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27ª Mostra de Cinema de Tiradentes divulga filmes selecionados para a Mostra Olhos Livres

por: Cinevitor
Mel Lisboa no longa Foram os Sussurros que me Mataram

A 27ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, que acontecerá entre os dias 19 e 27 de janeiro de 2024, anunciou a seleção da Mostra Olhos Livres, espaço de abordagens estéticas arrojadas para possibilidades lúdicas e criativas da linguagem desenvolvidas por realizadores já com alguma circulação por festivais.

São seis longas-metragens e, numa situação poucas vezes repetida nessa mostra, todos são inéditos no país. A escolha foi feita pela curadoria coordenada por Francis Vogner dos Reis e composta por Tatiana Carvalho Costa e Juliano Gomes, com assistência de Rubens Anzolin. Todos os títulos serão avaliados pelo Júri Jovem e concorrem ao Troféu Carlos Reichenbach.

Para Juliano Gomes, que estreia em 2024 na equipe de curadoria da Mostra, a escolha dos títulos a comporem a Olhos Livres seguiu alguns critérios adotados pelo grupo e sempre teve por horizonte a heterogeneização dos filmes a serem exibidos. Ou seja, fazendo jus ao conceito da seção, uma homenagem ao cineasta Carlos Reichenbach (1945-2012), que por sua vez adotava a ideia dos olhos livres a partir de escritos de Oswald de Andrade; a ideia é que o público tome contato com filmes de estilos muito distintos que forme “um conjunto de possibilidades de invenção que não se dão por repetição de procedimentos, e sim pela percepção de que não existe uma fórmula única de expressão do mundo”, conforme o curador.

“O contexto que se desenha hoje no Brasil de retomada do audiovisual produzido no país parece se demonstrar talvez refratário ao cinema independente que Tiradentes ajudou a cunhar e projetar intensamente nos últimos anos. Então a Mostra precisa, assim, afirmar e reafirmar sua história e seus marcos. Os filmes que estão na Olhos Livres de 2024 fazem parte de uma fornada de títulos inéditos que representa um índice muito pulsante e de técnicas, abordagens e tons variados e estimulantes. É uma parte muito viva da programação”, reflete Juliano Gomes.

Sobre a seleção: Aquele que Viu o Abismo tem direção de dois artistas que já passaram pela Olhos Livres: Gregorio Gananian venceu a mostra em 2017 com Inaudito, enquanto Negro Léo foi personagem-título de É Rocha e Rio, Negro Léo, de Paula Gaitán (2020). Unidos, eles desenvolvem o retrato de um sujeito paranoico diante de uma situação descrita como “escassez da civilização ingênua”.

Cena do documentário A Câmara, de Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão

Foram os Sussurros que me Mataram é uma fábula política contemporânea protagonizada por Mel Lisboa no papel de Ingrid Savoy, celebridade prestes a entrar num reality show que passa dias confinada em um quarto de hotel. Entre visões premonitórias, um ataque de paparazzi e atentados anarquistas, ela vive  a constante iminência de um escândalo. O diretor Arthur Tuoto já esteve em Tiradentes, onde participou da Mostra Aurora em 2014 com Aquilo que Fazemos com as Nossas Desgraças.

Seu Cavalcanti é uma docficção de cunho familiar dirigida por Leonardo Lacca, que filma o próprio avô de mais de 90 anos que, depois de sofrer uma grande contrariedade, tenta reconquistar a própria independência e prestígio, num instigante jogo de indeterminação entre performance pessoal e performance artística. O filme tem produção de Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux e conta no elenco com a atriz Maeve Jinkings.

Terror Mandelão aborda o som, a tecnologia e o mercado de trabalho dos bailes funk de quebradas de São Paulo. O foco é no DJ K, um dos principais artistas do Baile do Helipa, maior comunidade da capital paulista, e seu amigo MC Zero K. O filme combina documentário, elementos ficcionais e experimentação visual e trata, com profundidade criativa, as desventuras desses jovens na luta para viver de música. O diretor GG Albuquerque, que assina com Felipe Larozza, integrou o Júri da Crítica na Mostra Aurora na edição de 2023.

A Câmara é um documentário de urgência, feito no calor político de hoje, e acompanha deputadas trabalhando no Parlamento em Brasília. Temas como direitos reprodutivos, educação, estado laico, racismo e polarização surgem nos embates e performances captados de forma límpida, transparente e rigorosa pela dupla Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão.

SOAP é um projeto experimental nascido como uma série em seis partes, que foram expostas em galerias de exposição e agora são reunidas em um longa-metragem, criando uma outra possibilidade de apreensão. O experimento, desenvolvido pela artista plástico Tamar Guimarães, consiste na manipulação da linguagem de cinema e de telenovelas para acompanhar a tentativa de infiltração de intelectuais e agentes culturais de esquerda nas redes sociais de defensores da direita. O intuito é construir uma novela com mensagens subversivas sob a forma conservadora de um produto cultural religioso.

Em 2024, o Júri Jovem convidado a avaliar os filmes da Mostra Olhos Livres é formado por: Bárbara Mello, 24 anos, aluna de Cinema e Audiovisual no Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Emmanuel Corrêa, 25, aluno do 6º período de Cinema e Audiovisual na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); Helena Elias, 23, aluna do 8º período de Filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Marina Bonifácio, 23, aluna do 4º período de Arte Dramática na Escola Técnica de Artes da Universidade Federal do Alagoas (UFAL); e Wandryu Figueiredo, 24, aluno do 7º período de Cinema e Audiovisual na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Conheça os filmes selecionados para a Mostra Olhos Livres da 27ª Mostra Tiradentes:

A Câmara, de Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão (DF)
Aquele que Viu o Abismo, de Gregorio Gananian e Negro Léo (SP)
Foram os Sussurros que me Mataram, de Arhur Tuoto (PR)
Seu Cavalcanti, de Leonardo Lacca (PE)
SOAP, de Tamar Guimarães (RJ/SP)
Terror Mandelão, de Felipe Larozza e GG Albuquerque (SP)

Fotos: Divulgação.

Oscar 2024 anuncia semifinalistas; Brasil está fora da 96ª edição

por: Cinevitor
Sandra Hüller em Zona de Interesse, de Jonathan Glazer: representante do Reino Unido

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou, nesta quinta-feira, 21/12, uma lista com os pré-selecionados para o Oscar 2024 em dez categorias, entre elas, melhor filme internacional, antes conhecida como melhor filme estrangeiro.

O Brasil estava representado com Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, segundo documentário do cineasta, fruto de sete anos de trabalho e pesquisa, filmagens e montagem. Mas, infelizmente, o longa não conseguiu uma vaga entre os 15 semifinalistas; o filme também estava elegível para melhor documentário. Para esta 96ª edição, 88 países foram classificados, entre eles, Namíbia, candidato pela primeira vez. Vale lembrar que a última vez que o Brasil concorreu na categoria de melhor filme internacional foi em 1999, com Central do Brasil; e em 2008, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, ficou entre os semifinalistas na shortlist.

O cinema brasileiro também estava na disputa por uma estatueta dourada na categoria de melhor curta-metragem de ficção com Big Bang, de Carlos Segundo. Protagonizado por Giovanni Venturini e premiado com o Leopardo de Ouro da mostra Pardi di domani Concorso Corti d’autore, no Festival de Locarno do ano passado, o filme também não conseguiu uma vaga. Vale lembrar que no ano passado Carlos Segundo ficou entre os 15 semifinalistas nesta mesma categoria com o curta Sideral.

Os finalistas serão revelados no dia 23 de janeiro de 2024 e a cerimônia acontecerá no dia 10 de março, no Dolby Theatre, em Hollywood, com apresentação de Jimmy Kimmel.

Confira a lista com os quinze semifinalistas ao Oscar 2024 de melhor filme internacional:

ALEMANHA: Das Lehrerzimmer (The Teachers’ Lounge), de İlker Çatak
ARMÊNIA: Amerikatsi, de Michael A. Goorjian
BUTÃO: The Monk and the Gun, de Pawo Choyning Dorji
DINAMARCA: Bastarden (The Promised Land), de Nikolaj Arcel
ESPANHA: La sociedad de la nieve, de J.A. Bayona
FINLÂNDIA: Folhas de Outono (Kuolleet lehdet), de Aki Kaurismäki
FRANÇA: O Sabor da Vida (La passion de Dodin Bouffant), de Trần Anh Hùng
ISLÂNDIA: Terra de Deus (Volaða land), de Hlynur Pálmason
ITÁLIA: Io Capitano, de Matteo Garrone
JAPÃO: Perfect Days, de Wim Wenders
MÉXICO: Tótem, de Lila Avilés
MARROCOS: Kadib Abyad (The Mother of All Lies), de Asmae El Moudir
TUNÍSIA: As 4 Filhas de Olfa (Les Filles d’Olfa), de Kaouther Ben Hania
UCRÂNIA: 20 Days in Mariupol, de Mstyslav Chernov
REINO UNIDO: Zona de Interesse (The Zone of Interest), de Jonathan Glazer

*Clique aqui e confira as listas completas com os pré-selecionados.

