, Eunice é interpretada por Fernanda Montenegro, que volta a trabalhar com Walter Salles depois do consagrado Central do Brasil.

O elenco principal reúne nomes como Valentina Herszage, Luiza Kosovski, Bárbara Luz, Guilherme Silveira e Cora Ramalho, como os filhos na primeira fase do filme; e Olivia Torres, Antonio Saboia, Marjorie Estiano, Maria Manoella e Gabriela Carneiro da Cunha integram a família no segundo momento. E mais: Guilherme Silveira, Pri Helena, Humberto Carrão, Maeve Jinkings, Dan Stulbach, Camila Márdila, Luiz Bertazzo, Lourinelson Vladmir, Thelmo Fernandes, Carla Ribas, Daniel Dantas, Charles Fricks, Helena Albergaria, Marcelo Varzea, Caio Horowicz, Maitê Padilha, Luana Nastas, Isadora Gupert, Alexandre Mello, Augusto Trainotti, Alan Rocha e Daniel Pereira.

Vale lembrar que, até então, a última vez que o cinema brasileiro concorreu na categoria de melhor filme internacional foi em 1999, com Central do Brasil, também de Walter Salles e com Fernanda Montenegro; e em 2008, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, ficou entre os semifinalistas na shortlist.

A 97ª edição do Oscar acontecerá no dia 2 de março no Dolby Theatre, em Hollywood. O apresentador da cerimônia será Conan O’Brien, que assume a função pela primeira vez.

Confira a lista completa com os indicados ao Oscar 2025:

MELHOR FILME
A Substância
Ainda Estou Aqui
Anora
Conclave
Duna: Parte 2
Emilia Pérez
Nickel Boys
O Brutalista
Um Completo Desconhecido
Wicked

MELHOR DIREÇÃO
Brady Corbet, por O Brutalista
Coralie Fargeat, por A Substância
Jacques Audiard, por Emilia Pérez
James Mangold, por Um Completo Desconhecido
Sean Baker, por Anora

MELHOR ATRIZ
Cynthia Erivo, por Wicked
Demi Moore, por A Substância
Fernanda Torres, por Ainda Estou Aqui
Karla Sofía Gascón, por Emilia Pérez
Mikey Madison, por Anora

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Ariana Grande, por Wicked
Felicity Jones, por O Brutalista
Isabella Rossellini, por Conclave
Monica Barbaro, por Um Completo Desconhecido
Zoe Saldaña, por Emilia Pérez

MELHOR ATOR
Adrien Brody, por O Brutalista
Colman Domingo, por Sing Sing
Ralph Fiennes, por Conclave
Sebastian Stan, por O Aprendiz
Timothée Chalamet, por Um Completo Desconhecido

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Edward Norton, por Um Completo Desconhecido
Guy Pearce, por O Brutalista
Jeremy Strong, por O Aprendiz
Kieran Culkin, por A Verdadeira Dor
Yura Borisov, por Anora

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
A Substância, escrito por Coralie Fargeat
A Verdadeira Dor, escrito por Jesse Eisenberg
Anora, escrito por Sean Baker
O Brutalista, escrito por Brady Corbet e Mona Fastvold
Setembro 5, escrito por Moritz Binder, Tim Fehlbaum e Alex David

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Conclave, escrito por Peter Straughan
Emilia Pérez, escrito por Jacques Audiard
Nickel Boys, escrito por RaMell Ross e Joslyn Barnes
Sing Sing, escrito por Greg Kwedar e Clint Bentley
Um Completo Desconhecido, escrito por James Mangold e Jay Cocks

MELHOR FILME INTERNACIONAL
A Garota da Agulha, de Magnus von Horn (Dinamarca)
A Semente do Fruto Sagrado, de Mohammad Rasoulof (Alemanha)
Ainda Estou Aqui, de Walter Salles (Brasil)
Emilia Pérez, de Jacques Audiard (França)
Flow, de Gints Zilbalodis (Letônia)

MELHOR ANIMAÇÃO
Divertida Mente 2, de Kelsey Mann
Flow, de Gints Zilbalodis
Memórias de um Caracol, de Adam Elliot
Robô Selvagem, de Chris Sanders
Wallace & Gromit: Avengança, de Merlin Crossingham e Nick Park

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Black Box Diaries, de Shiori Itô
No Other Land, de Yuval Abraham, Basel Adra, Rachel Szor e Hamdan Ballal
Porcelain War, de Brendan Bellomo e Slava Leontyev
Sugarcane, de Emily Kassie e Julian Brave NoiseCat
Trilha Sonora para um Golpe de Estado, de Johan Grimonprez

