
Com uma celebrada carreira no cinema, no teatro e na televisão, a atriz paraibana Soia Lira, de Central do Brasil e Pacarrete, foi a grande homenageada da 18ª edição do Curta Taquary.
Soia, nome artístico de Maria Auxiliadora Lira de Souza, nasceu em 1962, em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, onde deu os primeiros passos na vida artística. O amor pela arte e a cultura, inclusive, está no DNA da família, com outros três irmãos envolvidos com a área: Buda e Nanego como atores e Bertrand como diretor de cinema.
Foi em Cajazeiras que Soia começou a atuar e fundou, ao lado de amigos, entre eles, a atriz Marcélia Cartaxo, o Grupo Mickey, que posteriormente mudou o nome para Grupo Terra, com o qual fez várias peças. Estudou Educação Artística em João Pessoa, onde atuou em diversos espetáculos, entre eles, Os Pirralhos (1980), já no Grupo Piollin. Em 1984, participou do Projeto Mambembão, dirigido por Eliezer Rolim. Com o espetáculo Vau da Sarapalha (1992), recebeu o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Festival de São José do Rio Preto; dirigida por Luiz Carlos Vasconcelos, a peça marcou a cena da Paraíba e circulou por vários estados e países, como Espanha, Portugal, Inglaterra e Alemanha.
Além da carreira no teatro e na televisão (com participações em projetos como Terça Livre, Uma Mulher Vestida de Sol, A Pedra do Reino e Porto dos Milagres, na Rede Globo; e Alice, na HBO), Soia também dedicou-se ao cinema, com participações marcantes em filmes como Central do Brasil (1998), de Walter Salles, no qual interpretou Ana, mãe do personagem Josué, papel de Vinícius de Oliveira; do mesmo diretor, também esteve em Abril Despedaçado (2001). Soia participou de longas-metragens como O Quinze, de Jurandir de Oliveira, que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no Cine Ceará; Tatuagem, de Hilton Lacerda (2013); e Pacarrete (2019), de Allan Deberton, pelo qual recebeu o kikito de melhor atriz coadjuvante no Festival de Cinema de Gramado e foi indicada ao Prêmio Grande Otelo.
Soia Lira com Walter Salles nos bastidores de Central do Brasil
Sua trajetória nas telonas seguiu com os curtas O Vendedor de Coisas, de Deleon Souto; O Hóspede, de Anacã Agra e Ramon Porto Mota; Doce de Coco, de Allan Deberton; O Brilho Cega, de Carlos Mosca; entre outros. Em breve, poderá ser vista na série Maria e o Cangaço, do Disney+, com direção de Sérgio Machado. Em 2023, foi homenageada na 18ª edição do Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, em João Pessoa, na Paraíba.
No 18º Curta Taquary, foram exibidos dois curtas-metragens com a participação da atriz: Nua, de Fabi Melo, que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no 19º Fest Aruanda; e Cavalo Marinho, de Leo Tabosa. O festival celebrou a força do trabalho de Soia, que inspirou e inspira várias gerações, e sua contribuição para o audiovisual e o teatro brasileiro.
A homenagem aconteceu na sexta-feira, 21/03, no Cine Aurélio, em Toritama. Ovacionada pelo público presente, fez um discurso emocionante: “É com muito orgulho e alegria que recebo esta homenagem desse festival que eu já participo há um tempo. Foi uma surpresa quando me convidaram. O Curta Taquary é tão grandioso, que ensina tanta coisa boa aos estudantes. É maravilhoso!”.
E finalizou: “É um imenso prazer ter feito todos esses trabalhos com tanto orgulho, coragem e força. Vim de uma família de Cajazeiras e eu fazia teatro no quintal da casa do diretor Eliezer Rolim. Éramos muito pequenos e fazíamos muitas peças infantis, levávamos para as escolas. E eu achava que nunca ia chegar onde eu cheguei. Eu tô muito orgulhosa. Muito mesmo”. Soia recebeu o Troféu O Cangaceiro que Filma, criado pelo artista Luiz Carlos Santos.
Fotos: Tarciso Augusto/Divulgação.