Foto: Divulgação/Diamond Films.

Festival de Berlim 2024: Martin Scorsese será homenageado

por: Cinevitor
Homenagem: um dos cineastas mais influentes do mundo

A 74ª edição do Festival de Berlim, que acontecerá entre os dias 15 e 25 de fevereiro de 2024, anunciou nesta quinta-feira, 21/12, seu grande homenageado: o diretor, produtor e roteirista Martin Scorsese, que receberá o Urso de Ouro Honorário, prêmio especial concedido a figuras importantes do mundo do cinema que contam com uma carreira artística excepcional.  

Desde a década de 1970, Scorsese é um dos cineastas mais influentes do mundo, que já conta com mais de 70 filmes no currículo; muitas de suas obras escreveram a história do cinema com uma versatilidade única. Seus filmes mais conhecidos incluem: Taxi Driver, vencedor da Palma de Ouro, em Cannes; Touro Indomável, exibido fora de competição na Berlinale e vencedor do Oscar de melhor ator para Robert De Niro e melhor edição para Thelma Schoonmaker; Depois de Horas, que recebeu o prêmio de melhor direção em Cannes; A Cor do Dinheiro, vencedor do Oscar de melhor ator para Paul Newman; Os Bons Companheiros, que rendeu o Oscar de melhor ator coadjuvante para Joe Pesci; Cabo do Medo, exibido em competição em Berlim.

E mais: A Época da Inocência, vencedor do Oscar de melhor figurino para Gabriella Pescucci; Cassino, que rendeu o Globo de Ouro de melhor atriz para Sharon Stone; Gangues de Nova York, exibido fora de competição na Berlinale; O Aviador, vencedor de cinco estatuetas douradas no Oscar; Os Infiltrados, que rendeu o Oscar de melhor direção para Scorsese; o documentário The Rolling Stones: Shine a Light, que foi o filme de abertura de Berlim em 2008; Ilha do Medo, exibido fora de competição na Berlinale; A Invenção de Hugo Cabret, vencedor de cinco estatuetas no Oscar; O Lobo de Wall Street, indicado em cinco categorias no Oscar; Silêncio, premiado como melhor roteiro adaptado pela National Board of Review; e O Irlandês, indicado em dez categorias no Oscar.

Em 2014, exibiu na Berlinale o projeto Untitled New York Review of Books Documentary, que mais tarde foi lançado pela HBO como O Argumento de 50 Anos. Seu último trabalho, Assassinos da Lua das Flores, foi recentemente eleito o melhor filme do ano pela National Board of Review. Martin Scorsese também está muito comprometido com o patrimônio histórico do cinema; com a The Film Foundation apoia a restauração e distribuição de filmes clássicos.

Foto: Richard Hübner.

Festival de Berlim 2024 anuncia novos títulos; filmes brasileiros são selecionados

por: Cinevitor
Cena do filme Quebrante, de Janaina Wagner: selecionado

O Festival Internacional de Cinema de Berlim anunciou nesta quarta-feira, 20/12, novos filmes selecionados para sua 74ª edição, que acontecerá entre os dias 15 e 25 de fevereiro de 2024.

Na mostra Forum Expanded, o cinema brasileiro aparece com Quebrante, de Janaina Wagner, que acompanha Dona Erismar, professora aposentada e espeleóloga, enquanto ela percorre as cavernas, ruínas e fantasmagorias da Rodovia Transamazônica; ainda uma cicatriz recente do sonho destruído da história do Brasil, retratando suas pedras e fantasmas. O filme mergulha fundo na história e na presença desse projeto infraestrutural, iniciado na ditadura militar.

Já na mostra Generation, o Brasil aparece com o curta-metragem Lapso, de Caroline Cavalcanti, na seção Generation 14plus. No filme, dois adolescentes do subúrbio de Belo Horizonte se conhecem enquanto prestam serviço comunitário depois de praticarem vandalismo. Através das experiências partilhadas de repressão por parte das autoridades estatais, cumprindo medidas socioeducativas, aproximam-se lentamente e compartilham afetos e incertezas. O elenco conta com Beatriz Oliveira, Juan Queiroz, Dora Rosa e Thayanne Lima.

Além disso, o festival também revelou os sete primeiros títulos, incluindo uma série, convidados pela curadoria e que serão exibidos na mostra Berlinale Special, entre eles, Seven Veils, de Atom Egoyan, com Amanda Seyfried no elenco. A lista completa com vinte títulos será anunciada em janeiro.

Conheça os novos filmes selecionados para o 74º Festival de Berlim:

FORUM EXPANDED

for here am i sitting in a tin can far above the world, de Gala Hernández López (França)
Here We Are, de Chanasorn Chaikitiporn (Tailândia)
O Seeker, de Gavati Wad (EUA/Índia)
Quebrante, de Janaina Wagner (Brasil)
Room 404, de Elysa Wendi e Shing Lee (Polônia/Hong Kong/China)
Sarcophagus of Drunken Loves, de Joana Hadjithomas e Khalil Joreige (França/Líbano)
The Perfect Square, de Gernot Wieland (Alemanha/Bélgica)

BERLINALE SPECIAL

Cuckoo, de Tilman Singer (Alemanha)
Dostoevskij (Dostoevsky), de Damiano e Fabio D’Innocenzo (Itália)
Sasquatch Sunset, de David e Nathan Zellner (EUA)
Seven Veils, de Atom Egoyan (Canadá)
Spaceman, de Johan Renck (EUA)
Treasure, de Julia von Heinz (Alemanha/França)
Wu Suo Zhu (Abiding Nowhere), de Tsai Ming-liang (Taiwan)

GENERATION KPLUS

Beurk! (Yuck!), de Loïc Espuche (França)
Fox and Hare Save the Forest, de Mascha Halberstad (Holanda/Bélgica/Luxemburgo)
Los tonos mayores (The Major Tones), de Ingrid Pokropek (Argentina/Espanha)
Porzellan (Porcelain), de Annika Birgel (Alemanha)
Sieger Sein (Winners), de Soleen Yusef (Alemanha)
Sukoun (Amplified), de Dina Naser (Jordânia/Egito)

GENERATION 14PLUS

Comme le feu (Who by Fire), de Philippe Lesage (Canadá/França)
Cura sana, de Lucía G. Romero (Espanha)
Disco Afrika: une histoire malgache (Disco Afrika: A Malagasy Story/Disco Afrika: Eine madagassische Geschichte), de Luck Razanajaona (França/Madagascar/Alemanha/Ilhas Maurício/África do Sul/Qatar)
Ellbogen (Elbow), de Aslı Özarslan (Alemanha/Turquia/França)
Lapso, de Caroline Cavalcanti (Brasil)
Muna, de Warda Mohamed (Reino Unido)
Obraza (Resentment/Ressentiment), de Gleb Osatinski (EUA/Lituânia)

Foto: Divulgação.

27ª Mostra de Cinema de Tiradentes: conheça os filmes selecionados para a Mostra Aurora

por: Cinevitor
Cena do documentário Eu Também Não Gozei, de Ana Carolina Marinho

A 27ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, que acontecerá entre os dias 19 e 27 de janeiro de 2024, acaba de anunciar a seleção de mais uma edição da Mostra Aurora, consolidado como o principal espaço de invenção do cinema brasileiro contemporâneo.

A Aurora ­é a seção do evento dedicada a filmes feitos por realizadores com até três longas-metragens na carreira e que se caracteriza por trabalhos estéticos e narrativos singulares. Como de praxe, são sete filmes inéditos no país, a maioria em pré-estreia mundial, escolhidos pela curadoria coordenada por Francis Vogner dos Reis e composta nesta edição por Tatiana Carvalho Costa e Juliano Gomes, com assistência de Rubens Anzolin.

Todos os filmes da Mostra Aurora 2024 serão avaliados pelo Júri Oficial e concorrem ao Troféu Barroco e a prêmios de parceiros da Mostra. A curadoria recebeu aproximadamente 240 inscrições de longas-metragens e, em termos gerais, a variedade de filmes chamou atenção da equipe, ampliando o desafio de chegar a uma seleção enxuta e que representasse o que se acredita ser um conjunto de títulos tão diverso quanto inventivo. Dos 7 longas, um deles tem direção de um ganhador anterior da Aurora, Isaac Donato, que venceu a mostra em 2021 com Açucena.

