Quase trinta anos depois do lançamento original, o longa-metragem Corisco e Dadá, dirigido pelo realizador cearense Rosemberg Cariry e protagonizado por Chico Diaz e Dira Paes, volta aos cinemas brasileiros em cópia restaurada 4K.
A cópia foi realizada com apoio da Cinemateca do MAM Rio, MIS Ceará, Arquivo Nacional, Link Digital, Iluminura Filmes, Sereia Filmes e Mapa Filmes, a partir de negativos de imagem e som originais. Para a produtora executiva Bárbara Cariry, a iniciativa recupera a memória de uma obra que investiga o Nordeste profundo do Brasil: “Esse é um filme histórico que marcou uma década importante de resistência do cinema brasileiro, que estava vivendo a sua Retomada. Fizemos, no Ceará, uma obra que lança luzes sobre o fenômeno histórico do cangaço, enquanto rebeldia popular, a partir de um olhar feminino. Um filme que segue, até hoje, como referência importante do audiovisual nacional, sendo celebrado como um clássico”.
Além de cineasta, Rosemberg Cariry é escritor e ensaísta. Tem se dedicado a pesquisar os movimentos culturais do Brasil, sobretudo os que aconteceram no Nordeste. Depois do filme, que foi selecionado para o Festival de Toronto, em 1996, uma extensão da pesquisa sobre os cangaceiros também foi publicada no livro Corisco e Dadá: Apontamentos Sobre o Filme, com organização de Sylvie Debs e colaboração do próprio cineasta.
Estrelado por Chico Diaz e Dira Paes, Corisco e Dadá reimagina a saga do cangaceiro Corisco, também conhecido como Diabo Louro, de sua companheira Dadá e das andanças de seu bando pelo sertão nordestino. A sinopse diz: o capitão Corisco é um condenado de Deus, cuja missão é lavar com sangue os pecados do mundo. Um dia ele rapta Dadá e suas vidas mudam completamente. Diante da morte de um filho, tomado de fúria, Corisco rompe com Deus e Dadá tenta salvá-lo do abismo do ódio, mas o terrível destino não tarda a chegar.
Rodado na região do Cariri, no sul do Ceará, entre as cidades de Barbalha, Crato, Missão Velha, Farias Brito, e Exu, em Pernambuco, o filme, baseado em uma entrevista realizada pelo próprio Rosemberg com Dadá, rendeu o prêmio de melhor ator para Chico Diaz no Festival de Gramado e de melhor atriz para Dira Paes no Festival de Brasília e no Festival de Cuiabá. Além disso, se destacou no Festival de Havana, em Cuba, na categoria de melhor edição para Severino Dadá.
Com direção de fotografia de Ronaldo Nunes, a direção de arte foi assinada por Renato Dantas e Valmir de Azevedo; Toinho Alves e Quinteto Violado foram responsáveis pela trilha musical e Márcio Câmara pelo som direto. O elenco conta também com Regina Dourado, Denise Milfont, Virginia Cavendish, Antônio Leite, Rodger Rogério, Chico Alves, B. de Paiva e Maira Cariry.
Para falar mais sobre o lançamento da cópia restaurada de Corisco e Dadá, que reestreia na semana em que o cinema cearense completa 100 anos, conversamos com o protagonista Chico Diaz. No bate-papo, falou da alegria de rever o filme nas telonas, contou como entrou no projeto (depois de participar da minissérie Memorial de Maria Moura), elogiou a colega Dira Paes e os outros integrantes do elenco, relembrou sua pesquisa sobre os cangaceiros (Corisco, Dadá, Lampião e Maria Bonita), falou do Brasil profundo retratado na obra, das condições de filmagens, do trabalho e amizade com Rosemberg Cariry, das lembranças do set e da expectativa para esse lançamento.
Aperte o play e confira:
Foto: Divulgação/Cariri Filmes.