Festival de Veneza 2024: Ainda Estou Aqui ganha prêmio de melhor roteiro; conheça os vencedores

por: Cinevitor
Heitor Lorega e Murilo Hauser: cinema brasileiro premiado

Foram anunciados neste sábado, 07/09, os vencedores da 81ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza. O júri, presidido pela atriz francesa Isabelle Huppert, concedeu o Leão de Ouro de melhor filme, prêmio máximo do evento, para The Room Next Door, de Pedro Almodóvar, primeiro filme em inglês do consagrado cineasta espanhol.

Completavam o time de jurados da Competição Internacional deste ano: o diretor e roteirista brasileiro Kleber Mendonça Filho, James Gray, Agnieszka Holland, Andrew Haigh, Julia von Heinz, Abderrahmane Sissako, Giuseppe Tornatore e Zhang Ziyi. Já na mostra Orizzonti, o júri foi presidido pela diretora e produtora Debra Granik e contou também com Ali Asgari, Soudade Kaadan, Christos Nikou, Tuva Novotny, Gábor Reisz e Valia Santella.

Dirigido por Walter Salles, o brasileiro Ainda Estou Aqui foi premiado na categoria de melhor roteiro para Murilo Hauser e Heitor Lorega. O longa é estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello com participação especial de Fernanda Montenegro. O filme reúne a Sony Pictures Classics com Walter Salles, 26 anos depois da trajetória de sucesso de Central do Brasil. Em 2001, o cineasta esteve em competição com Abril Despedaçado, sendo a última vez que o Brasil disputou o Leão de Ouro.

Ainda Estou Aqui é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua família. O relato começa no início dos anos 70, quando um ato de violência muda a história da família Paiva para sempre. O livro e o filme abraçam o ponto de vista daqueles que sofrem uma perda em um regime de exceção, mas não se dobram; o roteiro é de Murilo Hauser, de A Vida Invisível, e Heitor Lorega.

A sinopse diz: Rio de Janeiro, início dos anos 70. O país enfrenta o endurecimento da ditadura militar. Estamos no centro de uma família, os Paiva: Rubens, Eunice e seus cinco filhos. Vivem na frente da praia, numa casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice , cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas, é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos.

O longa promove o reencontro entre Fernanda Torres e Walter Salles depois de Terra Estrangeira e O Primeiro Dia. Na última parte do filme, Eunice é interpretada por Fernanda Montenegro, que volta a trabalhar com Walter Salles depois do consagrado Central do Brasil. O elenco principal reúne nomes como Valentina Herszage, Luiza Kosovski, Bárbara Luz, Guilherme Silveira e Cora Ramalho, como os filhos na primeira fase do filme; e Olivia Torres, Antonio Saboia, Marjorie Estiano, Maria Manoella e Gabriela Carneiro da Cunha integram a família no segundo momento. E mais: Guilherme Silveira, Pri Helena, Humberto Carrão, Maeve Jinkings, Dan Stulbach, Camila Márdila, Luiz Bertazzo, Lourinelson Vladmir, Thelmo Fernandes, Carla Ribas, Daniel Dantas, Charles Fricks, Helena Albergaria, Marcelo Varzea, Caio Horowicz, Maitê Padilha, Luana Nastas, Isadora Gupert, Alexandre Mello, Augusto Trainotti, Alan Rocha e Daniel Pereira.

A direção de fotografia de Ainda Estou Aqui é assinada por Adrian Teijido; a direção de arte é de Carlos Conti e o figurino de Cláudia Kopke, com caracterização de Marisa Amenta e Laura Zimmerman no som direto. A montagem é de Affonso Gonçalves e a preparação de elenco de Amanda Gabriel; Daniela Thomas assina como produtora associada.

Para escolher o vencedor do Prêmio Luigi De Laurentiis, que entrega o Leão do Futuro para o melhor filme de estreia da seleção, o júri foi presidido pelo crítico de cinema italiano Gianni Canova. O time completou-se com: a brasileira Bárbara Paz, Ricky D’Ambrose, Taylor Russell e Jacob Wong.

Além disso, em uma premiação paralela, o Brasil se destacou com a Queer Lion Award, prêmio que reconhece o melhor filme com temática LGBTQIA+ do festival: a coprodução entre Colômbia e Brasil, Alma do Deserto, de Monica Taboada Tapia, exibida na Giornate degli Autori, foi escolhida pelo júri. A justificativa diz: “Por ter abordado, por meio de um poderoso olhar cinematográfico que transcende o gênero documentário, as complexas questões de identidade de gênero, etnia, cidadania e direitos civis, mesclando a busca por maior legitimidade da população Wayuu com a luta da protagonista transgênero Georgina que, por meio de uma batalha pacífica, digna e estoica de 45 anos, alcançou o reconhecimento oficial de sua identidade anagráfica”.

Outros títulos brasileiros se destacaram em Veneza este ano: Manas, de Marianna Brennand, foi o grande vencedor da mostra paralela Giornate degli Autori. Foram exibidos também: Apocalipse nos Trópicos, novo documentário de Petra Costa; a realidade virtual 40 Dias Sem o Sol, de Joao Furia; o curta-metragem Minha Mãe é uma Vaca, de Moara Passoni; e A Hora e Vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos, na Venice Classics.

O Prêmio SIGNIS, concedido pela World Catholic Association for Communication, tem sido uma marca registrada de filmes que exploram a dignidade humana, a justiça e a paz. Neste ano, o brasileiro Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, foi o grande vencedor. A SIGNIS, um movimento eclesial leigo católico romano para profissionais dos meios de comunicação, incluindo imprensa, rádio, televisão, cinema, vídeo, educação para a mídia, internet e novas tecnologias, premia filmes em Veneza desde 1948, reconhecendo obras que promovem a dignidade humana, a justiça e a solidariedade. A organização continua a servir como uma voz global na promoção dos valores de paz e justiça por meio do cinema.

Confira a lista completa com os vencedores do Festival de Cinema de Veneza 2024:

COMPETIÇÃO | VENEZIA 81

MELHOR FILME | LEÃO DE OURO
The Room Next Door, de Pedro Almodóvar (Espanha)

GRANDE PRÊMIO DO JÚRI
Vermiglio, de Maura Delpero (Itália/França/Bélgica)

MELHOR DIREÇÃO | LEÃO DE PRATA
Brady Corbet, por The Brutalist

PRÊMIO COPPA VOLPI | MELHOR ATRIZ
Nicole Kidman, por Babygirl

PRÊMIO COPPA VOLPI | MELHOR ATOR
Vincent Lindon, por Jouer avec le feu

MELHOR ROTEIRO
Ainda Estou Aqui, escrito por Murilo Hauser e Heitor Lorega 

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
April, de Dea Kulumbegashvili (Geórgia/Itália/França)

PRÊMIO MARCELLO MASTROIANNI | ATOR/ATRIZ EM ASCENSÃO
Paul Kircher, por Leurs enfants après eux

MOSTRA ORIZZONTI

MELHOR FILME
Anul nou care n-a fost (The new year that never came), de Bogdan Muresanu (Romênia)

MELHOR DIREÇÃO
Sarah Friedland, por Familiar Touch

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
Hemme’nin öldüğü günlerden biri (One of those days when Hemme dies), de Murat Fıratoğlu (Turquia)

MELHOR ATRIZ
Kathleen Chalfant, por Familiar Touch

MELHOR ATOR
Francesco Gheghi, por Familia

MELHOR ROTEIRO
Yin’ād alīku (Happy Holidays), escrito por Scandar Copti

MELHOR CURTA-METRAGEM
Who loves the sun, de Arshia Shakiba (Canadá)

VENICE IMMERSIVE

Grande Prêmio: Ito Meikyu, de Boris Labbé (França/Luxemburgo)
Prêmio Especial do Júri: Oto’s Planet, de Gwenael François (Luxemburgo/Canadá/França)
Prêmio de Realização: Impulse: playing with reality, de Barry Gene Murphy e May Abdalla (Reino Unido/França)

OUTROS PRÊMIOS

LEÃO DO FUTURO | MELHOR FILME DE ESTREIA: Familiar Touch, de Sarah Friedland (EUA)
MELHOR FILME | MOSTRA ORIZZONTI EXTRA | PRÊMIO DO PÚBLICO: Shahed (The witness), de Nader Saeivar (Irã)
MELHOR FILME RESTAURADO | VENICE CLASSICS: Ecce bombo, de Nanni Moretti (1978) (Itália)
MELHOR FILME | VENICE CLASSICS DOCUMENTÁRIO: Chain reactions, de Alexandre O. Philippe (EUA)

PREMIAÇÕES PARALELAS

PRÊMIO FIPRESCI | COMPETIÇÃO: The Brutalist, de Brady Corbet (Reino Unido)
PRÊMIO FIPRESCI | ORIZZONTI E MOSTRAS PARALELAS: Anul nou care n-a fost (The new year that never came), de Bogdan Muresanu (Romênia)
QUEER LION AWARD: Alma do Deserto (Alma del desierto), de Monica Taboada Tapia (Colômbia/Brasil)
PRÊMIO SIGNIS: Ainda Estou Aqui, de Walter Salles (Brasil/França)

*Clique aqui e confira a lista completa com os vencedores da 81ª edição do Festival de Veneza

*Clique aqui e confira a lista completa com os prêmios paralelos, eleitos de forma independente por associações de críticos de cinema, cineclubes e associações culturais e profissionais do cinema

Foto: Alberto Pizzoli/La Biennale di Venezia.

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