“Os filmes selecionados se lançam a desafios únicos e singulares na busca por reencontrar novas formas de imaginação através de seus discursos. São filmes de conquistas poéticas raras que buscam nas imagens elementos que estão fora da mídia, que não se resumem a dados de informação ou de afirmação, e sim que se constroem como expressão diante dos nossos olhos e por isso se diferenciam de um regime audiovisual homogêneo que tenta dominar o imaginário nos filmes mais convencionais”, frisa Francis Vogner, coordenador curatorial da Mostra de Tiradentes.

O curador destaca que, se há elementos em comum nos filmes, está justamente nas buscas por investigarem expressivamente as imagens para acharem algo novo, que se completa exatamente na projeção do filme. De documentários de dispositivo a ficções conspiracionistas, os longas-metragens da Aurora nesta edição se aproximam por suas ousadias: “Num momento em que discutimos tanto a diversidade, e essa diversidade é fundamental em todas as instâncias criativas, é importante estarmos atentos também na presença disso dentro das formas de expressão, na escolha por como se construir um filme”, reforça Francis.

“A Mostra de Tiradentes tem a preocupação constante de apostar na diversidade ampla, geral e irrestrita, que passa pelas equipes de criação e chega também na estética e nos exercícios de imaginação no interior dos filmes”, completa Francis Vogner.

Em 2024, o Júri Oficial convidado a avaliar os filmes da Mostra Aurora será formado por Affonso Uchôa, cineasta; Aline Motta, artista visual e escritora; Juliana Costa, crítica, curadora e pesquisadora; Lia Bahia, pesquisadora e professora; e Uirá dos Reis, poeta, pesquisador e cineasta.

Cena do filme O Tubérculo, de Lucas Camargo de Barros e Nicolas Thomé Zetune

Sobre a seleção: Eu Também Não Gozei é um documentário sobre uma mulher grávida num périplo em busca do pai de seu filho, enquanto passa o período de gestação sozinha. A câmera a acompanha no processo, e seu registro se dá numa construção narrativa a partir de sua aproximação e distância da personagem. A diretora Ana Carolina Marinho foi roteirista da ficção A Mãe, de Cristiano Burlan e protagonizado por Marcélia Cartaxo.

O Tubérculo é filmado em película Super-8 e se envereda pelo cinema de invenção radical e poética para seguir um ator que deixa Lisboa para retornar à cidade natal no interior do Brasil após a morte da avó e é assombrado uma herança maldita e por seu primeiro amor. A dupla de diretores Lucas Camargo de Barros e Nicolas Thomé Zetune exibiu um filme anterior, O Pequeno Mal, em 2018, no Festival de Brasília

Maçãs no Escuro mergulha na vida do dramaturgo Edson Aquino, cuja trajetória é registrada por uma equipe de documentaristas estrangeiros enquanto comemora seus 35 anos de carreira. Produzido na cidade de Diadema, na região metropolitana de São Paulo, com direção de Tiago A. Neves, o filme mescla o retrato e o experimentalismo para transmitir os sentidos de seu personagem e daquilo que ele significa diante das câmeras. No ano passado, Tiago exibiu Cervejas no Escuro na Mostra Aurora, que rendeu o Prêmio Helena Ignez para a atriz Edna Maria.

Sofia Foi segue o último dia de uma personagem suicida em cenas com tempos dilatados e densos que sempre contém algum tipo de acontecimento, mínimo que seja, numa trajetória derradeira de crise de identidade e angústia geracional. Com trajetória na fotografia, o diretor Pedro Geraldo estreia na direção de um longa-metragem e foi premiado no FIDMarseille, na França, em 2023, com este primeiro trabalho.

Not Dead vira sua câmera para a inusitada resistência punk na Bahia e faz isso com serenidade e rigor de construção, mesclando intimidade e delicadeza na abordagem de uma crise geracional detectada na relação formal do filme com seus personagens e o tempo próprio que eles exalam. O diretor Isaac Donato venceu a Mostra Aurora em 2021 com um filme igualmente rigoroso e atento ao que filma, Açucena.

Lista de Desejos para Superagüi documenta Martelo, pescador de 70 anos no litoral sul que ainda não conseguiu se aposentar. Ele é um homem-farol que aponta luz para Superagüi e ilumina os desejos terrenos de seus moradores. A atmosfera do filme se aproxima do neorrealismo na densidade poética de suas imagens e abordagens. Pedro Giongo, diretor, vem de uma ampla experiência como montador, inclusive tendo sido premiado na função em 2019, por Alice Junior no Festival de Brasília.

EROS é um documentário de dispositivo articulado com imagens de pessoas frequentadoras de motéis que, convidadas a se filmar durante uma noite, compartilham seus vídeos para a estruturação do filme. A diretora Rachel Daisy Ellis estreia na função depois de uma premiada trajetória como produtora, incluindo os filmes Doméstica (2012), Boi Neon (2015) e Divino Amor (2019), todos de Gabriel Mascaro; além de ter dirigido o premiado curta Mini Miss (2018).

Vale lembrar que recentemente a Mostra de Tiradentes anunciou os homenageados desta 27ª edição: em 2024, o evento celebra as trajetórias do cineasta mineiro André Novais Oliveira e da atriz Bárbara Colen

Conheça os filmes selecionados para a Mostra Aurora da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes:

EROS, de Rachel Daisy Ellis (PE)
Eu Também Não Gozei, de Ana Carolina Marinho (SP)
Lista de Desejos para Superagüi, de Pedro Giongo (PR)
Maçãs no Escuro, de Tiago A. Neves (SP)
Not Dead, de Isaac Donato (BA)
O Tubérculo, de Lucas Camargo de Barros e Nicolas Thomé Zetune (SP)
Sofia Foi, de Pedro Geraldo (SP)

Fotos: Amanda Bortolo/Divulgação.

Satellite Awards 2023: conheça os indicados

por: Cinevitor
Teo Yoo e Greta Lee em Vidas Passadas, de Celine Song: três indicações

Fundada em 1996, a International Press Academy é uma associação de mídia de entretenimento com membros votantes do mundo todo que atuam em jornais, TV, rádio, blogs e novas plataformas de mais de vinte países.

Com a intenção de honrar as excelências artísticas dos filmes, seriados, rádio e novas mídias, a IPA criou o Satellite Awards, antes conhecido como The Golden Satellite Awards, prêmio que elege os melhores da indústria do entretenimento em categorias diversas. As indicações são derivadas de exibições antecipadas em festivais de cinema em todo o mundo, bem como triagens de considerações enviadas a jornalistas.

Neste ano, em sua 28ª edição, Oppenheimer, dirigido por Christopher Nolan, lidera a lista com 14 indicações; Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese, aparece na sequência com doze indicações. Nas categorias televisivas, Treta, Fargo, Succession, The Last of Us, The Crown, The White Lotus, Yellowjackets, entre outras, se destacam.

Um dos principais objetivos do Satellite Awards é celebrar novos trabalhos de realizadores independentes estabelecidos e em desenvolvimento, dando-lhes acesso a um público maior no mundo todo. Os vencedores serão anunciados no dia 3 de março de 2024 em Los Angeles.

Conheça os indicados nas categorias de cinema do 28º Satellite Awards:

MELHOR FILME | DRAMA
Assassinos da Lua das Flores
Ferrari 
Maestro
Oppenheimer 
Segredos de um Escândalo
Vidas Passadas

MELHOR FILME | COMÉDIA OU MUSICAL
American Fiction 
Barbie
O Homem dos Sonhos
Os Rejeitados
Pobres Criaturas
Scrapper 

MELHOR FILME INTERNACIONAL
A Sociedade da Neve, de J.A. Bayona (Espanha)
Anatomia de uma Queda, de Justine Triet (França)
Das Lehrerzimmer (The Teachers’ Lounge), de Ilker Çatak (Alemanha)
Folhas de Outono, de Aki Kaurismäki (Finlândia)
Io Capitano, de Matteo Garrone (Itália)
Urotcite na Blaga (Blaga’s Lessons), de Stephan Komandarev (Bulgária)
Zona de Interesse, de Jonathan Glazer (Reino Unido)

MELHOR ANIMAÇÃO
As Tartarugas Ninja: Caos Mutante
Elementos
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
Meu Amigo Robô
O Menino e a Garça
Suzume

MELHOR DOCUMENTÁRIO
20 Days in Mariupol   
Bad Press
Close to Vermeer
Jon Batiste: American Symphony
Lakota Nation vs. the United States
Little Richard: I Am Everything
Love to Love You, Donna Summer
Marcados: A História do Racismo nos EUA

MELHOR DIREÇÃO
Alexander Payne, por Os Rejeitados
Christopher Nolan, por Oppenheimer
Greta Gerwig, por Barbie
Jonathan Glazer, por Zona de Interesse
Martin Scorsese, por Assassinos da Lua das Flores
Yorgos Lanthimos, por Pobres Criaturas

MELHOR ATRIZ | DRAMA
Carey Mulligan, por Maestro
Greta Lee, por Vidas Passadas
Lily Gladstone, por Assassinos da Lua das Flores
Natalie Portman, por Segredos de um Escândalo
Penélope Cruz, por Ferrari
Sandra Hüller, por Anatomia de uma Queda

