The Neon Demon
Diretor: Nicolas Winding Refn
Elenco: Elle Fanning, Karl Glusman, Jena Malone, Bella Heathcote, Abbey Lee, Christina Hendricks, Keanu Reeves, Desmond Harrington, Charles Baker, Jamie Clayton, Stacey Danger, Rebecca Dayan, Helen Wilson, Houda Shretah, Taylor Marie Hill, Vanessa Martinez, Rachel Dik, Jodie Turner-Smith, Charlize Cotton, Cody Renee Cameron, Alysse Reynolds, Frances Parsons, Kiera Smith, Lavinia Postolache, Madeleine Woolner, Sophie Mazzaro, Cameron Brinkman, Liv Corfixen, Lucas Di Medio, Collin Lee Ellis, Rebecca Kiser, Samantha Miller, Tessa Miller, Chris Muto, Alessandro Nivola.
Ano: 2016
Sinopse: Jesse é uma jovem de 18 anos que acaba de chegar a Los Angeles. Dona de uma beleza natural impressionante, ela tenta a sorte como modelo profissional. Após tirar algumas fotos mórbidas para um jovem fotógrafo, é contratada por uma conceituada agência de modelos. Bastante ingênua, ela passa a lidar com o ego sempre inflado das demais modelos e também com a maquiadora Ruby, que possui intenções ocultas com a jovem.
Crítica do CINEVITOR: É bom avisar desde o início que Demônio de Neon não é um filme comum. Dirigido pelo dinamarquês Nicolas Winding Refn, responsável pelo excelente Drive, o longa já mostra suas intenções logo nos créditos iniciais, quando vemos os nomes apresentados em meio a uma chuva de purpurinas cintilantes. Na primeira cena, o neon do título surge em evidência, em um plano visualmente deslumbrante acompanhado de um colorido saturado. A partir daqui, começamos a acompanhar a história de Jesse, uma jovem recém chegada a Los Angeles, vivida por Elle Fanning, que pretende se aventurar no universo da moda. Modelo de primeira viagem, ela enfrenta os típicos obstáculos de uma iniciante: a rivalidade entre as garotas, a pressão fashionista causada pela ditadura da beleza, o primeiro ensaio com um fotógrafo renomado, entre outros. O diretor usa de símbolos e metáforas para fazer uma crítica ao mundo fashion, mostrando a disputa de egos que persegue esse universo, mostrando alguns absurdos cometidos pelo ser humano quando se sente ameaçado por um rival. Demônio de Neon é performático e, em certos momentos, alguns enquadramentos lembram a estética de um videoclipe. Porém, ao mesmo tempo em que o agito da música e o jogo de luzes tomam conta da ação, percebe-se um vazio silencioso em cena, tanto fisicamente, em um estúdio imenso com um fundo branco infinito, por exemplo, como psicologicamente, quando a protagonista se encontra sozinha num quarto de hotel decadente, repensando suas escolhas. A tensão e o suspense pairam no ar durante toda a projeção, e os desejos e as más intenções de suas personagens tomam conta da narrativa. Os estereótipos também são retratados e não passam desapercebidos: temos a modelo viciada em procedimentos estéticos para garantir sua beleza, a futilidade em uma simples conversa de banheiro na balada e até mesmo a humilhante rejeição de um estilista ao escolher quem será selecionada para o seu desfile. Tudo gira em torno da moda, porém, Nicolas Winding Refn consegue levar para as telonas os bastidores desse universo por meio de suas personagens, alfinetando suas angústias e escancarando o lado mais obscuro de cada personalidade. De maneira excêntrica, e até chocante em algumas cenas, Demônio de Neon apresenta um visual exagerado, que, nesse caso, funciona muito bem. As cores, a fotografia, os figurinos e a maquiagem se completam nessa miscelânea plástica muito bem conduzida por um diretor competente. Não é um filme feito para agradar, mas, sim, para realizar uma reflexão em torno de polêmicas que muitas vezes são ocultadas por motivos que vão além da beleza. As aparências enganam e o mal, quase sempre, aparece fantasiado de bondade. O diabo, que já vestiu Prada, dessa vez, veste neon. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: