La tête haute
Diretora: Emmanuelle Bercot
Elenco: Catherine Deneuve, Rod Paradot, Benoît Magimel, Sara Forestier, Catherine Salée, Diane Rouxel, Ludovic Berthillot, Anne Suarez, Martin Loizillon, Aurore Broutin, Michel Masiero, Christophe Meynet, Elisabeth Mazev, Enzo Trouillet, Lucie Parchemal, Marie Piemontese.
Ano: 2015
Sinopse: Desde os seis anos de idade, Malony comete pequenos delitos e tem problemas com a polícia. Durante toda a sua adolescência, um educador e uma juíza especializada na infância tentam salvá-lo.
Crítica do CINEVITOR: Antes mesmo de estrear, De Cabeça Erguida, dirigido por Emmanuelle Bercot, já estava na boca do povo. No Festival de Cannes deste ano, o filme foi exibido na noite de abertura e entrou para a história do evento, sendo o primeiro longa dirigido por uma mulher a abrir um dos festivais de cinema mais importantes do mundo. Emmanuelle era só sorrisos em Cannes, pois, além disso, também foi premiada como melhor atriz pelo filme Mon Roi. Entre tantos méritos, vale parabenizar a diretora por seu mais novo trabalho atrás das câmeras. Ao narrar a história de um jovem problemático e agressivo, vindo de uma família desestruturada, De Cabeça Erguida abre espaço para diversas questões que precisam ser debatidas. O que leva um adolescente a agir de maneira ríspida perante uma sociedade que se preocupa com seu futuro (e que, ao mesmo tempo, o classifica como alguém fora dos padrões apresentáveis para um convívio social)? O filme mostra muito bem o amadurecimento de seus personagens diante de situações desagradáveis que acontecem em um cenário político e social questionável. Até que ponto estamos certos em tentar otimizar as infrações cometidas por um jovem infrator que carrega consigo um passado emocional vazio? Talvez o filme de Emmanuelle Bercot não traga todas essas respostas, mas dialoga com essas dúvidas de maneira clara. Malony, o jovem interpretado brilhantemente por Rod Paradot, é agressivo, impaciente, grosseiro e transmite raiva em seu olhar. Por meio da sua história percebemos que não existem culpados por suas revoltas, porém existem vários elementos que colaboraram para a construção de algo doloroso que, por fim, contribuíram para que ele se tornasse um garoto necessitado de carinho, atenção e principalmente amor. De Cabeça Erguida coloca o espectador em dúvida sobre o menor infrator: julgar ou compreender? Certo ou errado? A favor ou contra? A resposta não é tão simples, já que o filme aborda muito bem uma questão polêmica: até que ponto a intervenção do serviço público ajuda ou atrapalha na educação de um jovem fragilizado? Para representar esse outro lado da moeda temos Catherine Deneuve no papel de uma juíza de menores, em uma excelente atuação. Sua relação com o jovem Malony ultrapassa as sentenças, criando um afeto, mesmo que discreto, entre eles. O filme deve chamar atenção no Brasil por falar da maioridade penal, um assunto bastante comentado por aqui recentemente. Talvez deixe alguns brasileiros surpresos com a qualidade das condições de tratamento aos jovens franceses. Não podemos negar que nossos serviços públicos deixam a desejar em alguns quesitos, principalmente quando falamos em educação ou reabilitação para os menores. Com o filme, percebemos ainda mais o quanto precisamos melhorar em relação a isso, pois o centro de reabilitação frequentado pelo protagonista é digno de causar inveja ao sistema brasileiro. Mas, além de todos os problemas sociais apresentados na história, De Cabeça Erguida também fala de amadurecimento e esperança. A lição que fica é que para construirmos um mundo melhor, precisamos que cada um faça sua parte, sem julgamentos e com boas intenções. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: