Desde o início dos anos 2000, o Festival de Cannes criou a mostra Cannes Classics, uma seleção que permite exibir o trabalho de valorização do cinema patrimonial realizado por produtoras, proprietários de direitos, cinematecas e arquivos nacionais de todo o mundo. Atualmente, faz parte da Seleção Oficial do evento e apresenta obras-primas e raridades do cinema em cópias restauradas, além de homenagens e títulos inéditos.
Nesta edição de 2024, que completa 20 anos da mostra, o cinema brasileiro marca presença com Bye Bye Brasil, dirigido por Cacá Diegues e produzido pelo casal Luiz Carlos Barreto e Lucy Barreto. A cópia que será exibida foi restaurada pela L.C Barreto Produções Cinematográficas, que completa 60 anos de atividade, em parceria com a Quanta, Alexandre Rocha, Marcelo Pedrazzi e Rede D’Or. A projeção contará com a presença de Lucy e Luiz Carlos Barreto, e da filha do casal, a produtora Paula Barreto.
Em Bye Bye Brasil, que disputou a Palma de Ouro em 1980, Salomé, Lorde Cigano e Andorinha são três artistas mambembes que cruzam o país juntamente com a Caravana Rolidei, fazendo espetáculos para o setor mais humilde da população brasileira e que ainda não tem acesso à televisão. A obra conta com interpretações memoráveis de José Wilker como Lorde Cigano; Betty Faria como Salomé; Joffre Soares, como Zé da Luz; Príncipe Nabor como Andorinha; e do jovem ator Fábio Jr. A música que dá título ao filme e compõe a trilha é de Chico Buarque e Roberto Menescal.
Outro destaque da seleção da Cannes Classics é a cópia restaurada de Gilda, dirigido por Charles Vidor, com a icônica atriz Rita Hayworth como protagonista; a exibição faz parte da comemoração dos 100 anos da Columbia Pictures. A programação celebra também os 40 anos de Paris, Texas, de Wim Wenders, vencedor da Palma de Ouro em 1984, que marcará presença no evento.
A lista traz também: um dos dez episódios da série Le Siècle de Costa-Gavras; Scénarios, de Jean-Luc Godard, que ganhou esse título um dia antes da morte do cineasta; a celebração dos 70 anos de Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa; a restauração de Law and Order, de Frederick Wiseman, que marcará presença no festival; os 60 anos de Os Guarda-Chuvas do Amor, de Jacques Demy, vencedor da Palma de Ouro em 1964; documentários inéditos sobre Faye Dunaway, Elizabeth Taylor, François Truffaut e Michel Legrand; filmes restaurados de Steven Spielberg, Marco Bellocchio e Robert Bresson; entre outros.
Além da Cannes Classics, o festival também divulgou os primeiros títulos da mostra Cinéma de la Plage, que foi criada em 2001 com a proposta de exibir ao ar livre, na praia de Macé, filmes antológicos e também títulos em estreia mundial fora de competição; e mais duas animações que serão apresentadas ao público jovem.
Outra novidade desta edição: a consagrada atriz e diretora italiana Valeria Golino, que apresentou seus filmes Miele e Euforia na mostra Un Certain Regard, retorna ao festival com a série The Art of Joy, adaptação do romance de Goliarda Sapienza; o primeiro episódio será exibido na programação e contará com um debate depois da exibição. O elenco traz Jasmine Trinca, Tecla Insolia, Valeria Bruni Tedeschi, Alma Noce, Nika Perrone, Giuseppe Spata e Guido Caprino.
Conheça os novos filmes selecionados para o Festival de Cannes 2024:
CANNES CLASSICS
Bye Bye Brasil, de Carlos Diegues (Brasil) (1979)
Gilda, de Charles Vidor (EUA) (1946)
Jacques Demy, Le Rose et Le Noir, de Florence Platarets (França) (2024)
La Vérité est Révolutionnaire: L’Aveu, de Yannick Kergoat (França)
Law and Order, de Frederick Wiseman (EUA) (1969)
Les années déclic, de Raymond Depardon (França) (1984)
Os Guarda-Chuvas do Amor, de Jacques Demy (França) (1964)
Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa (Japão) (1954)
Paris, Texas, de Wim Wenders (Alemanha/França) (1984)
Scénarios, de Jean-Luc Godard (França/Japão) (2024)
DOCUMENTÁRIOS
Elizabeth Taylor: The Lost Tapes, de Nanette Burstein (EUA) (2024)
Faye, de Laurent Bouzereau (EUA) (2024)
François Truffaut, Le Scénario de Ma Vie, de David Teboul (França) (2024)
Il ÉTait Une Fois Michel Legrand, de David Hertzog Dessites (França) (2024)
Jacques Rozier, d’une vague à l’autre, de Emmanuel Barnault (França) (2024)
Jim Henson Idea Man, de Ron Howard (EUA) (2024)
Younghwa cheongnyeon dong-ho (Walking In The Movies), de Lyang Kim (Coreia do Sul) (2024)
CÓPIAS RESTAURADAS
A Louca Escapada (The Sugarland Express), de Steven Spielberg (EUA) (1974)
Bona, de Lino Brocka (Filipinas) (1980)
Camp de Thiaroye, de Ousmane Sembene e Thierno Faty Sow (Senegal/Argélia/Tunísia) (1988)
Johnny Vai à Guerra (Johnny Got His Gun), de Dalton Trumbo (EUA) (1971)
La rose de la mer, de Jacques de Baroncelli (França) (1947)
Manthan, de Shyam Benegal (Índia) (1976)
Napoleão, de Abel Gance (França) (1927) (filme de abertura)
O Exército das Sombras (L’armée des ombres), de Jean-Pierre Melville (França) (1969)
O Monstro na Primeira Página (Sbatti il mostro in prima pagina), de Marco Bellocchio (Itália/França) (1972)
Quatro Noites de um Sonhador (Quatre nuits d’un rêveur), de Robert Bresson (França/Itália) (1971)
Rosaura a las 10, de Mario Soffici (Argentina) (1958)
Shanghai Blues (Shang Hai zhi yen), de Tsui Hark (Hong Kong) (1984)
Tasio, de Montxo Armendáriz (Espanha) (1984)
LE CINÉMA DE LA PLAGE
My Way, de Thierry Teston e Lisa Azuelos (França)
Silex and the City, de Jul e Guigue (França)
Slocum et moi, de Jean-François Laguionie (França/Luxemburgo)
Transmitzvah, de Daniel Burman (Argentina)
SÉANCES JEUNE PUBLIC
Angelo dans la forêt mystérieuse, de Vincent Paronnaud e Alexis Ducord (França/Luxemburgo)
Sauvages, de Claude Barras (Suíça/França/Bélgica)
Foto: Divulgação/LC Barreto.