MELHOR FOTOGRAFIA
Duna: Parte 2, por Greig Fraser
Emilia Pérez, por Paul Guilhaume
Maria Callas, por Edward Lachman
Nosferatu, por Jarin Blaschke
O Brutalista, por Lol Crawley

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Conclave, por Suzie Davies e Cynthia Sleiter
Duna: Parte 2, por Patrice Vermette e Shane Vieau
Nosferatu, por Craig Lathrop e Beatrice Brentnerova
O Brutalista, por Judy Becker e Patricia Cuccia
Wicked, por Nathan Crowley e Lee Sandales

MELHOR FIGURINO
Conclave, por Lisy Christl
Gladiador 2, por Janty Yates e Dave Crossman
Nosferatu, por Linda Muir
Um Completo Desconhecido, por Arianne Phillips 
Wicked, por Paul Tazewell

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO
A Substância, por Pierre-Olivier Persin, Stéphanie Guillon e Marilyne Scarselli
Emilia Pérez, por Julia Floch Carbonel, Emmanuel Janvier e Jean-Christophe Spadaccini
Nosferatu, por David White, Traci Loader e Suzanne Stokes-Munton
Um Homem Diferente, por Mike Marino, David Presto e Crystal Jurado
Wicked, por Frances Hannon, Laura Blount e Sarah Nuth

MELHOR EDIÇÃO
Anora, por Sean Baker
Conclave, por Nick Emerson
Emilia Pérez, por Juliette Welfling 
O Brutalista, por David Jancso
Wicked, por Myron Kerstein

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
Conclave, por Volker Bertelmann
Emilia Pérez, por Clément Ducol e Camille
O Brutalista, por Daniel Blumberg
Robô Selvagem, por Kris Bowers
Wicked, por John Powell e Stephen Schwartz 

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
El Mal, por Clément Ducol, Camille e Jacques Audiard (Emilia Pérez)
Like A Bird, por Abraham Alexander e Adrian Quesada (Sing Sing)
Mi Camino, por Clément Ducol e Camille (Emilia Pérez)
Never Too Late, por Elton John, Brandi Carlile, Andrew Watt e Bernie Taupin (Elton John: Never Too Late)
The Journey, por Diane Warren (Batalhão 6888)

MELHOR SOM
Duna: Parte 2, por Gareth John, Richard King, Ron Bartlett e Doug Hemphill
Emilia Pérez, por Erwan Kerzanet, Aymeric Devoldère, Maxence Dussère, Cyril Holtz e Niels Barletta
Robô Selvagem, por Randy Thom, Brian Chumney, Gary A. Rizzo e Leff Lefferts
Um Completo Desconhecido, por Tod A. Maitland, Donald Sylvester, Ted Caplan, Paul Massey e David Giammarco
Wicked, por Simon Hayes, Nancy Nugent Title, Jack Dolman, Andy Nelson e John Marquis

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Alien: Romulus, por Eric Barba, Nelson Sepulveda-Fauser, Daniel Macarin e Shane Mahan
Better Man: A História de Robbie Williams, por Luke Millar, David Clayton, Keith Herft e Peter Stubbs
Duna: Parte 2, por Paul Lambert, Stephen James, Rhys Salcombe e Gerd Nefzer
Planeta dos Macacos: O Reinado, por Erik Winquist, Stephen Unterfranz, Paul Story e Rodney Burke
Wicked, por Pablo Helman, Jonathan Fawkner, David Shirk e Paul Corbould

MELHOR CURTA-METRAGEM | FICÇÃO
A Lien, de David Cutler-Kreutz e Sam Cutler-Kreutz
Anuja, de Adam J. Graves
I’m Not a Robot, de Victoria Warmerdam
The Last Ranger, de Cindy Lee
The Man Who Could Not Remain Silent, de Nebojsa Slijepcevic

MELHOR CURTA-METRAGEM | DOCUMENTÁRIO
A Única Mulher na Orquestra, de Molly O’Brien
Death by Numbers, de Kim A. Snyder
I Am Ready, Warden, de Smriti Mundhra
Incident, de Bill Morrison
Instruments of a Beating Heart, de Ema Ryan Yamazaki

MELHOR CURTA-METRAGEM | ANIMAÇÃO
Beautiful Men, de Nicolas Keppens
In the Shadow of the Cypress, de Hossein Molayemi e Shirin Sohani
Magic Candies, de Daisuke Nishio
Wander to Wonder, de Nina Gantz
Yuck!, de Loïc Espuche

Foto: Divulgação/Sony Pictures Classics/VideoFilmes.

