Escrito e dirigido por Laís Bodanzky, A Viagem de Pedro, protagonizado por Cauã Reymond, é o primeiro longa histórico da diretora e chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 01/09.
O filme aborda a vida privada de Dom Pedro I. Responsável por escrever em 1824 a primeira Constituição do Brasil imperial, considerada liberal e progressista para a época, o longa compreende o momento em que o ex-imperador retorna para Portugal, em 1831, fugindo de ser apedrejado pela população brasileira, nove anos depois de proclamar a Independência do país.
A produção mostra uma reflexão do personagem a bordo da nau inglesa Warspite sobre sua vida no Brasil, desde a chegada de Portugal ao lado dos pais, em 1808, até sua abdicação, motivada por desdobramentos do seu exercício do Poder Moderador, pela rixa entre políticos conservadores e liberais, bem como pela rivalidade entre brasileiros e portugueses que estavam radicados no Brasil. O filme retrata o personagem em sua intimidade, tentando compreender a série de acontecimentos e o porquê de tudo dar errado quando parecia que iria dar certo.
Em 1831, D. Pedro deixa o Brasil independente rumo à Europa, a fim de preparar a luta contra o irmão Miguel pelo trono de Portugal, onde é tido como traidor. No meio do Atlântico, a bordo de uma fragata inglesa, misturam-se membros da corte, oficiais, serviçais e negros escravizados, numa babel de línguas, culturas e posições sociais. Pedro tenta reunir forças para a guerra fratricida que se aproxima, mas a doença e o medo da morte lançam-no numa espiral de alucinações. Revive diversos momentos da sua vida, a infância, o casamento com Leopoldina, o romance com Domitila de Castro e imagina discussões com o irmão.
Além de abordar questões importantes de gênero e raça neste contexto, a leitura do episódio histórico pela perspectiva de Laís Bodanzky chega em um momento oportuno, quando o coração de Dom Pedro I foi solicitado para celebrar os 200 anos da Independência. A trama ainda desconstrói a imagem de herói do personagem histórico, responsável por tornar o Brasil um país continental às custas de muita opressão.
O elenco conta também com a artista plástica Rita Wainer, em sua estreia como atriz, no papel de Domitila; Luise Heyer como Leopoldina; Francis Magee vivendo o Comandante Talbot e Welket Bungué interpretando o Contra Almirante Lars. No elenco português estão Victória Guerra, como Amélia; Luísa Cruz no papel de Carlota Joaquina; João Lagarto interpretando Dom João VI; Isac Graça vivendo Miguel; e Isabél Zuaa como Dira. Celso Frateschi, Gustavo Machado, Luiza Gattai, Dirce Thomas, Marcial Mancome e Sergio Laurentino completam o elenco.
O diretor de arte inglês Adrian Cooper e o diretor de fotografia espanhol Pedro J. Márquez foram os responsáveis pelo trabalho de reconstrução de época. Produzido por Biônica Filmes, Buriti Filmes e O Som e a Fúria (Portugal), o filme conta com a coprodução da Globo Filmes. Bianca Villar, Cauã Reymond, Fernando Fraiha, Karen Castanho, Laís Bodanzky, Luiz Bolognesi, Luis Urbano e Mario Canivello são responsáveis pela produção. A Vitrine Filmes assina a distribuição.
A Viagem de Pedro estreou mundialmente no Brasil na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e foi exibido no Festival do Rio, no qual recebeu o Troféu Redentor de melhor ator coadjuvante para Sergio Laurentino e de melhor direção de ficção. Em Portugal, foi lançado em maio nos cinemas, além de ter sido exibido no IndieLisboa.
Em junho, o longa-metragem venceu o prêmio de melhor filme da América no Septimius Awards, em Amsterdã, foi exibido no Brooklyn Film Festival, que qualifica produções para concorrer ao BAFTA, Oscar e para o Canadian Screen Awards, participou do Latin American Film Festival, em Copenhague, e teve uma exibição gratuita na USP, em São Paulo, seguida de debate com a diretora; além de ter participado do Festival de Gramado em uma sessão especial e ter sido o filme de abertura do Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro.
Para falar mais sobre o filme, conversamos com o protagonista e produtor Cauã Reymond sobre a ideia do projeto, construção da personagem, contextualização histórica, recepção do público, entre outros assuntos.
Aperte o play e confira:
Foto: Fabio Braga.