Hikari
Direção: Naomi Kawase
Elenco: Ayame Misaki, Masatoshi Nagase, Tatsuya Fuji, Mantarô Koichi, Noémie Nakai, Chihiro Ohtsuka, Saori, Kazuko Shirakawa, Nobumitsu Ônishi.
Ano: 2017
Sinopse: Misako escreve versões de filmes para deficientes visuais. Durante uma exibição, ela conhece Nakamori, um fotógrafo mais velho que, lentamente, está perdendo a visão. Quando Misako descobre as fotografias de Nakamori, essas imagens irão, estranhamente, levá-la de volta ao seu passado. Juntos, os dois vão aprender a enxergar o mundo radiante que, antes, estava invisível aos olhos dela.
Crítica do CINEVITOR: A cineasta japonesa Naomi Kawase já foi premiada em importantes festivais do mundo, como Cannes, Roterdã, Locarno e Mostra de São Paulo. Com uma carreira consolidada e prestigiada, passou pela Competição Oficial do Festival de Cannes deste ano com Esplendor, seu mais recente trabalho, e levou o prêmio do Júri Ecumênico. A história é sobre Misako, uma jovem que trabalha com audiodescrição de filmes para deficientes visuais. Sua vida é modificada quando conhece, no trabalho, um fotógrafo mais velho, chamado Nakamori, que está perdendo a visão lentamente. A relação, que começa cheia de farpas, logo vai se transformando em algo mais íntimo e romântico, criando pensamentos dos mais variados na mente de Misako. Kawase, que também assina o roteiro, traz um tema importante e necessário na narrativa, como a questão dos filmes para deficientes visuais. Ela mostra sua protagonista empenhada em realizar o melhor trabalho possível, não apenas na leitura, mas também na maneira de repassar os sentimentos das personagens para aqueles que não conseguem enxergar. E a partir daqui, desenvolve um romance entre Misako e Nakamori. A diretora opta por planos bem fechados para intimidar o espectador e realiza uma obra com toque poéticos, mas, que infelizmente, parece não sair do mesmo lugar. Com um certo exagero melodramático na narrativa, Esplendor mantém o mesmo tom ao longo dos 101 minutos de projeção e não traz nada surpreendente até os minutos finais. Ainda que tente passar para o espectador, com uma delicadeza que lhe é peculiar, a sensação de enxergar o mundo de dentro para fora por meio de seus protagonistas, Kawase perde o foco por se preocupar em entregar algo que resplandeça apenas visualmente para o público, sem comoção. (Vitor Búrigo)
*Filme assistido na 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Nota do CINEVITOR: