
O Festival de Cannes 2025, que acontecerá entre os dias 13 e 24 de maio, anunciou nesta quinta-feira, 10/04, em uma coletiva apresentada por Iris Knobloch, presidente do festival, e Thierry Frémaux, diretor geral, os filmes selecionados para sua 78ª edição.
Neste ano, o cinema brasileiro ganha destaque com O Agente Secreto, sexto longa de Kleber Mendonça Filho, que retorna à Competição Oficial depois de Aquarius e Bacurau, que foi premiado em 2019. O filme, que disputará a Palma de Ouro, é um thriller ambientado no Brasil de 1977. Na trama, Marcelo, interpretado por Wagner Moura, é um especialista em tecnologia que foge de um passado misterioso e volta ao Recife, Pernambuco, em busca de paz. Ele logo percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura. Estrelado por Gabriel Leone, Maria Fernanda Cândido, Udo Kier, Hermila Guedes, Thomás Aquino, Alice Carvalho e grande elenco, é uma coprodução entre Brasil (CinemaScópio Produções), França (MK Productions), Holanda (Lemming) e Alemanha (One Two Films) e terá distribuição no Brasil pela Vitrine Filmes.
O elenco completa-se com Isabél Zuaa, Edilson Silva, Suzy Lopes, Buda Lira, Carlos Francisco, Wilson Rabelo, Roney Villela, Rubens Santos, Albert Tenório, Ítalo Martins, Joalisson Cunha, Aline Marta, Enzo Nunes, Erivaldo Oliveira, Fabiana Pirro, Fafá Dantas, Geane Albuquerque, Gregorio Graziosi, Igor de Araújo, Isadora Ruppert, João Vitor Silva, Kaiony Venancio, Laura Lufési, Licínio Januário, Luciano Chirolli, Marcelo Valle, Márcio de Paula, Nivaldo Nascimento, Robério Diógenes, Robson Andrade e Tânia Maria.
Em comunicado oficial, o diretor celebra o convite para estrear o novo longa-metragem no Festival de Cannes: “É a combinação perfeita: encerra a realização do filme e inaugura a sua trajetória. Estou feliz com O Agente Secreto, honrado com o convite e quero que as pessoas vejam o filme no exterior e no Brasil. É uma história muito brasileira e, por isso mesmo, é um filme do mundo todo”.
A produtora do filme, Emilie Lesclaux, completou: “Começamos a pré-produção em janeiro do ano passado e fomos até o mês de maio. Iniciamos as filmagens em junho, com duração de dez semanas, seguidas por muitos meses de montagem. Agora estamos na pós-produção de som e imagem, feita em Berlim e Paris. Estrear no Festival de Cannes é muito importante na nossa trajetória e mal posso esperar para ver o filme recém finalizado na tela do Grand Theâtre Lumière e poder dividir essa alegria com a nossa equipe e elenco”.
“Esse filme é resultado de um desejo grande de continuar filmando o Brasil e o Recife, desta vez no contexto histórico do mundo de 50 anos atrás, de um Brasil do passado. Eu também tinha vontade de fazer um filme de mistério e de suspense, em que o Recife fosse o cenário principal. Eu era criança nos anos 1970, mas me lembro com alguma clareza do ano de 1977, quando eu tinha nove anos. Creio que 77 foi o primeiro ano que me marcou ainda como criança. Naquela época, o Brasil era muito diferente, mas, de certa forma, também muito parecido com o de hoje”, destacou Kleber Mendonça Filho.
Além disso, o longa-metragem marca a primeira colaboração de Kleber e Wagner Moura. O ator comemora a parceria e destaca a experiência de ter trabalhado com o realizador: “Filmar O Agente Secreto foi uma das melhores experiências que tive em sentidos diversos. Trabalhar com Kleber era quase uma obsessão desde que vi O Som ao Redor. Estar em Recife, 25 anos depois de estrear ali A Máquina, a peça de João Falcão, e viver essa cidade incrível com Kleber, Emilie e seus amigos, que agora também são meus, sobretudo saber que para além da alegria de estar no Nordeste falando minha língua, eu estava fazendo um filmaço. E Cannes é a minha primeira memória de ter conversado com Kleber, no ano de 2003, quando estive lá com o filme Cidade Baixa, dirigido por Sergio Machado, e ele estava cobrindo o festival como crítico de cinema. Tudo fazendo um sentido lindo danado”, ressalta Wagner Moura, que está atualmente em Londres, rodando um novo projeto.
“Este filme foi criado especialmente para Wagner depois de anos tentando ajustar os ponteiros para trabalharmos juntos. O roteiro foi escrito ao longo de três anos até que chegou a hora de enviá-lo e ver se ele se interessaria. A reação dele foi sensacional. Além de ser um grande ator, eu passei a conhecer a grande pessoa e hoje o amigo Wagner. Os três meses que ele ficou no Recife trabalhando em O Agente Secreto foram excelentes, um grande trabalho de criação e colaboração”, disse Kleber.
As filmagens ocorreram em junho, julho e agosto de 2024 no Recife, Brasília e em São Paulo. O trabalho de montagem foi realizado durante oito meses por Eduardo Serrano e Matheus Farias. A direção de arte é de Thales Junqueira; o figurino é assinado por Rita Azevedo. A direção de fotografia é de Evgenia Alexandrova.