MELHOR ATOR | DRAMA
Andrew Scott, por Todos Nós Desconhecidos
Bradley Cooper, por Maestro
Cillian Murphy, por Oppenheimer
Colman Domingo, por Rustin
Franz Rogowski, por Passagens
Leonardo DiCaprio, por Assassinos da Lua das Flores

MELHOR ATRIZ | COMÉDIA OU MUSICAL
Alma Pöysti, por Folhas de Outono
Cailee Spaeny, por Priscilla
Emma Stone, por Pobres Criaturas
Fantasia Barrino, por A Cor Púrpura
Margot Robbie, por Barbie

MELHOR ATOR | COMÉDIA OU MUSICAL
Barry Keoghan, por Saltburn 
Jeffrey Wright, por American Fiction
Joaquin Phoenix, por Beau Tem Medo
Nicolas Cage, por O Homem dos Sonhos
Paul Giamatti, por Os Rejeitados

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
America Ferrera, por Barbie
Da’Vine Joy Randolph, por Os Rejeitados
Emily Blunt, por Oppenheimer
Julianne Moore, por Segredos de um Escândalo
Juliette Binoche, por O Sabor da Vida
Rosamund Pike, por Saltburn 

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Charles Melton, por Segredos de um Escândalo
Dominic Sessa, por Os Rejeitados
Mark Ruffalo, por Pobres Criaturas
Robert De Niro, por Assassinos da Lua das Flores
Robert Downey Jr., por Oppenheimer
Ryan Gosling, por Barbie

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Anatomia de uma Queda, escrito por Arthur Harari e Justine Triet
Barbie, escrito por Greta Gerwig e Noah Baumbach
Maestro, escrito por Bradley Cooper e Josh Singer
Os Rejeitados, escrito por David Hemingson
Segredos de um Escândalo, escrito por Samy Burch
Vidas Passadas, escrito por Celine Song

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
American Fiction, escrito por Cord Jefferson
Assassinos da Lua das Flores, escrito por Eric Roth e Martin Scorsese
Oppenheimer, escrito por Christopher Nolan
Pobres Criaturas, escrito por Tony McNamara
Todos Nós Desconhecidos, escrito por Andrew Haigh
Zona de Interesse, escrito por Jonathan Glazer 

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Assassinos da Lua das Flores, por Jack Fisk e Adam Willis 
Barbie, por Sarah Greenwood e Katie Spencer 
Ferrari, por Maria Djurkovic e Sophie Phillips
Maestro, por Kevin Thompson e Rena DeAngelo
Napoleão, por Arthur Max
Oppenheimer, por Ruth De Jong e Claire Kaufman 

MELHOR FOTOGRAFIA
Assassinos da Lua das Flores, por Rodrigo Prieto
Ferrari, por Erik Messerschmidt 
Maestro, por Matthew Libatique
Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1, por Fraser Taggart 
Napoleão, por Dariusz Wolski
Oppenheimer, por Hoyte van Hoytema
Saltburn, por Linus Sandgren

MELHOR FIGURINO
A Cor Púrpura, por Francine Jamison-Tanchuck
Assassinos da Lua das Flores, por Jacqueline West 
Barbie, por Jacqueline Durran
Napoleão, por David Crossman e Janty Yates
Oppenheimer, por Ellen Mirojnick
Pobres Criaturas, por Holly Waddington

MELHOR EDIÇÃO
Assassinos da Lua das Flores, por Thelma Schoonmaker
Barbie, por Nick Houy
Maestro, por Michelle Tesoro
Oppenheimer, por Jennifer Lame
Os Rejeitados, por Kevin Tent 
Pobres Criaturas, por Yorgos Mavropsaridis

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
A Sociedade da Neve, por Michael Giacchino
American Fiction, por Laura Karpman
Assassinos da Lua das Flores, por Robbie Robertson
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, por Daniel Pemberton
Oppenheimer, por Ludwig Göransson
Pobres Criaturas, por Jerskin Fendrix

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
I’m Just Ken, por Mark Ronson e Andrew Wyatt (Barbie)
It Never Went Away, por Jon Batiste e Dan Wilson (Jon Batiste: American Symphony)
Peaches, por Jack Black, Aaron Horvath, Michael Jelenic, Eric Osmond e John Spiker (Super Mario Bros. O Filme)
Road to Freedom, por Lenny Kravitz (Rustin)
The Fire Inside, por Diane Warren (Flamin’ Hot: O Sabor que Mudou a História)
What Was I Made For?, por Billie Eilish e Finneas O’Connell (Barbie)

MELHOR SOM | EDIÇÃO E MIXAGEM
Assassinos da Lua das Flores
Ferrari
Jon Batiste: American Symphony
Maestro
Napoleão
Oppenheimer 

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1
Napoleão
Oppenheimer 
Resistência
Transformers: O Despertar das Feras

MELHOR ELENCO | FILME
Oppenheimer 

MELHOR ELENCO | SÉRIE
Succession 

Foto: Divulgação/California Filmes.

André Novais Oliveira e Bárbara Colen serão homenageados na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes

por: Cinevitor
Bárbara Colen: atriz mineira homenageada

A 27ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes acontecerá entre os dias 19 e 27 de janeiro na cidade histórica mineira abrindo o calendário audiovisual do país. Referência na exibição do cinema brasileiro contemporâneo e conectada às tendências e discussões do momento, a temática da Mostra em 2024 será: As Formas do Tempo.

Pensado pela curadoria, sob coordenação do crítico Francis Vogner dos Reis, o tema surgiu a partir da preocupação do evento em compreender os movimentos do audiovisual no país, especialmente, em seus pontos de ruptura. Pelo seu caráter de conexão com o presente, a Mostra de Tiradentes pretende trazer ao debate o momento em que o setor volta a fazer projeções de qual futuro é possível construir e de perguntar como lidar com os despojos que o processo anterior de um governo de direita e contrário à cultura deixou de legado.

“Precisamos escolher para onde vamos olhar e defendemos que é preciso, sobretudo, olhar para os filmes, para o tempo dos filmes, seja a modulação do tempo construída por eles como objeto, seja o tempo no qual o filme existe”, diz Francis.

Assim, a ideia em torno das formas do tempo dialoga com a ousadia das produções exibidas em Tiradentes e com a tentativa de compreensão ampla de como fazer filmes no Brasil, hoje e agora, pode impactar suas estéticas. No caso, para Francis, a demanda de eficiência e a velocidade dos acontecimentos no mundo solicitam novas formas da atenção e dos sentidos; mais rápida, fragmentária e ansiosa. Enquanto isso, cineastas como André Novais Oliveira, Paula Gaitán, Julio Bressane e Isael e Sueli Maxakali, entre outros, parecem seguir em desafio e desarranjo a esse estado exigente das coisas.

“Nesse contexto, cabe a nós interrogarmos sobre outras experiências do tempo, diferentes ao consumo urgente do streaming, por exemplo, e encontrar maneiras mais sutis e complexas de fruição no regime estético das imagens e no forjamento de um novo espectador/espectadora. Nas obras de arte, de que maneira os tempos se tornam visíveis? No seu tema? Nos seus signos? Na sua mensagem? No discurso ou na figura do artista? Talvez precisemos ir além desses predicados. Os tempos se tornam visíveis na arte em seu trabalho formal”, reforça o curador.

O objetivo da temática As Formas do Tempo, em sentido amplo, é provocar esses questionamentos e buscar algumas respostas diretamente nos filmes e nos discursos que naturalmente circulam num evento tão movimentado e agitado como a Mostra de Tiradentes. Tendo em vista as condições, circunstâncias e debates atuais no audiovisual brasileiro, que tempos e temporalidades atravessam essa noção de contemporâneo nas práticas cinematográficas, nas ideias, nas imagens e, sobretudo, nos filmes brasileiros contemporâneos?

As duas homenagens na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes se relacionam fortemente ao conceito da temática. Em 2024, o evento celebra as trajetórias do cineasta mineiro André Novais Oliveira e da atriz Bárbara Colen. Ele nasceu em Contagem há 39 anos, e ela, em Belo Horizonte, há 37 anos. Suas trajetórias se cruzam em diversos momentos e, vindos de uma mesma geração mineira, são também considerados figuras-chave do momento especial que vive a produção no estado.

André Novais Oliveira: trajetória de sucesso

André e Bárbara chamaram atenção na cena audiovisual brasileira quase simultaneamente. Tiveram um elo em comum: a produtora Filmes de Plástico. Em 2010, André, um dos fundadores da FdP, lançou o curta-metragem Fantasmas na Mostra Foco, em Tiradentes, e foi de imediato apontado como um dos novos criadores mais interessantes do evento. No mesmo ano, no Festival de Brasília, Bárbara surgiu como uma das protagonistas do curta Contagem, de Maurílio Martins e Gabriel Martins, também produzido pela FdP. A atriz encantou a plateia especialmente numa cena em que, ao conversar com outro personagem, sua performance fazia uma variação sutil entre o jogo cênico instaurado por todo o diálogo.