Conheça os indicados ao 45º Framboesa de Ouro, prêmio que elege os piores do cinema

por: Cinevitor
Lady Gaga e Joaquin Phoenix: indicados por Coringa: Delírio a Dois

Foram anunciados nesta quarta-feira, 22/01, os indicados ao 45º Framboesa de Ouro, prêmio criado pelo publicitário John Wilson, que elege os piores da sétima arte, conhecido também como uma sátira ao Oscar.

Neste ano, Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo, Coringa: Delírio a Dois, Madame Teia, Megalópolis e Reagan lideram a lista com seis indicações cada; A Batalha do Biscoito Pop-Tart aparece na sequência em quatro categorias.

O comunicado oficial da premiação diz: “Neste mundo novo e desconhecido onde o ruim é bom, o burro é inteligente e a crítica é terminantemente proibida, os Razzies estão de pé (ou sentados) prontos para a briga”.

Os votantes do já tradicional prêmio somam 1.202 membros, entre cinéfilos, críticos de cinema e jornalistas, de 49 estados americanos e mais algumas pessoas de países estrangeiros, que votaram no primeiro turno e escolheram os cinco principais candidatos em cada categoria. Os piores do cinema serão anunciados no dia 1º de março, uma noite antes do Oscar.

Conheça os indicados ao 45º Framboesa de Ouro, também conhecido como Razzie Awards:

PIOR FILME
Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo
Coringa: Delírio a Dois
Madame Teia
Megalópolis
Reagan

PIOR DIREÇÃO
Eli Roth, por Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo
Francis Ford Coppola, por Megalópolis
Jerry Seinfeld, por A Batalha do Biscoito Pop-Tart
S.J. Clarkson, por Madame Teia
Todd Phillips, por Coringa: Delírio a Dois

PIOR ATOR
Dennis Quaid, por Reagan
Jack Black, por Querido Papai Noel
Jerry Seinfeld, por A Batalha do Biscoito Pop-Tart
Joaquin Phoenix, por Coringa: Delírio a Dois
Zachary Levi, por Harold e o Lápis Mágico

PIOR ATOR COADJUVANTE
Jack Black, por Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo
Jon Voight, por Megalópolis, Reagan, Shadow Land e Strangers
Kevin Hart, por Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo
Shia LaBeouf, por Megalópolis
Tahar Rahim, por Madame Teia

PIOR ATRIZ
Bryce Dallas Howard, por Argylle: O Superespião
Cate Blanchett, por Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo
Dakota Johnson, por Madame Teia
Jennifer Lopez, por Atlas
Lady Gaga, por Coringa: Delírio a Dois

PIOR ATRIZ COADJUVANTE
Amy Schumer, por A Batalha do Biscoito Pop-Tart
Ariana DeBose, por Argylle: O Superespião e Kraven, o Caçador
Emma Roberts, por Madame Teia
FKA Twigs, por O Corvo
Leslie Anne Down, por Reagan

PIOR ROTEIRO
Coringa: Delírio a Dois, escrito por Todd Phillips e Scott Silver
Kraven, o Caçador, escrito por Richard Wenk, Art Marcum e Matt Holloway
Madame Teia, escrito por Matt Sazama, Burk Sharpless, Claire Parker e S.J. Clarkson
Megalópolis, escrito por Francis Ford Coppola
Reagan, escrito por Howie Klausner

PIOR REMAKE, CÓPIA OU SEQUÊNCIA
Coringa: Delírio a Dois
Kraven, o Caçador
Mufasa: O Rei Leão
O Corvo
Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

PIOR COMBO EM CENA
Dennis Quaid e Penelope Ann Miller em Reagan
Joaquin Phoenix e Lady Gaga em Coringa: Delírio a Dois
Qualquer dupla de atores cômicos sem graça em A Batalha do Biscoito Pop-Tart
Qualquer dupla de personagem desagradável (mas especialmente Jack Black) em Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo
Todo o elenco de Megalópolis

Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures.

Festival de Berlim 2025: O Último Azul, de Gabriel Mascaro, está na disputa pelo Urso de Ouro

por: Cinevitor
Rodrigo Santoro e Denise Weinberg no brasileiro O Último Azul, de Gabriel Mascaro

A 75ª edição do Festival de Berlim, que acontecerá entre os dias 13 e 23 de fevereiro, acaba de anunciar os filmes selecionados para a Competição, que disputarão o cobiçado Urso de Ouro, prêmio máximo do evento. Neste ano, o cineasta Todd Haynes comandará o júri e a atriz Tilda Swinton será homenageada com o Urso de Ouro honorário.

Em comunicado oficial, Tricia Tuttle, diretora do festival, disse: “Estamos extremamente orgulhosos dos filmes na Competição deste ano; eles mostram a amplitude do cinema e oferecem vislumbres fascinantes de diferentes vidas e lugares. Há dramas íntimos que nos pedem para entender nossas fragilidades e forças humanas; há comédia suave, mas também a sátira mais afiada e negra; há filmes que homenageiam grandes nomes do cinema e outros que usam a tela mais completa da forma de arte. Cada uma dessas obras singulares mostra cineastas no topo de sua arte. Dessas fileiras merecedoras, estamos ansiosos para descobrir o que o júri de Todd Haynes escolherá com os vencedores dos Ursos de Ouro e Prata da Berlinale”.

A seleção principal deste ano conta com 19 obras, entre elas, um primeiro longa-metragem e um documentário. Produções de 26 países estão representadas e 17 filmes são estreias mundiais. Oito títulos foram dirigidos ou codirigidos por mulheres e nove cineastas já exibiram seus filmes na Berlinale anteriormente.

Entre os dezenove filmes selecionados, vale destacar a presença do brasileiro O Último Azul (em inglês, The Blue Trail), novo longa de Gabriel Mascaro, de Boi Neon e Divino Amor. Estrelado por Denise Weinberg, Rodrigo Santoro, Miriam Socarrás e Adanilo, o filme se passa na Amazônia, em um Brasil quase distópico, onde o governo transfere idosos para uma colônia habitacional para desfrutar seus últimos anos de vida. Antes de seu exílio compulsório, Tereza, uma mulher de 77 anos, embarca em uma jornada para realizar seu último desejo. Uma aventura sobre resistência e amadurecimento ao longo dos rios da Amazônia, o filme tem previsão para chegar aos cinemas brasileiros ainda em 2025, com distribuição da Vitrine Filmes.

Em comunicado oficial, Mascaro disse: “Só o fato de O Último Azul ter sido selecionado para a principal sessão da Berlinale já é uma grande vitória para o cinema brasileiro. Estou muito honrado em saber que nosso filme vai competir pelo Urso de Ouro, mas o prêmio maior já ganhamos, que é ver a cultura brasileira pujante novamente”. Esta é a segunda vez de Mascaro no Festival de Berlim: em 2019, Divino Amor foi exibido na Mostra Panorama. A produtora Rachel Daisy Ellis também comenta a seleção: “Temos visto uma safra incrível de filmes brasileiros conquistado o mundo, depois do setor ter passado por um período desafiador e essa retomada mostra a força do cinema nacional. Estamos muito felizes de estar levando o nosso filme, que fala de resistência, esperança e o direito de sonhar para a competição de Berlim. A produção contou com uma importante participação de trabalhadores do audiovisual do Norte e Nordeste do país, além de colaboradores do  México, Chile e Cuba, reforçando a importância das políticas públicas”.

Rodrigo Santoro acrescenta: “A seleção de O Último Azul para a competição principal de Berlim só reforça o quanto o Brasil é capaz de produzir um cinema forte, profundo e competitivo. É emocionante ver o cinema independente chegando tão longe, feito com garra e talento; muitas vezes, com muito pouco. Sigo acreditando nesse cinema desde Bicho de Sete Cabeças”.

Vale lembrar que a última vez que o Brasil disputou o Urso de Ouro foi em 2020 com Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra. O Último Azul é uma produção da Desvia (Brasil) e Cinevinay (México), em coprodução com a Globo Filmes (Brasil), Quijote Films (Chile), Viking Film (Países Baixos), e distribuição da Vitrine Filmes no Brasil. O filme foi produzido por Rachel Daisy Ellis e Sandino Saravia Vinay.

Além da Competição, outros títulos foram anunciados em mostras paralelas e o filme de abertura desta 75ª edição será o drama Das Licht (The Light), dirigido por Tom Tykwer, com Lars Eidinger, Nicolette Krebitz, Michael Ihnow, Marius Biegai, Francisco del Solar, Max Kruk, Elyas Eldridge e Gerrit Neuhaus no elenco.

E mais: no European Film Market & Co-Production Market, o Brasil aparece com alguns títulos na Berlinale Series Market Selects 2025, que fornece uma prévia exclusiva das séries mais esperadas do mundo todo. São elas: Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente, de Marcelo Gomes e Carol Minên, com Johnny Massaro, Ícaro Silva e Bruna Linzmeyer; Reencarne, de Bruno Safadi, com Taís Araujo, Welket Bungué e Julia Dalavia; e Sutura, de Fabio Montanari, protagonizada por Cláudia Abreu e Humberto Morais.

Em outro evento paralelo, o Co-Pro Series, especializado em pitching e networking organizado pela Berlinale Co-Production Market e realizado durante a Berlinale Series Market, participantes e outros compradores podem descobrir uma seleção exclusiva de dez projetos internacionais de séries dramáticas de alta qualidade que estão procurando parceiros internacionais de coprodução e financiamento. A lista traz Miami Wildlife, criada por Adam Penn e dirigida pelos brasileiros Fernando Meirelles e Quico Meirelles; com produção da O2 Filmes, Brasilien & Traveling Picture Show Company.

Confira os novos filmes selecionados para o Festival de Berlim 2025:

COMPETIÇÃO

Ari, de Léonor Serraille (França/Bélgica)
Blue Moon, de Richard Linklater (EUA/Irlanda)
Dreams, de Michel Franco (México)
Drømmer, de Dag Johan Haugerud (Noruega)
El mensaje, de Iván Fund (Argentina/Espanha)
Geu jayeoni nege mworago hani, de Hong Sang-soo (Coreia do Sul)
Hot Milk, de Rebecca Lenkiewicz (Reino Unido)
If I Had Legs I’d Kick You, de Mary Bronstein (EUA)
Kontinental ’25, de Radu Jude (Romênia)
La cache, de Lionel Baier (Suíça/Luxemburgo/França)
La Tour de Glace, de Lucile Hadžihalilović (França/Alemanha)
Mother’s Baby, de Johanna Moder (Áustria/Suíça/Alemanha)
O Último Azul, de Gabriel Mascaro (Brasil/México/Chile/Holanda)
Reflet dans un diamant mort, de Hélène Cattet e Bruno Forzani (Bélgica/Luxemburgo/Itália/França)
Sheng xi zhi di, de Huo Meng (China)
Strichka chasu, de Kateryna Gornostai (Ucrânia/Luxemburgo/Holanda/França)
Was Marielle weiß, de Frédéric Hambalek (Alemanha)
Xiang fei de nv hai, de Vivian Qu (China)
Yunan, de Ameer Fakher Eldin (Alemanha/Canadá/Itália/Palestina/Qatar/Jordânia/Arábia Saudita)

BERLINALE SPECIAL GALA

After This Death, de Lucio Castro (EUA)
Heldin, de Petra Volpe (Suíça/Alemanha)
Lurker, de Alex Russell (EUA/Itália)
Um Completo Desconhecido, de James Mangold (EUA)

BERLINALE SPECIAL

Das Deutsche Volk, de Marcin Wierzchowski (Alemanha)
Kein Tier. So Wild. (No Beast. So Fierce.), de Burhan Qurbani (Alemanha/Polônia/França)
Leibniz – Chronik eines verschollenen Bildes, de Edgar Reitz e Anatol Schuster (Alemanha)
Michtav Le’David, de Tom Shoval (Israel/EUA)
My Undesirable Friends: Part I – Last Air in Moscow, de Julia Loktev (EUA)

PERSPECTIVES

Al mosta’mera, de Mohamed Rashad (Egito/França/Alemanha/Qatar/Arábia Saudita)
Baksho Bondi, de Tanushree Das e Saumyananda Sahi (Índia/França/EUA/Espanha)
BLKNWS: Terms & Conditions, de Kahlil Joseph (EUA)
Come la notte, de Liryc Dela Cruz (Itália/Filipinas)
Duas vezes João Liberada, de Paula Tomás Marques (Portugal)
El Diablo Fuma (y guarda las cabezas de los cerillos quemados en la misma caja), de Ernesto Martínez Bucio (México)
Hé mán, de Chu Chun-Teng (Taiwan)
How to Be Normal and the Oddness of the Other World, de Florian Pochlatko (Áustria)
Kaj ti je deklica, de Urška Djukić (Eslovênia/Itália/Croácia/Sérvia)
Le rendez-vous de l’été, de Valentine Cadic (França)
Mad Bills to Pay (or Destiny, dile que no soy malo), de Joel Alfonso Vargas (EUA)
Minden Rendben, de Bálint Dániel Sós (Hungria)
Mit der Faust in die Welt schlagen, de Constanze Klaue (Alemanha)
On vous croit, de Arnaud Dufeys e Charlotte Devillers (Bélgica)

Foto: Guillermo Garza.