Festival de Berlim 2024: Betânia, de Marcelo Botta, é selecionado para a mostra Panorama

por: Cinevitor
Rosa Ewerton Jara, Diana Mattos e Nádia D’ Cássia no brasileiro Betânia

Depois de anunciar Lupita Nyong’o como presidente do júri da principal competição e Tricia Tuttle como presidente do Festival Internacional de Cinema de Berlim a partir de abril de 2024, a 74ª edição revelou os primeiros títulos selecionados.

Na mostra Panorama, que destaca o cinema internacional contemporâneo, ousado e não convencional, o Brasil ganha destaque com Betânia, de Marcelo Botta. Protagonizado por Diana Mattos, o filme mostra uma mulher que vive numa região desértica não muito longe da Amazônia. Com uma temática universal, o longa traz marcas muito locais da cultura e da sociedade brasileira. “Estrear num festival como esse é algo que pode mudar a carreira do filme. Mesmo sendo um filme que mostra uma cultura muito regional, ele aborda aspectos e conflitos extremamente globais. Mesmo sendo, em certos sentidos, uma história quase atemporal é, ao mesmo tempo, um filme muito contemporâneo. Ainda que seja um filme de arte que conseguiu passar pelo crivo de um grandíssimo festival da mais alta qualidade, é ao mesmo tempo um filme acessível, familiar, musical e popular”, disse o diretor.

Produzido pela Salvatore Filmes, o elenco conta também com Ulysses Azevedo, Nádia D’ Cássia, Caçula Rodrigues, Michelle Cabral, Tião Carvalho, Rosa Ewerton Jara, Vitão Santiago, Anouk Mulard, Caiçara Vibration e Tim Vidal. O elenco é inteiramente composto por atores e atrizes maranhenses; até mesmo os personagens franceses são feitos por franceses radicados no estado: “A maior parte do elenco está pela primeira vez em um longa de ficção. Diana Mattos, a atriz que faz a protagonista Betânia, é funcionária pública em São Luís e palhaça em apresentações para o público infantil. Sua única aparição no cinema brasileiro foi em um plano detalhe de sua mão em Carlota Joaquina, de Carla Camurati”, revelou o cineasta.

“Existem mais de 60 momentos musicais dentro do filme, entre toadas de Boi, Reggae Remixes e Tambor de Crioula, entre outros gêneros. O Maranhão tem uma riqueza cultural gigantesca, mas talvez seja um tesouro que ainda não foi descoberto pelo público estrangeiro e por boa parte do público brasileiro de fora do Maranhão. Poder mostrar um pouco da grandiosidade cultural do Maranhão para o mundo é algo que nos faz extremamente felizes. Saber que vamos botar gente do mundo inteiro pra sentir o pandeirão do Boi batendo lá no fundo do coração me deixa realmente emocionado”, disse Marcelo.

Botta conta também que Betânia foi um dos primeiros longas rodados no final da pandemia e é um projeto que está intimamente ligado com o momento histórico do país: “Fazer esse filme foi o que nos manteve firmes e ativos durante o pior momento para o cinema autoral na história recente do Brasil. Sobrevivemos. E mais do que isso, com o longa respondemos a todo esse processo histórico no qual sofremos golpes e tentativas de golpe para dizer em alto e bom som que o cinema brasileiro merece respeito e que o cinema brasileiro estará a cada dia mais forte do que nunca”.

Além da mostra Panorama, a Berlinale também revelou os primeiros títulos das mostras Forum e Retrospective. A 74ª edição acontecerá entre os dias 15 e 25 de fevereiro de 2024.