Nos anos seguintes, tanto André Novais quanto Bárbara Colen se consolidaram como duas potências criativas: ele, seguidamente por longas e curtas premiados, como Pouco Mais de um Mês (2013), Ela Volta na Quinta (2014), Temporada (2018) e O Dia que te Conheci (2023); ela, como atriz em Aquarius (2016) e Bacurau (2019), ambos de Kleber Mendonça Filho, em Baixo Centro (2018), de Ewerton Belico e Samuel Marotta, e em telenovelas na Globo.

“Os dois homenageados são alguns dos artistas responsáveis pela discreta radicalidade poética do cinema feito em Minas Gerais, tanto que suas presenças e influências estão para além do cinema do estado e possuem reconhecimento internacional”, diz Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial. “Esse celeiro criativo que nos deu cineastas, atrizes, atores e técnicos de fino talento rodou e ainda roda o mundo. O cinema de Bárbara Colen e André Novais nos aponta o que de melhor temos da cultura brasileira contemporânea”.

A celebração à dupla é, por extensão, uma celebração ao cinema de Minas Gerais, considerado um dos mais inovadores dos últimos 20 anos no Brasil: “Da videoarte dos anos 1990 aos coletivos e produtoras, do sertão mineiro à grande Belo Horizonte, o cinema de Minas nas últimas duas décadas foi parte incontornável de uma renovação decisiva no audiovisual brasileiro em termos de assunto e estilo, de modulação do tempo e da linguagem falada”, destaca Francis.

Maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país, a Mostra Tiradentes 2024 será realizada em formato on-line e presencial. Apresenta, exibe e debate, em edições anuais, o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias mundiais e nacionais; uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.

O evento exibe mais de 100 filmes brasileiros em pré-estreias nacionais e mostras temáticas, presta homenagem a personalidades do audiovisual, promove seminário, debates, a série Encontro com os filmes, oficinas, Mostrinha de Cinema e atrações artísticas. Além disso, toda a programação é gratuita.

Fotos: Leo Lara/Universo Produção.

Festival de Roterdã 2024: filmes brasileiros são selecionados

por: Cinevitor
Lucília Raimundo no longa brasileiro Praia Formosa, de Julia De Simone

O Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR, International Film Festival Rotterdam), que acontece na Holanda, é considerado um dos maiores do mundo e destaca obras cinematográficas dirigidas por novos cineastas. Além das seções oficiais em sua programação, há também espaço para nomes consagrados, retrospectivas e programas temáticos.

A 53ª edição acontecerá entre os dias 25 de janeiro e 4 de fevereiro de 2024 e o filme de abertura será a comédia dramática Head South, de Jonathan Ogilvie, que traz Marton Csokas, Ed Oxenbould, Roxie Mohebbi, Jackson Bliss, Arlo Gibson e Benee no elenco. 

Além disso, o diretor de fotografia Grimm Vandekerckhove, da Bélgica, conhecido por seu trabalho delicado e humanista com o cineasta Bas Devos, será homenageado com o Robby Müller Award, que destaca anualmente um excelente criador de imagens no estilo do falecido diretor de fotografia holandês que dá nome ao prêmio.

O cinema brasileiro ganha destaque nesta 53ª edição com diversos títulos. Na Tiger Competition, principal mostra do evento, aparece com Praia Formosa, de Julia De Simone. O filme conta a história de Muanza, uma mulher natural do Reino do Congo, que foi traficada para o Brasil no início do século XIX. Ao despertar de um sono profundo em pleno ano de 2023, Muanza se depara com um Rio de Janeiro de tempos espiralados, onde figuras do passado e do presente são parte da busca por suas origens no território da cidade.

Praia Formosa mistura narrativas inventadas à personagens documentais, e dados históricos à fabulação especulativa. Nesse entrelaçamento de tempos e linguagens, o filme testemunha a vida que emerge dos espaços da cidade, os gestos de resistência frente à desterritorialização forçada, e os afetos que sustentam as relações de irmandade. O elenco conta com Lucília Raimundo, Samira Carvalho, Maria D’Aires e Mãe Celina de Xangô.

O Brasil segue na programação com Retrato de um Certo Oriente, de Marcelo Gomes, na mostra Big Screen Competition. Baseado no livro de Milton Hatoum, o longa narra a história de dois irmãos imigrantes libaneses que vão morar em Manaus, Amazonas, na década de 1950. O elenco conta com Wafa’a Celine Halawi, Charbel Kamel, Zakaria Kaakour, Eros Galbiati e Rosa Peixoto.

E mais: Na Tiger Short Competition, o Brasil aparece com o curta-metragem Potenciais à Deriva, de Leonardo Pirondi. Já na mostra Short & Mid-length, outros representantes brasileiros: O Silêncio Elementar, de Mariana de Melo; Se Eu Tô Aqui é por Mistério, de Clari Ribeiro e escrito e produzido por Éri Sarmet; e Um tropeço em cinco movimentos, de Valentina Rosset.

Na mostra Harbour, o cinema brasileiro ganha destaque com Greice, de Leonardo Mouramateus, que conta com Amandyra, Dipas e Mauro Soares no elenco; o premiado Levante, de Lillah Halla, com Ayomi Domenica; e A Paixão Segundo G.H., de Luiz Fernando Carvalho, baseado na obra homônima de Clarice Lispector e protagonizado por Maria Fernanda Cândido.

Além disso, na mostra Limelight, o cineasta brasileiro Karim Aïnouz exibirá Firebrand, com Alicia Vikander e Jude Law; e La chimera, de Alice Rohrwacher, com a atriz brasileira Carol Duarta no elenco, também será exibido na seleção.

O time de jurados da 53ª edição será formado por: Marco Müller, Ena Sendijarević, Herman Yau, Billy Woodberry e Nadia Turincev na Tiger Competition, principal mostra do festival; e Mónica Lima, Jade Wiseman e Yasmina Price na Tiger Short Competition.

Conheça os filmes selecionados para o Festival Internacional de Cinema de Roterdã 2024:

TIGER COMPETITION

Flathead, de Jaydon Martin (Austrália)
Grey Bees, de Dmytro Moiseiev (Ucrânia)
Kiss Wagon, de Midhun Murali (Índia)
La Parra, de Alberto Gracia (Espanha)
Me, Maryam, the Children and 26 Others, de Farshad Hashemi (Irã)
Moses, de Jenni Luhta e Lauri Luhta (Finlândia)
Praia Formosa, de Julia De Simone (Brasil)
Rei, de Tanaka Toshihiko (Japão)
Reise der Schatten, de Yves Netzhammer (Suíça)
She Fell to Earth, de Susie Au (Hong Kong)
sr, de Lea Hartlaub (Alemanha)
Swimming Home, de Justin Anderson (Reino Unido)
The Ballad of Suzanne Césaire, de Madeleine Hunt-Ehrlich (EUA)
Under a Blue Sun, de Daniel Mann (França)

BIG SCREEN COMPETITION

Aire: Just Breathe, de Leticia Tonos Paniagua (República Dominicana)
Children of War and Peace, de Ville Suhonen (Finlândia)
Confidenza, de Daniele Luchetti (Itália)
Eternal, de Ulaa Salim (Dinamarca)
Milk Teeth, de Sophia Bösch (Alemanha)
O Pior Homem de Londres, de Rodrigo Areias (Portugal)
Retrato de um Certo Oriente, de Marcelo Gomes (Brasil)
Seven Seas Seven Hills, de Ram (Índia)
Steppenwolf, de Adilkhan Yerzhanov (Cazaquistão)
Tenement, de Inrasothythep Neth e Sokyou Chea (Camboja)
The Old Bachelor, de Oktay Baraheni (Irã)
Yohanna, de Robby Ertanto (Indonésia)

HARBOUR

‘Lolo & Sosaku’ The Western Archive, de Sergio Caballero (Espanha)
A Paixão Segundo G.H., de Luiz Fernando Carvalho (Brasil)
Binary, de David-Jan Bronsgeest (Holanda)
Cosmic Miniatures, de Alexander Kluge (Alemanha)
Dream Team, de Lev Kalman e Whitney Horn (EUA)
Elegies, de Ann Hui (Hong Kong)
Future Me, de Vincent Boy Kars (Holanda)
Greice, de Leonardo Mouramateus (Brasil)
Head South, de Jonathan Ogilvie (Nova Zelândia)
Levante, de Lillah Halla (Brasil)
Maia: Portrait with Hands, de Alexandra Gulea (Romênia)
Mário, de Billy Woodberry (Portugal)
Melk, de Stefanie Kolk (Holanda)
Memory Dealers, de Mila van der Linden (Holanda)
NL-Alert, de Loïs Dols de Jong (Holanda)
Small Hours of the Night, de Daniel Hui (Singapura)
So Unreal, de Amanda Kramer (EUA)
The Waste Land, de Chris Teerink (Holanda)
Trauma Porn Club, de Michael Middelkoop (Holanda)
Venus, de Gonzalo Fernandez Carmona (Holanda)
Witte Wieven, de Didier Konings (Holanda)

*Clique aqui e confira a lista completa com os filmes selecionados.

Foto: Divulgação/Mirada Filmes.

18º Comunicurtas: conheça os vencedores

por: Cinevitor
Cena do curta paraibano Céu, de Valtyennya Pires: premiado

Foram anunciados neste domingo, 17/12, no MAPP, Museu de Arte Popular da Paraíba, os vencedores da 18ª edição do Festival Audiovisual de Campina Grande – Comunicurtas UEPB com a presença do público, cineastas, produtores, atores, atrizes, roteiristas e demais amantes da sétima arte.

Com a temática O cinema em Super 8: Experimentações e Fruições, o Comunicurtas 2023 foi realizado no Teatro do Sesc Centro, onde aconteceu a cerimônia de abertura e a exibição da mostra de longas, no MAPP, no Teatro Municipal Severino Cabral e em outros espaços de cultura de Campina Grande. O tema escolhido faz referência a um formato de filme popular entre amadores e entusiastas do cinema, entre as décadas de 1960 e 1980.

O curta-metragem Céu, de Valtyennya Pires, se destacou nesta 18ª edição com quatro prêmios, entre eles, o de melhor filme da Mostra Tropeiros de curtas paraibanos: “Por meio de uma intensa sensibilidade apresentada pela poética das imagens e sons, pelo encanto da narrativa, pela poderosa reflexão sobre a importância sociocultural das louceiras da Comunidade Quilombola Serra do Talhado Urbano e particularmente, pela memória de Maria do Céu”, disse a justificativa do júri.

O júri deste ano foi formado por: Guilherme Sarmiento, Fabiana Melo e Virginia Gualberto na Mostra Brasil de curtas; Marina Nobre, Antônio Burity e Yan Albuquerque na mostra Tropeiros de curtas paraibanos; e Marcus Vilar, Arly Arnaud e Eliana Figueiredo na Mostra Brasil de longas.

Conheça os vencedores do 18º Comunicurtas:

MOSTRA BRASIL

Melhor Filme: Mundo 1, de Pedro Fiuza e Rudá Almeida (RN)
Melhor Direção: Vanessa Sandre, por O Prazer é Todo Meu
Melhor Roteiro: O Prazer é Todo Meu, escrito por Vanessa Sandre
Melhor Atuação: Margarida Baird, por O Prazer é Todo Meu
Melhor Fotografia: Águas que me Tocam, por Leandro Marques
Melhor Direção de Arte: Caído, por Luiz Áureo
Melhor Montagem: Em Cantos do Gurupi, por San Marcelo
Melhor Som: Alto do Céu, por Lula Magalhães
Melhor Trilha Sonora: Em Cantos do Gurupi, por Renan Marcell

MOSTRA LONGAS

Melhor Filme: Black Rio! Black Power!, de Emílio Domingos (RJ)
Melhor Direção: Emílio Domingos, por Black Rio! Black Power!
Melhor Roteiro: Black Rio! Black Power!, escrito por Emílio Domingos
Melhor Atuação: Renato Linhares, por Represa
Melhor Fotografia: Represa, por Daniel Correia
Melhor Direção de Arte: Represa, por Thaís de Campos
Melhor Montagem: Black Rio! Black Power, por Yan Motta
Melhor Som: Represa, por Lucas Coelho
Melhor Trilha Sonora: Black Rio! Black Power!, por Emílio Domingos
Prêmio Especial do Júri: Tota, de Rafael Leal e Kleyton Canuto (PB), pelo resgate do personagem Tota Agra; pela maneira corajosa de expor ideias visionárias, revolucionárias, humanistas e contestadoras, nas esferas pública e privada

MOSTRA TROPEIROS | CURTAS PARAIBANOS

Melhor Filme: Céu, de Valtyennya Pires (Santa Luzia)
Melhor Direção: Valtyennya Pires, por Céu, e Ismael Moura, por Cercas
Melhor Roteiro: Céu, escrito por Valtyennya Pires
Melhor Fotografia: Cercas, por Breno César
Melhor Direção de Arte: O Brilho Cega, por Carlos Mosca
Melhor Montagem: Céu, por Gabriel Heitor Alves, e O Orgulho Não é Junino, por Dimas Carvalho
Melhor Atuação: Bruna Castro, por Cercas
Melhor Som: Cercas, por Gustavo Guedes, e O Orgulho Não é Junino, por Jonas Tadeu
Melhor Trilha Sonora: Cercas, por Guga Rocha
Menção Honrosa: Ao Redor de Casa, de Mailsa Passos e Virgínia de Oliveira Silva, filme com apuro técnico, narrativa poética e tema de extrema importância para a Paraíba, lugar de potentes lutas camponesas no passado e no presente, que conta através de registros da Marcha Pela Vida das Mulheres o envolvimento de classe e gênero de lideranças que fazem um papel radical na história da soberania alimentar e da agroecologia. Em memória de Margarida Maria Alves, Marielle Franco e todas as mulheres no front das lutas sociais, o júri concede menção honrosa a este filme tão importante
Menção Honrosa: Experimentando Cinema: Super 8 Paraibano, de Marvin Zenit, pela temática voltada à produção de filmes em super 8 na Paraíba e sua perfeita conexão com o tema da 18ª edição do Festival Comunicurtas

PRÊMIO LUIZ CUSTÓDIO
Olhares Indígenas, de Ana Beatriz Rocha e Hebert Araújo (PB)

MOSTRA DE TELEJORNALISMO
Melhor Reportagem: Futebol, meu amor! O resgate do campeão dos campeões, de Dayvson Victor (PB)
Melhor Repórter Cinematográfico: Olhares Indígenas, por Alexandre Frazão, Marcos Cardoso, Thiago Ferreira, Ewerton Lima, Bernardo Scotti e Silvio Vieira

MOSTRA SOM NA SERRA DE VIDEOCLIPES
Melhor Filme: Quem Vai Brilhar, de Samy Sah (PB)

MOSTRA TERRITÓRIO E LIBERDADE DE VIDEOARTE
Melhor Filme: Jurema: A Peleja do Carcará e Suçuarana, de Bako Machado (PE)

Foto: Kennel Rógis e Gabriel Heitor Alves.

Festival de Clermont-Ferrand 2024: curtas-metragens brasileiros são selecionados

por: Cinevitor
Cena do curta brasileiro Pássaro Memória, de Leonardo Martinelli

Criado em 1979 e organizado pela Sauve qui peut le court métrage, o Festival de curta-metragem de Clermont-Ferrand, que acontecerá entre os dias 2 e 10 de fevereiro de 2024 na França, é considerado o maior evento de curtas-metragens do mundo.

Neste ano, mais de 9.400 filmes foram inscritos; registrando um recorde e um aumento muito significativo de 14% em relação ao ano passado. O comunicado oficial diz: “O coração do cinema nunca parou de bater e Clermont-Ferrand continua sendo o pulmão do curta”.

A 46ª edição contará com alguns títulos brasileiros em sua programação, entre eles, Pássaro Memória, de Leonardo Martinelli, na Competição Internacional. Na trama, um pássaro chamado Memória esquece como voltar para casa. Lua, uma mulher trans, tenta encontrá-la nas ruas do Rio de Janeiro, mas a cidade pode ser um lugar hostil. O elenco conta com Ayla Gabriela e Henrique Bulhões.

Já na mostra Lab Competition, o Brasil aparece com Até Onde o Mundo Alcança, de Daniel Frota de Abreu, que faz uma condenação surpreendente dos efeitos a longo prazo do colonialismo no país. Na Competição Nacional, vale destacar o francês Vambora, de Laurier Fourniau, que foi rodado no Brasil e conta com os brasileiros Ítalo Villani e Camila Guerra no elenco.

A mostra Panorama apresenta uma retrospectiva especial com títulos dirigidos por mulheres inspiradoras. Aqui, o cinema brasileiro marca presença com Quebramar, de Cris Lyra, curta realizado em 2019. Na mostra Enfants, será exibida a animação Lulina e a Lua, de Alois Di Leo e Marcus Vinicius Vasconcelos. Enquanto isso, na seção de mercado, o Brasil conta com Quartas de Final ou Porque Eu Decidi Torcer Contra o Brasil, de Dario Lopes e Vinicius Campos.