O Agente Secreto é o quinto filme de Kleber Mendonça Filho no Festival de Cannes. Há 20 anos, em maio de 2005, o curta-metragem Vinil Verde foi selecionado para a mostra paralela Quinzena dos Realizadores, atualmente chamada Quinzena de Cineastas. Naquela época, Kleber ainda frequentava Cannes mais como crítico de cinema do que cineasta. Kleber teve mais quatro filmes em Cannes: estreou na competição em 2016 com o longa-metragem Aquarius, voltou à competição em 2019 com Bacurau, codirigido por Juliano Dornelles, e há dois anos apresentou Retratos Fantasmas em Sessão Especial.
Além disso, em fevereiro foi anunciado que o Brasil será o País de Honra do Marché du Film, o mercado de filmes do festival. O reconhecimento destacará a dinâmica da indústria audiovisual brasileira, seus talentos criativos e seu compromisso de longa data com a colaboração internacional. Por meio de várias ações, o país pretende mostrar a diversidade e a força da indústria cinematográfica e audiovisual, fomentando o diálogo para aprimorar as coproduções e expandir o alcance global da narrativa brasileira.
E mais: neste ano, o consagrado ator, diretor e produtor Robert De Niro será homenageado com a Palma de Ouro honorária. A 78ª edição do Festival de Cannes, que terá a atriz francesa Juliette Binoche como presidente do júri, anunciará novos títulos na programação em breve.
Confira a lista com os filmes selecionados para o Festival de Cannes 2025:
COMPETIÇÃO OFICIAL
Alpha, de Julia Ducournau (França/Bélgica)
Dossier 137, de Dominik Moll (França)
Eagles of the Republic, de Tarik Saleh (França/Suécia/Dinamarca)
Eddington, de Ari Aster (EUA/Finlândia)
Fuori, de Mario Martone (Itália/França)
Jeunes mères, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne (Bélgica/França)
La Petite Dernière, de Hafsia Herzi (França/Alemanha)
Nouvelle Vague, de Richard Linklater (França/EUA)
O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho (Brasil)
O Esquema Fenício (The Phoenician Scheme), de Wes Anderson (EUA/Alemanha)
Renoir, de Chie Hayakawa (Japão/França)
Romería, de Carla Simón (Espanha)
Sentimental Value, de Joachim Trier (Noruega/Alemanha/Dinamarca/França/Suécia)
Sirat, de Oliver Laxe (França/Espanha)
Sound of Falling, de Mascha Schilinski (Alemanha)
The History of Sound, de Oliver Hermanus (EUA)
The Mastermind, de Kelly Reichardt (EUA)
Two Prosecutors, de Sergei Loznitsa (França/Alemanha/Holanda/Letônia/Romênia)
Un simple accident, de Jafar Panahi (Irã)
UN CERTAIN REGARD
A Pale View of the Hills (Tôi Yamanamino Hikari), de Kei Ishikawa (Japão)
Aisha Can’t Fly Away, de Morad Mostafa (Tunísia/Qatar/Egito)
Eleanor the Great, de Scarlett Johansson (EUA)
Homebound, de Neeraj Ghaywan (Índia)
Karavan, de Zuzana Kirchnerová (República Checa/Itália/Eslováquia)
La misteriosa mirada del flamenco, de Diego Céspedes (Chile/França/Alemanha/Bélgica/Espanha)
L’inconnu de la Grande Arche, de Stephane Demoustier (França)
Le città di pianura, de Francesco Sossai (Itália)
Météors, de Hubert Charuel (França)
My Father’s Shadow, de Akinola Davies Jr. (Reino Unido)
Once Upon a Time in Gaza, de Tarzan e Arab Nasser (Palestina)
Pillion, de Harry Lighton (EUA)
Promis le ciel, de Erige Sehiri (França/Tunísia/Qatar)
Testa o croce?, de Alessio Rigo de Righi e Matteo Zoppis (Itália)
The Plague, de Charlie Polinger (EUA)
Urchin, de Harris Dickinson (Reino Unido)
FORA DE COMPETIÇÃO
Highest 2 Lowest, de Spike Lee (EUA/Japão)
La Femme la plus riche du Monde, de Thierry Klifa (França/Bélgica)
La venue de l’avenir, de Cedric Klapisch (França)
Missão: Impossível – O Acerto Final, de Christopher McQuarrie (EUA/Reino Unido)
Vie Privée, de Rebecca Zlotowski (França)
CANNES PREMIÈRE
Amrum, de Fatih Akin (Alemanha)
Connemara, de Alex Lutz (França)
La Ola, de Sebastián Lelio (Chile/EUA)
Orwell: 2+2=5, de Raoul Peck (França/EUA)
Splitsville, de Michael Angelo Covino (EUA)
The Disappearance of Josef Mengele (Das Verschwinden Des Josef Mengele), de Kirill Serebrennikov (França/México/Alemanha/Reino Unido/Espanha)
SESSÕES ESPECIAIS
Bono: Stories of Surrender, de Andrew Dominik (EUA)
Dites-lui que je l’aime, de Romane Bohringer (França)
The Magnificent Life of Marcel Pagnol, de Sylvain Chomet (França/Bélgica/EUA/Luxemburgo)
SESSÃO DA MEIA-NOITE
8-ban deguchi, de Genki Kawamura (Japão)
Dalloway, de Yann Gozlan (França)
Sons of the Neon Night (Feng Lin Huo Shan), de Juno Mak (Hong Kong)
FILME DE ABERTURA
Partir un jour, de Amélie Bonnin (França) (fora de competição)
Foto: Victor Jucá.