Conheça os primeiros filmes selecionados para o 74º Festival de Berlim:

PANORAMA
All Shall Be Well, de Ray Yeung (Hong Kong/China)
Andrea lässt sich scheiden (Andrea Gets a Divorce), de Josef Hader (Áustria)
Betânia, de Marcelo Botta (Brasil)
Faruk, de Aslı Özge (Alemanha/Turquia/França)
I Saw the TV Glow, de Jane Schoenbrun (EUA)
Jia ting jian shi (Brief History of a Family), de Lin Jianjie (China/França/Dinamarca/Qatar)
Les Paradis de Diane (Paradises of Diane), de Carmen Jaquier e Jan Gassmann (Suíça)
Pendant ce temps sur Terre (Meanwhile on Earth), de Jérémy Clapin (França)
The Outrun, de Nora Fingscheidt (Reino Unido/Alemanha)
Yo vi tres luces negras (I Saw Three Black Lights), de Santiago Lozano Álvarez (Colômbia/México/França/Alemanha)

FORUM
Chroniques fidèles survenues au siècle dernier à l’hôpital psychiatrique Blida-Joinville, au temps où le Docteur Frantz Fanon était chef de la cinquième division entre 1953 et 1956 (True Chronicles of the Blida Joinville Psychiatric Hospital in the Last Century, when Dr Frantz Fanon Was Head of the Fifth Ward between 1953 and 1956), de Abdenour Zahzah (Argélia/França)
Kottukkaali (The Adamant Girl), de Vinothraj PS (Índia)
La hojarasca (The Undergrowth), de Macu Machín (Espanha)
Marijas klusums (Maria’s Silence), de Dāvis Sīmanis (Letônia/Lituânia)
Mit einem Tiger schlafen (Sleeping with a Tiger), de Anja Salomonowitz (Áustria)
Reas, de Lola Arias (Argentina/Alemanha/Suíça)
Republic, de Jin Jiang (Singapura/China)

FORUM SPECIAL
Deda-Shvili (Mother and Daughter), de Lana Gogoberidze (Geórgia/França)

PANORAMA DOKUMENTE
Ještě nejsem, kým chci být (I’m not Everything I Want to Be), de Klára Tasovská (Tchéquia/Eslováquia/Áustria)

RETROSPECTIVE
Banale Tage, de Peter Welz (Alemanha) (1991)
Chapeau Claque, de Ulrich Schamoni (Alemanha) (1974)
Dark Spring, de Ingemo Engström (Alemanha) (1970)
Denk bloß nicht, ich heule (Just Don’t Think I’ll Cry), de Frank Vogel (Alemanha) (1965/1990)
Das deutsche Kettensägenmassaker (The German Chainsaw Massacre), de Christoph Schlingensief (Alemanha) (1990)
Der kleine Godard. An das Kuratorium Junger Deutscher Film (Little Godard), de Hellmuth Costard (Alemanha) (1978)
Die Deutschen und ihre Männer – Bericht aus Bonn, de Helke Sander (Alemanha) (1989)
Die endlose Nacht, de Will Tremper (Alemanha) (1963)
Engel aus Eisen, de Thomas Brasch (Alemanha) (1980)
Fegefeuer (Purgatory), de Haro Senft (Alemanha) (1971)
Herzsprung, de Helke Misselwitz (Alemanha) (1992)
Ich, de Bettina Flitner (Alemanha) (1988)
Im Land meiner Eltern (In the Country of My Parents), de Jeanine Meerapfel (Alemanha) (1981)
Jesus – Der Film, de Michael Brynntrup (Alemanha) (1986)
Kismet, Kismet, de Ismet Elçi (Alemanha) (1987)
Leuchtkraft der Ziege – Eine Naturerscheinung (The Goat’s Intensity), de Jochen Kraußer (Alemanha) (1988)
Macumba, de Elfi Mikesch (Alemanha) (1982)
Nicht nichts ohne Dich, de Pia Frankenberg (Alemanha) (1985)
Shirins Hochzeit (Shirin’s Wedding), de Helma Sanders-Brahms (Alemanha) (1975)
Supermarkt (Supermarket), de Roland Klick (Alemanha) (1974)
Tobby, de Hansjürgen Pohland (Alemanha) (1961)
Unsichtbare Tage oder Die Legende von den weißen Krokodilen, de Eva Hiller (Alemanha) (1991)
Zwei unter Millionen (Two Among Millions), de Victor Vicas e Wieland Liebske (Alemanha) (1961)

Foto: Felipe Larozza/Salvatore Filmes.

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