Além disso, a Associação Cultural Kinoforum, a Spcine e o Consulado-Geral do Brasil em Marselha levarão ao festival uma programação de curtas brasileiros recentes para promover a diversidade e a criatividade da produção nacional, proporcionando uma capacitação in loco em intercâmbio internacional e nos mecanismos do mercado audiovisual mundial. Os títulos da Spcine Brazilian Shorts no Short Film Market são: Combustão Não Espontânea, de Boni Zanatta (SP); Os Animais Mais Fofos e Engraçados do Mundo, de Renato Sircilli (SP); Ibirapitanga, de Olinda Wanderley (BA); Ava Mocoi: Os Gêmeos, de Luiza Calagian e Vinícius Toro (PR); e Meu Amigo Pedro MIXTAPE, de Lincoln Péricles (SP).

Em comunicado oficial, a organização do evento anunciou algumas mudanças nesta edição por conta de problemas financeiros: “O impacto da Covid-19, o aumento dos custos devido à inflação e, muitas vezes, o financiamento precário deixaram um impacto duradouro no nosso festival, na nossa organização e nas nossas equipas, tal como em muitos outros empreendimentos culturais e festivais de cinema. Então, para podermos recebê-los em fevereiro, tivemos que fazer algumas escolhas. Eles não foram fáceis; e esperamos que não sejam permanentes. Temos trabalhado nessas mudanças desde a primavera, pensando em formas de tornar possível a edição de 2024, mantendo ao mesmo tempo o seu significado e a sua essência”.

Com isso, pela primeira vez na sua história, o festival irá reduzir o número de programas em suas competições. A seleção Nacional passará de doze para dez programas, e a Internacional de quatorze para doze. Além disso, algumas mostras foram cortadas da programação: “Mesmo assim, apostamos que os fãs de curtas-metragens encontrarão o que procuram ao longo dos nove dias de cinema e celebração”, finaliza o comunicado oficial.

Foto: Divulgação.

Conheça os vencedores do 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

por: Cinevitor
Allan Ribeiro, diretor do premiado Mais um Dia, Zona Norte

Foram anunciados neste sábado, 16/12, no Cine Brasília, em cerimônia apresentada por Rocco Pitanga e Ana Luiza Bellacosta, os vencedores da 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O filme Mais um Dia, Zona Norte, de Allan Ribeiro, foi consagrado com o Troféu Candango de melhor longa-metragem pelo Júri Oficial.

Mais um Dia, Zona Norte também foi quem mais arrematou troféus na noite, sendo agraciado com os prêmios de melhor ator e atriz coadjuvante, para Victor Veiga e Valéria Silva, melhor trilha sonora e ainda com as honrarias especiais do júri; da crítica, entregue pela Abraccine; e do Prêmio Like, que concede 50 mil reais em mídia para difusão do filme no Canal Like. Esta foi a segunda vez que o diretor carioca teve sua obra premiada em Brasília, após pouco mais de dez anos, quando levou os Candangos de melhor direção de arte e de melhor edição, em 2012, com Esse Amor que nos Consome.

O brasiliense Cartório das Almas, de Leo Bello, caiu nas graças do público na Competitiva Nacional e recebeu o troféu de melhor longa-metragem pelo Júri Popular. A produção levou também os Candangos de melhor edição de som e melhor direção de arte.

Quem também arrematou uma série de troféus foi o mineiro O Dia que te Conheci, de André Novais Oliveira. Além de receber o Prêmio Zózimo Bulbul, entregue pela APAN, Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro e pelo Centro Afrocarioca de Cinema, a produção foi lembrada em outras três categorias: melhor roteiro, melhor ator para Renato Novais e melhor atriz para Grace Passô, que aumenta sua coleção de Candangos; ela foi premiada em 2018 pelo filme anterior de Novais, Temporada, e ainda ganhou como melhor curta por seu trabalho como diretora em República, na edição de 2020.

Entre os curtas-metragens, o maior destaque da premiação ficou com o documentário poético e semi-autobiográfico Pastrana, de Gabriel Motta e Melissa Brogni, que recebeu o Troféu Candango de melhor filme segundo o Júri Oficial, Prêmio Canal Brasil de Curtas, além de melhor montagem. No Júri Popular, o documentário Vão das Almas, de Edileuza Penha e Santiago Dellape, foi o preferido do público como melhor curta-metragem da Competitiva Nacional.

Na Mostra Brasília, o júri do 25º Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal consagrou o documentário sobre o teatrólogo uruguaio-brasiliense Hugo Rodas: Rodas de Gigante foi premiado como melhor longa pelo Júri Oficial, além de melhor direção e melhor montagem. O filme também levou o Troféu Saruê, da equipe do jornal Correio Braziliense, reconhecimento por proporcionar o melhor momento do festival. Dentre os curtas, Instante foi o grande vencedor, com o prêmio de melhor curta pelo Júri Oficial, além dos troféus de melhor atriz e de melhor roteiro para a diretora Roberta Rangel.

O júri deste ano foi formado por: Alex Vidigal, Cibele Amaral, Elisa Lucinda, Marco Altberg e Priscila Tapajowara na Mostra Nacional de Longas; Ana Arruda, Anna Luiza Müller, Leticia Bispo, Ana Caroline Brito e Preta Ferreira na Mostra Nacional de Curtas; Gloria Teixeira, Marcela Borela e Murilo Grossi na Mostra Brasília; Anna Andrade, Antônio Molina e Dominique Jaci no Prêmio Zózimo Bulbul; Carissa Vieira, Felipe Moraes e Robledo Milani no Prêmio Abraccine; Carissa Vieira, Cecília Barroso, Luiz Fernando Zanin Oricchio, Maria do Rosário Caetano, Neusa Barbosa, Ricardo Dahen e Robledo Milani no Prêmio Canal Brasil de Curtas.

A Mostra Competitiva do 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro contabilizou 2.818 ingressos vendidos e a Mostra Brasília teve 2.232 ingressos entregues. Estes são números apenas dos ingressos, sem contar com os diretores, produtores e convidados. Ao todo, contando público, que encheu a sala e frequentadores da praça de alimentação, passaram 12 mil pessoas pelo Festival de Brasília 2023.

Conheça os vencedores do 56º Festival de Brasília:

MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL | LONGAS-METRAGENS

MELHOR FILME | JÚRI OFICIAL
Mais um Dia, Zona Norte, de Allan Ribeiro (RJ)

MELHOR FILME | JÚRI POPULAR
Cartório das Almas, de Leo Bello (DF)

MELHOR DIREÇÃO
Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, por A Transformação de Canuto 

MELHOR ATOR
Renato Novais, por O Dia que Te Conheci

MELHOR ATRIZ
Grace Passô, por O Dia que Te Conheci

MELHOR ATOR COADJUVANTE 
Victor Veiga, por Mais Um Dia, Zona Norte

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE 
Valeria Silva, por Mais Um Dia, Zona Norte

MELHOR ROTEIRO 
O Dia que te Conheci, escrito por André Novais Oliveira

MELHOR FOTOGRAFIA
A Transformação de Canuto, por Camila Freitas

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Cartório das Almas, por Maíra Carvalho

MELHOR TRILHA SONORA 
Mais Um Dia, Zona Norte, por Allan Ribeiro e Tibor Fittel

MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Cartório das Almas, por Olivia Hernandez

MELHOR MONTAGEM
No Céu da Pátria Nesse Instante, por Renata Baldi e Sandra Kogut

MELHOR ROTEIRO DE TEMÁTICA AFIRMATIVA
A Transformação de Canuto, escrito por Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
No Céu da Pátria Nesse Instante, de Sandra Kogut (DF/RJ/SC/SP)

MENÇÃO HONROSA
Silvio Fernandes, por Mais Um Dia, Zona Norte

MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL | CURTAS-METRAGENS

MELHOR FILME | JÚRI OFICIAL
Pastrana, de Gabriel Motta e Melissa Brogni (RS)

MELHOR FILME | JÚRI POPULAR
Vão das Almas, de Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape (DF/GO)

MELHOR DIREÇÃO
GG Fákọ̀làdé, por Remendo

MELHOR ATOR
Elídio Netto, por Remendo

MELHOR ATRIZ
Jhonnã Bao, por Erguida

MELHOR ROTEIRO
Dona Beatriz Ñsîmba Vita, escrito por Catapreta

MELHOR FOTOGRAFIA
Helena de Guaratiba, por Pedro Rodrigues

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Cáustico, por Carmen San Thiago

MELHOR TRILHA SONORA
Helena de Guaratiba, por DJ Machintal

MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Axé Meu Amor, por David Neves

MELHOR MONTAGEM
Pastrana, por Bruno Carboni

MELHOR ROTEIRO DE TEMÁTICA AFIRMATIVA
Erguida, escrito por Jhonnã Bao

MENÇÃO HONROSA
Cidade By Motoboy, de Mariana Vita (SP)
Vão das Almas, de Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape (DF/GO)

MOSTRA BRASÍLIA | 25º Troféu Câmara Legislativa

MELHOR LONGA-METRAGEM | JÚRI OFICIAL
Rodas de Gigante, de Catarina Accioly

MELHOR CURTA-METRAGEM | JÚRI OFICIAL
Instante, de Paola Veiga

MELHOR LONGA-METRAGEM | JÚRI POPULAR
Não Existe Almoço Grátis, de Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel

MELHOR CURTA-METRAGEM | JÚRI POPULAR
Nada se Perde, de Renan Montenegro

MELHOR DIREÇÃO
Catarina Accioly, por Rodas de Gigante

MELHOR ATOR
Thalles Cabral, por Ecos do Silêncio

MELHOR ATRIZ
Roberta Rangel, por Instante

MELHOR ROTEIRO
Instante, escrito por Roberta Rangel, Paola Veiga e Emanuel Lavor

MELHOR FOTOGRAFIA 
Ecos do Silêncio, por Krishna Schmidt e André Carvalheira

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
O Sonho de Clarice, por João Capoulade, Juliet Jones e Sarah Guedes

MELHOR TRILHA SONORA
O Sonho de Clarice, por Cesar Lignelli

MELHOR EDIÇÃO DE SOM
O Sonho de Clarice, por Fernando Vieira e Francisco Vasconcelos

MELHOR MONTAGEM
Rodas de Gigante, por Sérgio Azevedo

MENÇÃO HONROSA DO JÚRI
Estrela da Tarde, de Francisco Rio
Nada se Perde, de Renan Montenegro
Não Existe Almoço Grátis, de Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel

PRÊMIOS ESPECIAIS

PRÊMIO ZÓZIMO BULBUL
Melhor curta-metragem: Erguida, de Jhonnã Bao (SP)
Melhor longa-metragem: O Dia que te Conheci, de André Novais Oliveira (MG)
Menção Honrosa: A Chuva do Caju, de Alan Schvarsberg (DF)

PRÊMIO ABRACCINE | Associação Brasileira de Críticos de Cinema
Melhor longa-metragem: Mais um Dia, Zona Norte, de Allan Ribeiro (RJ)
Melhor curta-metragem: Remendo, de GG Fákọ̀làdé (ES)

TROFÉU SARUÊ
Rodas de Gigante, de Catarina Accioly

PRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS
Pastrana, de Gabriel Motta e Melissa Brogni (RS)

PRÊMIO LIKE
Mais um Dia, Zona Norte, de Allan Ribeiro (RJ)

Foto: Paulo Cavera.

44º Festival de Havana: filmes brasileiros são premiados

por: Cinevitor
Dan Ferreira e Zezé Motta no curta Deixa, de Mariana Jaspe: filme premiado

Foram anunciados neste sábado, 15/12, os vencedores da 44ª edição do Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano, também conhecido como Festival de Havana, realizado pelo ICAIC, Instituto Cubano del Arte e Industria Cinematográficos.

O evento, que acontece desde 1979, surgiu com a intenção de se tornar uma continuação dos festivais de Viña del Mar, Mérida e Caracas, reunindo filmes e cineastas que representam as tendências cinematográficas mais inovadoras da América Latina.

Os filmes em competição, que concorrem ao Prêmio Coral, são divididos em diversas categorias. O cinema brasileiro ganhou destaque na premiação de longas de ficção com O Estranho, de Flora Dias e Juruna Mallon, e Estranho Caminho, de Guto Parente; a coprodução El auge del humano 3, de Eduardo Williams, também foi premiada.

Entre os curtas-metragens, Paraíso Europa, de Leandro Goddinho e Paulo Menezes, foi eleito o melhor filme; Deixa, de Mariana Jaspe, recebeu o Prêmio Especial do Júri. As animações Placa-mãe, de Igor Bastos, e Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca, de Eduardo Perdido, Tiago Mal e Diego Doimo também se destacaram, assim como Levante, de Lillah Halla, e Sem Coração, de Nara Normande e Tião

O time de jurados deste ano foi formado por: Kiro Russo, Raúl Camargo, Rodrigo Plá, Eslinda Núñez e a brasileira Julia Murat nos longas de ficção; Carlos Ibañez, Jorge Ortega e Arturo Sotto nos filmes de estreia; Katherina Harder, Antonio Medici e Magda González nos curtas-metragens; Juliana Fanjul, Alejandro Fuentes e Jorge Fuentes nos documentários; Juan Pablo Zaramella, Joseph Arbiol e Aramis Calinau nas animações; Diego Corsini, Delfina Catalá e Fátima Patterson nos roteiros; Alejandro Magallanes, Régis Léger Dugudus e Michele Miyares Hollands nos cartazes; Luis Tejera, Nicolas Silbert, Sara Santaella e o brasileiro Gustavo Riveiro na indústria; Sergio Moreira, Carlo Gentile e Rafael Grillo no Prêmio FIPRESCI; Anna Grebe, Tony Mazón e Francisco Yague no Prêmio SIGNIS; e Clarisa Navas, Cote Romero e Lizette Vila no Prêmio Arrecife.

Conheça os vencedores da 44ª edição do Festival de Havana:

FICÇÃO | PRÊMIO CORAL

Melhor Filme: Tótem, de Lila Avilés (México)
Prêmio Especial do Júri: El auge del humano 3, de Eduardo Williams (Argentina/Portugal/Brasil/Holanda/Taiwan/Hong Kong/Sri Lanka/Peru)
Melhor Atriz: Ilona Almansa, por El otro hijo
Melhor Ator: Miguel González, por El otro hijo
Melhor Direção: Rodrigo Moreno, por Los delincuentes
Melhor Roteiro: Tótem, escrito por Lila Avilés
Melhor Fotografia: Los delincuentes, por Inés Duacastella e Alejo Maglio
Melhor Edição: Los delincuentes, por Manuel Ferrari, Nicolás Goldbart e Rodrigo Moreno
Melhor Som: O Estranho, por Lucas Coelho
Melhor Trilha Sonora Original: Estranho Caminho, por Fafa Nascimento e Uirá dos Reis
Melhor Direção de Arte: Tótem, por Nohemí González Martínez

DOCUMENTÁRIO | PRÊMIO CORAL

Melhor Filme: El juicio, de Ulises de la Orden (Argentina)
Prêmio Especial do Júri: El eco, de Tatiana Huezo (México)

CURTAS-METRAGENS | PRÊMIO CORAL

Melhor curta-metragem | Ficção: Paraíso Europa, de Leandro Goddinho e Paulo Menezes (Brasil/Alemanha)
Prêmio Especial do Júri | Ficção: Deixa, de Mariana Jaspe (Brasil)
Melhor curta-metragem | Documentário: El final del camino, de Ariagna Fajardo (Cuba)
Prêmio Especial do Júri | Documentário: Esperanza, de Mayra Véliz (México)

PRIMEIRO FILME | PRÊMIO CORAL

Melhor Filme de Estreia: Levante, de Lillah Halla (Brasil)
Prêmio Especial do Júri: La mujer salvaje, de Alán González (Cuba)
Prêmio Contribuição Artística: Sem Coração, de Nara Normande e Tião (Brasil)

ANIMAÇÃO | PRÊMIO CORAL

Melhor longa-metragem: Placa-mãe, de Igor Bastos (Brasil)
Melhor curta-metragem: Carne de Dios, de Patricio Plaza (Argentina/México/Colômbia)
Prêmio Especial do Júri: Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca, de Eduardo Perdido, Tiago Mal e Diego Doimo (Brasil)

OUTROS PRÊMIOS

Melhor Pôster: El mundo de Nelsito, por Vladimir Pérez (Cuba)
Melhor Pôster | Menção Honrosa: Días de visita, por Jonattan Ríos Valencia (Colômbia)
Prêmio Coral de pós-produção | AracneDC e Arte Sonora
: La casa de las galletas, de Rodolfo Zavala Chia (Peru)
Prêmio de pós-produção | BoogieMan: La casa de las galletas, de Rodolfo Zavala Chia (Peru)
Prêmio de pós-produção | La burbuja de Sonido: Aunque sea ver el mar, de Pablo Lozano (República Dominicana)
Melhor Roteiro Inédito: Un viejo sin documentos, escrito por Edgar de Luque Jácome (Colômbia)
Prêmio SIGNIS: La mujer salvaje, de Alán González (Cuba)
Prêmio FIPRESCI: El viento que arrasa, de Paula Hernández (Argentina/Uruguai)
Prêmio Arrecife: Transfariana, de Joris Lachaise (Colômbia/França)
Prêmio Cibervoto: Os Animais Mais Fofos e Engraçados do Mundo, de Renato Sircilli (Brasil)
Prêmio Casa de las Américas: Estranho Caminho, de Guto Parente (Brasil)

Foto: Divulgação.